segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cruz abala entendimento de um Deus Todo Poderoso

Segunda-feira, 25 de abril de 2011 (ALC) - A morte de Cristo na cruz foi um choque para os primeiros cristãos, que tiveram dificuldade de aceitar o aparente fracasso do Deus que se revelava num Filho crucificado. Esse quadro abala a imagem de Deus Todo Poderoso, afirmou o teólogo suíço Daniel Marguerat, da Igreja Evangélica Reformada. 

Cristãos levaram quatro séculos e meio, tal a dificuldade de aceitação, para ousar representar a morte de Jesus na cruz, como registrada na pintura a óleo no portal de madeira da Basílica de Santa Sabina, em Roma, a mais antiga representação da crucificação que se tem notícia. 

"Essa representação tornou-se tão banal hoje para nós que esquecemos o fato de que, na verdade, a cruz era não somente o símbolo de uma morte, mas, sobretudo, o símbolo de uma execução extremamente cruel", disse o teólogo, que ministrou o curso "Ler Paulo hoje. Um estudo em diálogo com filósofos contemporâneos", nos dias da Quaresma, promovido pelo Instituto Humanitas, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo.

Tal como curiosos diante da crucificação de Jesus, no Gólgota, cristãos gostariam que Deus retirasse de forma mágica o seu Filho da cruz e o salvasse da morte. "No entanto, acontece o inverso: Deus se manifesta sob uma forma última e definitiva nesse momento em que o Filho está mais frágil", afirmou Marguerat.

Segundo o apóstolo Paulo, a revelação de Deus na cruz é um Deus que manifesta sua força de modo totalmente diferente daquele que as pessoas esperariam. A força, no mundo, é empregada, geralmente, para oprimir e afirmar autoridade dos que detêm o poder.

O teólogo suíço apontou para outra força, que é o da resistência, daquela pessoa que enfrenta uma doença e não se deixa destruir por ela, daquela pessoa que consegue se reerguer após um fracasso na vida, que sobrevive a um divórcio, a um câncer, a um fracasso profissional.

"Esta força é interior e não menos admirável ou, ao contrário, conviria dizer, esta força é realmente admirável ante o poder esmagador, hediondo e desumano", disse o professor emérito de Novo Testamento da Universidade de Lausanne em entrevista ao IHU. 

A partir da Sexta-Feira Santa, Deus se revela como aquele que luta com o frágil e o fraco para que a vida, a esperança e o amor triunfem sobre o que contraria sua humanidade. "É o Deus que ajuda o ser humano a permanecer humano no momento em que sua vida desfigura sua humanidade", disse.

A partir da cruz, Deus solidariza-se com aqueles que não têm valor na sociedade, "porque a realização da vida humana não depende daquilo que a sociedade estabelece como critério de êxito econômico, mas depende do valor atribuído a cada existência, da importância da compaixão, da atenção dispensada a cada ser humano."

Marguerat também destacou que a cruz não expressa o valor redentor do sofrimento, mas afirmou, ao contrário, que Deus, na existência em sofrimento, luta pela vida e solidariza-se com aquele que sofre para que ele possa resistir e fazer desse sofrimento um espaço de vida e não de morte.

"Se o sofrimento for proposto como ideal de vida, somente os masoquistas vão aderir a tal programa e, neste caso, precisam ser tratados. Mas o Evangelho não é isso. O dolorismo é que faz do sofrimento um ideal de vida. Jamais o Evangelho", frisou o teólogo suíço. 

Marguerat também admoestou a Igreja, que deveria questionar-se, a partir da cruz, sobre sua política de poder. "A cruz não é compatível com a busca de poder", afirmou, agregando: "É a Igreja a serviço dos pobres, a serviço do mundo, que pode tornar crível o seu discurso."
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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)
Edição em português: Rua Ernesto Silva, 83/301, 93042-740 - São Leopoldo - RS - Brasil
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domingo, 24 de abril de 2011

Infanticídio e morte intencional de crianças em grupos indígenas

Infanticide in Brazilian indigenous groups: gender and ethnic identity as vulnerability factors

