sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Jonas, um profeta ressentido ou Você tem razão em estar irado?

Eduardo Ribeiro Mundim

Introdução

A história do profeta Jonas é bem conhecida, talvez por duas diferentes razões. A primeira, o grande peixe que o engole e o vomita, inteiro e incólume, três dias depois. A segunda, sua experiência é citada frequentemente como um exemplo a ser evitado – não desobedeça a Deus, ou você será perseguido por Ele, que moverá céus e terra para obrigá-lo a fazer a Sua vontade.

Mas será que estes dois pontos ocupam o principal lugar neste curto livro profético de quatro capítulos e 48 versículos?

Meu objetivo nesta reflexão é mostrar que, do meu ponto de vista, não. A mensagem é bem diferente das duas ideias citadas.

Se fosse reduzir o livro todo em um único título, várias propostas seriam possíveis: Jonas, um profeta ressentido; Jonas, um profeta transparente; Jonas, um profeta como você; Jonas, o profeta que não amava...

Se fosse escolher o versículo chave da sua história, seria “você tem alguma razão para esta fúria?”, que aparece pela primeira vez em 4.4 e é repetida em 4.9.

Algumas questões precisam ser pinceladas.

Seria o livro de Jonas todo ele uma alegoria? Ou uma história literal?

Seria possível aceitá-la como uma história real com todos os encadeamentos de atos miraculosos que o perpassam do início ao fim?

Como situá-lo historicamente? Quando os eventos teriam ocorrido? A Nínive descrita existiu? Se existiu, porque não há registros extrabíblicos da sua conversão?

Estas dificuldades acadêmicas frequentemente dominam as discussões, deixando à margem a real mensagem do livro. E este fenômeno não ocorre somente com este profeta, mas com muitos outros textos bíblicos. Certamente estas, e outras, questões são pertinentes, e merecem ser avaliadas. E não é incomum usar a história de Jonas como ilustração dos absurdos históricos e científicos que estariam disseminados por toda a bíblia. Mas o objetivo desta reflexão é a mensagem que o livro traz, as reflexões que levanta, o Deus que ele mostra, e os homens que ele retrata.

Como concessão aos mais exigentes, digo que aceito com tranquilidade a possibilidade de toda a história de Jonas ser literal. Afinal, quando creio no credo apostólico do início ao fim, creio em milagres específicos do início ao fim que tornam os deste livro um tanto quanto insignificantes.

Partindo do ponto de vista tradicional, este profeta é o mesmo citado em II Rs 14.25. Seu ministério se insere no reinado de Jeroboão II, o último grande rei de Israel. Pelo menos duas circunstâncias externas deram a ele a possibilidade de restaurar as fronteiras de Salomão e trazer prosperidade econômica há muito não vista: a fraqueza da Síria, pelos conflitos com o Império Assírio, e a preocupação deste Império com sua fronteira noroeste. Contudo, a prosperidade não foi igualmente distribuída, tendo Jeroboão enfrentado as profecias de Amós, que denunciavam sua iniquidade, a religiosidade vazia e a segurança sob falsas premissasi. E foi ele quem predisse o sucesso político de Jeroboão II – seria ele um nacionalista?

Apenas a fração do ministério de Jonas retratado pelo livro é conhecido. E do pouco que se sabe sobre ele, é que se pode construir algumas hipóteses sem, aparentemente, possibilidades de verificação.

A Missão

Jonas foge de uma outra comissão! A ele é ordenado se dirigir à maior potência militar da região, um verdadeiro perigo para sua nação (o Império Assírio teve longa duração, com diversas fases, e seu exército era conhecido pela dureza com que tratava os vencidos), para levar-lhe uma palavra profética. E esta, segundo o narrador da história, deve ser dura: “anuncia junto a ela que a sua maldade chegou até mim” (BJ).

Não há mais detalhes sobre o conteúdo – o que nos é diretamente contado é apenas a revelação de que a maldade da cidade é conhecida por Deus, Juiz de toda a terra, e que por isto seria destruída 40 dias após a pregação pelo profeta (3.4).

