INTRODUÇÃO
Toda divisão histórica tem um quê de artificial, embora seja necessária, útil e inevitável, em sua finalidade metodológica e didática. Trabalhamos com um entendimento que a Igreja viveu uma Pré-Modernidade, da Antiguidade à Pré-Reforma, passando pelo medievo, das catacumbas à Cristandade, em uma cosmovisão com um Cristo débil, santos e anjos importantes e demônios poderosos, e uma Modernidade, vista como um período histórico vivido entre a queda de dois muros: o da Bastilha e o de Berlim. Nesse segundo período tivemos a Reforma e o Iluminismo, o Racionalismo, o Positivismo, o Marxismo e o Existencialismo, a desafiar a tarefa evangelística e a tarefa apologética. Ambas foram eras de certezas. A primeira a partir do monoteísmo de revelação e a instrumentalidade da instituição eclesiástica vinculada ao poder político, e a segunda a partir da autoridade antropocêntrica da razão.
Foram quase dois mil anos de lutas entre certezas, entre convicções sólidas, entre verdades.
É claro que, nos dias de hoje, há gente vivendo em estágios primitivos, pré-modernos, modernos e pós-modernos, simultaneamente, em seus isolamentos ou integrações espaciais e/ou territoriais.
Cada época cabe à Igreja conhecer o seu tempo e conjuntura, discerni-los, interceder por eles e participar dele em sua missão. O evangelismo não se faz separado do polemismo e do apologismo.
A Modernidade, como concepção hegemônica de mundo, realmente se foi (ou está indo), com o desabar dos seus mitos fundacionais: o da bondade natural, o do progresso, o do saber racional/científico e o das utopias globais. O mundo se fracionou e se relativizou. Em um certo sentido, os tempos de hoje são similares àqueles da Igreja Primitiva, com a globalização imperial romana, cultural grega, seu politeísmo, suas especulações e seus cultos de mistério.
Para a minha geração tem sido uma experiência difícil o perceber que todo o nosso esforço apologético caducou e virou apenas referência histórica, e que estamos desafiados a começar tudo de novo. Mas, como disse, o estudo do mundo mediterrâneo dos primeiros séculos pode servir de ajuda.
O pensar cristão não pode – nem deve – separar teoria de prática. De pouca valia é o saber meramente especulativo, e é totalmente sem sentido o que propõe alguns líderes hoje, quando afirmam que o mundo está cansado de doutrinas, o que ele quer é coerência na prática. Mas, você vai praticar o que? A partir do que? Qual é o "programa de governo" existencial que deve ser cobrado coerência? Em uma dimensão, a prática cristã é de natureza pastoral: o acompanhar as ovelhas na caminhada da nova vida em Cristo.
Como anglicanos, temos um modo de fazer teologia, em que as Sagradas Escrituras são a base, que pode ser auxiliada em sua compreensão e aplicação (exegese e hermenêutica) pela Tradição, como acúmulo do consenso histórico, a Razão, como senso comum e como senso sistemático filosófico e científico e pela Experiência, da vida de cada fiel e de cada comunidade de fé. Por outro lado, temos um legado mais antigo, de um Cranmer ou um Hooker, temos os autores contemporâneos, e temos um conteúdo docente muito rico, representado pelos documentos de estudo e pelas resoluções das Conferências de Lambeth. Mas não podemos apenas importar, fora do tempo e do espaço, esse conteúdo, diante do desafio da inculturação, que nos exige o conhecimento da história, da literatura e da cultura onde nos inserimos.
O Espírito Santo faz o seu trabalho nas mentes e corações de cada um de nós, mas, desde Jerusalém, tem falado de modo especial quando nos ajuntamos, quando pensamos como um Corpo, uma coletividade dos santos. Daí a importância dos Concílios e dos Encontros Teológicos.
Também não podemos cair na armadilha da falsa dicotomia entre a docência teológica e o labor pastoral, como se os pensadores não funcionassem como pastores, e como se os pastores não fossem pensadores, apesar de termos que nos defrontar, como desvio, com a petulância intelectual de um lado, e o anti-intelectualismo do outro.
Qual é o tempo de hoje na Igreja, na Igreja no Brasil e no Brasil da Igreja?
