sábado, 26 de junho de 2010

O Jesus que faz sofrer

 Eduardo Ribeiro Mundim

Como todo personagem historico, Jesus é, frequentemente, idealizado. Idealizar uma pessoa, ou situação, ou fato, é distorcê-la para que atenda aos nossos anseios e desejos. Não interessa a pessoa, a situação ou o fato, mas se ela é capaz de acalmar alguma angústia, satisfazer alguma expectativa ou realizar um sonho.

Jesus não é qualquer um. Proclama a si mesmo, com toda a humildade, Filho de Deus em um sentido único, impossível de ser compartilhado por qualquer outra pessoa:"Eu e o Pai somos um" (Jo 10.30). Detém um poder que ninguém mais tem - quem poderia enfrentar um anjo isolado, quanto mais 12 legiões? (a legião romana contava com 3000 a 8000 homens - portanto, Jesus falava de 3600 a  96000 anjos - Mt 26.53). Único ser humano que não foi detido pela morte, mas ressuscitado de modo que está até hoje vivo, ainda que não visível aos nossos olhos.

Portanto, ser cristão poderia ser partilhar algo deste poder e desta relação com o Pai. Mas, quando idealizada, esta partilha supõe apenas lucro, não perda. Afinal, poderia ser proclamada, com fé, a frase de para-choque de caminhão "não sou o dono do mundo, mas filho dele".

Mas o que Jesus promete aos que o buscam? Afirma que, diferente de outras propostas religiosas da época, seu fardo é leve e seu jugo, suave (Mt 11.30). Contudo, veio trazer a espada a terra, e não a paz; a desavença familiar, e não a harmonia. Afirma que requer amor superior ao amor pelos filhos ou pelos pais, e que somente terá vida aquele que a perder, tomando a mesma cruz que Ele (Mt 10.34-39). E afirma que não colocará os interesses pessoais, Seus ou de Seus amigos, acima do programa do Reino. Se não, por qual razão permitiu que Lázaro morresse, e que sua família, e Ele mesmo, enlutasse? Afinal, Ele adiou sua ida a Betânia, tendo chegado lá quatro dias após o óbito quando poderia ter chegado antes. (Jo 11)

Este Jesus que faz sofrer não é porta-voz de algum "deus do sofrimento". Apenas ressalta que seus seguidores estarão permanentemente no mesmo vale da lágrimas que os seus não-seguidores, porque é isso mesmo que Ele, sendo Deus, fez (Fp 2.1-11). Ordena que ser cristão não é opção de boa vida, mas de serviço ao próximo. Estabelece que ser seguido, em amor, pode custar a morte aos seguidores.

Ser cristão não é uma escolha a ser feita sem pesar cuidadosamente as consequências...


publicado originalmente na página www.segundaigreja.org.br

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Negar valores culturais não faz um bom cristão, diz professor sioux

Dafne Sabanes

Quarta-feira, 23 de junho de 2010 (ALC) - "É preciso resgatar a fé cristã das mãos dos "cowboys'", disse o educador indígena Richard Twiss, da tribo Rosebud Lakota Sioux, aos participantes da Assembléia Geral de Unificação das igrejas Presbiterianas e Reformadas,reunida em Grand Rapids, Michigan, nos Estados Unidos.
Twiss converteu-se ao cristianismo já adulto, depois de uma experiência de militar contra o sistema de discriminação dos nativos norte-americanos. Foi preso e criticou, radicalmente, as igrejas por acompanharem a política de discriminação e pelo silêncio delas nesse quadro de injustiça que indígenas sofreram nos Estados Unidos e no Canadá.
O sioux continua sendo crítico contra as medidas educacionais aplicadas no final do século XIX e que significaram a separação forçada de crianças indígenas de suas famílias e comunidades, para serem internas em escolas administradas, muitas delas, por igrejas.
Além da proibição de falarem o idioma materno, crianças indígenas internas sofreram abusos. Pastores e educadores das novas gerações trabalham, agora, numa perspectiva oposta, de valorizar a pertença a uma comunidade indígena, assim que essas crianças se sintam orgulhosas de suas origens.
O educador sioux sustenta que negar a identidade indígena e seus
valores culturais não faz um bom cristão. Para ele, o fim último da missão é o estabelecimento do shalom, que dá lugar à realização das plenas potencialidades da criação, humanas e não humanas, "em reconciliação e unidade com Jesus Cristo".
A diversidade cultural, defendeu, não é um "desvio" dos planos originais de Deus, uma vez que "Ele mesmo se expressa na singularidade da união entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A unidade só é possível em meio a essa diversidade. Onde não há diversidade só encontramos conformismo, uniformidade, monotonia. Deus chama a humanidade e a criação para uma vida abundante da comunhão".

