domingo, 2 de dezembro de 2012

Experiências do apóstolo Pedro

Othoniel Justiniano Ribeiro
(meu avô)

Pedro ocupa lugar de proeminência acentuada na história do cristianismo. Poucos passaram por experiências tão variadas e tão significativas. Bem pode ser tomado como exemplo típico da transformação do homem pelo poder santificador de Cristo. A trajetória acidentada de sua carreira cristã põe de sobre aviso todos nós, pobres e míseros acompanhadores de Cristo que, não raro, o aceitamos como Mestre e Senhor. Chamados para Sua companhia, recebemos pelo batismo um nome novo. Nos arroubos às vezes passageiros de nosso entusiasmo O defendemos com ardor e nos dispomos à luta, na defesa intransigente de integridade reconhecidamente intocável da pessoa do Mestre, como admiradores da doutrina sem mancha e sem jaça por Ele pregada e vivida, sem discrepância, incontraditável, pura, santa e santificadora.

A mísera contingência humana, porém, nos induz a, como Pedro, embora amigos de Cristo e admiradores de Seus ensinamentos, segui-lo de longe, nos momentos mais críticos, quando mais devêramos estar ao alcance da Sua mão poderosa ou de Seu olhar alentador.

Comodamente nos assentamos em torno do fogo falazmente aquecedor, na participação criminosa e cheia de perigos dos que não querem reconhecer que mais calor existe na alma contagiada pela santidade criadora, do que no corpo alheio aos imperativos superiores de Templo Vivo do Espírito Santo.

Nem nos lembramos de que o manso Jesus, que tudo sabe, tudo prevê e tudo provê, nos avisa, como avisou ao inexperiente noviço de Seu colégio: ”Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça, e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.” (Lucas 22:32)

Simão discípulo, membro do colégio apostólico de Mestre, escolhido como um dos doze, ainda fora admoestado: ”Quando te converteres”! O que lhe faltava, então? Não era ele um convertido? Um discípulo? Um apóstolo? “Quando te converteres”.

Qual a condição de um convertido? Por que cadinho teria de passar aquele metal para revelar a sua pureza, o seu peso específico, a sua estrutura livre e libertadora da amálgama humana cheia de misturas e impurezas?

Não estará o Mestre a nos dizer hoje, pela profética advertência feita a Pedro- “Quando te converteres”? Somos seus acompanhantes tão somente ou já passamos pelas experiências que levaram Pedro à conversão?
-”Estou pronto a ir contigo até a prisão e à morte.”
-Não cantará hoje o galo antes que três vezes me negues.”

Quem sabe que, ainda hoje, antes que cante o galo, negássemos o Jesus a quem pregamos?

Quem sabe já o tenhamos negado, haja o galo cantado e o nosso olhar não tenha se cruzado com o doce olhar de Jesus. Não tenhamos nos recolhido tristes, amargurados, arrependidos para chorar amargamente?

-Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?”
-”Simão, filho de Jonas, amas-me?”
-”Simão, filho de Jonas, amas-me?”

Entristecido, entre lágrimas escaldantes, talvez, o néo-converso, o regenerado, o salvo por Cristo, diz humilde, mas sinceramente, a alma genufletida, o olhar embaçado pelo pranto, mas franco fito nos olhos mansos de Mestre: ”Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Tu sabes que estou regenerado; tu conheces a minha fraqueza; não te digo que a tua igreja te ama; não te afirmo que te amos mais do que estes; não sei se os outros te amam; tu sabes, porém, que o pacto do Pai que vem desde o Edem, me alcançou e que o teu sacrifício e o teu amor por mim, me induziram a te amar. “Tu sabes que te amo!”

Sim, Simão, eu sei que tu me amas e é por isso que te comissiono: ”Apascenta as minha ovelhas” (João21:17). Agora és convertido e eu outorgo aos conversos e missão gloriosa de serem minhas testemunhas, pregando, por amor de mim, o meu Evangelho.

Pedro convertido foi testemunha itinerante. ”Mais importa obedecer a Deus que aos homens”. E no pentecostes, com os demais, recebeu o poder do Espírito Santo. Proferiu o discurso mais memorável de que há notícia e milhares se converteram.

Porque Pedro amava a Jesus.

Às portas de uma semana tradicionalmente dedicada por esta congregação, a um esforço intensivo de reavivamento espiritual e de oração, seja-nos benéfica a rememoração sucinta das experiências maravilhosas de Pedro.

“Quando te converteres”- advertiu o Senhor a Pedro.

“Simão, tu me amas?” inquiriu o Senhor de Pedro no momento inesquecível de sua vida, quando diante do Mestre e perante o colégio apostólico, proferiu a sua solene profissão de fé.

Não questionava o Mestre se o discípulo acreditava e aceitava como real Seu sacrifício pela salvação de humanidade. O problema não era se Pedro tinha a Jesus na qualidade de Filho de Deus. Se reconhecia nele todo o poder para curar enfermidades e de, como Deus verdeiro, ressuscitar ao 3º dia de sua morte e apresentar-se aos discípulos naquele momento, tal qual o conheceram. Queria o Senhor saber o que significava para Pedro , na vida de Pedro no pensamento de Pedro, no coração de Pedro. Se o discípulo o amou e se, por amor, e tão somente por amor, seria capaz de receber a missão de entregar-se inteiramente a propagação da causa de seu Mestre, entre os seus próprios inimigos de corações empedernidos.

“Tu me amas?”

A pergunta três vezes repetida a quem três vezes demonstrara que não tinha verdadeiro amor ao seu Senhor e Mestre – ressoa nos ares ainda hoje e tem que chegar, pelo poder de Espírito Santo, a cada ouvido e as cada coração desta igreja, quando pretende que o Espírito vivificador encha cada alma, “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu”.

O Senhor que quer a conversão de seus escolhidos pergunta a mim, pergunta a cada um de nós:_ Tu me amas ?

É por amor que quer dedicares partilhar de uma semana de dedicação e oração? Para quê?

Se me amas és um convertido e, como tal, receberás o dom do Espírito Santo e me testemunharão aqui e em toda parte.

Não olhes para o teu irmão. Não deixes a resposta para a tua igreja. A pergunta não foi dirigida aos discípulos em conjunto, mas a um na presença de todos.

O resultado da semana de reavivamento está subordinada à pergunta de Cristo.

“Simão, filho de Jonas”- depois de tuas quedas e fraquezas, depois que “Satanás te cirandou como trigo”, depois que te dei forças e poder, depois que choraste amargamente (Lucas 22:62), depois que experimentaste o meu amor por ti - “Simão, tu me amas”?

Já que te converteste, apascenta as minhas ovelhas (João 21:17).

Obs. - O trabalho não tem data, mas é anterior ao ano de 1963, quando Othoniel transferiu sua residência para Patos de Minas.

Um comentário:

  1. Nossa!!! Reli umas quatro vezes e em cada vez o texto falou em minha vida grandemente. Estava a dias precisando de de algo que me tocasse como esse texto!! Obrigada.

    ResponderExcluir