quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma monarquia chamada Brasil

Braulia Ribeiro

A diferença entre uma república e uma monarquia absolutista é o papel da lei e a figura do rei. O rei é para a monarquia o que a lei deveria ser para a república: a peça principal, a âncora da identidade do povo, a força aglutinadora da sociedade.

Aprendemos na história do Brasil que nos tornamos uma república no dia 15 de novembro de 1889, quando um marechal de derrier esquálido e pernas finas, Deodoro da Fonseca, resolveu nos transformar de monarquia com um imperador em exercício, numa república federativa.

Mas é o povo a força que gera qualquer sistema de governo. O governo reflete o povo. Os valores que o povo cultiva em comum vão dar à luz e alimentar o sistema de governo escolhido. O Brasil naquele ponto não tinha amadurecido como sociedade. Era um aglomerado de gente perdida na imensidão territorial do país, sem noção de responsabilidade civil, nem de coletividade.

O caos econômico reinava no país e a insatisfação com Pedro II logo após a libertação dos escravos era muito grande. Ninguém sabia o que fazer com os negros libertos que vagavam pelas ruas sem emprego e sem casa, nem como gerenciar as grandes fazendas. O abismo social e econômico já se cristalizava. Partidos que traduziam interesses econômicos específicos já haviam se formado, todo mundo querendo morder poder para si. O imperador positivista era um empecilho para os poderes emergentes militares e partidários.

Assim se declarou a república como um ato de conveniência política, sem nobreza, sem ideais. O presidente marechal arrastou a constituinte pelo tempo que pode, e só em 1891 o Brasil ganhou um texto constitucional que norteava a república. Ora, quem governa sem lei é imperador. Logo o Brasil não se livrou do império na declaração da república, e pior com sua constituição culturalmente nati-morta, continua uma monarquia até hoje.

No nascimento da nação de Israel no deserto ao sair do Egito, Deus tomou o cuidado especial de dar a Moisés uma constituição escrita na pedra. Apesar de teocrático, o governo de Moisés tinha que pautar pelo respeito a uma lei comum a todos e que estava acima do poder e da vontade do próprio Moisés e de qualquer líder que trabalhasse com ele.

A nação americana tem a constituição como a peça mais sagrada do estado. Ela é o centro do governo da nação e não o poder executivo. Presidentes, mais do que os cidadãos comuns, têm que se curvar à força, à pureza e a universalidade da lei constitucional. O presidente serve ao povo e à constituição nacional, e não contrário.

É complicado tentar explicar em poucas linhas a diferença abissal entre a república federativa americana e a brasileira. O fato é que o estabelecimento da democracia americana se baseia num objetivo específico de dar poder ao cidadão comum, enquanto que a brasileira surgiu para dar uma aparência de legitimidade a interesses oligárquicos.

Enquanto a lei não for levada a sério no Brasil não seremos uma república verdadeira. Enquanto depositarmos na figura do presidente nossas esperanças e toda a responsabilidade de mudar o país, estaremos condenados ao papel de meros súditos.

O imperador Lula DaSilva está passando o cetro para sua "filha" e sucessora Dilma, que apesar de Roussef posa de membro da dinastia DaSilva. Assim como para seu pai-póstulo, a lei para ela não tem significado e o povo é um mero expectador de sua viagem ao poder. No país coronelista, do "Você sabe com quem está falando?", vale a importância histórica auto-atribuída (nunca antes na história deste país), vale mentir pedigree acadêmico, vale usar de artimanhas e baixezas, desde que se continue distribuindo benesses aos pobres súditos.  Caráter no Brasil é um construto baseado em popularidade. O carisma e a origem "nobre" (luta de classes) do partido do presidente/imperador tudo justifica.

Sei que não deveria falar bem dos americanos, politicamente correto no Brasil é odiar o "Tio Sam" e culpar nossos amigos da América do Norte por todas nossas mazelas nacionais, mas não posso deixar de invejá-los. Os invejo quando falam mal do Obama desbragadamente na TV e nos jornais. Do Obama, imagine, nascido rei, nascido símbolo popular, chegado ao poder incólume quase. Falam mal do Obama quase-Deus, que fez o mundo inteiro chorar na inauguração presidencial mais bonita da história. Cobram dele postura de ser humano, e não de soberano-rei. Esperam que ele respeite as leis, respeite o congresso e governe para o povo. Esperam que ele se assessore de pessoas competentes e que visam o bem da nação. Se ele falhar não será reeleito, simples assim. Se colocar-se acima da lei sofrerá impeachment porque não há bolsa-família que convença o americano a se submeter a um rei. Precisamos sem dúvida aprender com eles para nos tornarmos uma república de verdade.