Adinolfi Valeria TS.
vtrigueiro@yahoo.com

Este trabalho discute os sentidos do infanticídio e morte intencional de crianças nos processos de construção da identidade subjetiva e coletiva do feminino em sociedades indígenas brasileiras, sob o referencial da Bioética e Saúde Coletiva. A construção ideológica do feminino e do pertencimento ao grupo aparecem em diversos estudos como associados à prática do infanticídio e morte intencional de crianças, evidenciando gênero como categoria fundamental para compreender esse fenômeno e superá-lo. Dados indicam que a prática de infanticídio e morte intencional de crianças em grupos indígenas deve ser tratada como problema de saúde coletiva, interferindo nos índices de mortalidade infantil nas áreas em que ocorre e tendo consequências para o processo saúde-doença das mulheres indígenas ainda não estudados. Esse fenômeno atinge diretamente as crianças indígenas e em especial meninas, afetando também as mulheres indígenas – sobretudo mas não apenas mães. Em quase todos os grupos nascer com o sexo feminino é um risco de morte por si: meninas são elegíveis para a morte em decorrência unicamente de seu gênero. É um ciclo de abusos atinge crianças – em especial meninas – e mulheres, para quem se constitui parte de um sistema de punição por gravidezes fora do casamento, relacionamentos não permitidos, separação, morte do marido, instabilidade conjugal e concepção de crianças considerados portadoras de maldições, como gêmeos e portadores de necessidades especiais. Assim, mulheres indígenas são expostas a uma vulnerabilidade dupla que ocorre intra e extra-grupos (por gênero) e no contato com a sociedade externa são ainda vulnerabilizadas (por sua condição étnica). Essas mulheres enfrentam a dificuldade de romper com uma prática de afirmação cultural que traz sofrimento e angústia devido a pressões internas e externas, vivenciando um processo de deterioração psicológica. Há portanto uma dupla violência, física e psíquica, contra crianças (em especial meninas) que são mortas e mulheres submetidas a sofrimento psicológico. Essa violência produz morbimortalidade, viola o direito à saúde e à vida saudável para essas mulheres e contraria os princípios do SUS de universalidade de acesso, integralidade das ações e equidade e os direitos humanos fundamentais de crianças e mulheres, constituindo imoralidade, atentado à ética.

fonte: https://cienciassociaisesaud.websiteseguro.com/programacao/exibe_trabalho.php?id_trabalho=15154&id_atividade=2165&tipo=

terça-feira, 19 de abril de 2011

Podemos impor valores cristãos a uma sociedade secularizada?

