Caro Deputado Luiz Couto:
Meu nome é Edson Bakairi sou líder indígena do meu povo Bakairi e reconhecido por outros povos indígenas aqui no Mato Grosso. É em nome destes que venho respeitosamente colocar-me a favor da Lei Muwaji que admite a existência do infanticídio de crianças indígenas e propõe formas de combater essa tradição que em nada beneficia aos povos indígenas.Antes de tudo quero relatar brevemente minha história. Eu fui uma vítima desta crueldade, mas sobrevivi, oxalá outros pequeninos tivessem a mesma sorte que eu para poder contar suas histórias, infelizmente são raros.Minha querida mãe, sofreu forte pressão de meu pai, que não aceitava a gravidez por desconfiar que não era dele a criança, por falta de apoio e em desespero, no momento do parto ela se retirou para a mata e ao nascer tentou tirar minha vida enforcando-me e pendurando-me com cipós nas àrvores. Minhas irmãzinhas foram orientadas a me enterrrarem, mas não tiveram coragem, ao me ver coberto de sujeira e de insetos, mas com vida, lutando com todas as forças que o Criador me deu, ao invés de me sepultarem com vida, elas me esconderam e cuidaram de mim até convencerem minha mãe. Mais tarde ela me aceitou e me protegeu contra o ódio que me pai alimentou por mim por longo tempo. Mas com o tempo ele também me aceitou e me tornei um filho amado por ambos. Caro deputado esta história de horror tem se repetido em muitas aldeias, lamentavelmente há poucos sobreviventes ou testemunhas com coragem ou condições para relatar. Mas acredite-me isso é real, não é invenção. Essa é a realidade de muitas aldeias ainda. Poucas pessoas vêem isto, e infelizmente aqueles que poderiam confirmar ou combater essa tradição tem se omitido covardemente e convenientemente se escondido por trás de argumentos antropológicos que na minha opinião só são válidos e servem para quem os criou, os antropólogos. Contudo os argumentos a favor da vida, quais sejam a LEI DOS DIREITOS HUMANOS e outros documentos que asseguram o direito a vida não foi criado por cientistas ou por uma parcela da sociedade, ela é UNIVERSAL e deve ser respeitada e nós indígenas, e as criancinhas indígenas que nascem com pequenas deficiências ou sofrem de outro tipo de rejeição, somos dignos e merecemos viver e desfrutar de todos os direitos conferidos a humanidade. Para sua informação, no ano passado conheci uma senhora da etnia Caiapó que ao saber de minha história admitiu que salvara 4 crianças de sua aldeia de serem mortas. Veja só, Senhor Deputado, apenas uma mulher, numa só aldeia de um só povo! 4 crianças que estavam destinadas a morte! Ela, uma viúva, afirmou corajosamente que iria salvar tantas crianças quanto pudessem, por que isto não é bom. Não é bom, e se apenas os indígenas pudessem ser esclarecidos e ouvidos, com certeza se posicionariam a favor desta lei que protege as crianças que um dia serão a futura geração do povo indígena e a força que pode mudar a história de sofrimento, massacre, despojo e desapropriação dos povos indígenas... Diante destes fatos venho clamar em favor das crianças, por que EU FUI UMA CRIANÇA QUE SOBREVIVEU PARA LUTAR PELA VIDA NÃO SÓ MINHA MAS A DE TODOS OS INDÍGENAS ameaçados, indefesos. Crianças que não tem voz, que não tem quem interceda ou traduza sua dor e sua vontade de viver. respeitosamente
Edson-Kulewâra Bakairi
lider e professor
cursista de especialização do 3o. grau indígena-UFMT
Meu nome é Edson Bakairi sou líder indígena do meu povo Bakairi e reconhecido por outros povos indígenas aqui no Mato Grosso. É em nome destes que venho respeitosamente colocar-me a favor da Lei Muwaji que admite a existência do infanticídio de crianças indígenas e propõe formas de combater essa tradição que em nada beneficia aos povos indígenas.Antes de tudo quero relatar brevemente minha história. Eu fui uma vítima desta crueldade, mas sobrevivi, oxalá outros pequeninos tivessem a mesma sorte que eu para poder contar suas histórias, infelizmente são raros.Minha querida mãe, sofreu forte pressão de meu pai, que não aceitava a gravidez por desconfiar que não era dele a criança, por falta de apoio e em desespero, no momento do parto ela se retirou para a mata e ao nascer tentou tirar minha vida enforcando-me e pendurando-me com cipós nas àrvores. Minhas irmãzinhas foram orientadas a me enterrrarem, mas não tiveram coragem, ao me ver coberto de sujeira e de insetos, mas com vida, lutando com todas as forças que o Criador me deu, ao invés de me sepultarem com vida, elas me esconderam e cuidaram de mim até convencerem minha mãe. Mais tarde ela me aceitou e me protegeu contra o ódio que me pai alimentou por mim por longo tempo. Mas com o tempo ele também me aceitou e me tornei um filho amado por ambos. Caro deputado esta história de horror tem se repetido em muitas aldeias, lamentavelmente há poucos sobreviventes ou testemunhas com coragem ou condições para relatar. Mas acredite-me isso é real, não é invenção. Essa é a realidade de muitas aldeias ainda. Poucas pessoas vêem isto, e infelizmente aqueles que poderiam confirmar ou combater essa tradição tem se omitido covardemente e convenientemente se escondido por trás de argumentos antropológicos que na minha opinião só são válidos e servem para quem os criou, os antropólogos. Contudo os argumentos a favor da vida, quais sejam a LEI DOS DIREITOS HUMANOS e outros documentos que asseguram o direito a vida não foi criado por cientistas ou por uma parcela da sociedade, ela é UNIVERSAL e deve ser respeitada e nós indígenas, e as criancinhas indígenas que nascem com pequenas deficiências ou sofrem de outro tipo de rejeição, somos dignos e merecemos viver e desfrutar de todos os direitos conferidos a humanidade. Para sua informação, no ano passado conheci uma senhora da etnia Caiapó que ao saber de minha história admitiu que salvara 4 crianças de sua aldeia de serem mortas. Veja só, Senhor Deputado, apenas uma mulher, numa só aldeia de um só povo! 4 crianças que estavam destinadas a morte! Ela, uma viúva, afirmou corajosamente que iria salvar tantas crianças quanto pudessem, por que isto não é bom. Não é bom, e se apenas os indígenas pudessem ser esclarecidos e ouvidos, com certeza se posicionariam a favor desta lei que protege as crianças que um dia serão a futura geração do povo indígena e a força que pode mudar a história de sofrimento, massacre, despojo e desapropriação dos povos indígenas... Diante destes fatos venho clamar em favor das crianças, por que EU FUI UMA CRIANÇA QUE SOBREVIVEU PARA LUTAR PELA VIDA NÃO SÓ MINHA MAS A DE TODOS OS INDÍGENAS ameaçados, indefesos. Crianças que não tem voz, que não tem quem interceda ou traduza sua dor e sua vontade de viver. respeitosamente
Edson-Kulewâra Bakairi
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