fonte: http://ultimato.com.br/sites/brauliaribeiro/2010/09/22/uma-monarquia-chamada-brasil/

domingo, 26 de setembro de 2010

Amor no espelho

Eduardo Ribeiro Mundim


Certa vez os fariseus questionaram Jesus sobre qual seria o grande mandamento da Lei (Mt 22.36-40). Respondendo, Ele afirma que toda a Lei e os profetas dependiam de duas ordenanças: "Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento" e  "ame o seu próximo como a si mesmo". Jesus é perguntado sobre o grande mandamento da Lei, e responde que não há um, mas dois. Mas ambos são equivalentes, pois o segundo é introduzido com a qualificação de "ser semelhante ao primeiro", e todas as 365 proibições e 248 obrigações são-lhes subordinadas. Há uma sugestão de interdependência entre ambos, como se fosse as faces de uma mesma moeda.


Ainda assim, há uma sutil hierarquia, pois o amar a Deus vem em primeiro. Talvez porque não dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, nem duas palavras podem ser pronunciadas simultaneamente pela mesma pessoa. Mas provavelmente para definir o termo "amor" Jesus escolheu esta ordem, pois, do contrário, qual seria o significado do termo?


Deus, a quem não se vê, deve ser amado completamente, em todas as esferas da existência humana: racionalidade, sentimentos e espiritualidade. E nos dois textos paralelos é acrescido "com toda a sua força" (Mc 12.28-34 e Lc 10:25-28). A definição deste amor condiciona o mandamento similar.


O próximo, a quem se vê, com quem se interage deve ser amado de uma única maneira: como a si mesmo. Mas como é amar ao próximo como a si mesmo?


Amar a Deus implica no uso da razão, e não apenas da emoção. Não é um sentimento isolado, mas um fator que une as esferas possíveis da existência humana. E Jesus não anula, na conversa, os 613 mandamentos contabilizados pelos fariseus. Amar, portanto, implica em atitudes; para com Deus e para com o próximo.


O próximo como a mim mesmo implica que ele é meu espelho, meu reflexo. Que ele é eu! E eu sou ele!


Mas Jesus não parece estar ensinando que todos os seres humanos são, enquanto seres, um só. Talvez estivesse em Sua mente o desafio de que Seus discípulos tomassem a Trindade como exemplo: Três Pessoas, mas Uma só; Uma só, mas Três Pessoas.


As ideias de um filósofo do século XVIII, Immanuel Kant, dão uma perspectiva nova a este aspecto. Amar o próximo como a si mesmo equivale afirmar que o próximo é meu igual, em direitos e deveres. Não sou maior ou menor, enquanto pessoa, que ele, e o meu próximo não é maior ou menor, enquanto pessoa, que eu. Somos iguais. A minha dignidade é a sua; a dignidade dele é a minha. O que lhe faço, faço a mim mesmo, e o que ele me faz, faz a si mesmo. Usá-lo como objeto é reduzir a minha humanidade; ser por ele usado como objeto é reduzir-lhe a sua.


Neste ponto de Seu Evangelho, Jesus propõe as bases do que poderia ser um sistema ético universal. Como o filósofo tinha, no mínimo, fortes raízes cristãs de perspectiva luterana, talvez tenha se inspirado neste trecho para cunhar sua filosofia moral - sua ética:
1. aquilo que você deseja como correto deverá ser correto para todas as demais pessoas (para o seu próximo)
2. as ações humanas não podem tomar o ser humano como objeto, mas têm no homem o seu fim
3. aquilo que propomos como norma deve ser primeiro obedecido por nós.


A proposta kantiana parece estar de acordo com o primeiro mandamento da Lei, como definido por Jesus. E a este mandamento todos os que dizem ser Seus discípulos são obrigados a obedecer.


Mas é o amor a Deus que dá forma ao amor ao próximo como a nós mesmos. E é Ele que nos ensina como é amar. como bem lembra o apóstolo Joâo: "nós amamos porque Ele nos amou primeiro" (I Jo 4.19).


E a doutrina da graça comum é a que melhor ensina sobre a natureza do Seu amor: a criação não é jogada ao lixo com a queda de Adão, mas a ele são dadas condições para enfrentar agora um mundo hostil; o sol nasce sobre aqueles que recusam a crer, e a obedecer, ao Deus Criador assim como sobre aqueles que a Ele hipotecam obediência; ainda que o mundo todo esteja sob o poder do Diabo (I Jo 5.19) a bondade é encontrada em toda parte, assim como a busca pelo belo, bom e justo. O que a doutrina da graça comum ensina é que Deus não limita sua ação (seu amor, porque amor não é sentimento, é atitude) pela crença ou descrença da humanidade, mas permanece, em amor, dela cuidando.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Desigualdade social e saúde integral no Brasil

Mesa Redonda I

JR Vargas – Daniela Frozi – Marcos Grava


Após 6 meses da catástrofe haitiana, nada ainda mudou, efetivamente. Os desabrigados continuam morando em tendas, sem saneamento básico.

