Porque devemos recusar o leite
Crer não é sinônimo de não pensar. Crer implica em pensar, em relacionar fé com a realidade, questionando uma a partir da outra. O conteúdo são pensamentos às vezes rápidos, em elaboração; outros, já mais elaborados. Ambos buscando provocar discussão e reposicionamentos, partindo sempre da confissão de fé protestante. Os artigos classificados como "originais" podem ser reproduzidos desde que com a menção da fonte e autoria. Ano V
domingo, 30 de outubro de 2011
Exigência de um novo olhar para com os animais
Porque devemos recusar o leite
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Igreja Show
Neste último domingo, dia 19 de junho (de 2011), assisti a apresentação do Pe. Reginaldo Manzotti no "Domingão do Faustão". Com certeza, o Pe. Manzotti alcançou a fama que procurava há muito tempo e hoje se tornou tão conhecido como o Marcelo Rossi (a quem imitou e seguiu) e outros "midiáticos" da Igreja Católica no Brasil e, também, do mundo da música e do entretenimento. No entanto, tal apresentação me faz parar e refletir alguns pontos: 1) O que representa para a Igreja Católica atual uma personalidade assim? 2) O que ele traz de novo, ou se realmente ele traz algo novo? 3) Que imagem de Igreja estamos passando para a sociedade com uma pessoa assim e, obviamente, para a própria Igreja, hoje tão carente de formação? Cada um destes pontos merece uma análise profunda, que não faremos, a ideia é apenas uma breve reflexão sobre o assunto, crítica, mas respeitosa.
O Documento Lumen gentium do Concílio Vaticano II (1962-1965), que apresenta uma reflexão dogmática sobre a Igreja, destacando sua natureza e missão, começa assim: "Lumen gentium cum sit Christus", ou seja, a Igreja é luz para os povos assim como Cristo. Ser luz, no entanto, é transmitir a mensagem do Evangelho, na qual Cristo é a luz. A Igreja, que somos nós, não tem uma luz própria e não prega a si mesma e, consequentemente, não conduz as pessoas a si, pois ela não é o fim, o destino de todos. A Igreja é iluminada pela luz de Cristo, cujo Espírito a conduz. A Igreja, como "luz do mundo" anuncia Cristo e o seu Reino e conduz as pessoas a este fim, a este éschaton (destino último); assim ela é sinal e sacramento. Este mesmo documento apresenta-nos o papel dos batizados, que compõem a Igreja de Cristo, discernindo a sua vocação e missão. Isso fica claro quando ela nos remete a questão do serviço, um serviço ao Reino, a exemplo de Jesus, que na sua humildade e pequenez conduziu as pessoas à esperança num reino de amor, justiça e paz; um Jesus que declarou bem-aventurados os pobres e, a partir deles, iniciou o seu testemunho, fazendo-se pobre para de tudo nos libertar, sendo ponto de justiça, caminho e verdade.
Preocupa-me saber o que representa o Pe. Manzotti para a Igreja e para a sociedade brasileira atual. Será que ele representa o seguimento de um Jesus pobre da Galiléia, tão profundamente descrito nos Evangelhos, ou será que ele representa a si mesmo, diante do orgulho e da vaidade, pecado tão sutil aos membros da mídia, ou daqueles que são feitos ou produzidos por ela? Quem fez o Pe. Manzotti e a sua fama e o que ele representa? Será que ele representa a Igreja Católica ou representa as gravadoras e emissoras de rádio e TV em que atua? O Pe. Manzotti anuncia a "boa nova" do Evangelho ou anuncia a "sua boa nova", tão frágil e carente de conteúdo. Com certeza, o Pe. Manzotti não representa a Igreja que eu sigo e acredito, pois sua pregação, atuação e postura estão muito longe (mas longe mesmo!) do que entendo como proposta de seguimento, discipulado e missionariedade. Não falo apenas das letras de suas músicas (muitas delas, por sinal, com graves erros teológicos que educam o povo erroneamente); não falo das suas fotos sensuais nos álbuns dos CDs; não falo dessas situações, pois é pequeno demais e nem vale a pena; mas falo da postura, atuação e pregação que deve ter um cristão, quer ele seja um leigo, um religioso ou um padre, mas uma atuação de seguimento e de exemplo... Lumen gentium! É uma pena, pois um projeto de inculturação da fé deveria ser um serviço de integração com a sociedade e não uma maneira de ser refém desta, juntando seu capital, glamour e aparência. Uma Igreja que propõe discipulado e missionariedade com o Documento de Aparecida (2007) fica a mercê diante desta forma de "evangelizar". O que representa o Pe. Manzotti? Bem, certamente, representa a si mesmo e a sua imagem...
