domingo, 26 de junho de 2011

O juiz, o sal e o plasil

Eduardo Ribeiro Mundim

O STF, no início de junho de 2011, reconheceu as uniões homoafetivas como equivalentes às heterossexuais, estendendo a elas uma centena de direitos antes não reconhecidos, como herança, benefícios previdenciários, inclusão em planos de saúde e adoção. Os desdobramentos detalhados da decisão ainda não são previsíveis, e nem todos os pontos são consenso, como no caso da adoção.(1)

Poucos dias após, um juiz de Goiás, contrariando a decisão, ordenou aos cartórios sob sua responsabilidade que não registrassem as uniões homoafetivas. Sua decisão foi saudada por alguns como heroica (2), e mais constitucional que a proferida por aquela corte (3). Logo após, ela foi anulada pelo Tribunal de Justiça do Estado. Fato já esperado, o juiz recebeu, no último dia 22, o apoio de integrantes da bancada evangélica da Câmara dos Deputados (4). Um deles, Anthony Garotinho, disse inspirado pela "desobediência santa" do magistrado.
O que é particularmente estarrecedor é o fato do juiz, por ser também pastor evangélico (Assembleia de Deus Madureira), ter declarado "Deus me incomodou, como que me impingiu a decidir". Até este momento, minha reação ao mesmo era desprovida de maiores paixões; após esta, e outras declarações a ele atribuídas, comovo-me.

Até então era um magistrado anônimo, "um astro em busca de luz própria", como diz um amigo. Mas a evolução da história mostra que é um irmão profundamente equivocado - na melhor das hipóteses.

Jeronymo Villas Boas coloca sobre Deus a responsabilidade de sua ação. Não me parece haver interpretação alternativa, pelos dados extraídos dos jornais. Como servo obediente, ele apenas cumpre o mandamento. Será verdade?

O ramo protestante do cristianismo rejeita a infalibilidade de quem quer que seja, exceto a das Escrituras. Rejeita qualquer ensino que não possa ser confirmado pelas mesmas. Desconhece qualquer revelação individual que não as ressoe. Portanto, quando o juiz-pastor disse ser constrangido por Deus a agir, fala de uma convicção própria, impossível de ser verificada independentemente. Contrasta com a reação de Lutero frente ao imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germano. Instado a renegar suas obras até então escritas, não lançou sobre Deus a responsabilidade de sua decisão, mas a um frio exame das evidências: "Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão, porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável." (5)

O juiz-pastor desejou revestir-se de autoridade que nem mesmo os reformadores julgaram ter.

Não há heroísmo no seu ato: que risco correu? Mesmo que processado administrativamente e afastado da magistratura, perderá o salário?

Não há repercussão prática de sua desobediência, vista que ela foi anulada rapidamente. Portanto, qual foi o seu objetivo? Nenhuma união deixou de ser registrada - o que ele ganhou, a não ser um rápido holofote da mídia?

Se há um arrazoado legal, teológico ou filosófico, nem ele nem seus defensores o divulgaram. Apenas o juiz que age sob as ordens divinas aparece. Houvesse um conjunto de argumentos bem tecido, a sociedade ganharia, o Poder Judiciário poderia ver novas razões para rever a decisão tomada, o Evangelho seria verdadeiramente testemunhado.

Jeronymo não agiu como João Batista, que desapareceu para que apenas o Filho do Homem aparecesse. Tão pouco pode lançar mão da justificativa de ser inspirado pelo profeta Daniel, ou pelos apóstolos que optaram por obedecer a Deus e não aos homens.

Ele optou por cerrar fileiras entre aqueles que julgam ser necessário ao Reino que as normas do Sermão da Montanha sejam impostas à força sobre a sociedade, no estilo do falecido ex-presidente, João Figueiredo: "quem for contra a abertura, eu prendo e arrebento". Optou não por converter as massas pela força do raciocínio e do argumento, deixando que o Espírito Santo atue, mas pela imposição de um comportamento.