1% das residências tinha eletricidade, antes do terremoto.

Na pobreza extrema também se vê, em níveis crescentes, sobrepeso e obesidade.

O diagnóstico da desigualdade deve ser feito por todo profissional de saúde. E além de fazer o diagnóstico, compreender esta desigualdade.

A desigualdade traz incômodo na proporção direta ao seu tamanho. No Brasil, a desigualdade e o incômodo vão variar amplamente.

Pobreza extrema leva a alienação social.

A alimentação (e os medicamentos) é uma mercadoria na sociedade capitalista, apesar de ambos serem, legalmente, um direito.  Portanto, o acesso ao direito se dá na relação direta com a capacidade econômica, o que é um paradoxo. Aquele que não trabalha não tem direito ao alimento e ao remédio.

A pobreza é uma violação de direitos humanos.

No conceito de saúde da OMS, as questões estruturais, ecológicas, estão presentes. E portanto, amplia o espectro de direitos humanos básicos.

No Brasil, não temos uma cultura de direitos.
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texto produzido por Eduardo Ribeiro Mundim durante a mesa redonda

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Saúde integral e a grande ideia de Deus

Palestra
Interserve


Crise não pega Deus de surpresa e ela é uma oportunidade para a Sua atuação.

A ONU foi criada para promover a paz, mas o século XX foi o mais sangrento e violento conhecido pelo homem. Mais de 80 guerras travadas hoje, e o mundo não está melhor: 42 milhões de refugiados e são extremamente vulneráveis, facilmente explorados e, em alguns lugares, escravizados. A escravidão tem retornado.

Cerca de 250 milhões de cristãos vivem em contexto de perseguição.

Nas últimas décadas há um incremento do ódio religioso:
  • Índia: só os hindus podem ser indianos. Cristãos e muçulmanos massacrados
  • Paquistão: uma potência nuclear que é um colapso em potencial. Acreditamos que extremistas muçulmanos são poucos, mas no Paquistão 80% da população concorda com a sharia (amputação de mãos dos ladrões, apedrejamento de adúlteros e separação entre os sexos no trabalho)

Há uma crise ambiental:
  • desmatamento em vários países
  • incremento de CO2 na atmosfera
  • elevação da temperatura global em relação às décadas passadas
    • inundações costeiras
    • clima severo
    • derretimento glacial

Cerca de 15% da população global controla a economia e são os mais pobres que mais sofreram com a recente crise econômica, provocada pela ambição e egoísmo

Um estudioso descreve a população em 3 grupos:
  • global: viajam sem problema
  • migrantes: 200 milhões
  • permanentes: 97% da população mundial viverá e morrerá onde nasceu. Portanto seu ambiente é um importante agente de influência

A ONU estima que 1,2 bilhão de pessoas vive abaixo da linha da pobreza (< US$1,25/d). E o crescimento populacional se dá predominantemente entre os pobres.

Grandes desafios para a saúde:
  • vulnerabilidade por causa de gênero, local de residência, idade, deficiências e etnia
  • 8,8 milhões de crianças morrem antes de 5 anos de idade (1% do primeiro mundo)
  • 2/3 de doenças facilmente preveníveis
  • ¼ de crianças subnutridas
  • 50% com acesso ao saneamento básico

Crise: momento de decisão ou juízo.

Como seguidores de Jesus, somos chamados a sermos uma resposta de Deus a este mundo em crise.

Mateus 28 é o comissionamento, investidura de autoridade, para a missão, mas não a sua descrição. A não percepção disto reduziu a proclamação do Evangelho: missão é, somente, evangelização e plantação de igrejas.

Nos EUA 30-40% da população vai a igreja semanalmente. Este é o país de Deus? Foi severamente atingido pela crise.

Na África, 70-90% vai a igreja semanalmente. Há 100 anos, não havia cristãos na Nigéria; hoje, uma grande parte da população, o que não impediu o surgimento de conflitos étnicos armados há 2 anos. O Quênia é um país cristão, conhecido por ser um dos mais corruptos do mundo.

A missão foi reduzida, o Evangelho foi reduzido a nossa visão pessoal.

Missão é obra de Deus. Nossa participação é porque Deus trabalha – missão é algo que Deus faz, e não nós. A iniciativa é dEle, não nossa. O mais importante nas missões é nossa disponibilidade para Deus onde nós estamos (não precisamos viajar para longe).

Cinco momentos de crise através dos quais Deus entrou no nosso mundo, cinco momentos de virada.