Contudo, a Pomba (o significado do nome Jonas) entende que o objetivo de sua missão não era a destruição da nação rival e ameaçadora, mas a sua conversão. Ao discutir com Aquele que o comissionou, semanas mais tarde, conta a razão de sua fuga: "Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em casa? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que promete castigar mas depois se arrepende.” (Jn 4.2)

Este coração perdoador deixava sinais evidentes na história do povo eleito. Afinal, apesar da desobediência de toda a nação, Israel ainda não tinha sido destruído. Diversas vezes ao longo de sua história, o Deus de Abraão ensinara que o pecado traria castigo, mas o arrependimento, perdão. E Jonas foi capaz de intuir que esta palavra de salvação, o perdão divino como consequência do real arrependimento do homem, dada ao povo da aliança, tinha um alcance universal! Era destinada inclusive aos inimigos de morte do seu próprio povo!

A Nova Versão Internacional traduz o versículo 2 com uma urgência explícita: “vá depressa à grande cidade de Nínive” (na segunda comissão, não há urgência, na mesma tradução: “vá à grande cidade de Nínive”). Reunindo as informações espalhadas ao longo da história podemos intuir como Jonas entendeu sua missão: o Juiz de toda a terra abrira uma demanda contra a opressora e iníqua cidade de Nínive, a quase 1000 km de Jerusalém, prometendo-lhe a destruição em muito pouco tempo caso não houvesse uma conversão e era urgente que esta mensagem lá chegasse. Teria a Pomba entendido como ironia suprema o fato dele, profeta filho do pacto com os patriarcas, um estrangeiro aos olhos assírios, súdito de uma nação pequena que poderia ser engolida por eles assim que possível, que havia informado a Jeroboão II que a glória dos tempos iniciais da monarquia unida seria parcialmente retomada, o agente de perdão e transformação do inimigo?

Sendo o Império extenso e poderoso, sua maldade afetava milhares de pessoas naquele mundo conhecido. Uma possível conversão daquele povo levantaria a possibilidade de benefícios indiretos a outros...

Jonas rompe com seu Senhor. Este fato é explicitado pelo texto por duas informações complementares: “Mas Jonas fugiu da presença do Senhor, dirigindo-se para Társis.” Ele escolhe um destino que, para o hebreu daquela época, significava o fim do mundo do ponto de vista geográficoii. A localização desta cidade é incerta, havendo várias candidatas, como o litoral da atual Espanha e a ilha de Sardenhaiii. E ele não quer simplesmente ficar bem mais longe do seu alvo missionário – ele quer fugir da presença de Deus. Esta presença não deve ser como a imaginada pelo general sírio Naamã, que ligava Deus a um local geográfico (II Rs 5.17-18), já que ele claramente aceitava a jurisdição dEle sobre a longínqua cidade. Muito provavelmente sinaliza uma completa ruptura de comunhãoiv,v. Rejeitava a comissão dada por discordância fundamental sobre um tema que lhe era muito caro. E no lugar de debater, como Jó, ou de ficar parado onde estava, foge como para demonstrar a força de sua decisão, sua irrevogabilidade. A vontade do profeta não estava em sintonia com a divina, e recusou uma reavaliação frente àquela novidade. Por quê? A explicação mais lógica é que ele não deseja nenhum bem aos assírios, e considerava que qualquer benefício aos povos conquistados seria muito melhor pela destruição dos conquistadores, e não pela sua conversão. Jonas era um profeta que odiava; um profeta que deixava-se governar por suas emoções; uma pessoa que tinha maior prazer na destruição do não crente que na sua regeneração Um profeta que não lia a história do relacionamento do seu povo com o Deus de seus pais por diversos pontos de vista complementares, nem atentando para particularidades e seus desdobramentos. Qual seria sua opinião sobre Rute, a moabita, ou Raabe, a prostituta?

Não deve ser acidental o jogo de palavras que se repete no primeiro capítulo: levantar / descer são dois verbos que se repetemvi. O primeiro, relacionado à comissão divina; o segundo, a reação humana.

A Fuga

É importante tentar se colocar dentro do coração de Jonas, e pensar com seus sentimentos. Sem isto, a história fica um tanto quanto incompreensível nos detalhes; e se estes não são importantes, por que estão no texto?