Não conseguiu agir como juiz, e nem foi sal. Desempenhou apenas mais um ato de irrelevância social, de rebaixamento dos padrões do Evangelho, de mau testemunho, de incapacidade de aproximar as pessoas do Jesus que salva e transforma. Dá pena...e seu retrato cercado por políticos que se dizem cristãos provoca-me náuseas.

fontes:
  1. http://brasil247.com.br/pt/247/brasil/2179/STF-aprova-casamento-gay.htm
  2. http://juliosevero.blogspot.com/2011/06/desembargadora-de-goias-anula-decisao.html
  3. http://juliosevero.blogspot.com/2011/05/supremo-tribunal-federal-desafia.html
  4. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/933559-juiz-que-cancelou-uniao-gay-diz-que-agiu-por-deus.shtml
  5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dieta_de_worms
  6. http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=589&Itemid=90

sexta-feira, 17 de junho de 2011

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO PERDIDO: A relação entre a Igreja Evangélica e a Ditadura Militar



Thiago Lima Barros



Num fim de tarde de domingo, comecei a cascavilhar, nos sítios e blogs da vida virtual, informações sobre a indigesta relação entre a igreja evangélica e as facções beligerantes à época da malfadada e tenebrosa quartelada de 1º de abril de 1964. Gosto de ler sobre determinados temas assim, de bate pronto, sem nenhuma programação anterior, a título de brainstorming individual. Como diria Riobaldo, “todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade”.
Foram textos para todos os gostos, de todos os matizes político-ideológicos existentes em nosso meio. Um dos mais célebres é o ensaio “Verdades e mentiras sobre o Golpe de 1964, a Ditadura Militar e a postura dos evangélicos à época”, de autoria do pastor assembleiano Silas Daniel, bastante replicado na blogosfera e ainda incompleto, onde o autor procura justificar o posicionamento assumido pelos crentes de direita ao apoiarem o governo dos generais. Repleto de citações de aliados dos militares, e sem nenhuma oitiva dos integrantes do outro lado, o autor delimita bem a sua posição pró-golpe.

Do lado oposto, as substanciosas matérias “A vida nos anos de chumbo”, da revista Cristianismo Hoje, e “A fé debaixo dos coturnos”, da sua congênere Eclésia, relatam o alinhamento automático de boa parte dos clérigos evangélicos brasileiros com as atrocidades praticadas pela repressão civil-militar, as perseguições e traições dentro das igrejas (contexto no qual os metodistas são apontados como a única denominação brasileira a pedir perdão pelos pecados praticados por seus membros em prol da repressão) e o contubérnio macarthista entre os ditadores de plantão e quase todas as grandes confissões protestantes, que também resultou na tortura e morte de muitos cristãos da época. 
O término dessa leitura me fez constatar uma realidade triste, desoladora mesmo: os evangélicos não souberam escapar da polarização daninha estabelecida na sociedade da época. Naquele período de radicalização política estéril, consequência direta da Guerra Fria, a mesma polarização alcançou a igreja de forma avassaladora. Anos-luz antes de João Alexandre compor “É proibido pensar”, os cristãos dos anos 60 e 70 se guiaram por essa lógica: aderiram a esquemas seculares prontos e acabados, sem questioná-los e sem submete-los, de maneira séria, ao crivo da Palavra de Deus.

À mesma conclusão chegou o Rev. Alderi Souza de Matos, historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, que assim se expressou na matéria da Cristianismo Hoje:

Havia muito radicalismo, muito extremismo. Na minha avaliação houve excessos de ambas as partes: tanto dos conservadores, que se apossaram do poder na igreja, quanto da oposição, vinculada ao movimento social, ao ecumenismo e ao liberalismo teológico. (…) Era uma época de muita tensão, confrontação, polêmica e polarização; não era fácil alcançar equilíbrio.

É evidente que os resultados foram desastrosos: de um lado, os puristas, defendendo um salutar retorno à ortodoxia, mas com a perversa contrapartida de perseguir os dissidentes, ao invés de chamá-los para o diálogo e a admoestação, além de compactuarem com os ditadores, que violaram a hierarquia militar e usaram a máquina estatal para matar e torturar milhares de concidadãos. Do outro, os liberais e esquerdistas, que se esforçaram por revelar as iniquidades do regime de exceção, mas se esqueceram da obediência à Palavra, enredando-se em heresias frontalmente opostas à Bíblia, como o ecumenismo inter-religioso mais deslavado, adotado, inclusive, como pressuposto teológico pela Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.

Mais triste é perceber que esse quadro perdura até hoje, pois a alienação do período ditatorial trouxe pelo menos dois efeitos perniciosos à Noiva de Cristo. Um, a continuação desse esquema conservador podre, que estourou nos episódios vergonhosos de manipulação política em que nos vimos enredados nas Eleições de 2010. O outro, consequência do primeiro, foi o enfraquecimento da coesão interna em torno de temas mais importantes que os deste século (fortalecimento do ensino teológico, prática integral da diaconia, crescimento da obra missionária), o que levou a um afrouxamento do combate à apostasia e ao surgimento e posterior explosão demográfica das igrejas desviantes pseudo-pentecostais, às expensas da paralisia da verdadeira Igreja.
Pessoalmente, sou admirador dos dois bandos contendores, mas não posso deixar de analisar, à luz da Bíblia, sua vivência cristã capenga: os ortodoxos amavam a Deus sobre todas as coisas, mas odiavam o próximo que não pensava igual; os liberais foram sal da terra e luz do mundo ao derrotar política e moralmente a ditadura opressora, mas abraçaram heresias de perdição (2Pe 2:1).

