domingo, 3 de fevereiro de 2013

A criação do mundo em Gênesis 1


A bíblia se inicia com três afirmativas: que houve um princípio, que há um Deus e que este criou o universo. A rigor, são as três únicas inquestionáveis. Como o processo se desenvolveu, durante quanto tempo, em qual ordem e diversas outras perguntas não são passíveis de afirmativas dogmáticas a partir do próprio texto. O capítulo primeiro do livro de Gênesis é claramente poético em sua forma, ainda que a quase totalidade das traduções em português o registrem como prosa. E construir dogmas lastreado em poesia não parece ser uma decisão prudente. Contudo, muitos assim procedem. E esta é uma observação importante: a fé cristã comporta diferentes abordagens, visões teológicas distintas e não carece de unanimidade em temas de importância secundaria. E este é o fato: diversos grupos se posicionam como cristãos sem que, necessariamente, reconheçam nos outros esta mesma confissão.

Repito: o capítulo essas apenas três proposições, que chamarei de verdades.

Houve um princípio no universo. Quando isto se deu é uma questão em aberto que, na minha opinião, não tem possibilidade de resposta - apenas de conjecturas, mais ou menos embasadas. Esta proposição (o universo tem uma origem, ou dito de outro modo, a matéria não é eterna) é, por si mesma, aceitável, independentemente da postura filosófica adotada (é verdadeiro que também é possível o ponto de partida que toma a matéria como eterna, sem princípio nem fim).

Há um Deus. A humanidade talvez possa ser dividida entre aqueles que acreditam nada existência de um ser superior e aqueles que não compartilham desta crença. E os primeiros subdivididos em milhares de subgrupos, segundo o que pensam como este ser superior é. O que a bíblia, as Escrituras Sagradas para os cristãos, se ocupa é apresentar uma visão de quem é este Ser supremo. E o faz contando histórias a Seu respeito - e nós, cristãos acreditamos que Ele próprio as escreveu.

Deus criou. A grande mensagem implícita neste fato é a da existência de um objetivo para a existência das pessoas e do mundo em geral. Não importando se somos frutos de um comando imediato que nos trouxe à existência em um piscar dos nossos olhos, ou de um lento processo para nossa curta existência, a existência de um Deus criador implica na existência de um objetivo - é claro, este deus criador também poderia ser um ente caprichoso como uma criança mimada. Afinal, não é este o retrato que muitos deístas fazem dEle? Mas não é o retrato que a Bíblia apresenta. E este é o projeto deste livro: apresentar e discutir a imagem que os cristãos fazem do seu Deus.

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