1. Um escravo negro (cuxita) foi o mensageiro escolhido para levar a Davi a
notícia da morte de seu filho e adversário, Absalão (28m 18.21-32). Um escravo
ou um mercenário negro, por ser um estrangeiro foi, talvez por isso, preferido
pelo comandante Joab, para levar ao rei a trágica notícia.
2. Depois de ter lido em público os oráculos de denúncia e ameaça do profeta
Jeremias, Baruque, seu secretário, foi intimado a comparecer diante dos grandes
de Judá, levando-lhes o rolo (Jr 36.1- 26). O mensageiro enviado para convocar
Baruque foi [[Jeudi], bisneto de um negro (cuxita; Jr 36.14; CNBB e NTLH).
3. Por sua mensagem, que aconselhava abertamente a rendição de
Judá a
Nabucodonosor, rei de Babilônia, Jeremias foi perseguido como traidor da
pátria
e entregue pelo rei Zedequias ao arbítrio dos príncipes. Estes o jogaram
num
poço em que não havia água, só havia lama (Jr 38.1-6). E o profeta se
atolou na
lama, correndo o perigo de se afogar e morrer. Aparece, então, um negro,
um
cuxita, cujo nome é dado como Êbed-Mélekh (literalmente, servo, isto é,
ministro do rei). Ele vai ao rei, intercede por Jeremias e consegue
permissão
para salvar a vida do profeta. Esse negro é, portanto, alguém em alta
posição na
corte, tendo acesso direto ao rei, que o devia ter em alta consideração,
e, por
isso, atendeu seu pedido, embora fosse em desafio à decisão dos
príncipes,
diante dos quais o rei se confessara sem nenhum poder (Jr 38.3, 7-13).
Essa foi
uma ação tão notável que o etíope Êbed-Mélekh recebeu, em recompensa, um
oráculo, por intermédio do próprio Jeremias, em que lhe era prometido
livramento, quando acontecesse a destruição de Jerusalém pelo exército
de
Nabucodonosor. Sua vida seria poupada, porque ele confiara no Deus
Eterno (Jr
39.15-19).
4. Duas coisas chamam a atenção no cabeçalho do livro de Sofonias (Sf 1.1). A
primeira: é o único entre os profetas que tem seus antepassados citados até a
quarta geração. Charles Taylor Jr. afirma: "A razão é, sem dúvida, porque o
Ezequias mencionado é o rei daquele nome, que governara Judá de 715 a 687 a.
C.,, A segunda: Sofonias é declarado filho do Negro (Cuxita). Podem ser
formuladas duas hipóteses, para explicar esse caso: uma dama nobre, neta do rei
Ezequias, casara-se com um etíope, com um negro, que veio a ser o pai do
profeta; ou, então, seu pai, este sim, neto de Ezequias, recebera o nome de
Cuxita (etíope), em homenagem ao Egito, pais com que Judá se aliara em
oposição à Assíria. Qualquer que seja a hipótese adotada, torna-se evidente a
alta conta em que eram tidos os cuxitas (etíopes, negros) pela família real de
Judá.
5. Abraão foi o pai dos crentes, para judeus e cristãos, seu primeiro
antepassado na fé (Gn 12.1-4a), que teve a honra de ser considerado um dos dois
amigos de Deus, no AT (Is 41.8). Para os maometanos, ele foi um dos quatro
grandes profetas: Ibraim, Musa, Issa e Maomé. Seu primeiro filho, Ismael,
nasceu de sua relação com Agar, escrava egípcia, camita, portanto, negra, visto
como Gn 10.6 e lCr 1.8 colocam Etiópia, Egito, Líbia e Canaã como filhos de
Cam. Além disso, Deus sustentou, no deserto, essa mulher negra e seu filho e,
mais ainda, concedeu-lhe o privilégio de uma teofania, isto é, apareceu diante
dela e lhe falou (Gn 16.1-16; 17.23-27; 21.8-21). Através de Ismael, Agar se
tornou a matriarca de numerosos povos beduínos que habitavam o sul da
Palestina. E, segundo outras tradições, tornou-se uma ancestral de Maomé, o
fundador do islamismo, tido como descendente de Ismael.
6.Da máxima importância, neste contexto, é uma tradição que
envolve o próprio
Moisés, o líder máximo do povo de Deus, no AT, libertador do povo de
Israel,
em seu Êxodo do Egito, fundador da fé “javista.” Grande profeta, que
também
teve o privilégio de ser considerado, como Abraão, um amigo de Deus.
Homem
ímpar, de quem se diz: “Nunca mais surgiu em Israel profeta semelhante a
Moisés” (Dt 34.10-12). Existem três diferentes tradições sobre a origem
étnica
de sua esposa. Uma atribui a ela origem midianita (Ex 2.16-22; 3.1;
4.24-26;
18.1; Nm 10.29). Outra, uma origem quenita (Jz 1.16; 4.11). A terceira
fala de
seu casamento com uma cuxita (etíope, negra; Nm 12.1). Em todas as três,
o
grande libertador de Israel tem por esposa uma mulher estrangeira. A
terceira
tradição fala de uma esposa etíope, embora num texto que contém algumas
dificuldades. Qualquer que seja a solução das dificuldades, o texto
indica, de
maneira suficientemente clara, que se trata de um casamento recente e,
por conseguinte, a esposa mencionada não era Zípora. E mais, que a causa
da
rebelião de Minam foi a posição de Moisés como mediador único entre Deus
e o
povo (Nm 12.2). Conclui-se, então, que não há nenhuma recusa contra o
fato,
que é aceito, portanto, como normal, de que o fundador e legislador do
povo de
Israel, -- o homem com quem Deus falava "face a face", a quem colocara
“como
responsável” por todo o seu povo, -- o fato de que Moisés tivesse
desposado
uma cuxita, uma mulher etíope, uma mulher negra.
7. Salomão foi, segundo a tradição, o mais sábio, o mais rico e o mais famoso
dos reis de Israel, e construtor do primeiro templo de Jerusalém. Pois bem, entre
as mais importantes raínhas-esposas de Salomão, estava a filha de um faraó da 2
ia dinastia, o faraó Shishak (cerca de 945-924 a.C.), pertencente a uma dinastia
de famosos mercadores. Essa egípcia era a mais importante das raínhas-esposas.
Seu pai tomou a cidade de Guézer dos canaanitas e deu-a como dote à filha, à
esposa camita, à rainha-esposa negra de Salomão (1Rs 3.1; 9.16; 11.1).
Por Rev. biblista Joaquim Beato
Nenhum comentário:
Postar um comentário