sexta-feira, 31 de julho de 2009

Está na hora de repensar o testemunho evangélico

Eduardo Ribeiro Mundim

A crônica do ateu Juca Kfouri publicada no dia 30 de julho de 2009 à página D5 da Folha de São Paulo traz interessantes considerações sobre o testemunho dos cristãos evangélicos, notadamente dos atletas. O título já é provocativo: "Deixem Jesus em paz". Sua argumentação, em síntese, é:
  • violação do mandamento de usar o Nome de Deus em vão;
  • "repetir ameaças sobre o fogo eterno e baboseiras semelhantes";
  • "...como as da enlouquecida pastora casada com Kaká, uma mocinha fanática, fundamentalista ou esperta demais (que quer) nos convencer que foi Deus quem pôs dinheiro no Real Madri para contratar seu jovem marido em plena crise mundial"
  • enquanto o goleador evangélico aponta para cima responsabilizando Deus pela façanha do gol, o goleiro evangélico ...
Não é necessário concordar com toda a argumentação do articulista para dar-lhe uma boa dose de razão.

Somente a teologia da prosperidade, artimanha de Satanás para perverter toda a glória do Evangelho, sustenta a declaração atribuída à esposa do jogador (vamos assumir que alguém pudesse tecer tal comentário, apenas para raciocínio acadêmico). A mesma artimanha que fez o imperador Constantino ter a visão da cruz com o dístico "com este símbolo vencerás" (e sepultar a Palavra através do seu vinculo ao Estado).

O que Jesus nos manda testemunhar? Esta é a pergunta que cada cristão deveria fazer antes de tentar cumprir o mandamento.

Como devemos testemunhar? Segunda pergunta.

Ambas devem ser buscadas no estudo cuidadoso das Escrituras, refletindo sobre a experiência acumulada da Igreja em todas as suas ramificações, e ouvindo o mundo sobre as suas necessidades.

Não tenho visto testemunho baseado em I Jo 3:16:
- Jesus deu a Sua vida por nós
- pagou o preço do nosso pecado
- possibilitou o perdão divino para uma dívida impagável
- temos de perdoar da mesma forma que Ele nos perdoa
- devemos dar a nossa vida pelos irmãos.

Pregar que Deus cuida dos seus em detrimento e através do sofrimento dos não-cristãos contraria a graça comum e Seu amor universal, fazendo-O egoísta como nós.

Pregar que a aceitação do Senhorio de Jesus é caminho para a felicidade é negar a cruz que Ele disse que seus discípulos carregariam, insultar a memória dos apóstolos e mártires e transformar o Evangelho em transação comercial.

Juca é uma pedra que esta clamando: este testemunho não me serve, porque fala de um deus que não é diferente do homem!

Um comentário:

  1. Caro Eduardo,

    Não discordo do seu título, nem de seu objetivo no texto. Na verdade, compartilho de sua preocupação.

    Porém questiono se o "testemunho evangélico" pode ser mesmo considerado como tal? Há tempos que não me defino como evangélico. Não compactuo nem me identifico com o que está aí sob este nome. Mas é certo que aos olhos dos descrentes, estamos todos no mesmo saco. O que é uma lástima!

    Quanto ao texto do Juca em si, prefiro que você veja minha opinião no meu blog, se você quiser. Apenas adianto que falei sobre o texto por outra ótica e que não exagero a relevância da opinião daquele autor em particular, pois, embora concorde que o testemunho torto revele à pedra um deus humano demais, não entendo que ela, a pedra, seja capaz de conceber qualquer deus melhor. Em outras palavras, não entendo que Juca Kfouri seja uma pedra (exceto na medida em mostra o mau testemunho), e muito menos que clame.
    Não entenda isso que digo como um juízo condenatório quanto à pessoa (Deus o julgue!), mas contra as idéias!

    De todo modo, o testemunho cristão deve refletir o Cristo. E nisso eu estou contigo!

    Cheguei ao seu blog pela Ultimato. Vou passear mais por aqui.

    No amor do Soberano Deus,
    Roberto

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