É evidente que sua pregação não traz nada de novo, pois dentro de músicas modernas se esconde uma postura de Igreja fechada e clerical, que coloca o padre (o sacerdote, maneira como ele sempre se apresenta) em destaque diante dos fiéis. Antes tínhamos o padre que apenas rezava a sua missa, deixando o povo na expectativa, como alguém que sempre recebe. Agora temos o mesmo padre com suas vestes carregadas e pomposas (como de antigamente) tornando-se um cantor e animador de auditório em programas de televisão e em praças públicas pelo Brasil. Não negamos que a Igreja deva adotar uma nova postura diante da sociedade moderna e pós-moderna, de maneira a integrar mais as pessoas e seus novos problemas e questionamentos. Acontece que posturas assim envolvem o povo em luzes e sons, transformando o altar num palco e a Eucaristia num show, totalmente oposto aos ensinamentos da Igreja e totalmente contraditório com a proposta de Jesus, que se tornou igual e semelhante ao seu povo e só assim pôde conduzi-los no caminho do Reino (Fl 2,6-9). O Pe. diz que não faz show; fico em dúvida, então, para saber o que ele faz... Um dos seus programas de televisão chama-se "evangeliza show", algo próximo ao "show da fé" de R. R. Soares. Há que se entender que Igreja não é show business. Quando a Igreja passa a ser show ela deixa de ser comunidade, ela deixa de ser o local onde as pessoas se reúnem para partilhar do mesmo pão, ao redor de uma mesma mesa, tornando-se um só, em Cristo. Quando a Igreja se torna show ela deixa de ter eclesialidade, pois tira dos seus membros a participação ativa diante de sua missão, pois ninguém se conhece, todos são "turistas religiosos" atrás de um cantor, que neste caso, também é padre. Quando a Igreja se torna show ela se distancia drasticamente da proposta do Evangelho de Jesus, que nasceu pobre numa estrebaria, que viveu pobre na Galiléia e que morreu pobre e sozinho numa cruz em Jerusalém.
Mas alguém poderá dizer: mas ela fala tão bem, ele atrai tanta gente... Não nego que tenha méritos, e deve haver, mas questiono a forma e o modelo com que faz tais coisas. Até que ponto as pessoas seguem a Cristo e não o Padre? Até que ponto as pessoas vão à missa pelo Padre e não pela comunidade? Até que ponto as pessoas estão usando isso para um alimento pastoral e engajamento, e sim, para um aumento do individualismo e do culto ao "Eu-com-Deus", distanciando-se de uma proposta de Igreja de comunhão? Até que ponto a mensagem do Evangelho é atrair mais pessoas para a Igreja Católica (ou para outra Igreja)? Esta nunca foi a proposta de Jesus Cristo.
Quando questionado pelo rico faturamento que seu projeto traz, ele rapidamente diz que o dinheiro é para o projeto "Evangelizar é preciso" e não para ele. Mas o que é este projeto, que não fazer a divulgação dos trabalhos, CDs, livros, shows e produtos do padre? Evangelizar é preciso, é claro, mas o que é mesmo evangelizar? Se evangelizar for montar um projeto milionário, se for ser amigo do governador do Estado, aliado de pessoas da elite social e fazer shows, gravar CDs e ter programas de televisão e rádio, acho que não sei mesmo o que é evangelizar. Se fosse assim, Jesus deveria ter começado a sua missão no palácio de Herodes, na casa de Caifás e Anás e ter um grande acordo com Pôncio Pilatos, ao invés de começar em uma aldeia de pescadores da Galiléia. Acho que tudo isso é importante e deve e pode ser feito, desde que o horizonte último seja Cristo e o seu Reino, desde que isso possa ser multiplicado nas pequenas coisas e exemplos do cotidiano. Num momento em que Igreja reflete a sua eclesiologia (sobre a Igreja) em tentativa de resgate a pequenas comunidades, menores e mais concentradas, mas com mais vigor e postura evangélica, tal postura do Pe. Manzotti vai contra este pleito.