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terça-feira, 22 de junho de 2010

O braço santo

Eduardo Ribeiro Mundim

Gol de mão vale?

No calor da disputa, na ânsia pela vitória, na busca do sucesso pessoal (no caso, fazer gol), o que é válido?

Luiz Fabiano faz um belo gol, é fato. Belo, porque trabalhado, mostrando perícia e trato com a jabulane. Mas a imprevisibilidade a faz descer por um braço, e ainda parar no outro, antes de ser isolada dentro do gol adversário. Alívio para a torcida num jogo difícil e desleal; alívio para o jogador, em "síndrome de abstinência" de gols. Mas a beleza do gol morre na sua ilegalidade.

A câmara maldosa mostra um diálogo entre jogador e juiz, provavelmente a caminho do centro do campo. O diálogo, deduzido, é posteriormente confirmado pelo atleta. A pergunta, em ar despreocupado do árbitro, é clara: pegou no braço? A resposta, com ar de inocente, uma mentira consciente.

Os bandeirinhas não viram o trajeto da bola, nem o juiz. Apenas as diversas tomadas de imagem pelas inumeráveis câmaras ao longo do estádio mostraram o fato inequívoco.

Não entendo das regras futebolísticas em profundidade. Alguém citou que o gol não poderia ser anulado, já que fora validado. Se assim for, a peça de arte, um gol de "futvolei" passa a história como o gol de Maradona, às custas "de las manos de Dios". Mas a estética é arruinada pela mentira desnecessária, com ar de moleque.

Seria Luiz Fabiano perdoado pelos seus colegas, pelo técnico, pela CBF, pela torcida caso confessasse aquilo que, aparentemente, só ele sabia?

Mesmo em pequenas coisas, decisões éticas são complexas, e duras as suas consequências.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ensino religioso nas escolas públicas abre espaço à discriminação

São Paulo, segunda-feira, 14 de junho de 2010 (ALC) - O ensino religioso ministrado em escola pública pode se transformar num perigoso espaço de luta pelo poder e atentar contra minorias religiosas no país, alertou a professora Roseli Fischmann ao falar para estudantes da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).
Ponto polêmico mesmo nos dias atuais, apesar da Constituição política da nação assinalar a separação entre Igreja e Estado, o assunto foi tema, na quarta-feira, 9, do Café Teológico, evento promovido pelo Centro Acadêmico João Wesley, com o apoio da Faculdade de Teologia (FaTeo) e da Rede Ecumênica da Juventude.
Roseli Fischmann adiantou que pesquisas acadêmicas detectaram vários exemplos de práticas religiosas adotadas no ambiente escolar que, aceitas pela maioria cristã, discriminam outros grupos religiosos. Para a professora, julgar que a maioria deva determinar os rumos de qualquer grupo social é uma distorção do princípio democrático.
A professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Umesp afirmou que a liberdade de consciência diz respeito ao íntimo dos indivíduos e mesmo o uso da violência ou a tortura não são capazes de cerceá-la.
O indivíduo pode até ser coagido a determinadas ações, mas é impossível controlar o que se passa em seu pensamento, afirmou a pesquisadora, segundo a repórter Suzel Tunes, da Assessoria de Comunicação da Umesp.
Já a liberdade de crença, também de caráter interior, "aloja-se no ninho da liberdade de consciência". A liberdade de culto é a exteriorização da liberdade de crença e ocorre no espaço coletivo.
A separação entre Igreja e Estado foi determinada no Brasil pela proclamação da República, em 1889. "Mas esse ponto sempre foi polêmico", disse a professora. O Estado, além de garantir a liberdade de culto, reconhece que valores religiosos podem ser relevantes para a população.
Esse reconhecimento explica, por exemplo, a isenção fiscal que privilegia templos religiosos, a existência de capelanias militares e o acordo do Brasil com a Santa Sé, assinado no ano passado.
Segundo a professora, esse acordo fere o Artigo 19 da Constituição, que proíbe ao Estado firmar qualquer tipo de acordo com religiões ou seus representantes.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sem ter aprendido, não tem sequer com quem brigar