Esta pode até ser considerada uma visão particular do contexto histórico da época, mas procura ao menos ser bíblica. O Nosso Deus não está ao lado de partidos ou facções predeterminados. Reduzi-lo a isso é tentar sistematizá-lo em categorias humanas, o que é impossível, além de ser uma grosseira ofensa Àquele que não faz acepção de pessoas (Ef 6:9). Antes de qualquer coisa, submetemo-nos ao primado da Palavra de Deus, o que não nos impede de tomarmos partido na luta política, à esquerda, à direita ou ao centro, sempre tendo em mente o cuidado de contrastear todas e cada uma das ideias que nossos partidos preferidos defendem ao que o Pai nos fala através do Livro dos Livros, rejeitando aquelas que entrem em confronto com as verdades eternas.

Não é essa, porém, a lógica que guia o pensamento majoritário da liderança eclesiástica tupiniquim, que se orienta por um pensamento meramente utilitarista, o qual encontra eco na membresia de maneira acrítica e irrefletida. Pouco importa se a Constituição de 1946, vigente à época, foi rasgada, os direitos e garantias individuais, abolidos, se pastores e líderes foram despojados ou jubilados sumariamente, se membros foram delatados aos verdugos do DOI-Codi pelos próprios “irmãos” de fé, etc., etc. e etc. O que vale é que Gizuiz (royalties para o Danilo Fernandes) nos livrou da “hidra vermelha”, que só existia na cabeça de alguns. A Bíblia? Ora, a Bíblia...

O fato é que, até hoje, muitos irmãos caem na esparrela reacionária de que o Golpe de 64 e a repressão que se seguiu dentro e fora das igrejas foram males necessários para evitar o florescimento de um regime comunista ateu em nosso país, ou mesmo para expurgar o ambiente eclesiástico de livres pensadores heréticos e descompromissados com a verdade. 
Nada pode ser mais falso do que uma interpretação rasa como essa. Aos fatos: o governo de João Goulart caiu por ferir interesses poderosos, a saber, de empresas multinacionais, empresários brasileiros e governo norte-americano, os mesmos que levaram Vargas ao suicídio, e ambos, juntamente com Leonel Brizola, todos estancieiros ricos e capitalistas rurais fervorosos, eram apenas sensatos: queriam salvar nosso capitalismo de araque, dependente químico das benesses estatais, de sua própria ineficiência. Algo que Lula fez eficientemente em seus dois quadriênios, nos quais a igreja não só foi suficientemente livre para pregar seus múltiplos evangelhos (o autêntico e os falsificados), como também o foi para se opor às iniciativas que tendem à restrição de nossa liberdade de culto, a exemplo do PLC 122, além de meter os pés pelas mãos em 2010, caindo na lábia conservadora da máquina de difamações do PSDB paulista.

No que concerne à igreja, o argumento também é despropositado, e por dois motivos:
1) Jesus descreve em Mateus 18:15-17 o procedimento para se combater individualmente o erro no ambiente eclesiástico: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano”. O iter é longo e ponderado, obedecendo a uma rigorosa gradação, justamente para evitar precipitações e injustiças. O que os adeptos de Jeová Cerol (mais royalties para o Danilo Fernandes) fizeram foi justamente trazer a última etapa descrita pelo Salvador para o início do processo, acusando, mentindo, assassinando reputações, enxovalhando pessoas em nome da ortodoxia, ou melhor, da ortodoxolatria. Ora, um crente em Jesus jamais deveria adotar os métodos da Inquisição romanista para perseguir seus iguais. Tal sabedoria, cheia de amarga inveja e sentimento faccioso, como bem sustenta Tiago, é “terrena, animal e diabólica” (Tg 3:15).
2) A Igreja Militante não deve compactuar com quaisquer violações à Palavra de Deus, em primeiro lugar, e ao ordenamento jurídico nacional, nem se guiar pela lógica pragmática mundana do “mal necessário”, que também atende pela alcunha de “os fins justificam os meios”. Na Bíblia Sagrada, tanto os meios quanto os fins devem guardar uma escrupulosa relação com a vontade soberana de Deus para o homem. Ou seja, não se justifica o cometimento de um ou mais pecados para se defender a fé ou a sociedade. Essa mentalidade pragmática com aparência de piedade só pode ser oriunda da mente do próprio Satanás, que a urdiu para melhor atrair os fariseus e integristas para a sua ciranda.