Por Hermes C. Fernandes

Ultimamente, a Igreja cristã tem procurado resgatar sua relevância na sociedade, manifestando-se contra algumas tendências e comportamentos. Manifestos contrários à Lei de Homofobia, ao aborto, à pesquisa com célula-tronco extraída de embriões humanos, à corrupção, à violência e outros. Não questionamos a motivação que tem levado a Igreja a posicionar-se perante a sociedade com relação a esses assuntos. Contudo, cremos que devemos avaliar a eficácia de tais manifestos.
Antes de buscarmos respostas nas Escrituras Sagradas, devo expor minha insatisfação ao perceber que a Igreja cristã contemporânea parece tão preocupada com questões de cunho moral, ao passo que deixa de dar a devida importância a questões relacionadas à justiça social, tais como, a má distribuição de renda, a reforma agrária, a política econômica, os juros altos, etc.
Cremos piamente que a Igreja faz bem em envolver-se com qualquer questão que diga respeito ao ser humano. Não podemos ser um povo alienado, indiferente aos problemas deste mundo. Temos o dever cristão de participar, arregaçar as mangas e trabalhar por um mundo mais justo, e, consequentemente, mais seguro e próspero.
Como devemos posicionar-nos quanto a temas importantes como esses?
Quando a Igreja Primitiva dava seus primeiros passos, uma das instituições mais antigas e perversas da sociedade estava em pleno vigor. Trata-se da escravidão. Como os crentes deveriam reagir diante da injustiça da escravidão? Não vemos os apóstolos promovendo manifestos públicos para denunciar a escravidão, nem mesmo comparecendo perante as autoridades para reivindicar o seu fim.
Todas as sociedades da época eram constituídas de classes, das quais os escravos eram a base. Se a escravidão fosse abolida repentinamente, o mundo ruiria.
Mesmo sabendo que tal instituição era contrária à justiça do Reino, os cristãos preferiram conviver com ela por algum tempo, até que ela se definhasse por completo, através da proclamação do Evangelho do Reino. À medida que a mensagem libertária de Cristo era pregada, e a sociedade obtinha a consciência de que todos os homens eram iguais, a escravidão ia perdendo sua força.
A carta de Paulo a Filemom nos revela a maneira como o maior evangelista da época tratou deste assunto. Filemom era um novo convertido, que devido à sua privilegiada situação econômica, possuía escravos. Paulo não começa sua epístola criticando-o por isso. Pelo contrário, ele dá testemunho de que o que ouvira falar de Filemom, revelava um homem íntegro, cheio de “amor e fé” para com Cristo e todos os santos (v.5). De maneira discreta, o apóstolo revela sua preocupação através de uma oração:
“Oro para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em nós há para com Cristo” (v.6).
Como podemos comunicar a nossa fé de maneira eficaz? Como podemos tornar conhecido todo o bem de que Cristo nos tem feito participantes? Eis a questão principal dessa epístola! E eis a questão sobre a qual quero me debruçar neste artigo. Não basta comunicar nossa fé através de um conjunto de doutrinas. É necessário comunicar a nós mesmos. E para que isso seja possível, devemos amar àqueles com quem desejamos compartilhar os valores do Reino de Deus. O mesmo apóstolo escreve aos Tessalonicenses:
“Antes fomos brandos entre vós, como a mãe que acaricia seus próprios filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas também as nossas próprias almas, porque nos éreis muito queridos” (1 Ts.2:7-8).
Ninguém vai conquistar corações descrentes tentando impor suas crenças e valores. Temos que conquistar seus corações, antes de tentarmos conquistar suas mentes. Temos que expor nosso amor, antes de propor nossos valores.
Ora, embora Paulo estivesse tratando com um fiel, e não com um descrente, ele preferiu dirigir-se primeiro ao coração de Filemom.
“Pelo que, ainda que tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, também agora, prisioneiro de Cristo Jesus” (vv.8-9).
Se com um fiel deve-se falar desta maneira, imagina com descrentes!
Hoje em dia, muitos pastores, além de quererem dominar o rebanho de Deus, querem também impor sua autoridade ao mundo. Bem fariam se dessem ouvidos ao velho Pedro: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância, mas de boa vontade; não como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1 Pe.5:2-3).
Impetuosidade não nos leva a lugar algum. Tanto Paulo, quanto Pedro, chegaram a esta conclusão depois de velhos. Em vez de simplesmente “mandar”, “ordenar”, Paulo preferiu “solicitar em nome do amor”.
As pessoas só deixarão determinadas práticas, quando tiverem suas consciências iluminadas pelo amor. Quem pensa, por exemplo, que proibindo o aborto vai coibir o avanço desta prática nefasta, está equivocado. As clínicas clandestinas agradecem qualquer tentativa de impedir que o aborto seja regularizado no País.
A carta de Paulo não tinha a pretensão de condenar a instituição da escravidão. Pelo menos, não diretamente. Seu objetivo era interceder por um escravo em especial, Onésimo.
“Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei em minhas prisões. Outrora ele te foi inútil; mas agora a ti e a mim muito útil. Mando-o de volta a ti, a ele que é o meu coração” (vv.10-12).
Onésimo era escravo de Filemom. Por algum motivo que não é revelado, Onésimo foi preso. Talvez tenha desfalcado seu senhor, ou cometido algum outro crime. Na prisão, conheceu o apóstolo, e acabou se convertendo a Cristo. Após cumprir pena, Onésimo voltaria às ruas. Mas pra onde iria? Um escravo não tinha alternativa, senão a casa de seu amo. Ele trazia marcas em seu corpo que o identificava como escravo, e por isso, estava fadado a ser reconhecido como tal pelo resto de sua vida. Ninguém se atreveria lhe abrir as portas. Na casa de seu amo, ele teria trabalho, comida e moradia. Seu dilema agora era saber se seu amo o receberia de volta. Caso não o recebesse, sua única opção seria a mendicância.
Era assim que a sociedade da época era estruturada. Isso não mudaria de uma hora pra outra. Quando o Brasil, pressionado pela coroa inglesa, promoveu a abolição da escravatura, os escravos alforriados não tiveram pra onde ir, e foi isso que deu origem aos bolsões de miséria, hoje conhecidos como favelas, nas encostas dos morros das grandes cidades.
Imagine como a igreja cristã deveria se portar diante de uma questão social como a poligamia. Em alguns países, a poligamia não apenas é aturada, mas também estimulada. Países onde o número de mulheres é muito maior do que de homens, devido às constantes guerras. Sem a possibilidade da poligamia, muitas mulheres morreriam de fome, pois em algumas dessas sociedades, elas sequer podem trabalhar pela sobrevivência. Não bastaria a igreja se manifestar contrária a este modelo familiar. Se os maridos resolvessem liberar suas várias esposas, pra onde elas iriam? E se os pais não as recebessem de volta? É claro que tanto a escravidão, quanto a poligamia são práticas condenadas pelas Escrituras. Mas isso não nos dá o direito de simplesmente impor nossos valores de maneira inconsequente e irresponsável.
Antes de enviar Onésimo de volta ao seu amo, Paulo apela à sensibilidade de Filemom. “Eu bem quisera conservá-lo comigo, para que por ti me servisse nas prisões do evangelho. Mas nada quis fazer sem o teu consentimento, para que o teu benefício não fosse como que por força, mas voluntário” (vv.13-14).
Pelo jeito, nosso amigo Onésimo deu um grande prejuízo a Filemom. Paulo queria que ele fosse recebido de volta, mas com o valor que lhe era conferido pelo Evangelho. Então, o que fez Paulo? O valorizou. Mostrou ao seu antigo senhor o quão útil Onésimo lhe seria, caso o mantivesse consigo.
Se quisermos revelar ao mundo o valor que tem o casamento, não precisamos sair por aí condenando os adúlteros, mas valorizar nossos cônjuges aos olhos de todos. Feridas não precisam ser ainda mais abertas, mas devidamente tratadas.
“Bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre, não já como escravo, antes, mais do que escravo, como irmão amado, particularmente de mim, e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor” (vv.15-16).
Paulo intentava convencer Filemom que receber Onésimo na condição de irmão representaria lucro em vez de prejuízo. Precisamos convencer o mundo que o casamento não é uma instituição falida, e que é melhor ter uma esposa do que uma amante. Temos que mostrar ao mundo o prejuízo que é fazer as coisas de maneira inversa àquilo que Deus planejou. As pessoas devem ser convencidas de que vale a pena fazer as coisas do jeito certo.
Um filho é melhor do que um aborto. Um casamento é melhor do que uma aventura amorosa. É melhor a justiça com segurança e paz, do que a corrupção acompanhada de pavor e violência.
Finalmente, Paulo dá o retoque final ao seu argumento em nome do amor:
“Portanto, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo. E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, lança-o na minha conta. Eu, Paulo, escrevo de meu próprio punho, eu o pagarei, para não te dizer que ainda a ti mesmo a mim te deves” (vv.17-19).
Quem paga a conta?

