Antonio Carlos Ribeiro
O Estado de Israel está atraindo um grau de isolamento na comunidade internacional só comparável ao dos Estados Unidos no governo George W. Bush. Sob o comando de Benjamin Netanyahu, a situação de Israel agravou-se a tal ponto que ele se isolou até mesmo de seu único parceiro, depois de 2008 o último. As razões, diversas, se resumem no medo – pelo qual se criou um aparelho de Estado, baseado na força como estratégia e se atribuindo uma autonomia que, quanto mais se afirma menos reconhecida é.
Na verdade, o processo de isolamento político do Estado de Israel não se deu pela ONU, em que cinco países – um à frente – controlam a segurança do planeta. As regras acordadas, propostas pelos donos do jogo, não permitem solução. O objetivo guiou sua elaboração. Mas esse é o plano formal, diante do qual os pequenos e pobres do mundo aprenderam a jogar de maneira informal. Essa maneira não é visível, mas é eficiente.
A situação que conhecemos agora é a de tensão extrema provocada pelas regras de fora do jogo. Não se pode impedir uma intervenção internacional, pacifista, baseada na militância e atuando em defesa da vida de povos perseguidos. Os navios levando milhões em alimentos cumpriram o estabelecido. O ataque à flotilha exigiu dos oficiais a quebra de regras claras e, do governo, o desprezo por condutas internacionais aceitas.
Com jovens oficiais, uma tropa treinada para o homicídio em escala e não para o combate, não consegue reconhecimento. A negação de respeito a oficiais treinados para defender causas legítimas com a própria vida é quase um desacato. Sem sequer o apoio de parte dos oficiais da reserva, uma retaguarda moral, o governo se agarra trôpego a uma juventude deslumbrada e autoriza a letalidade máxima a quem só tem a ideologia e a missão a cumprir.
Sem ter como recuar, numa guerra ideológica mais intensa que a convencional e a situação política tensionada, o governo israelense caiu na armadilha que montou e tornou-se vítima de sua própria estratégia. Nove pessoas mortas com 30 tiros e sinais de execução, os barcos tomados de assalto em águas internacionais e no meio da madrugada, sem qualquer sustento para a explicação da autodefesa, já que armas eram mais irreais que os laboratórios de armas químicas de Saddam Hussein. E o direito à autodefesa como explicação política, ainda pior.
As críticas chegam da ONU, dos países ao redor do mundo, de entidades religiosas, de classe e comerciais, da imprensa internacional e da esquerda israelense. Os parceiros comerciais começam a rarear. Sem comércio, sem vizinhos, sem alianças e até sem inimigos formais, apavora-se com o risco da inexistência política. Não tem sequer com quem brigar! E nem a quem culpar! Matar gente desarmada e rendida fere o que resta da honradez mínima num soldado.
A tentativa de negar e explicar ofende tanto quanto os crimes praticados: invadir embarcações em águas internacionais, confiscar alimentos e remédios doados a gente doente e faminta, roubar filmes de filmadoras para esconder o crime e confiscar ajuda humanitária. Não foi ação de guerra, em que valem normas, tréguas, pactos e cessação de hostilidades. E a recusa da explicação, a humilhação pelo grau de destempero e a falsa justificativa às hostilidades. No rescaldo final, a tropa ficou exposta ao descrédito, à zombaria e à infâmia, qualquer que fosse a bandeira a que servisse.
A proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, de criar comissão de investigação liderada pelo premier da Nova Zelândia, com representantes da Turquia – com seus oito mortos -, dos Estados Unidos e de Israel, é rejeitada. Este propõe uma comissão própria. Sem credibilidade. E parece não perceber que os detalhes técnicos não importam, mas apenas a credibilidade.
Israel demonstra, em todas as suas ações, não ter aprendido nada do sofrimento imposto pelo nazismo aos judeus. Repete os mesmos erros, a mesma arrogância e força letal que violentam a razão. Como a reação americana ao ataque às torres gêmeas e ao Pentágono, dando razão aos terroristas. Fazer a mesma intervenção ao navio irlandês – sem vítimas – que se mostra um insulto às vítimas, à inteligência dos povos e aos oficiais e seus comandados, que seguiram ordens. Deportar os militantes é erro flagrante, após exigência de não recorrer à justiça do país, já que eles não foram presos em seu território. Por isso os EUA já os vêem como um “peso”, por causa dos erros e do potencial de conflito. É o sócio que não agrega, se atrita e ameaça interesses.
O bloqueio impede a entrada de canos de metal e fertilizantes, que dizem ser usado para fabricar armas, bem como carros, frigideiras, lâmpadas, chocolate, café, papel e computadores, por serem considerados artigos de luxo. Seus movimentos não atraem a simpatia, dificultam a vida das pessoas, mostram uma atitude hostil, impedem a entrada de medicamentos.
"A ocupação israelense nos territórios palestinos torna difícil a vida cotidiana para a liberdade de movimento, a economia, a vida social e religiosa”, afirmou o papa Bento XVI, observando que o desrespeito ao direito internacional, a desestabilização do equilíbrio da região e a violência imposta à população as condena ao desespero. “Corre-se o risco de um banho de sangue", afirmou, porque a ocupação israelense é "uma injustiça política imposta aos palestinos", que nenhum cristão pode justificar.