Como compreender o fenômeno de Jonas ser encontrado dormindo? Ainda que a tradução para o português use o termo “porão”, o original poderia ser literalmente traduzido como “partes internas da coberta inferior”4. E não se está falando de um moderno navio de aço, mas de uma embarcação do século VII antes de Cristo, onde toda a agitação deveria ter sido percebida (como parece estar nas entrelinhas do texto). O uso de qualquer droga potente pode ser descartada, já que não há nenhuma menção deste recurso no livro, nem em toda a Escritura. Pode ser levantada a possibilidade de uma exaustão física e emocional intensa. A primeira, pela fuga para Tarsis, via Jope (uma fuga apressada?), cidade costeira distante de Jerusalém ou do Reino do Norte. A segunda por um conflito interno. Seu pai era Amitai, “minha verdade”. O profeta rompe relações com seu Deus que lhe revela uma verdade que ele não está disposto a aceitar (há perdão disponível até mesmo para os ninivitas – não há pessoas excluídas desta possibilidade) mas que ele não pode negar como sendo a vontade de quem tem o direito e poder de tê-la. Pode ser acrescida a profunda desilusão de um profeta nacionalista, inspirado pelo renascimento econômico e militar de sua pátria.

A tripulação daquele navio mercante era religiosa – o que não é de se estranhar. Após terem feito tudo o que sabiam fazer, com perdas financeiras significativas (afinal, as mercadorias que eram o seu ganha pão foram para o mar), põe-se a orar, cada um a seu deus. E o capitão busca a todos para, ecumenicamente, pedirem auxílio divino. O desespero de todos os tripulantes não os impede de tecer elucubrações teológicas – já que não estamos vencendo esta tempestade, ela deve ser sobrenatural; portanto, deve ter um causador. O sorteio aponta Jonas. E a religiosidade dos marinheiros é ética, pois mesmo com a ameaça real à sobrevivência de todos, recusa a solução apontada pela pomba: “Peguem-me e joguem-me ao mar, e ele se acalmará. Pois eu sei que é por minha causa que esta violenta tempestade caiu sobre vocês". Somente a aceitam, a contragosto, quando percebem que não será possível vencer a tempestade, que aumenta de intensidade, e que a morte chegaria a todos, inocentes e culpado. Sobra apenas o sacrifício humano proposto por aquele que ofendera o seu próprio Deus: ”o que foi que você fez?”. E o fazem aceitando como divinamente inspirada a sugestão do profeta: "Senhor, nós suplicamos, não nos deixes morrer por tirarmos a vida deste homem. Não caia sobre nós a culpa de matar um inocente, porque tu, ó Senhor, fizeste o que desejavas".

Mas, por que Jonas lhes dá esta solução, estranha ao modo hebraico de culto, no lugar de se ajoelhar, confessar sua culpa e seu pecado, prometer mudar de atitude?

Apenas conjecturas podem ser feitas, já que a narrativa não fornece pistas a este respeito. Talvez considerasse seus pecados (desobediência aberta, recusa de conversão e ruptura de relacionamento) como merecedores da pena de morte. Afinal, quando o casal adâmico pecou, a ruptura do relacionamento foi assim punida. Talvez o mortífero fosse uma característica do profeta, pois ao final de sua história (4.1-3) ele pede para morrer (e não parece que era figura de linguagem) porque sua missão tinha sido bem sucedida, ao contrário do que desejava de coração. Talvez ele ainda não tivesse convencido (se é que em algum momento ficou) de que estava errado, e preferisse a morte (que ele imaginava salvar os tripulantes inocentes) a mudar de ideia.

O Peixe

Lançado ao mar, o profeta é engolido por um grande peixe. E este ponto da história é o preferido para questioná-la. Como é possível?

O texto é claro, inclusive no original: um grande peixe. Grande o suficiente para reter, no seu interior, um homem adulto por três dias. Novamente, apenas hipóteses podem ser levantadas sobre o animal. Aparentemente, o único animal marinho capaz seria uma baleia. Mas este termo não é encontrado em nenhum lugar nas Escrituras.