Não somos xenófobos, nem isolacionistas ao que de bom possa vir de qualquer lugar. Mas não dá para fomentar a esterilidade intelectual pela mera importância acrítica de pacotes forâneos, e pacotes oriundos sempre do mesmo lugar.
O passado fecundo das Igrejas evangélicas no Brasil, e o nosso potencial de hoje, devem ser levados em conta, se queremos ser inculturados e relevantes.
(I)
Creio que devemos destacar alguns aspectos positivos da Pós-Modernidade: houve a derrubada da "deusa razão" do seu pedestal, uma redução da arrogância intelectual do racionalismo, o fim do otimismo das utopias de construção humana, uma nova abertura ao caráter multidisciplinar e interdisciplinar das pesquisas, uma percepção do ser humano muito mais do que um mero "caniço pensante", mas multidimensional em sua composição, além de um "retorno do sagrado". Esses aspectos são positivos, devem ser levados em conta.
Mas, os aspectos negativos, por sua vez, são muito fortes: o multiculturalismo, o pluralismo absoluto, o relativismo, e, particularmente, a crença que a verdade não existe, ou se existe não é objetiva, mas subjetiva (subjetivismo), a verdade de cada um. Mas se cada um tem a "sua verdade", a verdade não existe. Tudo é verdade e nada é verdade.
Isso tem concorrido para a ideologia do Secularismo.
O monoteísmo é considerado um mal, porque propõe um Deus que se pretende exclusivo, que exclui os outros deuses, e isso geraria a intolerância.
O monoteísmo é ligado à ideia de revelação, de um Deus que se comunica; que comunica conceitos e preceitos; que comunica verdades. Então, havendo verdade, há, por outro lado, erros. Isso seria terrível...
Como ser pastor em um contexto desses?
Mas, seriam as pessoas influenciadas pela Pós-Modernidade já a maioria? Creio que não. Vamos ter que ministrar a pessoas que vivem em um estágio de superstições e crendices, de idolatria, de esoterismo, de sincretismo, de uma religiosidade popular difusa, os nominais, os ateus, agnósticos e indiferentes, digamos, "clássicos". Eles, no caso do Brasil, e do Nordeste do Brasil, são, sem dúvida, a grande maioria.
Mas, a fatia da classe média, cada vez mais secularizada, globalizada, pós-modernizada, tende a crescer, via a mídia, a academia, a internet, as viagens, os discursos governamentais, a universidade. Consumistas, materialistas práticos, sofisticados.
Mas, seriam os de mente pós-moderna apenas, ou principalmente, os de fora, a serem evangelizados, e que careceriam de uma apologética e de uma estratégia evangelística própria? Creio que não. Há essa dimensão, sim; mas, não tão forte no Brasil. A luta maior, eu creio, se faz no interior da própria Cristandade, com o Liberalismo Revisionista adotando os paradigmas da Pós-modernidade, destruindo dois mil anos de história, e atacando os que defendem o legado apostólico (e, no nosso caso, reformado) da Igreja.
(II)
A tarefa pastoral é permanente. Por um lado, os pastores devem, por meio de textos contemporâneos de Política, Economia, Antropologia, pela Literatura e pelas Artes, e pelo jornal do dia, estar sintonizados com o seu tempo e o seu contexto. Assim ele entenderá melhor a si mesmo, as suas ovelhas, bem como os obstáculos e as possibilidades da missão.
As pessoas não vivem em um vácuo. Isso também inclui o desenvolvimento de um senso crítico em relação aos "pacotes", principalmente os importados, que não devem nem ser aceitos, nem adotados em bloco, mas examinados e retido o bem. Não se deve demonizar a nossa cultura, nem santificar as culturas forâneas. Somos seres em contexto e servimos a seres em contexto.
Isso também se aplica à nossa compreensão do texto das Sagradas Escrituras, e dos textos que procuram entendê-las no passado e no presente. Como entender e aplicar o texto, sem que o mesmo seja aprisionado pelos contextos?
Todos nós corremos o risco do etnocentrismo, que é ver o passado pelos olhos do presente, e ver o mundo pelos olhos do nosso lugar. Daí as distorções e preconceitos. Buscamos uma pastoral inculturada em uma missão inculturada.