Preocupa-me saber que imagem nós estamos passando de Igreja, preocupa-me saber que Igreja nós estamos formando para nossos filhos e membros e que mensagem de Reino nós estamos passando à sociedade. Foi-se o tempo em que cantávamos na missa ou nos grupos sem nos preocupar de quem era a música ou o CD (disco ou cassete na época), foi-se o tempo de que as músicas religiosas tinham mais teor evangélico e mais coerências sociais (ainda encontramos isso no Pe. Zezinho e Zé Vicente e em alguns outros), foi-se o tempo em que pertencer a determinada comunidade trouxesse ao cristão uma identidade viva e coerente, capaz de ligar a comunidade a sua vida, e assim por diante. Há um crescimento do turismo religioso motivado por fenômenos como o Manzotti, mas um declínio de conteúdo e discernimento da fé. Parece que damos razão a nossos interlocutores críticos da religião como Marx que disse: "A religião é o ópio do povo". Quando a Igreja se faz show, vemos que Marx tinha razão, pois ao invés de libertar ela aliena, pois o aprisionamento religioso faz parte de sua postura ideológica. Lamentável!
É lamentável entender que a Igreja Católica no Brasil hoje passa a ser representada por padres midiáticos como este, onde sua proposta de missão obedece mais aos interesses das gravadoras como "Som Livre" e outras do que a proposta do Evangelho. Esta representação deixa um Jesus de Nazaré pequeno, quase esquecido, diante das luzes que compõem o grande espetáculo. É triste entender e lembrar que no passado estávamos representados (e muito bem!) por pessoas como Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Ivo e Aluisio Lorscheider, Dom Pedro Casaldáliga e tantos outros que deram a sua vida de fé em favor da paz, do amor e da justiça, testemunhas autênticas do Evangelho, e hoje, quem diria, somos representados por pessoas assim... É uma pena que pessoas tão importantes e atuantes pelas causas da Igreja só sejam reconhecidas depois de mortas em martírio, como Irmã Doroty e tantos outros, esquecidos por nós (Igreja) e pela sociedade. É uma pena imensa que pessoas atuantes em pastorais sociais e em diversos movimentos sejam muitas vezes esquecidos pela Igreja ou punidos por ela (TdL) por defenderem a causa da justiça contra os ricos e poderosos; ricos e poderosos que sustentam esta estrutura piramidal e patrocinam "novas lideranças" como o Pe. Manzotti, que pela postura, servem a seus interesses.
É triste dizer que a Igreja se fez show...
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Crítica de europeus aos cristãos
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Cinco problemas do neopentecostalismo
O termo “evangélico” só deveria ser concedido a um grupo cujo ensino fosse coerente com o Evangelho de Jesus Cristo conforme revelado nas Escrituras. Embora algumas igrejas possam levar seus adeptos a experimentar certos benefícios, contam com falsos mestres que deveriam ser descartados como evangélicos, juntamente com seus respectivos grupos, por distorcerem o Evangelho (Gl 1.6,7). Não há ensino que deva ser comunicado com mais fidelidade do que a mensagem evangélica da salvação. Devemos nos lembrar do que está em jogo na vida das pessoas: o céu e o inferno. Portanto, este não é um assunto qualquer (1 Tm 4.16).
Procurei destacar cinco problemas existentes na mensagem da salvação pregada pela IURD, que também podem ser encontrados, com algumas alterações, em denominações similares. Minhas evidências se baseiam no intenso acompanhamento de programas de rádio, sermões, conversas com adeptos e leitura de livros do Bispo Edir Macedo.
Jesus disse que podemos identificar uma árvore por seus frutos. Então, examinemos o fruto com base no que realmente é propagado pela denominação.
1º problema: estudo da salvação = teologia = paradoxo
Em "Libertação da Teologia", Macedo afirma que o estudo teológico é uma atividade fútil e contraproducente aos esforços evangelísticos. No entanto, tal afirmação consiste em um dos muitos paradoxos desta denominação. Primeiramente, a IURD apresenta, em sua página na Internet, uma declaração de fé que demonstra a importância de suas crenças. Em segundo lugar, Macedo alega ter concluído diversos graus, alguns dos quais em Teologia, e é chamado de teólogo na capa de seus livros. Por último, em alguns de seus livros como, por exemplo, nas "Doutrinas da Igreja do Reino de Deus Vol. 3", o Bispo adverte seus seguidores contra falsas doutrinas. Além do mais, os líderes eclesiásticos são responsáveis, perante Deus, pelo conteúdo de sua pregação, independente do que pensem acerca da reflexão teológica.
2º problema: A ênfase exagerada na prosperidade gera complicações
Macedo afirma, com frequência, que o Evangelho inclui: bênçãos financeiras, benefícios físicos e salvação eterna, sendo estes três elementos promessas divinas e direitos de todos os seguidores de Cristo. Além disto, alega que o Evangelho é a chave para a libertação de sofrimentos demoníacos tais como a “desgraça” e a “miséria” ("Orixás, caboclos e guias: deuses ou demônios?", 2006, p. 120). Esta premissa compõe o enredo principal e a especialidade ministerial da IURD. O problema é que tal ênfase acaba por redefinir a mensagem evangélica da salvação, colocando-a, dramaticamente, em segundo plano. Mesmo que esta distorção possa parecer sem importância, veremos que suas implicações são muito sérias.
