Faz algum tempo que alguns leitores colocam ao alcance  de não sabemos quantos irmãos em Cristo suas preocupações com a revista 
Ultimato.  Se em todas as críticas a verdadeira motivação é o zelo pela sã  doutrina, Deus o sabe. Que alguns cometem injustiça, juízo temerário e  excessos, não temos dúvida. A injustiça difícil de suportar é aquela que  diz que 
Ultimato está atrás de tiragem e não de  glorificar a Deus: "Há quem busque o Reino de Deus, há quem busque  apenas maior tiragem", escreveu um dos leitores.
Temos verdadeira  aversão a contendas. Não podemos cair na sutil cilada de ser  responsáveis por mais uma desavença no Corpo de Cristo. Não devemos  atiçar nem o lado de "lá" nem o lado de "cá". Segundo o raciocínio de  Paulo, cabe ao cristão impedir ou sufocar o atrito e não tomar partido  deste ou daquele (1Co 3.4). É difícil compreender acusações que tratam  como inimigos da fé aqueles que compartilham o mesmo conteúdo  evangélico. Não podemos dar vazão a atitudes e manifestações injuriosas  cujos recursos e afrontas são os mesmos que se veem entre as assim  chamadas "torcidas organizadas". 
Provavelmente sem o querer,  alguns estão construindo um muro separando tanto evangélicos como não  evangélicos do ministério da revista 
Ultimato, pinçando  uma coisa e outra e generalizando. Quem sabe muitos irmãos queridos,  por causa disso, nunca se aproximarão pelo menos para conferir as  declarações da revista com as Escrituras, à moda dos bereanos (At  17.11). Ora, como pode um periódico cristocêntrico como 
Ultimato  receber uma acusação como esta: "Não é de hoje que 
Ultimato  vem disseminando o erro mascarado [como órgão] de imprensa evangélico  destinado à evangelização e edificação", como um internauta registrou?
Em  1998, para comemorar o 30º aniversário da revista, estampamos na capa  da edição de janeiro: "Há 30 anos Jesus na capa e no miolo!". Quantas  matérias de capa sobre Jesus foram publicadas nestes 42 anos de  história! Na edição de janeiro de 2003, estampamos o solene título: "O  grande desafio do terceiro milênio depois de Cristo é a lembrança  contínua do Jesus do Novo Testamento até que ele venha!" Na primeira  edição deste ano, o título foi mais curto, mas não menos solene: "O  drama da cruz". E agora, estamos trabalhando com muita oração no  devocionário da Editora Ultimato para 2011: "À Mesa com Jesus -- do  começo até o fim do ano". Parece uma ideia fixa, da qual não pretendemos  abrir mão.
E o Jesus que anunciamos é o Jesus do Antigo e do  Novo Testamento, o Verbo que se fez carne, tanto Filho do homem como  Filho de Deus, o Jesus imatável (capa da edição de março de 2007), o  Jesus da cruz vazada (morto e ressuscitado), o Jesus desfigurado (Is  52.14), o Jesus transfigurado (Mt 17.2), o Jesus exaltado à mais alta  posição, diante de quem todos os seres vivos nos céus, na terra e  debaixo da terra dobrarão os joelhos (Fp 2.9-11). Como, então, alguém  pode afirmar que "a revista 
Ultimato tem se tornado uma  plataforma para uma forma híbrida, meio esquisita, do  neocristianismo-emergente-pós-moderno, que mistura (para ser sutil)  esquerdistas e marxistas com uma forma emergente de pietismo e  modernismo politicamente correto", como um anônimo fez questão de  asseverar?
De pedradas e colunistas
Na década  de 80, fomos bombardeados não poucas vezes por termos Robinson  Cavalcanti como articulista. Acusações de "esquerdista", "comunista",  entre outras, exigiam a sua cabeça, bem como a de outro colunista, Paul  Freston, poucos anos depois. Hoje, a grita se volta principalmente  contra Bráulia Ribeiro e Ricardo Gondim.