1. A crise da criação. Nosso entendimento de missão integral precisa iniciar no jardim (e não na queda) e terminar na cidade. “Haja luz” foi um momento de crise, de virada, quando nossa história se iniciou. Gn 1 é nossa origem, nossa filiação. Gn 1 e 2 respondem a pergunta básica, por que fomos criados?
Não há separação entre sagrado e secular no jardim; não há separação entre o corpo e a alma; não há dualismo. Toda a criação é boa e sagrada.
A humanidade é feita à imagem de Deus: toda pessoa tem dignidade. Desigualdades existem por várias razões (sexo, idade, etc), mas todos são iguais em dignidade à vista de Deus. Todas as pessoas devem ser respeitadas.
Somos chamados a cuidar. Logo após a notícia de que somos criados à imagem e semelhança de Deus vem o mandamento para cuidar do jardim. Portanto, entender, cuidar, preservar a criação é parte de ser imagem de Deus. O mandamento de cuidar e preservar não foi anulado por Mt 28.
Os relacionamentos eram íntegros. Deus compartilhava com o homem no frescor da tarde das descobertas e do relaxamento após um dia de trabalho, talvez em silêncio contemplativo por vezes. Quando Adão vê Eva pela primeira vez a reconhece como seu complemento/igual

2. A crise da nova criação: Ap 21 – a escatologia molda um entendimento bíblico da missão integral.
Deus permanece criador; da velha terra produz uma nova. Não fomos feitos para o céu, mas para uma nova terra, a nova Jerusalém, onde Deus virá para habitar conosco: integralidade completa de todos os relacionamentos.
Durante todo o livro do apocalipse aquele que está assentado no trono nada fala até 21:5, quando faz tudo novo. Não criado a partir do nada, mas recriado a partir do velho, destruído. Nosso corpos interessam porque seremos ressuscitados! Há uma descontinuidade, mas também uma continuidade.
É importante o modo como cuidamos da terra, porque ela será renovada.

3. A crise da queda: todos os relacionamentos são distorcidos e danificados, humanidade-Deus, homem-mulher, humanidade-criação. O trabalho, antes prazeroso, se torna fonte de dor e sofrimento, onde as dificuldades se tornam penosas.
A imagem de Deus permanece, ainda que corrompida ou danificada. Portanto, a dignidade de cada ser humano permanece.
Porque o poder destrutivo do pecado atinge todos os relacionamentos, sua solução tem de permear todos os relacionamentos.

4. A crise da cruz: a cruz e a ressurreição afetam todos os relacionamentos, não somente o nosso pessoal com Ele, mas de uns para com os outros, de nós com a natureza. Toda corrupção é redimida e transformada (Cl 1.19-20). Não há mais separação entre judeus e gentios.

5. A crise da comissão. O envio de Jesus pelo Pai é nosso modelo. “Como o Pai me enviou, Eu vos envio”
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texto elaborado através das anotações de Eduardo R Mundim durante o evento

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Saúde integral e crise global: Nossa resposta a Deus

Interseve
Palestra 4

Deus permanece preocupado com o mundo que criou. A crise da queda não O pegou de surpresa, pois Ele já tinha a resposta na eternidade. Em Jesus, Ele rearranja o mundo.

Nossas crises são oportunidade para a ação de Deus.

O maior texto de missões na bíblia é Jo 3.16. Deus amou o kosmos, toda a ordem criada. E após a ressurreição, Ele diz “assim como o Pai me enviou, Eu vos envio”.

Jo 9: a cura de um cego de nascença.

Como Jesus serve de modelo de resposta para nosso mundo corrompido?

1) A primeira coisa a respeito das missões é que elas são uma transformação da desesperança. Os discípulos tiveram a mesma reação que a igreja tem frente a uma situação sem esperança: um debate teológico. “Quem pecou?”

As necessidades do mundo, sua situação, é de sem esperança, mesmo quando saímos do macro para o micro, do mundo para nosso mundo, nossa família.

Jesus faz lama com saliva e pó – assim como no Jardim Deus faz o mesmo! Deus é a favor da vida, incluindo dentro da corrupção. Ele não aceita a guerra, a exploração, a opressão (crianças, mulheres, imigrantes), a mortalidade materno-infantil, da corrupção da natureza.

Segundo Isaías o Reino é de esperança, justiça e equidade.

2) O Reino de Deus está presente, seja reconhecido ou não. Algumas pessoas reconheceram o milagre, outros não e outros disseram que o operado era obra maligna. Não importa qual nossa opinião, mas o Reino de Deus estava lá.

O trabalho de saúde, ou qualquer outro, é, muitas vezes rejeitado, quando pessoas se convertem. Mas o Reino está lá (tanto no trabalho, quanto na conversão).

