Eduardo Ribeiro Mundim
"Marina Silva, por fim, confessa-se adepta do designe inteligente...'eu acredito que Deus é o criador de todas as coisas e que esse criador tem um projeto, que as coisas não acontecem por acaso, alhures, que existe um projeto inteligente, da inteligência divina que governa todas as coisas.' É a sua fé, e o seu direito, mas não pode ser a sua política". Este é o parágrafo final da coluna dominical de Marcelo Leite, no caderno Mais, da Folha de São Paulo, do dia 27 de setembro de 2009. Todo o texto vale a pena ser lido (está disponível na internete, para os assinantes do jornal ou da UOL) e a razão desta reflexão é a opinião emitida nos parágrafos finais: "não é uma resposta aceitável, vinda de ministra de um estado laico. Deveria fazer a distinção, fundamental, entre ensino de ciências e ensino de religião...não há acolhimento possível da fé pela ciência, se por isso entende-se a admissão de que existam verdades além e acima das corroboradas com observações e medidas."
A citação da ex-ministra, cristã assumida, geradora do comentário foi a defesa do oferecimento de diferentes pontos de vista, a aceitaçao de que "ciência se faz pela multiplicidade dos olhares". E o contexto, a controvérsia criação e evolução, que o autor parece querer lançar no esquema fé X ciência.
Acredito que a limitação de espaço que Marcelo Leite enfrenta o levou a trabalhar com uma definição de ciência bastante resumida, "verdades corroboradas com observações e medidas". Não é o ensinado pelo seu colega articulista, Rubem Alves, no seu livro, bem didático, editado pela Loyola, "Filosofia da ciência: introdução ao jogo e às suas regras". Já que a questão é sobre as origens, na mesma página A3, o físico Marcelo Gleiser afirma que "o propósito da ciência não é responder a todas as perguntas; sua missão é outra...dado que jamais teremos um conhecimento completo da realidade, jamais poderemos construir uma nattativa científica completa."
Não é possível resumir a vida, em sua amplitude e beleza, a observações, medidas e experimentos controlados. Não é possível fazer ciência sem intuição, imaginação e criatividade. Manter a discussão sobre as origens do universo como um ringue onde duas visões conflitantes se enfrentam até à morte é negar as limitações inerentes de ambas. A ciência não fala de finalidades - isto é função da filosofia e da teologia. Estas não descrevem fenômenos, não fazem previsões sobre seu comportamento. E a realidade é maior que ambas.
Marina da Silva está certa ao defender a pluralidade de visões, e as declarações citadas não conflitam com o caráter leigo do Estado. Sendo leigo, o Estado não defende nem um, nem outro; não defende a religião A ou a B. Caso negue a possibilidade religiosa, o estado deixa de ser laico, e passa a ser secular, pondo obstáculos a quaisquer manifestações que não sigam a sua cartilha. Estado laico é aquele que proporciona um debate civilizado entre diferentes visões, uma convivência respeitosa entre discordantes.
A citação da ex-ministra, cristã assumida, geradora do comentário foi a defesa do oferecimento de diferentes pontos de vista, a aceitaçao de que "ciência se faz pela multiplicidade dos olhares". E o contexto, a controvérsia criação e evolução, que o autor parece querer lançar no esquema fé X ciência.
Acredito que a limitação de espaço que Marcelo Leite enfrenta o levou a trabalhar com uma definição de ciência bastante resumida, "verdades corroboradas com observações e medidas". Não é o ensinado pelo seu colega articulista, Rubem Alves, no seu livro, bem didático, editado pela Loyola, "Filosofia da ciência: introdução ao jogo e às suas regras". Já que a questão é sobre as origens, na mesma página A3, o físico Marcelo Gleiser afirma que "o propósito da ciência não é responder a todas as perguntas; sua missão é outra...dado que jamais teremos um conhecimento completo da realidade, jamais poderemos construir uma nattativa científica completa."
Não é possível resumir a vida, em sua amplitude e beleza, a observações, medidas e experimentos controlados. Não é possível fazer ciência sem intuição, imaginação e criatividade. Manter a discussão sobre as origens do universo como um ringue onde duas visões conflitantes se enfrentam até à morte é negar as limitações inerentes de ambas. A ciência não fala de finalidades - isto é função da filosofia e da teologia. Estas não descrevem fenômenos, não fazem previsões sobre seu comportamento. E a realidade é maior que ambas.
Marina da Silva está certa ao defender a pluralidade de visões, e as declarações citadas não conflitam com o caráter leigo do Estado. Sendo leigo, o Estado não defende nem um, nem outro; não defende a religião A ou a B. Caso negue a possibilidade religiosa, o estado deixa de ser laico, e passa a ser secular, pondo obstáculos a quaisquer manifestações que não sigam a sua cartilha. Estado laico é aquele que proporciona um debate civilizado entre diferentes visões, uma convivência respeitosa entre discordantes.
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