Filha de pai ateu, Bráulia  converteu-se aos 17 anos em Belo Horizonte. Na mesma ocasião, ingressou  na JOCUM (Jovens Com Uma Missão). Serviu a Deus na Amazônia e agora mora  com a família (marido e três filhos) no Hawaí, onde trabalha com  projetos internacionais nos países mais pobres da Ásia.
É uma  mulher extrovertida, corajosa e dinâmica. Sabe escrever e provocar. Às  vezes exagera. Em algumas ocasiões, 
Ultimato solicitou  que ela desistisse de algumas frases ou lhes desse outra redação. Um  artigo ou outro achamos melhor não publicar. Bráulia não se conforma com  a hipocrisia, o machismo, o formalismo nem o legalismo, o que é uma  virtude. 
Quanto ao polêmico artigo 
Deus  -- Pai ou Mãe? (maio/junho de 2009), o título e o uso da  expressão "Deus-Mãe" não foram felizes, por causa da heresia de algumas  feministas que atribuem a Deus o gênero feminino. Todavia, em nenhum  momento Bráulia faz isso. Ela não diz que Deus é feminino ou masculino  ou ambos ao mesmo tempo. A mensagem dela é no sentido de nos lembrarmos  das características próprias de uma mãe para descobrirmos mais  compreensivelmente a capacidade que Deus tem de nos amar. O tiro  certeiro que precisamos dar é naquela blasfêmia das mencionadas  feministas.
Ricardo Gondim é um dos mais lidos e apreciados  colaboradores de 
Ultimato -- leitores jovens e adultos,  históricos e pentecostais, homens e mulheres. O artigo 
Estou  cansado! (julho/agosto de 2004) trouxe alento para muita  gente e provocou uma enxurrada de cartas. Ultimamente, Gondim tem  enfrentado um bombardeio por escrever sobre a corrente teológica  conhecida como "teísmo aberto", com a qual declara não estar  comprometido -- muito menos pretende desencadear movimento algum --,  como se pode ver em seu site pessoal. 
Ultimato tem  recebido cartas quase iguais e desnecessariamente ameaçadoras: "Se  Gondim continuar como colaborador, cancelo minha assinatura". Esse nível  baixo de crítica não produz resultados satisfatórios e alimenta reações  mais pessoais e profanas do que era de se esperar de servos zelosos de  Deus de ambos os lados. Tal confusão pode desaparecer se substituirmos a  perseguição pelo acompanhamento, pela intercessão, pelo verdadeiro  amor, virtudes e métodos que não sacrificam necessariamente o cuidado  pela ortodoxia. O articulista não tem se valido de 
Ultimato  para expor novas ideias. Não por coincidência, basta conferir sua  edificante reflexão 
Espiritualidade.
Sobre  ecumenismo
No Brasil chamar alguém de ecumênico é uma  sentença de morte. Uma das pessoas que questionam a seriedade de 
Ultimato  escreveu: "Parece que não há muita importância lá [na revista] com  respeito à teologia protestante, tendo-se em conta que escritores  católicos romanos deitam e rolam em suas páginas". A denúncia é tão sem  solidez que não vale a pena apresentar defesa.
Vamos à questão  principal: 
Ultimato é ecumênica? E, para dar uma  resposta verdadeira, precisamos saber o que é ecumenismo.
Se  ecumenismo é abrir mão do ódio histórico do protestantismo brasileiro  aos católicos, se ecumenismo é enxergar alguma coisa positiva na Igreja  Católica sob o ponto de vista evangélico e protestante, se ecumenismo é  tratar com educação o catolicismo -- então 
Ultimato é  ecumênica.