Teria ele ficado na boca do grande peixe, ou no seu estômago? Segundo o narrador, de uma posição onisciente, foram três dias e três noites; portanto, um bom período de tempo. A leitura do salmo proclamado pelo profeta sugere que ele foi engolido já prestes a morrer afogado. É aceitável imaginar que a última lembrança que ele tinha era estar perdido, sem senso de direção (como ocorre nos afogamentos), sem ar e, repentinamente, acordado em um lugar absolutamente escuro. Deve ter consumido uma boa porção do tempo ele conscientizar-se de que, de alguma forma, estava vivo. Pensava, recordava, provavelmente conseguia palpar-se em alguma extensão. Imaginando que o peixe tenha tentado comer outras vezes com ele no seu interior, ocasionalmente grandes quantidades de água salgada deveriam passar por ele, junto com os animais marinhos escolhidos como alimento.

Jonas mostra-se grato por estar vivo, além de desejar retomar o relacionamento rompido. O momento de tensão, ou seja, a fuga e o mar revolto, ficam para trás e no tempo, que deve ter sido do tamanho da eternidade para ele, disponível, ele parece reconsiderar, ao menos parcialmente, sua atitude. Sua oração, na forma de salmo de louvor, termina com “o que eu prometi, cumprirei totalmente”. Exatamente qual foi a promessa, não se sabe.

Sua vida é mantida, ganha um tempo para reconsiderar, absolutamente sozinho, apenas consigo mesmo. É, então, devolvido à terra pelo vômito do peixe – foi aí que ele descobriu como tinha sido salvo? Teria ele se dado conta de que houvera pelo menos dois milagres? A tempestade no mar por sua culpa, e a salvação por um meio absolutamente inusual e absolutamente seguro? Teria ele pensado diferente, caso tivesse ficado à deriva no mar, apoiado em algo que flutuasse, com frio à noite e exposto ao sol durante o dia? Seria o ventre do grande peixe algo semelhante ao útero materno, ou ao berço de um recém-nascido?

A Missão II

Curiosamente, é necessário que Deus novamente o chame. Por quê? Não parece um desenvolvimento lógico da história que Jonas fosse a Nínive assim que se visse em terra? Não era isto que as entrelinhas do seu salmo permitiam supor? Afinal, o que ele quis dizer com “o que eu prometi cumprirei totalmente”(2.9).

Parece que a gratidão pela preservação da sua vida, o reconhecimento da extensão do poder do Deus de seus pais (afinal, enviara uma tempestade ao seu encalço, fizera-o ser sorteado como responsável pela mesma, providenciou um peixe para salvá-lo do afogamento, manteve-o vivo e são no seu interior e por fim, por sua ordem, foi vomitado na praia), o perdão inerente a este fato, não foram suficientes para predispô-lo à missão. É necessário ser novamente chamado, e desta vez ele se dispõe imediatamente.

A mensagem entregue era condicional: estabelecia um prazo de autoavaliação dos ninivitas frente à proclamação divina entregue pelo profeta. Bem diferente da situação de Sodoma e Gomorra, onde a destruição das duas cidades era assunto decidido, sem espaço para arrependimento (Gn 18 e 19). Teria Jonas a mesma compaixão que Abraão teve daquelas duas cidades? Ou esperava ele que o destino de Nínive, arqui-inimiga de sua pátria, fosse o mesmo do daquelas cidades?

Ele faz um serviço mal feito e propositadamente. Afinal, Nínive era uma cidade a ser percorrida em três dias (3.3) e ele a percorre em apenas um (3.4). Sendo a mensagem de vida ou morte para eles (o núcleo dela era “ainda quarenta dias e Nínive será destruída”) pareceria lógico que um pregador misericordioso tentasse por todos os modos convencer seus ouvintes – e havendo tempo suficiente, quarenta dias, poderia esforçar-se diligentemente. Logo, sua rapidez não era altruísta.

E o resultado do seu trabalho mal feito, e repleto de más intenções, é a conversão dos ninivitas. Talvez este seja o maior dentre todos os milagres da história: centenas de pessoas mudaram seu modo de agir após uma mensagem ameaçadora, pouco elaborada e, provavelmente, pouco racional aos seus olhos. E frente a mais esta maravilha, no lugar de reconhecer o poder de Deus, Jonas “ficou profundamente descontente...e enfureceu-se” (4.1). No lugar de alegrar-se com as inúmeras possibilidades que a vida traz, sempre sob a direção santa de Deus, ele pede “tira a minha vida, eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver". E por quê? Porque seus sonhos homicidas não foram satisfeitos. E não há a menor sugestão no texto de que a sua reação fosse ditada por razões “de Estado” - sobram apenas as razões pessoais.