O chamado de Deus é para o equilíbrio. Davi nos lembra, no Salmo 83, como deve ser a postura e um servo de Deus diante de fatos como esses: “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus (Sl 83:10-11)”. Após ler este texto, Carlos Drummond de Andrade o resumiu de maneira autêntica: “o outro nome da paz é justiça”. Quase nunca conseguiremos ser imparciais em nossa existência terrena, mas temos a obrigação de sermos isentos e honestos em nossas análises. Se conseguirmos agir de tal forma, o Reino de Deus, que é “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17)”, formado por irmãos tão diferentes em matéria de pensamento, mas unidos pela sujeição a um Deus amoroso e amantes da Sua Santa Palavra, construirá uma igreja limpa dos fermentos ideológicos, concentrada em fazer discípulos, batalhar pela fé e ser sal e luz, dando ao mundo uma ligeira, mas efetiva demonstração do que será o Milênio de Cristo.
Devemos, enfim, ser bereanos também em matéria de política, pois os engodos e cantos de sereia dos dois extremos do espectro ideológico foram (e são) sobremodo sedutores para os incautos. Inclusive os da direita, quase esquecida, tão pouco criticada, mas acostumada a lançar mão da brutalidade, física ou não, para manter o status quo, além de ser hábil em confundir os interesses mais vis de sua vã filosofia com os ensinamentos do Nazareno, o que acaba nos “presenteando” com os Olavos de Carvalho e Júlios Severos da vida.
Thiago Lima Barros é Diácono da Igreja Bíblica Nova Aliança (Maceió/AL), Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Alagoas e servidor do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas.

Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/05/em-busca-do-equilibrio-perdido-relacao.html#ixzz1PWuY23KG

fonte: http://www.genizahvirtual.com/2011/05/em-busca-do-equilibrio-perdido-relacao.html#comment-form

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cristãos torturadores?

Eduardo Ribeiro Mundim

O golpe de 64 - chamado pelos seus defensores da "revolução glorioso" - ocorreu quando eu tinha 1 ano de idade. Lembro-me vagamente de meu pai recomendar a minha irmã mais velha, alguns anos mais tarde, para que "tomasse cuidado com a língua", assim como comentários e piadas contra o governo militar por parte dele e de alguns tios. A perseguição também rondou a família, de diversos modos. Meu pai, gerente de banco à época, foi denunciado por um importante deputado ligado a cidade mineira de Barbacena - não sei dos detalhes, mas ele passou incólume (apesar de, fiquei sabendo mais tarde, ele escondera um jovem perseguido pela polícia). A diretora do jardim de infância solicitou auxílio a minha mãe para encontrar a fonte de uma frase que citara na formatura da minha turma naquela idade. Algo como "deixe-me ser o que sou". Meu tio por afinidade, pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, ex-missionário na Argentina (onde nasceu seu filho caçula), foi forçado a abandonar o ministério para que não passasse fome com a família.

Eram os anos da guerra fria, com a histeria no seu auge (lembro-me de ler que crianças eram devoradas pelos comunistas). E toda uma situação política de busca por mudanças em contraposição ao status quo. O tempo passado desde então traz a vantagem do conhecimento da evolução dos fatos, que influencia o chamado "distanciamento crítico". Ter passado a infância nesta época não marcou, como poderia ter ocorrido se fosse adolescente ou um jovem adulto.

Mas o conhecimento trazido pela reportagem da Revista Isto É a respeito do comportamento da igreja evangélica naquela época faz-me pensar e perguntar: até onde a cidadania do Reino supera a cidadania atual? Como foi possível a pastores denunciar ovelhas pelo crime de opinião? Como é possível que cristãos denunciem outros por pensar diferente, quando fomos perseguidos pela mesma razão desde a morte de Estêvão? Como é possível conjugar uma profissão de auxílio, o ministério pastoral, com a atividade de informante da polícia política?

