Quarta-feira, 14 de dezembro de 2011 (ALC) - "As freiras católicas pagam um preço alto pelo voto de castidade", afirmaram os especialistas Roger Short, da Universidade de Melbourne, e Kara Britt, da Universidade Monash. Em artigo publicado na revista científica The Lancet , Roger e Kara recomendaram que elas tomem a pílula anticoncepcional.
O autor e a autora disseram que, por não terem filhos, as religiosas estão mais sujeitas a desenvolver cânceres do sistema reprodutivo, como os de mama, ovário e útero. O risco maior resulta do fato de que mulheres que não têm filhos e não amamentam menstruam mais vezes e, por isso, são mais propensas a desenvolver essas doenças, explicaram.
"Investigações indicam claramente que um maior número de ciclos aumenta as probabilidades de câncer no sistema reprodutivo", disse Britt. "Então, não ter filhos, chegar cedo à puberdade ou mais tarde à menopausa afetará essa incidência. E a pílula poderia ajudar a reduzir esses riscos nas monjas".
As propostas de Britt e Short estão baseadas em dois estudos sobre os benefícios da pílula anticoncepcional para a saúde. Essas pesquisas, publicadas no ano passado, revelaram que o índice total de mortalidade em mulheres que já haviam tomado a pílula por via oral era 12% menor, em comparação com mulheres que nunca tomaram a pílula.
Os riscos de câncer do ovário e do útero foram reduzidos entre 50% e 60% em usuárias, em comparação com mulheres que não usam a pílula, mostraram os estudos, entre os quais um apresentado pelo Royal College of General Practitioners, na Grã-Bretanha, que envolveu 46 mil mulheres durante um período de quatro décadas.
Os autores da publicação sabem que a doutrina católica condena as formas de contracepção, mas lembram a encíclica Humanae Vitae, publicada pelo papa Paulo VI em 1968, ao dizer que "a Igreja não considera ilegal de forma alguma meios terapêuticos considerados necessários para curar doenças orgânicas, mesmo que eles também tenham efeitos contraceptivos".
Com base nessa análise é que as freiras, especificamente, deveriam se sentir livres para tomar a pílula como proteção, escreveram os especialistas.
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