Jesus se cercava dos marginalizados, dos oprimidos, dos rejeitados. O Reino de Deus se torna visível através de palavras, obras e sinais. “Palavras esclarecem o significado das obras. Obras atestamo significado das palavras. Mas,mais importante, os sinais anunciam a presença e o poder de quem é radicalmente outro e que é a fonte de todas as boas obras e autor das únicas palavras que trazem a vida em sua plenitude” (Bryant Myers)

Mas nosso mundo está cheio de palavras, e as obras são o significado das palavras, que vão esclarecê-las. E os sinais dão o significado final.

O Reino de Deus está próximo porque ele se manifestou na pessoa de Jesus. Não é simplesmente uma ideia teológica, mas uma presença atuante: “um nome com uma face humana, Jesus”. E hoje ele se encontra no Seu corpo, na Igreja.

Jesus ofereceu sua graça livremente, independente do reconhecimento das pessoas. Ele curava, expulsava os demônios, aceitava as pessoas sendo reconhecido ou não por elas. Deus é pró-vida e nos chama a dar gratuitamente. Exemplo: a cura dos 10 leprosos.

3) Missão é transformação total pela fé em Jesus. Jesus não considerou Seu trabalho encerrado com a cura da cegueira, mas buscou o homem para lhe dar a oportunidade de reconhecê-Lo.

Jesus oferece a graça e oferece a Si mesmo. Quando a mulher com hemorragia O tocou, quando a caminho da agonizante filha de Jairo, Jesus interrompe a pressa para confrontá-la pessoalmente com Ele mesmo, às custas do sofrimento da casa de Jairo. A graça não pede nada em retorno, mas oferece mais, a oportunidade de ser discípulos.

Somos diferentes porque também levamos uma busca por resposta pessoal a Jesus.

4) A fé tem um preço. A resposta a crise tem um preço, inclusive o preço da resposta pessoal. O cego, mesmo antes de vê-Lo, é rejeitado e expulso da sinagoga. A graça de Deus nem sempre nos conduz a uma vida feliz. Provavelmente é a primeira pessoa na bíblia perseguida pelo nome de Jesus (e ele ainda nem O conhecia!).

O Reino vem com poder porque Jesus estava disposto a sofrer! Não é pela fuga do sofrimento que veremos a transformação – há sempre um preço. (II Tm 3.12)

Sofrimento e transformação andam juntos. É o meio da graça de Deus.

No meio de nossa carreira, Deus tem nos chamado a sermos fazedores de discípulos.
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texto elaborado por Eduardo R Mundim durante a exposição

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ética cristã e diversidade ética: implicações para a educação e saúde

mesa redonda I
05/09/10

moderador: Nelson Marriel
Eduardo Rosa
Vânia Dutra
Jorginete Damião

Eduardo Rosa Pedreira (pastor presbiteriano, mestre e doutor m teologia pela PUC-RJ)

Há certa dificuldade entre falar de ética e de moral. Moral é um dado cultural, relativo, fruto da emoção. Baseia-se na tradição e é facilmente identificada na discussão quando se deixa o apelo à razão. Ética nasce de uma investigação racional, que [, no mundo ocidental,] se inicia com os gregos com a questão: o que é uma vida boa?

A ética pode ser pensada pela cultura, pela emoção e pelo racional. É norma para todos em todas as culturas e tempos.

Quando um cristão é chamado para o debate ético com a sociedade ele deve se despir de sua moral. Habitualmente o cristão entra com uma agenda moral, que emperra a discussão. Se assim não for, não é possível construir um acordo válido para todos que trabalham na saúde. O absoluto, no caso, são os valores certos, bons e justos, e não o caminho religioso.

O que significa humanização da saúde?

O ponto de partida de diálogo deve ser a busca de valores comuns, certos, bons e justos.

A ausência de discussão ética significa a primazia do instintivo, do animal. A questão ética não é um luxo, mas uma necessidade.


Jorginete Damião (nutricionista, mestre em saúde pública)

Modelo biomédico hegemônico: corpo separado da mente, como máquina [coisa], onde a doença é um desvio da norma, e o tratamento é a restauração à norma. Uma atitude normatizadora, intervencionista, curativista, verticalizada, onde o médico é o curador. Determina uma culpabilização do indivíduo, por infringir uma norma; ignora os fatores sócio-econômico-ambientais; apenas a informação importa e não há necessidade de diálogo.

Determinantes da saúde são vários, incluindo os sociais: o ambiente onde se vive, o que se come, quando se ganha, qual o lazer que desfruta.

Há a autonomia do profissional e a do usuário – a relação entre ambas se dá em um encontro. O outro tem de ser reconhecido como um igual, tem de ter seu sofrimento reconhecido.

Como se lidar com a impotência do profissional e o sentimento despertada por ela ao profissional e ao paciente?