3º problema: fé = sacrifício
É verdade que a IURD afirma que a salvação vem “pela fé no Senhor Jesus Cristo” e que a pessoa deve “aceitar Jesus”. No entanto, estas frases têm seu significado bíblico alterado pelo que o Bispo Paulo Ayres Mattos chama de “teologia sacrificial” de Macedo. Atrelada à ênfase na prosperidade e saúde, a necessária libertação das misérias e mazelas demoníacas é obtida, principalmente, pela fé, e o sacrifício pessoal é a principal manifestação da fé. Na verdade, a fé praticamente se transforma em sinônimo de sacrifício, tendo como carro-chefe os dízimos e as ofertas.
4º problema: salvação = um estado precário
Em uma das obras mais reveladoras acerca de sua visão sobre a salvação ("Nascimento Novo", 2008), Macedo afirma que “a pessoa aceita Jesus, mas, a partir deste instante, tem que manter a salvação através do seu próprio sacrifício com Deus até o último dia”, caso contrário, a salvação é anulada (p. 15). Esta versão da salvação acaba por se constituir em um estado vulnerável, pois é difícil mantê-la. Olhando deste ponto de vista, parece que a pessoa não “é salva”, mas apenas “está salva”. Permita-me ilustrar. O bispo acredita que, provavelmente, foi melhor ao ladrão arrependido, que fora crucificado ao lado de Jesus, ter morrido logo após sua confissão de fé (p. 34). Por quê? Aquele homem não teve tempo de cair no pecado, perder sua fé ou renunciar a Cristo, o que, possivelmente, teria acontecido uma vez que ele não tinha nascido de novo. E isto nos leva ao próximo ponto.
5º problema: visão estranha sobre o novo nascimento
Utilizando João 3.1-21 como um de seus principais textos de prova para sua versão do novo nascimento, Macedo se concentra nas palavras “nascer da água e do Espírito”. A primeira etapa exige que a pessoa “aceite Jesus” e depois que ela passe pelas águas do batismo. Segundo a cosmovisão iurdiana, esta etapa fornece alguma resistência contra as obras da carne, mas a pessoa precisa de algo mais para lutar contra o demônio que ainda pode estar alojado em seu íntimo (p. 24).
A segunda etapa é semelhante à experiência pentecostal do segundo batismo, porém com uma alteração que somente o bispo pode descrever (p. 35). Quando a pessoa entrega todo o seu ser a Jesus e está disposta a obedecer a sua Palavra, naquele exato momento:
...Deus, na Pessoa do Espírito Santo, vem sobre o candidato e, assim como envolveu a Virgem Maria e nela concebeu um Ser divino, também envolve o candidato, transformando-o espiritualmente numa nova criatura, isto é, num ser divino.
É a partir daí que a pessoa se torna, verdadeiramente, filha de Deus. Enquanto isso não acontecer, ela pode até ser salva, mas precisa nascer de Deus.
O Espírito testifica ao seu espírito?
O Espírito Santo prometeu nos guiar a toda verdade. O Espírito testifica ao seu espírito que minhas afirmações estão corretas? Ou seja, que a IURD e outros grupos que ensinam este tipo de discurso contribuem para o crescimento da crise soteriológica em nossa nação?
É importante reafirmar que meu objetivo é oferecer embasamento, mediante a observação da IURD, para a fonte de preocupação que o movimento neopentecostal representa ao avanço evangélico e seu futuro. Agora faz sentido como uma obreira sincera e comprometida, que ama a Deus e a IURD, acredita, erroneamente, em um evangelho baseado no esforço humano e nos rituais religiosos. Infelizmente, uma pessoa pode ser sincera e, ao mesmo tempo, está sinceramente enganada.
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David Allen Bledsoe é missionário batista e trabalha com evangelismo, expansão de igrejas e educação teológica, e coordena projetos do Southeastern Baptist Theological Seminary no Brasil. Possui D. Min. e D. Th. em Missiologia. O neopentecostalismo foi o assunto de sua tese de doutorado na Universidade da África do Sul, em Pretória (2010).
fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/cinco-problemas-do-neopentecostalismo
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
ÍTACA
(Trad. José Paulo Paes)
faz votos de que o caminho seja longo,
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o colérico Posídon te intimidem;
eles no teu caminho jamais encontrará
se altivo for teu pensamento, se sutil
emoção teu corpo e teu espírito tocar.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o bravio Posídon hás de ver,
se tu mesmo não os levares dentro da alma,
se tua alma não os puser diante de ti.