Todos sonhamos ver este mundo restaurado, com suas instituições devidamente reformadas, livre da injustiça, da corrupção, e de todo mal. Entretanto, quem se dispõe a pagar o preço por isso? Ninguém quer ficar no prejuízo. É muito fácil dizermos a uma menina grávida de seu estuprador para que não aborte. Mas quem se dispõe a ajudá-la a criar seu filho?
Lembro de uma mulher que ligou para um programa de rádio que eu conduzia. Ela chorava muito, e dizia que estava diante de uma janela, pronta a se arremessar. Tentei acalmá-la, e pedi que me contasse o que estava havendo. Ela me explicou que havia crescido em uma igreja evangélica extremamente legalista, mas que se desviara e se tornara numa garota de programa. Pra piorar as coisas, ela se engravidou de uma dos seus clientes, mas tinha a menor ideia de qual deles era a criança. Foi um momento muito difícil para mim, pois nossa conversa estava sendo ouvida por milhares de pessoas, e se ela resolvesse pular da janela, eu me sentira culpado pro resto de minha vida. Deixei que o Espírito Santo pusesse palavras em meus lábios, que a dissuadiram de pular. Instei com ela para que voltasse pra igreja. Ela argumentou comigo, dizendo que todas as vezes que ela pôs os pés em sua antiga igreja, as pessoas lhe olhavam de cima a baixo, julgando-a e condenando-a. Em vez de amor, ela só encontrava juízo. Mesmo sustentando sua família com o dinheiro advindo da prostituição e de filmes pornográficos, sua família a rejeitava.
Depois de muitas lágrimas, ela aceitou orar comigo, reconciliando-se com Deus. Após a oração, ela pediu pra conversar comigo fora do ar. Contou-me que tinha um contrato com uma produtora internacional de filmes pornôs, e que, se ela resolvesse abandonar aquela vida, teria que pagar uma alta soma por quebra de contrato. Procurei mostrar a ela que todo o dinheiro que aquela vida lhe dava não valia a pena, e que, mesmo sofrendo eventuais prejuízos, nada seria melhor do que voltar-se para Cristo. Será que a igreja está preparada para receber pessoas assim?
Outra vez, recebi um homossexual em meu gabinete. Ele começou a chorar, e a dizer que sentiu confiança em nos ouvir pelo rádio. Segundo ele, todas as igrejas por onde passara, o rejeitaram. Ninguém se dispusera a ajudá-lo. É muito fácil julgar, condenar, ou mesmo ignorar tais pessoas. Difícil é amá-las e acolhê-las como Jesus teria feito em nosso lugar.
Paulo se dispôs a pagar por qualquer prejuízo que Onésimo houvesse dado a Filemom. E quanto a nós, será que estamos prontos a arcar com os custos e implicações da mensagem do Reino de Deus?
Estaríamos prontos para lidar com os efeitos colaterais de um verdadeiro avivamento, como aquele que varreu o País de Gales, encerrando as portas dos prostíbulos e bares?

domingo, 17 de abril de 2011

O cristão e a liberdade de expressão

Eduardo Ribeiro Mundim

"Não concordo com o que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dizê-lo" é uma frase atribuída ao enciclopedista francês Voltaire. Alguns fóruns de discussão, notadamente alguns blogs cristãos, parecem exigir que esta liberdade seja completa e irrestrita. E certamente nossa legislação permite - mas há mecanismos para conter abusos.