Como lidar?

    • aborto lega

    • aconselhamento no uso de álcool e drogas

    • sexualidade e diversidade sexual


Vânia Dutra (assistente social, doutora em serviço social)

A cultura da paz e não violência
A saúde se converte: se moraliza, preceitua e diz o que é bom.

Cultura da paz constitui-se por valores, atitudes, comportamentos e modos de vida que rejeitam a violência e previnem conflitos, por meio do diálogo e da negociação entre os indivíduos, grupos e Estado.

6 atitudes:

  1. respeito a vida

  2. prática da não violência ativa

  3. distribuição de riquezas

  4. defesa da liberdade de expressão e da diversidade cultural, com centralidade no diálogo

  5. promoção de um consumo responsável

  6. contribuição para o desenvolvimento de cada comunidade

Segundo Jean Marie Muller, filósofo, nossa sociedade legitima o uso da violência para a solução de conflitos. Precisa-se de mais coragem para ser violento do que ser covarde, mas é preciso mais coragem para não-violência do que na violência.

Violências: contra si mesmo, interpessoal e coletiva.

Moderador:

Nas nossas igrejas buscamos impor modelos, o que é uma violência. Desta forma, o único valor que o outro tem é o de ser uma alma para Jesus; o outro não é gente. O não-cristão é melhor. Esquecemo-nos que as prostitutas entrarão primeiro no Reino de Deus.

O centro da bíblia é a parábola do pai amoroso, chamada de “do filho pródigo”.

O profissional tem de crer na dignidade do outro, no seu valor, para poder ver a imagem de Deus no outro, e não o contrário cético.
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texto baseado nas anotações tomadas durante a mesa redonda por Eduardo R Mundim
III CENPS

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Icabode

Devocionoal
06/09/10 - Pr Israel Belo Azevedo


Durante as lutas entre Israel e os filisteus, estes roubam a arca da aliança, já que sempre que os israelenses estavam com ela, prevalecia nas batalhas. A nora do sacerdote Eli, ao morrer no parto, após a morte do sogro e do marido, dá o nome de Icabode (a glória de Israel se foi) ao filho. Ela estava parcialmente certa, e, portanto, parcialmente errada: a glória de Israel se fora.

Às vezes nossos projetos não dão certos, os relacionamentos vão mal, o consultório não vai bem. Sentimo-nos como se “nossa glória se foi”.

Muitas vezes os médicos dão o diagnóstico com crueldade, ainda que seja verdadeiro, totalmente. Se esquecem da ordem paulina de temperar, com amor, a verdade.

Há momentos na vida que consideramos nossa experiência “icabódica”.

A mãe estava certa: Israel perdera a guerra, o sogro e o filho morreram, e deu à luz prematuramente.

A mãe estava errada: Deus nunca se afasta de nós. É o que o salmista mostra no Salmo 139.

Se a glória de Deus parece ter ido, devemos:
  1. considerar que ela jamais se vai
  2. avaliar o histórico do evento, para compreender o encadeamento dos fatos; quando se perdeu o primeiro amor?
    • pode ser em função de um pecado específico
    • pode ser por eventos comuns
  3. voltar-nos a Deus em oração, reconhecendo que a graça da vida pode retornar

Moisés pede a Deus que lhe mostre a Sua glória, a fim de dar conta do povo incrédulo. E Deus satisfaz seu desejo, mas impõe-lhe tarefas (subir o monte) progressivamente mais difíceis. Ao final, Moisés vê a sombra da glória de Deus por uma fresta na rocha.

Temos que nos por a caminho para recuperar a glória de Deus e restaurar nossas feridas.

O estudo constante tende a expulsar Deus do mundo. Mas Jesus sempre que operava um milagre, orava após.
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texto baseado nas anotações realizadas durante a devocional por Eduardo R Mundim

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Você acha que eles vão te amar?

Interserve
palestra 3

1. A confusão de identidade religiosa e étnica
  • globalização
Todos usam as mesmas roupas, ouvem as mesmas músicas...
  • procura por identidade nacional e étnica
 Há menos de 50 anos atrás, a grande maioria dos países muçulmanos eram colonizados por países cristãos.

Cada vez mais identidade religiosa se mistura com nacionalidade, envolvendo violência física com os em desacordo com esta identidade.

Esta procura é uma recusa à globalização, que é capitaneada pelo ocidente cristão.

Uma menina de 11 anos foi espancada até próximo à morte por ter se apresentado como cristã após a professora de sua escola ter dito algo como “no Paquistão todos somos muçulmanos”

2. Cosmovisões diferentes: ministério integral e “fitna”
Marrocos, Malásia e outros países expulsam trabalhadores estrangeiros sob a acusação de fazerem proselitismo religioso, minar a fé dos muçulmanos.