O contexto, a conjuntura, o povo, constituem a pauta do nosso trabalho, mas não a fonte última das nossas convicções. Nem o culturalismo moderno, nem o multiculturalismo pós-moderno.
Partimos de um monoteísmo de revelação e de um monoteísmo de encarnação. Temos a Palavra viva, que é Jesus Cristo, a partir de quem discernimos todas as coisas, mas não o conhecemos senão pela Palavra Escrita, pelas Sagradas Escrituras. Essas Escrituras e a fé nesse Cristo foram entendidas e vivenciadas por séculos, por atos e textos, no que chamamos de Tradição da Igreja. Não se pode receber as Escrituras e a Tradição estaticamente, repetitivamente, nem se pode simplesmente ignorá-las, inventar a roda de novo, a partir de zero.
Pensadores têm denunciado a distorção protestante posterior, capturada pelo individualismo burguês, moderno e capitalista, de uma fé radicalmente individual, subjetiva, que trocou o livre exame de livre acesso em livre interpretação, trazendo o caos institucional que conhecemos hoje. A fé não é minha, ela é a fé da Igreja, fé revelada, fé recebida, fé sistematizada, fé partilhada, fé transmitida.
Além da conjuntura, a tarefa pastoral nos leva a uma abertura para a contribuição de uma Filosofia Humanista e de descobertas no campo da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicanálise. Porque o saber teológico, científico e filosófico são apenas métodos para o acercamento do que existe. A Criação e a pessoa de Cristo nos conduz para além do coletivismo e do individualismo, mas para a pessoa humana, pluridimensional, com a sua dignidade intrínseca e com os seus pecados.
Alguém já disse que nada mais prático do que uma boa teoria. O pastor é um ser pensante, que pastoreia a partir do pensar teológico, pois somos e fazemos o que pensamos. Denunciamos os riscos de uma pastoral pragmática e macetocêntrica.
O ser a quem ministramos – juntamente conosco mesmo – integra uma comunidade de fé, comunidade que deve ser terapêutica e não patogênica. O desafio pastoral se dá no crescimento no Corpo, e no processo de cura-santificação-crescimento-amadurecimento, quando, pelo Espírito Santo, via Comunidade (organismo-organização), Palavra e Sacramentos, vamos sendo moldados à imagem de Cristo, o varão perfeito.
(III)
Gostaria de insistir na lembrança do calibre intelectual dos missionários pioneiros do protestantismo no Brasil, bem como da liderança brasileira no primeiro século da nossa história, e sua participação política e cultural, embora fôssemos uma minoria. A fundação dos colégios e universidades evangélicas, as publicações, bem como o legado da Confederação Evangélica (1934-1964), atestam essa tradição intelectual e engajada. Essa tradição honra os Pais da Igreja e os Reformadores, quando evangelização, reflexão teológica, pastoral e engajamento são dimensões inseparáveis da nossa missão.
Temos sofrido, desde o regime militar, o crescimento do fundamentalismo, uma maior presença do pensamento ultraconservador norte-americano e o surgimento do pseudo(neo)pentecostalismo, de uma lamentável tendência anti-intelectual. Algo danoso e um retrocesso. Há o anti-intelectualismo do literalismo, o anti-intelectualismo do emocionalismo das revelações particulares, e o anti-intelectualismo da mera adoção dos macetes.
É urgente a recuperação de uma visão positiva do pensar e do saber, com o desafio para uma retomada da produção teológica de raízes latino-americanas.
Compreendo, também, que a arrogância intelectual, descomprometida e meramente especulativa, quase sempre de caráter herético, dos meios liberais concorre para esse preconceito, ou serve de preceito para os que promovem esse preconceito.
Devo, a essa altura, compartilhar outra preocupação.
Somos, no geral, um continente credal, aqui incluída a Igreja de Roma. Como protestantes, temos sido, no geral, um continente confessional. Em nosso caso brasileiro, por um século e meio, temos nos movido dentro da tradição evangélica ou evangelical, que incorpora a credalidade e a confessionalidade, adicionadas as ênfases no evangelismo, na conversão e na santidade. Fomos, durante muito tempo, uma contracultura nesse País.