A liberdade de expressão é, em si, valor absoluto? E para o cristão?

Não há dúvidas de que quando há uma decisão a ser tomada o direito de livre expressão é a base onde a própria democracia repousa. Todos que desejarem explicitar seu ponto de vista têm o direito sagrado de fazê-lo. E o termo sagrado não é mera retórica. Fazer-se conhecer, através de opiniões e atitudes, é um ato de afirmação da existência de um ser racional (e, portanto, autônomo) e de igualdade com todos os outros seres racionais. Opinar é uma forma de existir.

Provavelmente pouca discussão há sobre afirmativas de caráter moral ou que impliquem em testemunho de transgressão à lei. Opinar que fulano é ladrão obriga a produzir a prova que baliza o dito, sob pena de injúria. Mas expressões como reacionário, conservador, liberal, fundamentalista e semelhantes não incorrem no mesmo risco. Outras têm nitidamente um caráter dúbio, ofensivo/não ofensivo. E outros parecem ofender e dizer que não o fizeram - esta parece ser a especialidade do deputado federal Jair Bolsonaro (cf. http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/03/29/preta-gil-vai-processar-jair-bolsonaro-por-declaracoes-em-programa-de-tv-924115474.asp e o vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=HyaqwdYOzQk).

Didaticamente, as opiniões cumprem ao menos três funções: participação no processo democrático, insulto ao próximo e desabafo.

É o direito à livre expressão valor absoluto?

Pela ótica racional, objetivando organizar a sociedade, não há porque absolutizar o direito dentro do debate democrático - aqui entendido como a análise e discussão de um problema/tema para o qual se busca uma solução. A mesma racionalidade permite antever que, se absolutizado o direito ao insulto, poucas sociedades humanas ficariam em pé. E o reconhecimento da nossa fragilidade e humanidade tolera o desabafo, desde que a fronteira com o ultraje não seja ultrapassada.

Para o cristão, as Escrituras ditam a norma:
- a palavra tem de ser agradável e temperada com sal, e individualizada de acordo com o interlocutor (Cl 4.6)
- insultos (palavras que visam humilhar o próximo, ou negar-lhe a capacidade de entendimento, ou negar-lhe o próprio direito de existir) são irmãos consanguíneos do homicídio (Mt 5.21-25). E o autor da epístola de Judas afirma que nem mesmo arcanjos insultam Satanás! (Jd 1.9)
- no juízo palavras fúteis, ociosas, inúteis e vãs terão de ser explicadas (Mt 12.36)
- a correção, exortação e repreensão devem ser pacientes e amparadas na Palavra (II Tm 4.2), não anulando o tempero, a individualização e a proibição do desejar destruir (e o que é a humilhação senão uma destruição social?)
- entre outras funções, a palavra é para animar e fortalecer (II Ts 2.17)

Por este apanhado é correto assumir que também do ponto de vista do Reino (e este ponto só é compulsório para aqueles que livremente aceitam o Senhorio de Jesus Cristo) o direito à expressão não é absoluto.

Debates ferozes ocorrem atualmente, tanto dentro da Igreja, quanto entre ela e "o mundo". Temas especialmente delicados, que tocam sensibilidades e susceptibilidades (aborto e homossexualismo para ficar em dois exemplos), levam os cristãos, frequentemente, a não dominarem a língua (e Tiago fala muito dela: Tg 1.26, e todo o capítulo 3). Intolerância recebe o nome de amor, argumentos contrários não são discutidos, mas desqualificados sem justificativa, adjetivos pejorativos usados como substantivos. Nestes momentos, caímos no erro de nos moldarmos ao mundo, no lugar de moldá-lo, de desobedecer o ensino do Evangelho (que assumimos livremente como nosso guia ético) e de dificultarmos a sua pregação.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Proselitismo em um mundo multirreligioso

O termo "proselitismo" significa o empenho para conseguir adeptos a uma idéia, uma religião ou a um partido político. A palavra "evangelizar", para o cristão, resume a atitude de espalhar a boa nova que se tornou homem na pessoa de Jesus Cristo, morto e ressurreto. Estas atividades, proselitismo e evangelização, são concorrentes no mundo de hoje - a bem da verdade, desde sempre. Talvez a grande diferença do mundo contemporâneo para as épocas pregressas seja a velocidade com que a informação é transmitida, a queda das barreiras da geografia, da distância e mesmo da língua. Segundo alguns, existem mais de 2.000 religiões e todas, baseadas no princípio da solidariedade, buscam prosélitos.