“Fitna” é uma forma muçulmana de entender todas as coisas que tentam tirar uma pessoa do mundo muçulmano.


Mesmo sendo apenas um trabalhador, o cristão pode ser culpado de “fitna”.


A graça de Jesus Cristo não é vista como graça, mas “fitna”, como manipulação pelas autoridades de muitos países muçulmanos.


Uma médica idosa, próxima a aposentadoria, após mais de 20 anos de serviço dedicado a uma comunidade, foi assassinada a tiros dentro do hospital por um membro desta comunidade. Ao ser preso e questionado sobre sua motivação, respondeu que o amor com que ela atendera sua esposa enferma (que relatara a ele o cuidado) era uma ameaça a sua fé.


O sentimento de vergonha que os povos muçulmanos experimentam pela colonização europeia é uma das razões da desconfiança para com o mundo judaico-cristão. Esta é uma das razões pelas quais não somos amados ou dignos de confiança.


Uma das razões pela qual Jesus foi morto foram as visões contrastantes do Reino de Deus. O Reino de Jesus era o da Verdade, e o dos judeus, o estado político.


A realidade de sofrimento e rejeição será sempre presente para nós.

3. A realidade de incompreensão, rejeição e sofrimento
“Os cristãos não se envolvem no culto insensato dos imperadores. Eles fazem melhor: eles oram poe eles. Os cristãos podem se dar ao luxo de ser submetidos...” (Tertuliano)


Durante 40 anos, um missionário do século XIX viu apenas 5 profissões de fé, e todos desapareceram. Hoje, a região tem milhares de cristãos.


Vocês acham que seremos amados por servir aqueles que não nos compreendem, não compreendem o que desejamos compartilhar? Mesmo que sejam apenas cuidados profissionais! Enquanto demonstração prática do amor de Deus, é visto como ameaça à fé da localidade.


O amor de Jesus nos ensina que não vamos para sermos amados, mas porque amamos.


Morrer pelo auxilio aos corpos é tão nobre quanto pelo auxílio as almas, pois corpo e alma são indissociáveis. Paulo foi preso, e posteriormente executado em Roma, não por estar, no momento da prisão, pregando o Evangelho, mas por estar levando recursos financeiros à necessitada igreja em Jerusalém.

4. À procura de motivação pura:
As acusações:
  • fazer dinheiro
  • ganhar mérito
  • superioridade
  • ganhar poder
  • fazer convertidos
“A maneira pela qual testemunhamos dever ser coerente com o seu conteúdo.“ (Vinoth Ramachandra)


5.  marcas de bom motivo:
  • respeito: sem arrogância, dispostos a aprender com as pessoas a quem queremos servir. E isto é respeitar a imagem de Deus presente no próximo
  • humildade: não temos todas as respostas, morais ou culturais. Jesus, sendo Deus, se fez como nós. Pregamos como testemunhas, não como soldados, ou comerciantes, mas como embaixadores do Senhor que se fez servo.
  • Amor: “a diferença entre o compromisso de um cristão para o com os pobres é a generosidade de um pagão foi que o cristão amou o pobre” (Gregório de Nazianzus)
  • serviço e sofrimento: talvez nada separe mais o cristianismo do Islã do que a atitude em relação ao sofrimento. Risco e vulnerabilidade são parte do discipulado. Sofrimento é o cerne do cristianismo, enquanto vitória é o do islamismo. Para o muçulmano, sofrimento é marca de fracasso, enquanto para o cristão é marca do discipulado.
Você acha que eles vão te amar? 2Co 4:7-11
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texto baseado nas anotações tomadas durante a palestra por Eduardo R Mundim

domingo, 12 de setembro de 2010

Violência, saúde integral e sociedade

mesa 3
07/09/10

moderador: Alexandre Brasil
Antônio Carlos Costa
Joaquim Barros Neto


Joaquim Barros Neto

O que é saúde integral para uma população ribeirinha?

A amazônia ocupa 47% do território brasileiro, abriga 7,1% da população e tem nos rios da sua bacia a base de toda a atividade humana existente na região. Um dos seus municípios é maior que a França.

Qual a necessidade de uma sala de parto em uma região com 0,5 hab/km², onde quem tem barco não tem motor, quem tem barco e motor não tem combustível?

Um grande percentual da população somente tem barcos como meio de transporte a maior parte do ano.

A beleza exuberante da amazônia convive com uma grande necessidade do ponto de vista humano.

Há um grande afluxo de médicos estrangeiros na região, dadas a má remuneração.



Antônio Carlos

Há uma grande dificuldade entre os protestantes de abrir mão da vivência da ética privada em prol do bem público.