Hoje, é evidente que vivemos uma crise, marcada pela presença do pseudo(neo)pentecostalismo (que não considero nem evangélico, nem protestante), com a teologia da prosperidade e da batalha espiritual. O Liberalismo moderno (incluindo a Teologia da Libertação) tem declinado ou formado guetos. O macetismo, seja fundamentalista, seja modernoso, tem concorrido para paralisar a criatividade local. O fracionamento institucional e o coronelismo eclesiástico são uma tragédia, em si mesmos, nos levando mais para o conceito de seitas do que de Igrejas.
Mas, a Pós-modernidade tem trazido suas próprias ondas, com o secularismo, o liberalismo revisionista e a agenda GLSTB, como avassaladoras pororocas, levando tudo e a todos de roldão. Aí surge uma geração intelectualmente fragilizada pelo legado negativo das gerações imediatamente anteriores, e ávidas por respeitabilidade, por aceitabilidade. Ninguém quer ser considerado "ultrapassado", "reacionário", ou "homofóbico". Daí a evidente e inegável crise de uma parcela expressiva da liderança protestante brasileira.
Líderes se autoflagelam por terem sido evangélicos, e vão em um processo crescente de abjuração, deixando os paradigmas evangélicos e incorporando os paradigmas pós-modernos. O século vai ditando a sua agenda e modo de pensar, em um evidente "mundanismo". Instituições que sugiram e tiveram a sua história ligada ao evangelicalismo e, nosso continente, vão se descaracterizando, adotando um pluralismo ou uma inclusividade ilimitada.
Para a maioria que se considera evangélica, a sensação de um vazio, uma sensação de orfandade. Esses ex-evangélicos (alguns dos quais não tiveram a coragem de romper formalmente com a sua antiga identidade), embora numericamente poucos, estão crescendo, e crescendo, também, em influência, porque muita gente ainda não se apercebeu do que está acontecendo, e porque não se está elaborando alternativas de um evangelicalismo que seja fiel ao passado e relevante ao presente.
É uma instituição de uma Diocese Anglicana de forte identidade evangélica quem promove esse evento, e quem desafio para o exercício de uma ortodoxia fecunda e verde-e-amarela.
CONCLUSÕES
O grande desafio teológico e pastoral da pós-modernidade é que passamos a viver uma era de incertezas. Parafraseando, podemos afirmar que tudo que era sólido parece estar se desmanchando no ar. O monopólio militar e ideológico dos Estados Unidos e o oligopólio econômico de um punhado de nações euro-ocidentais já não se afiguram tão sólidas diante da crise econômica global. A americanização cultural do mundo vai encontrando resistências, inclusive radicais. O ecossistema revela uma terra enferma. Diante da falta de alternativas válidas para o pensamento único, a saída, para muitos, parece ser o hedonismo: alcoolismo, drogas, consumismo, ou seja, "comamos e bebamos, porque amanhã morreremos".
O Estado nacional está enfraquecido diante da nova ordem internacional. Há milhões de excluídos, vivendo abaixo da linha de pobreza. Há milhões de refugiados políticos e econômicos. A maioria do mundo não se beneficia das facilidades tecnológicas e nem do padrão de vida possível e/ou desejável.
O Cristianismo enfrenta um agressivo ressurgimento das religiões antigas do oriente, particularmente do Islã, que, pela imigração, está dentro das nossas fronteiras. O esoterismo e o ocultismo parecem preencher o vazio deixado pelo materialismo dialético, e não preenchido pelo materialismo prático. No Ocidente, ex-cristão, o Secularismo vai tomando conta dos governos, da academia, da mídia, das artes, transformando o Estado Laico em Estado anti-religioso, e, particularmente, anticristão.
Os cristãos vão sendo expostos ao bombardeio dessas propostas anticristãs, agressivas ou sutis. Não se pode ignorar essa realidade, nem enfiar a cabeça na areia, como avestruzes. Enquanto isso os valores éticos, inclusive no campo da família, da afetividade e da sexualidade vão sendo abandonados. Há uma crise de modelos e uma crise de autoridade. Baixou sobre o mundo o "espírito de Coré". Internamente, a Igreja é atingida pela fragmentação (crise de unidade) e pelas heresias (crise de verdade). O Corpo parece dilacerado e uma nau sem comando em mar revolto.
