segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Saúde integral e a grande ideia de Deus

Palestra
Interserve


Crise não pega Deus de surpresa e ela é uma oportunidade para a Sua atuação.

A ONU foi criada para promover a paz, mas o século XX foi o mais sangrento e violento conhecido pelo homem. Mais de 80 guerras travadas hoje, e o mundo não está melhor: 42 milhões de refugiados e são extremamente vulneráveis, facilmente explorados e, em alguns lugares, escravizados. A escravidão tem retornado.

Cerca de 250 milhões de cristãos vivem em contexto de perseguição.

Nas últimas décadas há um incremento do ódio religioso:
  • Índia: só os hindus podem ser indianos. Cristãos e muçulmanos massacrados
  • Paquistão: uma potência nuclear que é um colapso em potencial. Acreditamos que extremistas muçulmanos são poucos, mas no Paquistão 80% da população concorda com a sharia (amputação de mãos dos ladrões, apedrejamento de adúlteros e separação entre os sexos no trabalho)

Há uma crise ambiental:
  • desmatamento em vários países
  • incremento de CO2 na atmosfera
  • elevação da temperatura global em relação às décadas passadas
    • inundações costeiras
    • clima severo
    • derretimento glacial

Cerca de 15% da população global controla a economia e são os mais pobres que mais sofreram com a recente crise econômica, provocada pela ambição e egoísmo

Um estudioso descreve a população em 3 grupos:
  • global: viajam sem problema
  • migrantes: 200 milhões
  • permanentes: 97% da população mundial viverá e morrerá onde nasceu. Portanto seu ambiente é um importante agente de influência

A ONU estima que 1,2 bilhão de pessoas vive abaixo da linha da pobreza (< US$1,25/d). E o crescimento populacional se dá predominantemente entre os pobres.

Grandes desafios para a saúde:
  • vulnerabilidade por causa de gênero, local de residência, idade, deficiências e etnia
  • 8,8 milhões de crianças morrem antes de 5 anos de idade (1% do primeiro mundo)
  • 2/3 de doenças facilmente preveníveis
  • ¼ de crianças subnutridas
  • 50% com acesso ao saneamento básico

Crise: momento de decisão ou juízo.

Como seguidores de Jesus, somos chamados a sermos uma resposta de Deus a este mundo em crise.

Mateus 28 é o comissionamento, investidura de autoridade, para a missão, mas não a sua descrição. A não percepção disto reduziu a proclamação do Evangelho: missão é, somente, evangelização e plantação de igrejas.

Nos EUA 30-40% da população vai a igreja semanalmente. Este é o país de Deus? Foi severamente atingido pela crise.

Na África, 70-90% vai a igreja semanalmente. Há 100 anos, não havia cristãos na Nigéria; hoje, uma grande parte da população, o que não impediu o surgimento de conflitos étnicos armados há 2 anos. O Quênia é um país cristão, conhecido por ser um dos mais corruptos do mundo.

A missão foi reduzida, o Evangelho foi reduzido a nossa visão pessoal.

Missão é obra de Deus. Nossa participação é porque Deus trabalha – missão é algo que Deus faz, e não nós. A iniciativa é dEle, não nossa. O mais importante nas missões é nossa disponibilidade para Deus onde nós estamos (não precisamos viajar para longe).

Cinco momentos de crise através dos quais Deus entrou no nosso mundo, cinco momentos de virada.

1. A crise da criação. Nosso entendimento de missão integral precisa iniciar no jardim (e não na queda) e terminar na cidade. “Haja luz” foi um momento de crise, de virada, quando nossa história se iniciou. Gn 1 é nossa origem, nossa filiação. Gn 1 e 2 respondem a pergunta básica, por que fomos criados?
Não há separação entre sagrado e secular no jardim; não há separação entre o corpo e a alma; não há dualismo. Toda a criação é boa e sagrada.
A humanidade é feita à imagem de Deus: toda pessoa tem dignidade. Desigualdades existem por várias razões (sexo, idade, etc), mas todos são iguais em dignidade à vista de Deus. Todas as pessoas devem ser respeitadas.
Somos chamados a cuidar. Logo após a notícia de que somos criados à imagem e semelhança de Deus vem o mandamento para cuidar do jardim. Portanto, entender, cuidar, preservar a criação é parte de ser imagem de Deus. O mandamento de cuidar e preservar não foi anulado por Mt 28.
Os relacionamentos eram íntegros. Deus compartilhava com o homem no frescor da tarde das descobertas e do relaxamento após um dia de trabalho, talvez em silêncio contemplativo por vezes. Quando Adão vê Eva pela primeira vez a reconhece como seu complemento/igual

2. A crise da nova criação: Ap 21 – a escatologia molda um entendimento bíblico da missão integral.
Deus permanece criador; da velha terra produz uma nova. Não fomos feitos para o céu, mas para uma nova terra, a nova Jerusalém, onde Deus virá para habitar conosco: integralidade completa de todos os relacionamentos.
Durante todo o livro do apocalipse aquele que está assentado no trono nada fala até 21:5, quando faz tudo novo. Não criado a partir do nada, mas recriado a partir do velho, destruído. Nosso corpos interessam porque seremos ressuscitados! Há uma descontinuidade, mas também uma continuidade.
É importante o modo como cuidamos da terra, porque ela será renovada.

3. A crise da queda: todos os relacionamentos são distorcidos e danificados, humanidade-Deus, homem-mulher, humanidade-criação. O trabalho, antes prazeroso, se torna fonte de dor e sofrimento, onde as dificuldades se tornam penosas.
A imagem de Deus permanece, ainda que corrompida ou danificada. Portanto, a dignidade de cada ser humano permanece.
Porque o poder destrutivo do pecado atinge todos os relacionamentos, sua solução tem de permear todos os relacionamentos.

4. A crise da cruz: a cruz e a ressurreição afetam todos os relacionamentos, não somente o nosso pessoal com Ele, mas de uns para com os outros, de nós com a natureza. Toda corrupção é redimida e transformada (Cl 1.19-20). Não há mais separação entre judeus e gentios.

5. A crise da comissão. O envio de Jesus pelo Pai é nosso modelo. “Como o Pai me enviou, Eu vos envio”
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texto elaborado através das anotações de Eduardo R Mundim durante o evento

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