Num contexto de violência, onde há banalização da vida humana, restringir o exercício da fé às questões teológicas é uma traição à fé cristã.

Contudo, tentativas de levar às ruas os evangélicos para lutar pelo fim da violência não dão resultados.

Não parece existir no Brasil preocupação com a teologia da violência, ou semelhantes. Há mais humanidade entre os não-evangélicos que entre os pastores.

Uma das falhas das organizações não-governamentais é a falta de constância nas manifestações.

Qual é o mais importante: prender narcotraficantes ou proteger as vidas inocentes?

As UPPs no estado do Rio de Janeiro são resultados da pressão da sociedade civil.

São milhares de mortos desaparecidos no estado do RJ, com inúmeros cemitérios clandestinos.

Polinter de Neves, no RJ: um autêntico campo de concentração em plena capital do Estado, com o conhecimento de todos.


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texto baseado nas anotações tomadas durante a mesa redonda por Eduardo R Mundim

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Deus procura os fiéis da terra

 Pr Mauricio Price
Devocional
05/09/10

Salmo 12

Vivemos em época de crise, de todos os tipos. Entre elas, a da falta de conhecimento bíblico e de conhecimento do Deus da bíblia.

Precisamos pregar o Deus que não é desconhecido, que é conhecido por nós em nossas vidas. Para que Ele seja a referência em época de crise.

É necessário que conheçamos o contexto do mundo para sermos agentes de transformação:
6 milhões morrem por ano por desnutrição
1 milhão de crianças exploradas sexualmente
50 milhões de abortos por ano
1 bilhão de pessoas vive com menos de US$1,00 por dia
60 pessoas/min morrem sem Jesus

Não há mais absolutos; cada grupo cria o seu próprio.

Deus procura os fiéis:
  1. que tenham fé, como Noé (Hb 11.7): sua geração era incrédula, sem amor à vida
  2. que sejam humildes, como Moisés (Ex 3.10-12)
  3. que preguem e sofram pelo nome de Jesus, como Paulo (At 9.15-17)
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texto baseado nas anotações tomadas durante a devocional por Eduardo R Mundim

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Saúde integral e crise estrutural

Rev Guilhermino Cunha
Palestra 1 - III Congresso Evangélico
Nacional de Profissionais de Saúde
Instituto Bennet - RJ
05/09/10


A missão da igreja é a missão de Cristo: evangelizar, ensinar e curar (Mt 9:35). E esta foi a prática dos missionários que trouxeram o Evangelho, pela visão protestante, ao Brasil. Ao lado de cada igreja, havia uma escola e uma clínica, refletindo a coerência para com as Escrituras e buscando o que hoje se chama cura integral: física, emocional e espiritual.

O Evangelho de Marcos narra duas curas sucessivas: a mulher com hemorragia havia vários anos e a filha de Jairo, chefe da sinagoga. Este é personagem público, conhecido e respeitado. Humilha-se publicamente aos pés de um rabi galileu pela saúde de sua filha. Enquanto caminha para a sua casa, Jesus interrompe sua trajetória por causa de um toque anônimo. Alguém dEle se aproxima de modo anônimo e o toca, crendo que o simples encostar nas vestes de Jesus lhe traria a cura.

Jesus interrompe sua caminhada para um encontro, e Ele sabe que esta caminhada poderá causar dor, pois o caso da filha de Jairo é urgente1. Ilustrando o princípio de cura integral, promove a revelação da anônima que o tocara (e ela permanece para nós desta forma, sem nome, conhecida pela sua doença e não pela sua fé), para que entre eles se estabeleça uma relação. E ao término do diálogo, Ele a despede com “vai-te em paz, a tua fé te salvou”.

O mesmo pedido que Jairo lhe fizera, para salvá-la. Só que ela morre – e nas escrituras se usa o termo dormir. Que é o que Jesus informa quando chega à casa de Jairo e encontra o choro generalizado.

Um dos perigos para o profissional de saúde é acostumar-se com o sofrimento do outro e com o seu próprio sentimento de onipotência. O médico vocacionado tem ciência e humildade. Reconhece, como Ambroise Paré, que ele cuida e Deus cura.

Reflexões intermediárias:

[a mulher tinha um mal privado, desconhecido pelos que a cercavam, e não se importou em deixar os outros ritualmente impuros e ignorantes do fato]

[a cura de Jesus opera de modo diferente da do profissional de saúde; Ele, por comando próprio; este, através de recursos não-próprios.]

[Jesus ordena silêncio de algo que não podia ser silenciado, pela história]
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1No jargão médico, Ele deixa de atender um caso agudo para dar atenção a um crônico

NOTA: as notas acima foram como resumi a fala do autor, e não uma cópia fiel da sua exposição. Possíveis erros serão frutos da minha compreensão incorreta.