Antonio Carlos Ribeiro

O Estado de Israel está atraindo um grau de isolamento na comunidade internacional só comparável ao dos Estados Unidos no governo George W. Bush. Sob o comando de Benjamin Netanyahu, a situação de Israel agravou-se a tal ponto que ele se isolou até mesmo de seu único parceiro, depois de 2008 o último. As razões, diversas, se resumem no medo – pelo qual se criou um aparelho de Estado, baseado na força como estratégia e se atribuindo uma autonomia que, quanto mais se afirma menos reconhecida é.

Na verdade, o processo de isolamento político do Estado de Israel não se deu pela ONU, em que cinco países – um à frente – controlam a segurança do planeta. As regras acordadas, propostas pelos donos do jogo, não permitem solução. O objetivo guiou sua elaboração. Mas esse é o plano formal, diante do qual os pequenos e pobres do mundo aprenderam a jogar de maneira informal. Essa maneira não é visível, mas é eficiente.

A situação que conhecemos agora é a de tensão extrema provocada pelas regras de fora do jogo. Não se pode impedir uma intervenção internacional, pacifista, baseada na militância e atuando em defesa da vida de povos perseguidos. Os navios levando milhões em alimentos cumpriram o estabelecido. O ataque à flotilha exigiu dos oficiais a quebra de regras claras e, do governo, o desprezo por condutas internacionais aceitas.

Com jovens oficiais, uma tropa treinada para o homicídio em escala e não para o combate, não consegue reconhecimento. A negação de respeito a oficiais treinados para defender causas legítimas com a própria vida é quase um desacato. Sem sequer o apoio de parte dos oficiais da reserva, uma retaguarda moral, o governo se agarra trôpego a uma juventude deslumbrada e autoriza a letalidade máxima a quem só tem a ideologia e a missão a cumprir.

Sem ter como recuar, numa guerra ideológica mais intensa que a convencional e a situação política tensionada, o governo israelense caiu na armadilha que montou e tornou-se vítima de sua própria estratégia. Nove pessoas mortas com 30 tiros e sinais de execução, os barcos tomados de assalto em águas internacionais e no meio da madrugada, sem qualquer sustento para a explicação da autodefesa, já que armas eram mais irreais que os laboratórios de armas químicas de Saddam Hussein. E o direito à autodefesa como explicação política, ainda pior.

As críticas chegam da ONU, dos países ao redor do mundo, de entidades religiosas, de classe e comerciais, da imprensa internacional e da esquerda israelense. Os parceiros comerciais começam a rarear. Sem comércio, sem vizinhos, sem alianças e até sem inimigos formais, apavora-se com o risco da inexistência política. Não tem sequer com quem brigar! E nem a quem culpar! Matar gente desarmada e rendida fere o que resta da honradez mínima num soldado.

A tentativa de negar e explicar ofende tanto quanto os crimes praticados: invadir embarcações em águas internacionais, confiscar alimentos e remédios doados a gente doente e faminta, roubar filmes de filmadoras para esconder o crime e confiscar ajuda humanitária. Não foi ação de guerra, em que valem normas, tréguas, pactos e cessação de hostilidades. E a recusa da explicação, a humilhação pelo grau de destempero e a falsa justificativa às hostilidades. No rescaldo final, a tropa ficou exposta ao descrédito, à zombaria e à infâmia, qualquer que fosse a bandeira a que servisse.

A proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, de criar comissão de investigação liderada pelo premier da Nova Zelândia, com representantes da Turquia – com seus oito mortos -, dos Estados Unidos e de Israel, é rejeitada. Este propõe uma comissão própria. Sem credibilidade. E parece não perceber que os detalhes técnicos não importam, mas apenas a credibilidade.

