Othoniel Justiniano Ribeiro
(meu avô)
Pedro ocupa lugar de
proeminência acentuada na história do cristianismo. Poucos passaram
por experiências tão variadas e tão significativas. Bem pode ser
tomado como exemplo típico da transformação do homem pelo poder
santificador de Cristo. A trajetória acidentada de sua carreira
cristã põe de sobre aviso todos nós, pobres e míseros
acompanhadores de Cristo que, não raro, o aceitamos como Mestre e
Senhor. Chamados para Sua companhia, recebemos pelo batismo um nome
novo. Nos arroubos às vezes passageiros de nosso entusiasmo O
defendemos com ardor e nos dispomos à luta, na defesa intransigente
de integridade reconhecidamente intocável da pessoa do Mestre, como
admiradores da doutrina sem mancha e sem jaça por Ele pregada e
vivida, sem discrepância, incontraditável, pura, santa e
santificadora.
A mísera contingência
humana, porém, nos induz a, como Pedro, embora amigos de Cristo e
admiradores de Seus ensinamentos, segui-lo de longe, nos momentos
mais críticos, quando mais devêramos estar ao alcance da Sua mão
poderosa ou de Seu olhar alentador.
Comodamente nos
assentamos em torno do fogo falazmente aquecedor, na participação
criminosa e cheia de perigos dos que não querem reconhecer que mais
calor existe na alma contagiada pela santidade criadora, do que no
corpo alheio aos imperativos superiores de Templo Vivo do Espírito
Santo.
Nem nos lembramos de
que o manso Jesus, que tudo sabe, tudo prevê e tudo provê, nos
avisa, como avisou ao inexperiente noviço de Seu colégio: ”Simão,
Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas
eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça, e tu, quando
te converteres, confirma
teus irmãos.” (Lucas 22:32)
Simão discípulo,
membro do colégio apostólico de Mestre, escolhido como um dos doze,
ainda fora admoestado: ”Quando te converteres”! O que lhe
faltava, então? Não era ele um convertido? Um discípulo? Um
apóstolo? “Quando te converteres”.
Qual a condição de
um convertido? Por que cadinho teria de passar aquele metal para
revelar a sua pureza, o seu peso específico, a sua estrutura livre e
libertadora da amálgama humana cheia de misturas e impurezas?
Não estará o Mestre
a nos dizer hoje, pela profética advertência feita a Pedro- “Quando
te converteres”? Somos seus acompanhantes tão somente ou já
passamos pelas experiências que levaram Pedro à conversão?
-”Estou pronto a ir
contigo até a prisão e à morte.”
-Não cantará hoje o
galo antes que três vezes me negues.”
Quem sabe que, ainda
hoje, antes que cante o galo, negássemos o Jesus a quem pregamos?
Quem sabe já o
tenhamos negado, haja o galo cantado e o nosso olhar não tenha se
cruzado com o doce olhar de Jesus. Não tenhamos nos recolhido
tristes, amargurados, arrependidos para chorar amargamente?
-Simão, filho de
Jonas, amas-me mais do que estes?”
-”Simão, filho de
Jonas, amas-me?”
-”Simão, filho de
Jonas, amas-me?”
Entristecido, entre
lágrimas escaldantes, talvez, o néo-converso, o regenerado, o salvo
por Cristo, diz humilde, mas sinceramente, a alma genufletida, o
olhar embaçado pelo pranto, mas franco fito nos olhos mansos de
Mestre: ”Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Tu sabes
que estou regenerado; tu conheces a minha fraqueza; não te digo que
a tua igreja te ama; não te afirmo que te amos mais do que estes;
não sei se os outros te amam; tu sabes, porém, que o pacto do Pai
que vem desde o Edem, me alcançou e que o teu sacrifício e o teu
amor por mim, me induziram a te amar. “Tu sabes que te amo!”
Sim, Simão, eu sei
que tu me amas e é por isso que te comissiono: ”Apascenta as
minha ovelhas” (João21:17). Agora és convertido e eu outorgo aos
conversos e missão gloriosa de serem minhas testemunhas, pregando,
por amor de mim, o meu Evangelho.
Pedro convertido foi
testemunha itinerante. ”Mais importa obedecer a Deus que aos
homens”. E no pentecostes, com os demais, recebeu o poder do
Espírito Santo. Proferiu o discurso mais memorável de que há
notícia e milhares se converteram.
Porque Pedro amava a
Jesus.
Às portas de uma
semana tradicionalmente dedicada por esta congregação, a um esforço
intensivo de reavivamento espiritual e de oração, seja-nos benéfica
a rememoração sucinta das experiências maravilhosas de Pedro.
“Quando te
converteres”- advertiu o Senhor a Pedro.
“Simão, tu me
amas?” inquiriu o Senhor de Pedro no momento inesquecível de sua
vida, quando diante do Mestre e perante o colégio apostólico,
proferiu a sua solene profissão de fé.
Não questionava o
Mestre se o discípulo acreditava e aceitava como real Seu sacrifício
pela salvação de humanidade. O problema não era se Pedro tinha a
Jesus na qualidade de Filho de Deus. Se reconhecia nele todo o poder
para curar enfermidades e de, como Deus verdeiro, ressuscitar ao 3º
dia de sua morte e apresentar-se aos discípulos naquele momento, tal
qual o conheceram. Queria o Senhor saber o que significava para Pedro
, na vida de Pedro no pensamento de Pedro, no coração de Pedro. Se
o discípulo o amou e se, por amor, e tão somente por amor, seria
capaz de receber a missão de entregar-se inteiramente a propagação
da causa de seu Mestre, entre os seus próprios inimigos de corações
empedernidos.
“Tu me amas?”
A pergunta três vezes
repetida a quem três vezes demonstrara que não tinha verdadeiro
amor ao seu Senhor e Mestre – ressoa nos ares ainda hoje e tem que
chegar, pelo poder de Espírito Santo, a cada ouvido e as cada
coração desta igreja, quando pretende que o Espírito vivificador
encha cada alma, “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que
te importa a ti? Segue-me tu”.
O Senhor que quer a
conversão de seus escolhidos pergunta a mim, pergunta a cada um de
nós:_ Tu me amas ?
É por amor que quer
dedicares partilhar de uma semana de dedicação e oração? Para
quê?
Se me amas és um
convertido e, como tal, receberás o dom do Espírito Santo e me
testemunharão aqui e em toda parte.
Não olhes para o teu
irmão. Não deixes a resposta para a tua igreja. A pergunta não foi
dirigida aos discípulos em conjunto, mas a um na presença de todos.
O resultado da semana
de reavivamento está subordinada à pergunta de Cristo.
“Simão, filho de
Jonas”- depois de tuas quedas e fraquezas, depois que “Satanás
te cirandou como trigo”, depois que te dei forças e poder, depois
que choraste amargamente (Lucas 22:62), depois que experimentaste o
meu amor por ti - “Simão, tu me amas”?
Já que te
converteste, apascenta as minhas ovelhas (João 21:17).
Obs. - O trabalho não
tem data, mas é anterior ao ano de 1963, quando Othoniel transferiu
sua residência para Patos de Minas.
Nossa!!! Reli umas quatro vezes e em cada vez o texto falou em minha vida grandemente. Estava a dias precisando de de algo que me tocasse como esse texto!! Obrigada.
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