Muito se falou, no último quartel do século XX, que Deus morrera, e que o secularismo era a nova religião que mudaria a face do mundo. O século XXI veio, e Deus permanece bem vivo. Apesar da imprecisão das estatísticas quando o assunto é fé religiosa, alguns pesquisadores estimam que no ano de 2025 80% da população mundial estarão filiados a uma das quatro grandes religiões: cristianismo, islamismo, budismo e hinduísmo. Portanto, cenário bem próximo é de alguns bilhões de indivíduos formalmente comprometidos com visões de vida e de mundo distintas, com repercussões na vida cultural, política e entre as diferentes nações.

Qual é o comportamento adequado na evangelização dentro deste contexto? E neste momento pergunto pensando apenas no fato de que os 80% de religiosos (e neste caso os secularistas não estão incluídos) são seres humanos, iguais em dignidade perante o Criador, por Ele amados a ponto de Cristo ter por eles morrido e ressuscitado. A discussão sobre o poder político, e militar, de cada um desses grupos religiosos não está no foco, assim como a questão da emigração e convivência de diferentes culturas.

Deus nos respeita, e nos chama pelo nome, mesmo quando O rejeitamos. Somos únicos mesmo em nossa rebeldia. Adão e Eva não perderam seus nomes, nem Balão, muito menos Judas Iscariotes. Se Ele não nos tira nossa individualidade, nossa natureza extremamente singular que nos faz diferentes uns dos outros (mesmo entre gêmeos idênticos), como poderíamos nós, que clamamos sermos Seus filhos por adoção, atuar de modo contrário?

Agimos de modo diferente quando não respeitamos a religião do outro. E há vários modos de fazê-lo. Supor que a conhecemos sem nunca a termos estudado nas suas fontes mais originais possíveis é uma forma. Imagine o diálogo: um hindu diz adorar o boi, razão pela qual é vegetariano; portanto, deduz, a partir de si mesmo, que o muçulmano adora o porco, pois é proibido ao islâmico consumir a carne deste animal! Conseguiria um muçulmano explicar o conceito cristão de Trindade? Para ele, nós adoramos três deuses! Se quisermos saber o que o nosso vizinho não cristão crê, devemos perguntar a ele e lermos seus textos sagrados.

Uma segunda forma de desrespeitarmos o nosso próximo é alardearmos que sua crença é diabólica, ou fundamentalmente errada, ou está a serviço das forças do mal. Jesus fez isto? alguns dos apóstolos? ou dos profetas do Velho Testamento? Antes que algum apressado cite Elias e os profetas de Baal, lembro do exato contexto do fato: o povo de Israel que viola o pacto celebrado com o Deus de seus pais. A luta última dos profetas não eram contra os deuses estrangeiros, mas contra aqueles que deixavam Jeová por outros deuses. As palavras de condenação, ironia e sarcasmo sempre foram dirigidas aos domésticos da fé, e não aos de fora (pelo menos nos textos bíblicos).

Outro aspecto importante na evangelização em um mundo multirreligioso é que a proclamação do Evangelho é para pessoas, indivíduos, e não para expressões religiosas abstratas. E cada pessoa tem a sua fé por uma série de razões distintas. Entre elas, seu histórico de vida, sua cultura familiar e local, suas aspirações e sonhos de juventude e infância. E cada um vive sua fé de modo particular, ainda que comunitário. E muitas expressões religiosas estão em contradição com os princípios. E isto é verdadeiro para todo radical das quatro maiores religiões citadas: os textos sagrados do cristianismo, islamismo, budismo e hinduísmo não autorizam o uso da força para fazer prosélitos, ou sobressair sobre as outras. Portanto, não podemos julgar os muçulmanos pelos radicais do Irã, os cristãos pelo comportamento de George W Bush, os budistas pelos seus radicais, muito menos os hinduístas. Se formos personalizar a experiência de fé, então usemos Ganhdi, o Dalai Lama e Nelson Mandela, dentre outros.

Não é possível sermos testemunhas do caráter regenerador do Evangelho se desrespeitamos a crença alheia, queimando seus livros sagrados, violando hábitos, ridicularizando crenças específicas e disseminando inverdades (conceitos que assumo serem verdadeiros mas que não verifiquei) ou mentiras (não necessita esclarecimento). Agir assim não significa concordância com o outro, mas respeito pela sua individualidade, história pessoal e desejos íntimos. Há uma diferença entre cobrir a cabeça, em sinal de respeito, junto a uma comunidade que assim entende ser correto estar na presença divina e abraçar a crença daquela sociedade.