Israel demonstra, em todas as suas ações, não ter aprendido nada do sofrimento imposto pelo nazismo aos judeus. Repete os mesmos erros, a mesma arrogância e força letal que violentam a razão. Como a reação americana ao ataque às torres gêmeas e ao Pentágono, dando razão aos terroristas. Fazer a mesma intervenção ao navio irlandês – sem vítimas – que se mostra um insulto às vítimas, à inteligência dos povos e aos oficiais e seus comandados, que seguiram ordens. Deportar os militantes é erro flagrante, após exigência de não recorrer à justiça do país, já que eles não foram presos em seu território. Por isso os EUA já os vêem como um “peso”, por causa dos erros e do potencial de conflito. É o sócio que não agrega, se atrita e ameaça interesses.

O bloqueio impede a entrada de canos de metal e fertilizantes, que dizem ser usado para fabricar armas, bem como carros, frigideiras, lâmpadas, chocolate, café, papel e computadores, por serem considerados artigos de luxo. Seus movimentos não atraem a simpatia, dificultam a vida das pessoas, mostram uma atitude hostil, impedem a entrada de medicamentos.

"A ocupação israelense nos territórios palestinos torna difícil a vida cotidiana para a liberdade de movimento, a economia, a vida social e religiosa”, afirmou o papa Bento XVI, observando que o desrespeito ao direito internacional, a desestabilização do equilíbrio da região e a violência imposta à população as condena ao desespero. “Corre-se o risco de um banho de sangue", afirmou, porque a ocupação israelense é "uma injustiça política imposta aos palestinos", que nenhum cristão pode justificar.

Enfim, Israel deve reavaliar, fazer as alterações. Apostar em outros caminhos.  Viver e deixar os vizinhos viverem. 

domingo, 6 de junho de 2010

Exodus

Eduardo Ribeiro Mundim

 Cresci cercado pela história do povo de Israel. Criado dentro da igreja evangélica desde a infância, aprendi ser ele o "povo escolhido", alvo especial do cuidado de Deus.

Na adolescência, devorei, por mais de uma vez, o romance "Exodus", de Leon Uris; bem menos vezes, outro "Mila 18". A bem construída estória do primeiro embalou meus sonhos. Arrepiava ao reler diversos trechos, principalmente a parte do navio Exodus. Ali estava a vitória da justiça sobre a injustiça, do oprimido sobre o opressor, do povo escolhido sobre seus novos captores.

O tempo passa, e novos dados vão sendo agregados ao nosso conhecimento. Sérias dúvidas sobre a intepretação da aliança com o povo de Israel se instalaram. E o apóstolo Paulo deixa bem claro que os cristãos é que são o verdadeiro Israel de Deus. E o comportamento do estado de Israel, de oprimido a opressor me faz relez Leon Uris com outros olhos.

Não há dúvida de que a situação no Oriente Médio é para lá de complexa. Interesses múltiplos e antagônicos se postam lado a lado - e vidas que respondem por eles. Não me parece haver santos nesta história. Tanto do lado judaico quanto do árabe há ódio demais, ambição demais. Talvez tanto ódio e tanta ambição que nunca haja paz.

Mas a abordagem simplista, endeusando o estado de Israel e demonizando o palestino, não auxiliará a nenhum dos lados, exceto por semear mais ódio e sangue.

Certamente a saída não é a aniquilação dos árabes, palestinos ou judeus. Certamente a saída não é pela força das armas - que, ao final, sempre se mostraram impotentes, por mais mortos que façam.

É urgente que as lideranças cristãs se levantem, não para estigmatizar, mas para chamar ambos à mesa de conversação. E isto não pode ser feito com parcialidade.

Que Deus nos ajude a todos!

Amém



quarta-feira, 2 de junho de 2010

Peregrinos à Terra Santa desconhecem realidade local

Genebra, quinta-feira, 27 de maio de 2010 (ALC) - Os peregrinos que visitam a Terra Santa devem ir além da mera homenagem a antigos lugares sagrados e mostrar preocupação pelos palestinos, cujas vidas estão severamente restringidas pela ocupação israelense de seu território. 