O comportamento de Enéas Tognini não é escandaloso porque não violou as normas básicas do Reino - era uma manifestação política legítima. Mas o bispo metodista, já falecido, Isaías Fernandes Sucasas, segundo a reportagem, denunciar pastores sob sua supervisão direta... É verdade que logo no alvorar da redemocratização a Igreja Metodista pediu perdão pelos seus erros institucionais, justiça lhe seja feita. Maior escândalo é o suposto cristão Roberto Pontuschka, capelão militar: evangelista durante o dia, torturador à noite. Como é possível a alguém que se confessa pecador perdoado e restaurado unicamente pela graça de morte de Jesus na cruz infligir conscientemente sofrimento a outro, de maneira degradante e cruel?

Gostaria que a reportagem não fosse verdadeira. Gostaria que a pesquisa sobre sexo e evangélicos publicada pelo sítio Genizah não fosse verdadeira. Ambas mostram que nós, evangélicos, frequentemente arrogantes, somos iguais aos outros, capazes dos mesmos pecados.

Como diz o apóstolo, "Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!"

terça-feira, 14 de junho de 2011

Os evangélicos e a ditadura militar

No primeiro dia foram oito horas de torturas patrocinadas por sete militares. Pau de arara, choque elétrico, cadeira do dragão e insultos, na tentativa de lhe quebrar a resistência física e moral. “Eu tinha muito medo do que ia sentir na pele, mas principalmente de não suportar e falar. Queriam que eu desse o nome de todos os meus amigos, endereços... Eu dizia: ‘Não posso fazer isso.’ Como eu poderia trazê-los para passar pelo que eu estava passando?” Foram mais de 20 dias de torturas a partir de 28 de fevereiro de 1970, nos porões do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo. O estudante de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP) Anivaldo Pereira Padilha, da Igreja Metodista do bairro da Luz, tinha 29 anos quando foi preso pelo temido órgão do Exército. Lá chegou a pensar em suicídio, com medo de trair os companheiros de igreja que comungavam de sua sede por justiça social. Mas o mineiro acredita piamente que conseguiu manter o silêncio, apesar das atrocidades que sofreu no corpo franzino, por causa da fé. A mesma crença que o manteve calado e o conduziu, depois de dez meses preso, para um exílio de 13 anos em países como Uruguai, Suíça e Estados Unidos levou vários evangélicos a colaborar com a máquina repressora da ditadura. Delatando irmãos de igreja, promovendo eventos em favor dos militares e até torturando. Os primeiros eram ecumênicos e promoviam ações sociais e os segundos eram herméticos e lutavam contra a ameaça comunista. Padilha foi um entre muitos que tombaram pelas mãos de religiosos protestantes. veja restante

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Documentos mostram evangélicos nos porões da ditadura

Segunda-feira, 13 de junho de 2011 (ALC) - Torturados e delatores da grei evangélica brasileira ganham visibilidade nos documentos que o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) repatriará oficialmente ao Brasil na quinta-feira, 14, entregando 1 milhão de páginas microfilmadas que estavam no Center for Research Libraries, de Chicago, e 10 mil páginas inéditas da correspondência entre o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, e o pastor presbiteriano unido, James Wright.

A revista semanal IstoÉ antecipou, na semana passada, histórias de evangélicos entrevistando pastores e líderes evangélicos que passaram pelo pau de arara e aqueles que os conduziram até os porões da ditadura, nos Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). 

Os evangélicos carregam uma mancha em sua história por convidar a repressão a entrar na Igreja e perseguir os fiéis, comentou ao repórter Rodrigo Cardoso o antropólogo Rubem Cesar Fernandes, 68 anos, de origem presbiteriana, preso antes do golpe, em 1962, por participar do movimento estudantil.

"Não é justificável usar o poder militar para prender irmãos", disse Fernandes, considerado "elemento perigoso" por pastores que o incluíram numa lista entregue aos militares, depois do golpe.

O pastor batista Roberto Pontuschka, capelão militar, torturava presos à noite e de dia distribuía porções do Novo Testamento aos detentos nas dependências da Operação Bandeirantes (Oban), de São Paulo. Com 21 anos à época, o então seminarista da Igreja Presbiteriana Independente e hoje teólogo e professor de ciências da religião na Umesp, Leonildo Silveira Campos, preso por dez dias pela Oban, em 1969, não esqueceu o método evangelístico do pastor Pontuschka.
 
Pai de quatro filhos, Anivaldo Padilha, 71 anos, só veio a conhecer o seu filho Alexandre, hoje ministro da Saúde do governo da presidenta Dilma Rousseff, aos oito anos de idade. Em mais de 20 dias de tortura, em fevereiro e março de 1970, no DOI-Codi de São Paulo, o então estudante de ciências sociais da Universidade de São Paulo, com 29 anos de idade e ligado à Igreja Metodista, chegou a pensar em suicídio. Libertado depois de dez meses de prisão, Anivaldo partiu para o exílio, de 13 anos, no Uruguai, Suíça e Estados Unidos.

