Acercamo-nos do Dia de Finados, mais uma vez. Faz algum sentido? Convém
nos atermos aos que já partiram? Avós, pais, parentes, amigos... Até filhos que
se foram precocemente! Tais lembranças trazem-nos lágrimas, mas remetem à nossa
própria história de vida. Isso tem papel integrador, pois a identidade é formada
a partir da família e do grupo social que nos deu origem.
Uma pesquisa recente demonstra
que pensar na morte nos traz benefícios. No curso da existência, precisamos de
pausas. Elas nos permitem questionar o valor que atribuímos aos fatos, o sentido
que imprimimos a vida. Podemos assim melhor ordenar os compromissos e
atividades; além de nos prepararmos para a partida e para eternidade. A
ansiedade que habitualmente cerca tais reflexões será superada com a busca de
uma fé esclarecida. (VAIL, Kenneth
et al. When death is good for life.
Personality & Social Psychology
Review, 16(4): 303-29, 2012).
Alguns costumam visitar
cemitérios. Afinal, foi ali que selamos nosso distanciamento das pessoas
queridas que já se foram. Estamos vinculados ao tempo e ao espaço em nossa
caminhada terrena. O choro pode vir espontâneo, acompanhando recordações
tristes... E outras que são até benfazejas. Flores e velas soam supérfluas, como
tentativas vãs de interferir na eternidade.
Orações são inevitáveis em tais
ocasiões. Olhar para dentro de nós mesmos, sobretudo diante do momento extremo,
faz ruir toda arrogância; e promove um movimento em direção ao transcendente.
Mas, orar por quem? Os que partiram fizeram suas escolhas, que devem ser
respeitadas. Se não tiveram oportunidades, isso lhes serviu de álibi na
destinação eterna. Nós sim, ainda peregrinos, somos os beneficiados pelas
preces, das quais carecemos intensamente.
Orar faz muito bem à saúde
física e emocional. Mas para quem dirigimos nossos pedidos? Será isso
indiferente? Por que evitar o Deus supremo (aquele tão infinitamente grande que
é capaz ouvir-nos em nossa insignificância) e nos apegarmos a seres menores,
figuras humanas ou elementos da natureza? Um deus pequeno nos
apequena.
Mostra-se sempre atual a
sugestão: “Memento
mori”.
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