Porém, se ecumenismo significa encostar ou esconder  certos desapontamentos com a Igreja Católica em favor do diálogo; se  ecumenismo significa um movimento em favor de uma possível união  orgânica com Roma; se ecumenismo religioso significa dividir os  benefícios da salvação graças unicamente ao perfeito e único sacrifício  de Cristo com a propalada intercessão de Maria, dos santos e da igreja,  com a missa e com as obras meritórias; se ecumenismo religioso significa  aceitar que Roma é "a" Igreja e que fora dela não há salvação -- então 
Ultimato  não é nem um pouco ecumênica.
Porque enviamos há mais de trinta  anos a revista para bispos católicos, paróquias católicas e padres  casados de todo o país, como parte do nosso ministério, recebemos e  publicamos muitas cartas católicas e ficamos bem mais informados do que  lá tem acontecido. Nunca escondemos dos católicos nem dos evangélicos a  nossa pretensão: exercer uma influência cristocêntrica lá e cá. O  resultado desse trabalho só Deus sabe, mas nós sabemos o quanto ele  custa em termos de incompreensão. Temos consciência de que, de maneira  discreta e modesta, estamos apoiando a nova evangelização dentro da  Igreja Católica e os movimentos de renovação cristã lá existentes. 
Sem  renegar nossas convicções reformadas, temos entendido e demonstrado ao  longo dos anos que "o Reino de Deus é maior que a Igreja Católica  Romana, que as Igrejas Ortodoxas e que a Igreja Protestante" (capa da  edição de julho de 1996). Na ocasião, o conhecido pastor presbiteriano  Valdyr Carvalho Luz alertou que "a lealdade do cristão é primacialmente a  Cristo, não à Igreja, por maior respeito que se lhe deva".
Estamos  conscientes que temos cometido erros. Erros de hermenêutica, ênfase  demasiada em alguns assuntos, silêncio em outros. Temos corrigido  parágrafos inteiros e deixado de publicar muitos textos já escritos.  Embora peçamos constantemente a Deus sabedoria, capacidade, equilíbrio e  acerto, ainda assim podemos cometer novos erros. Depois de muitas  cartas, achamos por bem, por exemplo, moderar os escritos envolvendo  temas católicos.
E, para encerrar, uma informação até então  desconhecida de quase todos os leitores protestantes e católicos.  Possivelmente, o pastor presbiteriano Elben César, diretor-redator da  revista 
Ultimato, é um dos poucos pastores brasileiros  que sofreram tamanha pressão dos católicos, em Viçosa, MG, e nas cidades  vizinhas. Por se tratar de uma região muito católica e por ele ter sido  o primeiro pastor a morar na cidade, sofreu coisas do arco da velha,  encabeçadas pelos padres formados pelo mais tridentino dos seminários  católicos do Brasil, o Seminário de Mariana
1. 
Enfim,  queremos dizer, sinceramente, que temos acatado críticas e sugestões dos  leitores e vamos continuar acatando. Esperamos continuar a construir  pontes, procurando diminuir o fosso entre grupos de evangélicos, mesmo  que sejamos malcompreendidos em alguns momentos. Não temos autoridade  nem a pretensão de separar o joio do trigo. Queremos evitar a formação  de plateias contra e a favor. Ao mesmo tempo, trabalhamos com limites  editoriais que não são necessariamente os mesmos limites demarcados pela  denominação de cada leitor. 
Ultimato quer celebrar e  espalhar o conteúdo bíblico e a confiança do povo de Deus no único  Senhor da história. Para isso, conta com uma diversidade de experiências  cristãs e, ao mesmo tempo, não abre mão da sua identidade evangélica e  reformada.
Elben César, diretor-redator
Emmanuel Bastos,  diretor financeiro
Klênia Fassoni, diretora administrativa
Marcos Bontempo, editor
Nota
1. Para  saber mais, acesse 
www.ultimato.com.br/blog e  leia a série de cinco artigos escritos para o jornal viçosense "Tribuna  Livre" intitulada 
1960  -- Um ano explosivo na história de Viçosa.
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