Numerosas serão as manhãs de verão
nas quais, com que prazer, com que alegria,
tu hás de entrar pela primeira vez um porto
para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir:
madrepérolas, corais, âmbares, ébanos,
e perfumes sensuais de toda a espécie,
quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrina
para aprender, para aprender dos doutos.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
e fundeares na ilha velho enfim,
rico de quanto ganhaste no caminho,
sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
e agora sabes o que significam Ítacas.
domingo, 9 de outubro de 2011
A existência de um deus pode ser cientificamente comprovada?
- Não é compatível com seu status de criador divino o deixar-se esquadrinhar por suas criaturas como se objeto fosse – um ser autoconsciente necessariamente se atribuirá valor e um ser todo-poderoso não se verá como menor que suas criaturas.
- A ciência trabalha por comparação, aproximação, analogia. Com o quê se comparará um deus?
- Para ser estudado ele tem de se deixar encontrar, se for possível, ou se revelar, se estiver fora do alcance dos cinco sentidos naturais. Como obrigá-lo?
- Deus(es) não são acessíveis aos nossos sentidos – pois se o fossem, ateístas negariam a realidade óbvia, em uma situação de insanidade. Seria(am) um dia acessíveis ao esquadrinhamento por parte de nossa tecnologia? E se sua(s) constituição(ões) é(são) desconhecida(s), pela mesma razão, como idealizar um recurso que o(s) encontre(m)?
sábado, 8 de outubro de 2011
Luteranos destoam de católicos e evangélicos na avaliação da lei que regula uniões de pessoas homoafetivas
Santiago, sexta-feira, 7 de outubro de 2011 (ALC) - O pastor presidente da Igreja Evangélica Luterana, Luis Álvarez, apoia a proposta de lei que regula uniões de pessoas do mesmo sexo, ora em tramitação no parlamento chileno.
"Temos que ser sinceros", disse em carta distribuída à imprensa, "e reconhecer que as mudanças de paradigmas socioculturais
impuseram diversas formas de vida familiar".
Álvarez destacou que já não existe um modelo absoluto de família e de vida comum "porque as circunstâncias, de diversa natureza em nossa sociedade e em nossa cultura, mostram um pluralismo de propostas de contenção afetiva que são objeto de nosso atendimento pastoral e reflexão fraterna".
O líder luterano entende que a proposta que tramita no Legislativo não se constitui numa ameaça ao matrimônio. A posição de Álvarez contraria o posicionamento manifestado por líderes de outras denominações religiosas.
Em análise no Congresso desde maio, o projeto que regula uniões de pessoas do mesmo sexo recebeu uma saraivada de críticas, de modo especial de líderes de igrejas evangélicas pentecostais e da Igreja Católica, que encaminharam documento a autoridades dos três poderes bombardeando a proposta. O documento frisa que a união do homem com a mulher é o fundamento e a base da sociedade, e que é obrigação do Estado promovê-la e preservá-la.
"A saúde ou a doença de uma sociedade e de seu Estado se reflete na situação das famílias", aponta o documento dos católicos e evangélicos pentecostais.
Pedem, bem por isso, a rejeição do texto que pretende incluir no ordenamento jurídico as uniões de pessoas do mesmo sexo. "Cremos que aprovar essa iniciativa, tal como proposta no projeto apresentado ao Parlamento, implica por si mesmo discriminação que atenta contra o bem da instituição matrimonial e injusta na contramão da vida", argumentaram.
O Movimento Integração e Libertação Homossexual (MOVILH) acusou as igrejas de agredirem pessoas que valorizam a diversidade sexual. O documento enviado às autoridades dos três poderes apresenta "uma linguagem ofensiva e violenta, que procura torpedear o avanço da lei contra a discriminação e a regulação das uniões de fato", alegou.
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)
Edição em português: Rua Ernesto Silva, 83/301, 93042-740 - São Leopoldo - RS - Brasil
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quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Entre deus e o professor ateu
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Metodistas pedem ações para "extirpar o pecado social da corrupção"
Também pedem a efetiva complementação da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/2010) aprovada pelo Legislativo, mas ainda não praticada por decisão do Judiciário. A Ficha Limpa é uma campanha da sociedade brasileira com o objetivo de melhorar o perfil de candidatos a cargos eletivos do país, adotando critérios de inelegibilidade.
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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)
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