"Eu tinha muito medo do que ia sentir na pele, mas principalmente de não suportar e falar. Queriam que eu desse o nome de todos os meus amigos, endereços" relatou Anivaldo ao repórter da IstoÉ. Ele descobriu seus delatores há cinco anos, ao ter acesso a documentos do antigo Sistema Nacional de Informações. Quem o delatou foram o pastor José Sucasas Jr. e o bispo Isaías Fernandes Sucasas, da Igreja Metodista, já falecidos, aos quais Anivaldo era subordinado.

Nos anos de chumbo, controlados pelos militares, pedir justiça aos excluídos, defender a reforma agrária e manifestar preocupações sociais eram coisas de comunistas, apoiados pelo movimento ecumênico.

"Fui expulso, com mais oito colegas, do Seminário Presbiteriano de Campinas, em 1962, porque o nosso discurso teológico de salvação das almas passava pela ética e a preocupação social", contou à IstoÉ o mineiro Zwinglio Mota Dias, 70 anos, pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU).

Dos 54 estudantes matriculados no seminário teológico de Campinas, 39 foram expulsos em 1967. No mesmo ano, a Igreja Metodista fechou a Faculdade de Teologia de São Paulo e expulsou estudantes e professores. O pastor Boanerges Ribeiro, presidente da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), promoveu uma "depuração interna" na igreja em 1965. A Igreja Presbiteriana Independente (IPI) expulsou dez seminaristas em 1968.

Dois anos depois, a Federação Luterana Mundial cancelou assembléia geral que realizaria em Porto Alegre porque, entre outros motivos, a igreja brasileira convidara o presidente da República, general Emília Garrastazu Médici, para a abertura do evento. Líderes luteranos negavam, então, a existência de práticas de tortura no Brasil. 

Vários evangélicos colaboraram com a máquina repressora da ditadura, delataram irmãos e assumiram o discurso do anticomunismo como a salvação do Brasil.  "Eu acreditava ser impossível que alguém que se dedica a ser padre ou pastor, cuja função é proteger suas ovelhas, pudesse dedurar alguém", confessou Padilha.

Nesses anos todos, Padilha descobriu, depois de se deparar casualmente, em festa de Carnaval, com um de seus torturadores, que o perdão é libertador.

"O perdão, para mim, foi uma forma de exorcizar os demônios das torturas que me causaram pesadelos durante quase seis anos. Há situações em que o perdão é mais importante para quem perdoa do que para quem é perdoado. No entanto, isso não significa que eu acho que os torturadores, seus mandantes e colaboradores não devam ser punidos. A punição deles é importante para resgatar a dignidade dos que foram torturados, da memória dos assassinados, das famílias que não puderam ainda sepultar seus membros desaparecido. Além disso, a impunidade contribui para que a tortura ainda seja praticada em larga escala nas delegacias e prisões brasileiras. Em suma, a punição representaria o resgate da dignidade da sociedade brasileira que foi violentada por um regime autoritário", afirmou o metodista.

Dom Paulo Evaristo Arns e o pastor Jaime Wright serão lembrados no ato de repatriação dos documentos que estão de posse do CMI, que terá lugar em São Paulo, amanhã, na Procuradoria Regional da República. Eles foram os grandes articuladores do Projeto Brasil Nunca Mais.

O projeto Brasil Nunca Mais teve início em plena ditadura militar (1964-1985), quando grupo de religiosos e advogados tentou obter, junto ao Superior Tribunal Militar (STM), informações e evidências de violações aos direitos humanos, praticadas por agentes do aparato repressivo. Do projeto originou-se o livro com o mesmo nome – uma compilação com cerca de 5% de toda a documentação levantada no STM.

Os mentores do projeto – em especial a advogada Eny Raimundo Moreira e a equipe do escritório Sobral Pinto – perceberam que os processos poderiam ser reproduzidos, aproveitando-se do prazo de 24 horas facultado pelo Tribunal de retirada dos autos para consulta.

A ideia foi acolhida por Jaime Wright e dom Paulo, que resolveram comandar as atividades a partir de São Paulo. Os recursos financeiros para o projeto foram obtidos com o secretário-geral do CMI.

As cópias dos processos eram remetidas de Brasília a São Paulo. Diante da preocupação com a apreensão do material, a alternativa encontrada foi microfilmar as páginas e remeter os filmes ao exterior.