A Lição Final

Jonas se retira da cidade, e se instala a uma certa distância, esperando os acontecimentos. Talvez ainda houvesse alguma expectativa de que o arrependimento não era “p'ra valer”. Constrói um abrigo no deserto, não completamente suficiente. O que lhe faltava, um abrigo do calor, é-lhe dado gratuitamente, em mais um ato milagroso. Satisfeito e afeiçoado a situação, vê a planta morrer e o calor aumentar, a ponto de, novamente, pedir a morte.

O contexto sugere uma certa afeição pela planta e é a esta situação que Deus lhe apresenta a última lição: como é possível ele ter misericórdia de uma planta (ser de curta duração, vegetal e não gente) e Ele, Deus, não ter de centenas de pessoas que podem mudar suas vidas?

Deus e Jonas

Jonas é um profeta que necessita de conversão. Apesar de dialogar com seu Deus com bastante familiaridade, não se deixa contaminar pelo que Ele é – procura preservar o máximo que pode de suas opiniões e inclinações.

Por duas vezes Deus lhe pergunta “você tem alguma razão...?”. Parece que nenhuma vez Jonas se pergunta por qual razão Deus se empenha tanto para que Nínive ouça a Sua voz; por qual razão Deus se empenha tanto para que Jonas seja o mensageiro.

O que a Pomba-que-é-um-falcão não percebe é que ele também é campo de missão! Tanto quanto Nínive! A mensagem de condenação e de esperança poderia ser entregue por qualquer um, mas a mensagem para Jonas somente poderia ser entregue pelos ninivitas! Ele, com tanta intimidade com Deus, é cru sobre a mais básica característica divina: a santidade. Santidade que é descrita nas Escrituras principalmente em termos de justiça, misericórdia e verdadevii. E a justiça de Deus é a salvação de uma situação de opressão para que se possa viver melhor, dentro do pacto a que Ele chama. A Sua misericórdia, o Amor que a tudo sustenta, inclusive a relação com a humanidade absolutamente depravada. A Sua verdade a plena confiança de que Ele é o que é, sem “mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17).

Apesar da desobediência declarada e da obediência incompleta, Jonas não é eliminado, como poderia ter sido se a ele fossem aplicados seus próprios conceitos sobre como Deus deveria agir para com os pecadores. O ensino é igual para o profeta e para os ninivitas: Deus os ama e os chama ao arrependimento.

Dentro do seu orgulho de ser descendente dos patriarcas, da arrogância de ser verdadeiro profeta em uma terra cheia da falsos profetas (que, inclusive, bajulavam Jeroboão II, o rei que Jonas talvez prezasse tanto), da prepotência de ser porta-voz do Altíssimo, ele não se via como deveria ver.

Estar perto de Deus, ser por Ele comissionado, entender Sua mensagem e pregar seu Evangelho não são garantias de retidão pessoal, de amor ao próximo e de não ser cego.

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i Novo Dicionário da Bíblia, vol II, pag 803-4, 3ª ed, 1979, Ed Vida Nova
ii Bíblia de Jerusalém, nota a, pag 1.765, 9ª ed, 1985, Ed Paulinas
iii Novo Dicionário da Bíblia, vol III, pag 1.563, 3ª ed, 1979, Ed Vida Nova
iv Novo Comentário da Bíblia, vol II, pag 871-7, 1ª ed, 1963, Ed Vida Nova
v Alison, J. Fé sem ressentimento, pag. 137-61, 1ª ed, 2010, É Realizações
vi Wondracek K, Hoch LC, Heimann T. Sombras da alma: tramas e tempos da depressão, pag. 205-22, 1ª ed, 2012, Ed Sinodal
vii Lillie W. Studies in new testament ethics, pag.4-6, 1ª ed, 1963, Westminster Press

compartilhado com a Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte no culto matutino de 04/11/12

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