quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ética cristã e diversidade ética: implicações para a educação e saúde

mesa redonda I
05/09/10

moderador: Nelson Marriel
Eduardo Rosa
Vânia Dutra
Jorginete Damião

Eduardo Rosa Pedreira (pastor presbiteriano, mestre e doutor m teologia pela PUC-RJ)

Há certa dificuldade entre falar de ética e de moral. Moral é um dado cultural, relativo, fruto da emoção. Baseia-se na tradição e é facilmente identificada na discussão quando se deixa o apelo à razão. Ética nasce de uma investigação racional, que [, no mundo ocidental,] se inicia com os gregos com a questão: o que é uma vida boa?

A ética pode ser pensada pela cultura, pela emoção e pelo racional. É norma para todos em todas as culturas e tempos.

Quando um cristão é chamado para o debate ético com a sociedade ele deve se despir de sua moral. Habitualmente o cristão entra com uma agenda moral, que emperra a discussão. Se assim não for, não é possível construir um acordo válido para todos que trabalham na saúde. O absoluto, no caso, são os valores certos, bons e justos, e não o caminho religioso.

O que significa humanização da saúde?

O ponto de partida de diálogo deve ser a busca de valores comuns, certos, bons e justos.

A ausência de discussão ética significa a primazia do instintivo, do animal. A questão ética não é um luxo, mas uma necessidade.


Jorginete Damião (nutricionista, mestre em saúde pública)

Modelo biomédico hegemônico: corpo separado da mente, como máquina [coisa], onde a doença é um desvio da norma, e o tratamento é a restauração à norma. Uma atitude normatizadora, intervencionista, curativista, verticalizada, onde o médico é o curador. Determina uma culpabilização do indivíduo, por infringir uma norma; ignora os fatores sócio-econômico-ambientais; apenas a informação importa e não há necessidade de diálogo.

Determinantes da saúde são vários, incluindo os sociais: o ambiente onde se vive, o que se come, quando se ganha, qual o lazer que desfruta.

Há a autonomia do profissional e a do usuário – a relação entre ambas se dá em um encontro. O outro tem de ser reconhecido como um igual, tem de ter seu sofrimento reconhecido.

Como se lidar com a impotência do profissional e o sentimento despertada por ela ao profissional e ao paciente?

Como lidar?

    • aborto lega

    • aconselhamento no uso de álcool e drogas

    • sexualidade e diversidade sexual


Vânia Dutra (assistente social, doutora em serviço social)

A cultura da paz e não violência
A saúde se converte: se moraliza, preceitua e diz o que é bom.

Cultura da paz constitui-se por valores, atitudes, comportamentos e modos de vida que rejeitam a violência e previnem conflitos, por meio do diálogo e da negociação entre os indivíduos, grupos e Estado.

6 atitudes:

  1. respeito a vida

  2. prática da não violência ativa

  3. distribuição de riquezas

  4. defesa da liberdade de expressão e da diversidade cultural, com centralidade no diálogo

  5. promoção de um consumo responsável

  6. contribuição para o desenvolvimento de cada comunidade

Segundo Jean Marie Muller, filósofo, nossa sociedade legitima o uso da violência para a solução de conflitos. Precisa-se de mais coragem para ser violento do que ser covarde, mas é preciso mais coragem para não-violência do que na violência.

Violências: contra si mesmo, interpessoal e coletiva.

Moderador:

Nas nossas igrejas buscamos impor modelos, o que é uma violência. Desta forma, o único valor que o outro tem é o de ser uma alma para Jesus; o outro não é gente. O não-cristão é melhor. Esquecemo-nos que as prostitutas entrarão primeiro no Reino de Deus.

O centro da bíblia é a parábola do pai amoroso, chamada de “do filho pródigo”.

O profissional tem de crer na dignidade do outro, no seu valor, para poder ver a imagem de Deus no outro, e não o contrário cético.
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texto baseado nas anotações tomadas durante a mesa redonda por Eduardo R Mundim
III CENPS

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