Após seis anos de trabalho em sigilo, a tarefa foi finalizada, com a reprodução de 707 processos, totalizando cerca de um milhão de cópias em papel e 543 rolos de microfilme. Foi produzido, ainda, um documento-mãe denominado "Projeto A", com a análise e a catalogação das informações constantes dos autos dos processos judiciais em 6.891 páginas dividas em 12 volumes.

Considerando a dificuldade de leitura e até de manuseio deste trabalho, foi idealizada a confecção de um livro que resumisse o documento-mãe em um espaço 95% menor. Para operacionalizar a tarefa, foram escolhidos os jornalistas Ricardo Kotscho e Carlos Alberto Libânio Christo (Frei Betto), coordenados por Paulo de Tarso Vannuchi.

Em 15 de julho de 1985, quatro meses após a retomada do regime democrático, foi lançado o livro "Brasil: Nunca Mais", pela Editora Vozes, publicação que mereceu destaque na imprensa nacional e internacional. O livro foi reimpresso 20 vezes somente nos seus dois primeiros anos. Atualmente, ele está na 37ª edição (2009).

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)
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quarta-feira, 8 de junho de 2011

SOBRE O PL 122

Nos últimos tempos ficou notória a mobilização da Igreja cristã em torno do polêmico projeto de lei 122, a chamada lei da "Homofobia". Embora o projeto traga equívocos claros e mereça ser debatido, gostaria de aproveitar esta oportunidade para fazer uma análise crítica em relação ao posicionamento e a ação da igreja evangélica (falando aqui em termos genéricos) neste episódio. 

Na minha visão, é lamentável que a Igreja, que há muito tempo tem ignorado a questão da homossexualidade, suas complexidades e implicações, esteja se manifestando de forma tão veemente acerca desta questão apenas quando um dos seus direitos (no caso, da livre expressão a partir da liberdade de consciência) é ameaçado. Desta forma, a Igreja age com qualquer outro grupo na defesa dos seus direitos, não representando nenhum diferencial na arena social.

É lícito, numa democracia, um grupo manifestar-se e procurar mobilizar a sociedade em defesa da sua visão de mundo e dos seus ideais. Mas é triste perceber que toda esta capacidade de mobilização da Igreja não se dá da mesma forma em temas–chave da Reforma social e da Justiça do Reino, como pobreza, violência, corrupção, gênero, etc. A verdade é que a Igreja evangélica continua obcecada pela sexualidade e os seus "pecados". Como exemplo, cito o fato de que recentemente, estamos tendo a discussão sobre o novo Código Florestal Brasileiro, tema de fundamental importância relacionado à mordomia da Criação e ao futuro das próximas gerações, mas onde e de que forma está a igreja cristã se mobilizando? 

Como consequência desta tendência, assistimos a uma polarização entre os evangélicos e os movimentos GLBTT e segmentos da imprensa que só tem fortalecido estes últimos. Pior: ao invés de atrair os homossexuais para o amor de Deus, temo que estamos afastando-os cada vez mais da oportunidade de conhecer a graça regeneradora e salvadora de Jesus Cristo, da qual todos ("homos", "héteros", "bis", e o que quer que seja) igualmente carecem desesperadamente.

Ainda estamos muito longe, como Igreja, de um projeto de militância e de reforma social mais abrangente e integral, embasado biblicamente e alicerçado no serviço.

Como Igreja, dizemos que não somos homofóbicos, mas lamento constatar que sim, somos, apesar do velho discurso "condenamos o homossexualismo, mas amamos os homossexuais". O fato é que tememos tudo aquilo que não entendemos bem. E está claro e notório neste episódio que a igreja não tem se aprofundado nas complexas questões ligadas à homossexualidade, pelo discurso que ainda reina de "opção" sexual (como se alguém escolhesse, num joguinho de "par ou ímpar", se vai ser homo ou hétero), e não de "orientação" sexual, profundamente arraigada na identidade pessoal. Ou na confusão entre união civil e casamento, na incompreensão acerca do papel que um Estado laico deve ter na defesa dos direitos dos seus cidadãos (mesmo que esses não professem a mesma moralidade que eu), ou até mesmo por achar que assistir a uma novela vai tornar alguém homossexual.