Não é a primeira vez que a Igreja enfrenta "tempos trabalhosos", e não será, ainda, a última, até o retorno triunfal do Senhor.
Toda essa realidade nos desafia ao exercício da fé, a serenidade, a confiança no Senhor da História e Senhor da Igreja, enfim, na Providência. O refúgio no fundamentalismo ou no misticismo alienante e mágico nunca será a solução. Sucumbir ao charme do Liberalismo já tem se demonstrado ser um "caminho de morte".
Por sua vez, como no milagre da ressurreição de Lázaro, Jesus se reserva o exercício de devolver a vida, mas não de tirar a pedra pesada diante do túmulo, deixando essa tarefa para as pessoas. Temos que continuar a esperar em Jesus o milagre, mas, no que nos cabe, ir tirando as pedras.
A polêmica (enfrentamento interno) e a apologia (enfrentamento externo) são tarefas de todas as gerações. Mas, o martírio, também, é um risco, ou um preço, de todas as gerações.
O nosso pensar pastoral deve, então, priorizar respostas para uma era de incertezas, sem cair nas falsas certezas, mas devolvendo a verdadeira certeza ao coração dos fiéis, individualmente e em conjunto, para que o Corpo sadio seja uma comunidade terapêutica, melhor habilitada para cumprir a Grande Comissão.
Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje, amanhã e eternamente. Ele prometeu estar conosco até a consumação dos séculos. Ele soprou sobre nós o Espírito Santo, que transforma, consola, equipa e outorga poder. Ele nos agraciou com dons e vocações. Ele é o caminho a verdade e a vida. A Sua palavra é a verdade, e Ele como Palavra viva nos tem feito chegar a Palavra Escrita, como sistematização da revelação. Os Sacramentos continuam a alimentar o seu povo, como meios de graça. A Palavra não volta vazia. Há poder em sua Palavra.
Respondamos aos desafios da nossa era de incerteza com uma Espiritualidade Integral, que inclui, de forma inseparável, Adoração, Reflexão e Ação. Respondamos aos desafios da nossa era de incertezas com uma Missão Integral, que inclui Proclamação, Ensino, Comunhão, Serviço e Profetismo.
Dentro de um espírito de simplicidade e humildade, continuamos a anunciar a mensagem do novo nascimento e da transformação de vida, de compromisso com os estatutos do Senhor.
Vivamos, também, o presente de olho no futuro histórico e no futuro pós-histórico, escatológico. Mas, é no passado histórico, na tradição apostólica e reformada, nos credos, nas confissões de fé, nos Pais da Igreja, nas decisões dos Concílios da Igreja Indivisa, onde vamos buscar as nossas raízes, para sermos o que sempre fomos, resistindo às novas intempéries, sem darmos ouvidos aos cantos de sereia do século, e/ou dos inimigos das nossas almas.
Mas, é pela renovação do nosso entendimento que descobrimos a vontade de Deus, honrando ao Senhor com o exercício do dom maravilhoso do pensar.
Há uma conjuntura diante de nós. Há necessidades, desafios e pautas diante de nós. Essa não será tarefa dos anjos, mas nossa tarefa, a de tornar o Evangelho relevante para a nossa geração, flexíveis no acidental, mas inflexíveis no essencial.
Ele aperfeiçoa a sua força em nossas fraquezas, desde que nos disponibilizemos.
À novidade da pós-modernidade respondamos, teológica e pastoralmente, não com o antigo, mas com o eterno, que, assumindo a natureza humana, habitou entre nós, cheio de graça e verdade, e se fez cultura e se fez história.
Portanto, meus irmãos e minhas irmãs, trabalho, mentes iluminadas, firmeza, amor e, como afirmamos em nossa liturgia: "Corações ao Alto".
¬ Robinson Cavalcanti, cientista político, escritor e bispo anglicano, ex-assessor da Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB), foi membro fundador e integrante da Comissão Executiva da Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL), da Comissão de Convocação e da Comissão de Continuação (LCWE) do Congresso de Lausanne, da Comissão Teológica da Aliança Evangélica Mundial (WEF) e da Comissão Executiva da Fraternidade Evangélica na Comunhão Anglicana (EFAC). Palestra proferida na abertura do 1o. Congresso Internacional de Teologia Pastoral, em João Pessoa-PB.