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Postado por Blogger no Serviço Assistencial Dorcas em 12/09/2013 11:06:00 PM
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Eduardo Ribeiro Mundim
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Crer não é sinônimo de não pensar. Crer implica em pensar, em relacionar fé com a realidade, questionando uma a partir da outra. O conteúdo são pensamentos às vezes rápidos, em elaboração; outros, já mais elaborados. Ambos buscando provocar discussão e reposicionamentos, partindo sempre da confissão de fé protestante. Os artigos classificados como "originais" podem ser reproduzidos desde que com a menção da fonte e autoria. Ano V
ALIANÇA DE NEGRAS E NEGROS EVANGÉLICOS DO BRASIL (ANNEB)
NOTA PÚBLICA Nº 02 - 2013
Tema: Nelson Mandela
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Assunto: TRIBUTO AO HOMEM DE DEUS NELSON MANDELA
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A Paz do Senhor para meu irmão metodista convicto Nelson Mandela. Desta vez, a paz eterna e definitiva. Durante um tempo, sob o regime racista do apartheid, a paz foi uma impossibilidade; depois, um sonho; depois, uma luta; depois, uma conquista e, por fim, uma consolidação. Desta vez, não é preciso guardar proporções, para comparar seu nome ao de Moisés, libertador de Israel. Basta lembrar que o Êxodo, que o primeiro profeta judeu, e codificador de sua fé, protagonizou, não foi apenas sob o prisma espiritual a que nossa visão limitada nos remete. Também o foi sob os prismas cívico-nacional e étnico-racial. O contraste entre Mandela e Moisés talvez seja este. Em Moisés, a importância espiritual que lhe damos esconde um pouco os valores civis e seculares. Em Nelson, a importância civil esconde os valores espirituais. Quem devolveu aos negros sul-africanos a dignidade cidadã foi o líder civil Nelson Mandela. Quem se recusou a fazer depois uma revanche e recomendou a paz e a normalidade foi o irmão, cristão metodista, Nelson Mandela. É fato, todavia, que estivemos por noventa e cinco anos convivendo com uma pessoa que, bem situada e bem localizada narrativa, descritiva e dissertativamente, terminará por manter denúncias que ainda não queremos fazer. De fato, não mostrar que a luta de Mandela teve o recorte de fé é manter-se na trincheira demagógica de onde se acena que Jesus só salva almas e nada tem a ver com a opressão feita sobre o corpo das pessoas, sobre a matéria. Esquecer que foi um irmão metodista é não reconhecer a sua fé e que a Palavra de Deus exigiu dele o máximo dessa fé. Não seria sem fé que se passaria da humilhação vivida por ele na pseudoliberdade de sua juventude para uma maturidade forjada na humilhação ainda maior dos vinte e sete anos de cárcere. Não fosse o fato de que sobreviveu a tudo isto para ver a vitória final, e ter-lhe-ia cabido, na hipotética morte precoce, o título de mártir espiritual tanto quanto a qualquer que tenha morrido por defesa apologética e ideológica ou, como preferem os pregadores, por amor a Cristo, amor que se resume, sem acréscimos ou decréscimos, no amor aos indefesos. A todos os indefesos, já que todos respondem à indagação farisaica sobre "quem é o meu próximo?" A Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil sentir-se-ia diminuída e sentiria insubsistente um tributo ao Grande Irmão, se não reconhecesse que tudo o que Mandela sofreu não teve gênese no continente tão desgraçadamente acusado de ser o depósito de todas as maldições, congresso de todas as mandingas e bruxarias e herdeiro do legado de Cam-Canaã. A nossa máscara, em homenagem a Mandela, deve cair para que se admita que cristãos, mais que isto, protestantes, levaram da Europa para a África do Sul a mácula que, se avaliada como deveria, talvez tivesse superado na História a marca do holocausto dos judeus. Afinal os povos do mundo, e também o Brasil em especial, são historicamente mais firmes em odiar negros do que em odiar judeus, haja vista a febre em tentar impor nas liturgias ritmos hebraicos e a aversão em fazê-las com expressões artísticas de matriz africana. Honrar Mandela é insistir em espiritualizar o que é convenientemente para alguns secularizado. Em outras palavras, é dar-lhe o valor de homem de Deus, hoje praticamente restrito aos líderes clericais. O demônio existe e foi percebido por Mandela e que, em relação a ele, os africanos são vítimas e não aliados do mal, e não sacerdotes de Satã. O demônio existe e muitas vezes é branco. Queiram revoltar-se ou não contra a ANNEB, este é o fato corajosamente apontado. O demônio existe e muitas vezes é ele cristão fervoroso, como foi o apartheid: cristão, como alguns ignoram, e fervoroso, como ninguém negaria. Jesus enviou Mandela ao mundo também para salvar o que se havia perdido e, por mais triste que pareça, em vez de salvar seu povo das forças do demônio, se viu no constrangimento de salvá-lo da maldade do próprio Deus cristão, se entendido como muitos cristãos europeus apresentaram-nO aos africanos. Felizmente, a Paz do Senhor, Nelson Mandela, a paz do Deus verdadeiro, e não daquele que por décadas te oprimiu e à sua-nossa gente. A paz do Pai da Eternidade que, na Eternidade te recebe como Premio Nobel da paz. A Paz do Senhor ao Prêmio Nobel da Paz do Senhor. |