Rev. Éser Pacheco
Na  última semana, os evangélicos foram notícia nos jornais impressos e  eletrônicos do país. Um grupo de 25 mil pessoas se reuniu na porta do  Congresso Nacional para protestar contra o Projeto de Lei 122, que  pretende tipificar o crime de homofobia. A reivindicação dos evangélicos  é pela garantia do direito de pregar contra o homossexualismo do alto  de seus púlpitos ou dos microfones de seus órgãos de comunicação.
 Sem  entrar no mérito da discussão sobre homossexualismo, mesmo porque esse é  um tema que aguarda há anos um posicionamento de nossa igreja,  considero ser razoável um grupo lutar pelo direito de emitir sua opinião  sobre valores e condutas. Como também considero razoável um grupo  querer imprimir nas leis do país a garantia de não ser discriminado por  conta de sua opção sexual. Espero de coração, que a negociação política  consiga encontrar um ponto de equilíbrio entre a resistência evangélica e  a militância homossexual, que resulte numa sociedade mais digna e  democrática para todos.
 Mas,  quem acompanha os bastidores da vida política do país vai notar que a  ação da chamada “bancada evangélica” no Congresso Nacional não enche de  orgulho aqueles que se identificam com esse segmento da população  cristã. 
 Nos  últimos dias, os deputados federais andaram às voltas com a discussão  do novo Código Florestal do país. Enquanto isso, a bancada evangélica se  ensandecia contra o chamado “kit anti-homofobia”, que o Ministério da  Educação pretendia lançar nas escolas de ensino médio. Ao mesmo tempo, a  bancada do Governo tentava impedir uma convocação do ministro Antônio  Palocci, para que explicasse seu enriquecimento súbito nos últimos  quatro anos. Sem grandes pronunciamentos sobre a questão florestal, mas  com enorme alarde quanto à questão da homofobia, a bancada evangélica  fez um acordo com o Governo: poupou o endinheirado ministro de  explicações e votou a favor da posição do Governo quanto ao Código  Florestal, desde que o “kit anti-homofobia” fosse retirado de cena. 
 Daí  por diante, a bancada evangélica, com o ficha-suja Anthony Garotinho à  frente, descobriu que tinha uma valiosa moeda de troca: chantageia o  Governo com um possível voto a favor da convocação do ministro. A  bancada evangélica não demonstra verdadeira preocupação com a questão da  corrupção na vida política do país, mas manobra de forma oportunista.  Garotinho não tem meias palavras: “Temos uma pedra preciosa, um diamante  que custa R$ 20 milhões, que se chama Antônio Palocci".
 Se  a bancada evangélica realmente representa a igreja evangélica no  Brasil, que mensagem estamos passando à sociedade brasileira? A meu ver,  estamos dizendo que não temos um posicionamento cristão sobre o meio  ambiente ou sobre a corrupção na política. Estamos dizendo que nossa  única bandeira é a defesa dos padrões tradicionais de sexualidade e  organização familiar, pelos quais vendemos nossos votos em qualquer  outra questão. Será que a igreja evangélica no Brasil não tem um projeto  de uma sociedade mais sustentável e mais justa? Nossa única bandeira é a  defesa do idealizado modelo de família que impera no imaginário  conservador evangélico?
 Faço  minha oração por dias melhores para a igreja evangélica no Brasil. Para  que chegue o dia em que veremos estampados nos jornais: “Evangélicos  fazem manifestação em favor do meio ambiente”, “Bancada evangélica  lidera movimento pela transparência na política”, “Igrejas evangélicas  lutam pela universalização dos direitos civis”... Afinal, como diz o  Apóstolo Paulo, a esperança do Reino de Deus é também esperança de  justiça e paz (Rm 14.17).
(Em  tempo: todas as opiniões veiculadas nessa “pastoral” são de minha  inteira responsabilidade e não representam, necessariamente, a opinião  da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte).
fonte: http://www.segundaigreja.org.br/pastorais_view.asp?id=147 - Boletim da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte de 05/06/11 
 
 
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