Enfim, Israel deve reavaliar, fazer as alterações. Apostar em outros caminhos. Viver e deixar os vizinhos viverem.
Na verdade, o processo de isolamento político do Estado de Israel não se deu pela ONU, em que cinco países – um à frente – controlam a segurança do planeta. As regras acordadas, propostas pelos donos do jogo, não permitem solução. O objetivo guiou sua elaboração. Mas esse é o plano formal, diante do qual os pequenos e pobres do mundo aprenderam a jogar de maneira informal. Essa maneira não é visível, mas é eficiente.
A situação que conhecemos agora é a de tensão extrema provocada pelas regras de fora do jogo. Não se pode impedir uma intervenção internacional, pacifista, baseada na militância e atuando em defesa da vida de povos perseguidos. Os navios levando milhões em alimentos cumpriram o estabelecido. O ataque à flotilha exigiu dos oficiais a quebra de regras claras e, do governo, o desprezo por condutas internacionais aceitas.
Com jovens oficiais, uma tropa treinada para o homicídio em escala e não para o combate, não consegue reconhecimento. A negação de respeito a oficiais treinados para defender causas legítimas com a própria vida é quase um desacato. Sem sequer o apoio de parte dos oficiais da reserva, uma retaguarda moral, o governo se agarra trôpego a uma juventude deslumbrada e autoriza a letalidade máxima a quem só tem a ideologia e a missão a cumprir.
Sem ter como recuar, numa guerra ideológica mais intensa que a convencional e a situação política tensionada, o governo israelense caiu na armadilha que montou e tornou-se vítima de sua própria estratégia. Nove pessoas mortas com 30 tiros e sinais de execução, os barcos tomados de assalto em águas internacionais e no meio da madrugada, sem qualquer sustento para a explicação da autodefesa, já que armas eram mais irreais que os laboratórios de armas químicas de Saddam Hussein. E o direito à autodefesa como explicação política, ainda pior.
As críticas chegam da ONU, dos países ao redor do mundo, de entidades religiosas, de classe e comerciais, da imprensa internacional e da esquerda israelense. Os parceiros comerciais começam a rarear. Sem comércio, sem vizinhos, sem alianças e até sem inimigos formais, apavora-se com o risco da inexistência política. Não tem sequer com quem brigar! E nem a quem culpar! Matar gente desarmada e rendida fere o que resta da honradez mínima num soldado.
A tentativa de negar e explicar ofende tanto quanto os crimes praticados: invadir embarcações em águas internacionais, confiscar alimentos e remédios doados a gente doente e faminta, roubar filmes de filmadoras para esconder o crime e confiscar ajuda humanitária. Não foi ação de guerra, em que valem normas, tréguas, pactos e cessação de hostilidades. E a recusa da explicação, a humilhação pelo grau de destempero e a falsa justificativa às hostilidades. No rescaldo final, a tropa ficou exposta ao descrédito, à zombaria e à infâmia, qualquer que fosse a bandeira a que servisse.
A proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, de criar comissão de investigação liderada pelo premier da Nova Zelândia, com representantes da Turquia – com seus oito mortos -, dos Estados Unidos e de Israel, é rejeitada. Este propõe uma comissão própria. Sem credibilidade. E parece não perceber que os detalhes técnicos não importam, mas apenas a credibilidade.
Israel demonstra, em todas as suas ações, não ter aprendido nada do sofrimento imposto pelo nazismo aos judeus. Repete os mesmos erros, a mesma arrogância e força letal que violentam a razão. Como a reação americana ao ataque às torres gêmeas e ao Pentágono, dando razão aos terroristas. Fazer a mesma intervenção ao navio irlandês – sem vítimas – que se mostra um insulto às vítimas, à inteligência dos povos e aos oficiais e seus comandados, que seguiram ordens. Deportar os militantes é erro flagrante, após exigência de não recorrer à justiça do país, já que eles não foram presos em seu território. Por isso os EUA já os vêem como um “peso”, por causa dos erros e do potencial de conflito. É o sócio que não agrega, se atrita e ameaça interesses.
O bloqueio impede a entrada de canos de metal e fertilizantes, que dizem ser usado para fabricar armas, bem como carros, frigideiras, lâmpadas, chocolate, café, papel e computadores, por serem considerados artigos de luxo. Seus movimentos não atraem a simpatia, dificultam a vida das pessoas, mostram uma atitude hostil, impedem a entrada de medicamentos.
"A ocupação israelense nos territórios palestinos torna difícil a vida cotidiana para a liberdade de movimento, a economia, a vida social e religiosa”, afirmou o papa Bento XVI, observando que o desrespeito ao direito internacional, a desestabilização do equilíbrio da região e a violência imposta à população as condena ao desespero. “Corre-se o risco de um banho de sangue", afirmou, porque a ocupação israelense é "uma injustiça política imposta aos palestinos", que nenhum cristão pode justificar.
Enfim, Israel deve reavaliar, fazer as alterações. Apostar em outros caminhos. Viver e deixar os vizinhos viverem.
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