A
 Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) congrega profissionais filiados a
 diferentes escolas teóricas, vertentes políticas e religiões, incluindo
 irreligiosos, em sua Diretoria. A finalidade institucional precípua da 
SBB é a promoção da reflexão bioética e dos direitos humanos na 
sociedade brasileira.
Com
 esse intuito, a atual Diretoria da SBB reconhece que a questão do 
aborto no Brasil é um problema complexo que exige ser observado a partir
 de pontos de vista diferentes e envolve moralidades divergentes. 
Considerando-se o aborto, como um problema multifacetado, e os 
antagonismos de valores que sua abordagem coloca em discussão, a 
Diretoria da SBB realizou uma consulta interna aos seus membros acerca 
da descriminalização do aborto, com o objetivo de adotar uma posição 
sobre o tema.
A
 partir do resultado, por maioria, a Diretoria da SBB posicionou-se a 
favor da descriminalização do aborto, por entender que no Brasil o 
aborto é um problema de política de saúde e não de política criminal. Em
 consequência, a Diretoria da SBB entende que a prisão de mulheres que 
realizam o aborto não é medida adequada para proteger o feto, pois, além
 de não inibir a sua ocorrência, estigmatiza e torna as mulheres de 
baixa renda mais vulneráveis. Isso porque essas mulheres são as únicas 
submetidas ao sistema repressivo penal, no caso do enquadramento do 
aborto como crime, o que acaba por impeli-las à prática do aborto 
inseguro, acarretando sérios agravos à saúde, inclusive a sua morte.
A
 Diretoria da SBB, portanto, reconhece a pluralidade de concepções 
morais, religiosas e filosóficas sobre o aborto, por isso se pronuncia 
tão somente contra a criminalização da sua prática, sem fazer qualquer 
juízo sobre a moralidade da conduta, e, ao mesmo tempo, enfatiza o 
reconhecimento do estatuto moral próprio do feto.
Por
 fim, a Diretoria da SBB adere à posição manifestada pelo Conselho 
Federal de Medicina e se coloca a favor do Projeto de Lei do Novo Código
 Penal, que prevê a exclusão do crime de aborto quando houver a vontade 
da gestante e ocorrer até a décima segunda semana da gestação.
Cláudio Lorenzo
Presidente da Sociedade Brasileira de Bioética
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