Não se trata aqui de defender ou não a prática homossexual, tampouco de ignorar as influências da aceitação de determinadas práticas culturais no comportamento de indivíduos. trata-se, sim, de fazer uma análise crítica do posicionamento político da igreja brasileira nesta questão.  Na minha visão, deveria ter sido a Igreja a primeira a propor (através dos seus representantes nas esferas políticas e de seus formadores de opinião) uma lei ou um movimento contra a homofobia, equilibrado e consistente. Aliás, contra qualquer forma de discriminação e violência de toda ordem contra grupos minoritários, formados por pessoas humilhadas, desprezadas, e oprimidas da nossa sociedade. Precisamos entender que a redenção na esfera política (entendida aqui como a esfera de poder e influência na sociedade) vai muito além de defender os próprios direitos e interesses, mas sim lutar pela justiça. Isso sim seria o agir de uma Igreja verdadeiramente transformadora.

Mauricio Cunha
www.mauriciocunha.blogspot.com 

domingo, 5 de junho de 2011

Qual é o nosso projeto de sociedade?

Rev. Éser Pacheco

Na última semana, os evangélicos foram notícia nos jornais impressos e eletrônicos do país. Um grupo de 25 mil pessoas se reuniu na porta do Congresso Nacional para protestar contra o Projeto de Lei 122, que pretende tipificar o crime de homofobia. A reivindicação dos evangélicos é pela garantia do direito de pregar contra o homossexualismo do alto de seus púlpitos ou dos microfones de seus órgãos de comunicação.
Sem entrar no mérito da discussão sobre homossexualismo, mesmo porque esse é um tema que aguarda há anos um posicionamento de nossa igreja, considero ser razoável um grupo lutar pelo direito de emitir sua opinião sobre valores e condutas. Como também considero razoável um grupo querer imprimir nas leis do país a garantia de não ser discriminado por conta de sua opção sexual. Espero de coração, que a negociação política consiga encontrar um ponto de equilíbrio entre a resistência evangélica e a militância homossexual, que resulte numa sociedade mais digna e democrática para todos.
Mas, quem acompanha os bastidores da vida política do país vai notar que a ação da chamada “bancada evangélica” no Congresso Nacional não enche de orgulho aqueles que se identificam com esse segmento da população cristã.
Nos últimos dias, os deputados federais andaram às voltas com a discussão do novo Código Florestal do país. Enquanto isso, a bancada evangélica se ensandecia contra o chamado “kit anti-homofobia”, que o Ministério da Educação pretendia lançar nas escolas de ensino médio. Ao mesmo tempo, a bancada do Governo tentava impedir uma convocação do ministro Antônio Palocci, para que explicasse seu enriquecimento súbito nos últimos quatro anos. Sem grandes pronunciamentos sobre a questão florestal, mas com enorme alarde quanto à questão da homofobia, a bancada evangélica fez um acordo com o Governo: poupou o endinheirado ministro de explicações e votou a favor da posição do Governo quanto ao Código Florestal, desde que o “kit anti-homofobia” fosse retirado de cena.
Daí por diante, a bancada evangélica, com o ficha-suja Anthony Garotinho à frente, descobriu que tinha uma valiosa moeda de troca: chantageia o Governo com um possível voto a favor da convocação do ministro. A bancada evangélica não demonstra verdadeira preocupação com a questão da corrupção na vida política do país, mas manobra de forma oportunista. Garotinho não tem meias palavras: “Temos uma pedra preciosa, um diamante que custa R$ 20 milhões, que se chama Antônio Palocci".
Se a bancada evangélica realmente representa a igreja evangélica no Brasil, que mensagem estamos passando à sociedade brasileira? A meu ver, estamos dizendo que não temos um posicionamento cristão sobre o meio ambiente ou sobre a corrupção na política. Estamos dizendo que nossa única bandeira é a defesa dos padrões tradicionais de sexualidade e organização familiar, pelos quais vendemos nossos votos em qualquer outra questão. Será que a igreja evangélica no Brasil não tem um projeto de uma sociedade mais sustentável e mais justa? Nossa única bandeira é a defesa do idealizado modelo de família que impera no imaginário conservador evangélico?
Faço minha oração por dias melhores para a igreja evangélica no Brasil. Para que chegue o dia em que veremos estampados nos jornais: “Evangélicos fazem manifestação em favor do meio ambiente”, “Bancada evangélica lidera movimento pela transparência na política”, “Igrejas evangélicas lutam pela universalização dos direitos civis”... Afinal, como diz o Apóstolo Paulo, a esperança do Reino de Deus é também esperança de justiça e paz (Rm 14.17).
(Em tempo: todas as opiniões veiculadas nessa “pastoral” são de minha inteira responsabilidade e não representam, necessariamente, a opinião da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte).
 
fonte: http://www.segundaigreja.org.br/pastorais_view.asp?id=147 - Boletim da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte de 05/06/11