As visitas à Terra Santa deveriam permitir encontros verdadeiros com o povo palestino e sua realidade cotidiana, como, por exemplo, entrar em filas nos pontos de controle para ir ao trabalho, à escola, para visitar a família ou a receber assistência sanitária. 

Essa é a mensagem emitida por um grupo de 27 teólogos, ativistas cristãos palestinos, operadores turísticos e representantes de organizações de incidência pública, que se reuniram em Chavannes-de-Bogis, nas cercanias de Genebra, de 18 ao 21 maio. 

"O turismo justo finca pé nas realidades políticas. Só experimentando o que os palestinos vivem o tempo todo pode o visitante dar-se conta das injustiças que conformam o seu dia a dia. E ao compreenderem  esta realidade surge o desejo de ajudar e acabar com as injustiças acumuladas na Palestina", disse o diretor executivo do Grupo de Turismo Alternativo, Rami Kassis. 

Os participantes da reunião pediram aos peregrinos que demonstrassem solidariedade com os cristãos palestinos. Depois de dois mil anos de presença contínua nessas terras, o número deles foi diminuindo constantemente ao longo das últimas décadas já que as dificuldades que enfrentam devido à ocupação israelense levam a muitos a emigrar. 

Os peregrinos que vêm à Terra Santa em visitas convencionais organizadas por operadores israelenses com freqüência ignoram os palestinos e a situação em que se encontram. O fato de que só escutarem - e portanto reforçarem a versão israelense - pode contribuir a agravar o problema, concluiu o grupo. 

"Eles crêem que trazem esperança, mas na realidade socavam a esperança da região", afirmou o representante de Kairós Palestina, Rifat Kassis. Kairós é uma iniciativa cristã inspirada no documento Kairós África do Sul, que proporciona um fundamento teológico às recomendações de ação em favor de uma paz justa. 

O turismo na Palestina foi identificado como uma oportunidade para fazer uma "peregrinação de transformação" que represente uma experiência cristã mais profunda. Nesse tipo de peregrinação se convida os participantes para um encontro verdadeiro com o Corpo de Cristo através do contato com seus irmãos e irmãs palestinos na fé. 

Os teólogos reunidos em Chavannes-de-Bogis recomendaram encarecidamente que os peregrinos sigam o Código de Conduta para o Turismo na Terra Santa, um documento redigido por rede palestina que oferece orientação sobre a preparação da viagem, o comportamento e as medidas complementares. 

Eles expressaram profunda preocupação ante o monopólio que Israel exerce sobre o turismo na Terra Santa e sobre as severas restrições impostas aos operadores turísticos, hotéis e guias palestinos, que limitam o desenvolvimento deste setor chave da economia palestina. 

A ocupação israelense repercute profundamente na vida do povo palestino. Cerca de 400 pontos de controle militares israelenses espalhados pela Cisjordânia dificultam o deslocamento dos palestinos para ir ao trabalho, à escola, visitar a família ou receber assistência sanitária. 

O muro de separação que atravessa vastas zonas de seu território isola ainda mais os palestinos uns dos outros e os de Jerusalém, cidade centro tradicional de sua vida religiosa, cultural e comercial. As autoridades de Israel também impedem aos palestinos cristãos da Cisjordânia a entrada em Jerusalém, cidade onde costumavam ir com suas famílias para celebrar a Páscoa e outras festividades cristãs. 

Relatórios sobre o turismo na Palestina mostram que, apesar das restrições, é um setor dinâmico em plena expansão que oferece experiências únicas e autênticas, bem como uma grande diversidade de visitas e oportunidades destinadas a satisfazer todo tipo de interesses. 

Pelo caminho da Natividade, por exemplo, os turistas viajam desde Nazaré até Belém e têm a oportunidade de se relacionarem com habitantes da região, entre os quais figuram cristãos, beduínos e membros de outras comunidades.
A reunião de Chavannes-de-Bogis foi organizada pelo Grupo de Turismo Alternativo em cooperação com o Fórum Ecumênico Palestina-Israel, a Coligação Ecumênica de Turismo e Kairós Palestina.
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