E assim como é um dever cristão evangelizar, pois há um mandamento específico para tal, todos os adeptos das outras religiões se sentem compelidos ao mesmo, seja por obediência a um preceito, seja pela simples solidariedade. Se eu acredito em algo que possa beneficiar meu próximo, eu me calaria? Proselitismo sincero é, antes de mais nada, um ato de solidariedade e amor ao próximo. Caso contrário, ou minha crença não é verdadeira, ou falta a mim o amor ao próximo. Qual sistema religioso que defende o não amor recíproco entre a humanidade? Portanto, a livre divulgação da fé de cada um é direito decorrente da nossa condição humana e, em última análise, decorrente do próprio Deus.

Liberdade para pregar, liberdade para crer, liberdade para viver a fé. Deus jamais usou a força para chamar seus eleitos a si. E a nova e eterna aliança celebrada através do corpo e sangue de Cristo busca corações convertidos, e não obediência escrava; busca adesão livre e voluntária, e não opção interesseira. Não vejo autorização das Escrituras para condenarmos os não cristãos, ou desejar-lhes mal por não aceitarem o Evangelho. Não é isto que Jesus ensina quando Tiago e João sugeriram que descesse fogo do céu sobre os samaritanos que se recusaram a recebê-Lo?

este texto foi escrito inspirado pelo artigo "Proselytizing in a multi-faith world", de Ed Stetzer, publicado na página da Christianity Today em 28/03/11. As idéias centrais são do texto em inglês, que foram reescritas com liberdade pelo proprietário deste blog. O texto base está disponível em http://www.christianitytoday.com/ct/2011/april/proselytizingmultifaith.html

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma adoração muda

Rev. Éser Pacheco*

É preciso ficar mudo diante de Deus. Bem fazem os judeus, que proíbem que se diga o nome do Senhor. Toda tentativa de definir Deus contém um germe de idolatria.

Em nossa vida devocional, seria útil aprendermos algo com um filósofo francês chamado Paul Ricouer. De origem reformada, aquele eminente filósofo, falecido em 2005, dizia: “A fé é essa região da simbólica onde a função de horizonte não cessa de decair à função de objeto, dando origem aos ídolos”. Para exemplificar o que essa frase quer dizer, deixe-me contar um caso que vi essa semana na TV.

Numa igreja da região norte de Belo Horizonte havia, à porta, uma estátua de Santo Expedito. Algum vândalo, tomado de desrespeito pelo próximo, ou algum fundamentalista, cheio de dogmas, mas vazio de misericórdia, achou de jogar ao chão a imagem cultuada por uma legião de fiéis freqüentadores do templo. As pessoas de bom senso vão todas concordar que vilipendiar objeto de culto alheio é um ato de violência e, por isso, deve ser rechaçado.

Por outro lado, não podemos também deixar de tirar algumas lições, ao observar a reação dos fiéis perante a estátua estatelada e fragmentada no chão. Uns choravam e se comoviam diante da imagem, como quem chora à beira da urna funerária de um parente querido. Outros passavam a mão na cabeça do Santo, como quem consola um ferido que aguarda os paramédicos. Houve ainda quem jogasse sobre o ícone uma manta, como se faz quando alguém morre em espaço público e deixa seu corpo exposto ao olhar dos curiosos e das intempéries do dia.

Naquele momento, para aqueles que confundem o horizonte aberto da Graça de Deus com a precariedade de nossas representações, a esperança de que alguém, neste ou em outro mundo, interceda a nosso favor, diante de causas que nos parecem impossíveis, havia se esfarinhado com o gesso. Construímos ídolos sempre que tentamos aprisionar a misteriosa presença de Deus nos esquemas de adoração adaptáveis ao nosso gosto, nossas expectativas, nossa miopia.

Mas antes que se reacenda a velha iconoclastia calvinista, é bom lembrar que não só de imagens de santos fazemos ídolos. Ídolos podem ser a Igreja, ou as igrejas, a Bíblia, ou o próprio Deus. Sempre que pensamos haver definido o que Deus é, nossa soberba erige seu próprio altar.

Há pastores que se gabam de haverem tido uma revelação especial de Deus, o qual lhes falou “em primeira pessoa”. Perdoem-me o apressado juízo, mas fico sempre a pensar no quanto isso tem de delírio narcisista ou de retórica manipuladora. Não convém julgar, mas, também, é preciso acender nosso espírito crítico sempre que alguém se apresenta como um tradutor especial de Deus, um porta-voz privilegiado. Melhor seria confessar que estamos todos às apalpadelas (Jó 5.14, Is 59.10, At 17.27).
 
Às vezes, é preciso resgatar o valor de uma adoração muda, de quem reconhece sua ignorância ante o mistério da presença divina em tudo. É preciso deixar o horizonte aberto, não querer aprisioná-lo em nossos conceitos, hábitos e valores. A esperança sempre alarga os limites do presente. A esperança sempre questiona nossa miopia. A esperança não morre, não se deixa matar.

* pastor colaborador da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte, professor universitário

sábado, 2 de abril de 2011

O pastor, o alcorão e algumas reflexões

Eduardo Ribeiro Mundim

Um pastor norte-americano resolve colocar fogo em um exemplar do Alcorão. Meses atraś, para marcar o dia 11 de setembro, havia anunciado que o faria. À época, parecia ter atendido aos apelos da razão e desistido. Agora, executa o ato. E algumas pessoas são mortas, por vingança, a milhares de quilômetros de onde ele mora, do outro lado do mundo. Segundo alguns, o exemplar do livro sagrado dos muçulmanos foi executado após ter sido considerado, em um julgamento, culpado de várias acusações, incluindo assassinato (1).

Sua congregação é composta por 60 pessoas e tem um perfil fundamentalista. É crença deste pastor, que é visto no terreno da igreja portando uma arma com frequência, que os muçulmanos desejam impor a sharia sobre os Estados Unidos (2).

Usando este lamentável incidente como pretexto, faço algumas considerações.

A atitude de Terry Jones não foi um ato de proclamação do Evangelho de Jesus Cristo. Sua morte substitutiva não foi ensinada, o pecado universal da humanidade não foi apresentado - ainda que o ato do mesmo seja uma demonstração aberta de como o pecado se infiltra em todas as ações humanas. Tão pouco a necessidade de confissão e arrependimento foram proclamadas.

Supostamente o julgamento do livro foi justo - quem o defendeu? O próprio livro? Quem o interpretou e falou no seu lugar?

A encenação foi um ato político, travestido de cerimônia religiosa. O mesmo demônio que apontou a cruz para o imperador Constantino soprou-lhe nos ouvidos este casamento demoníaco: política e religião. Satanás, experiente como é, velou-lhe a mente de modo a ignorar que a Bíblia também poderia ser julgada e condenada ao fogo por diversos crimes, inclusive homicídio. O que impede de um grupo de não-cristãos fazer o mesmo?

Terry Jones é aparentemente cego, se for uma pessoa fundamentalmente honesta; ou um irresponsável, se for um manipulador ou doente em busca de autopromoção.

Apresentando-se como proclamador do Evangelho, não o apresenta, mas faz aquilo que nem Paulo em seus piores momentos humanos se atreveu: insultou a crença básica de alguém. Há este exemplo nas Escrituras? Qual apóstolo escolheu o caminho da violência? Não foram eles, dois mil anos antes de Gandhi, adeptos da não-violência e da desobediência civil?

Cegamente se apresenta aos olhos de milhões de muçulmanos economicamente vulneráveis, alguns em extrema pobreza, cidadãos (se é que o são, ao menos em alguns cantos) sob forte opressão política, como juiz de sua crença, representando uma nação extremamente rica e igualmente opressora (não é ela que sustenta as ditaduras árabes, como o Egito, a Síria, a Jordânia e o Bahrein?). Terry Jones se deu conta do tamanho de sua arrogância?

Os irmãos fundamentalistas já têm problemas suficientes e agora serão confundidos com um tipo de fundamentalismo que rejeita o credo dos apóstolos, maculando uma posição teológica séria e equilibrada com irracionalidade, prepotência e covardia. Sim, covardia, pois é fácil insultar o outro protegido pelos seus. Aos assassinos dos funcionários da ONU pode-se atribuir o calor do ódio despertado pelas chamas no Corão - fruto de um momento habilmente trabalhado por um clérigo islâmico. Mas ao suposto pastor (porque duvido que hoje ele seja um pastor - suas atitudes são de um político insensato e inescrupuloso) nada o desculpa, pois o ato foi gestado por meses, friamente planejado e executado, apesar das advertências de muitos bem mais experimentados nas artimanhas deste mundo que ele.

Nós cristãos temos agora de nos defender de uma atitude assassina - pois foi o fósforo que acendeu as chamas o autor dos disparos que mataram inocentes do outro lado do mundo. Ele não pensou nisto?!

Envergonhado, peço, como cristão, perdão às famílias enlutadas pelo ato consciente e deliberado de alguém que não merece o honroso título de "pastor".

Envergonhado, peço, como cristão, perdão aos muçulmanos pelo ato de hostilidade gratuita e desrespeitoso. Não entendam este ato como motivado pela mensagem da graça de nosso Senhor Jesus Cristo, sua morte substitutiva e sua ressurreição redentora. É um crime e como tal deveria ser julgado.



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