mesa redonda I
05/09/10
moderador: Nelson Marriel
Eduardo Rosa
Vânia Dutra
Jorginete Damião
Eduardo Rosa Pedreira (pastor presbiteriano, mestre e doutor m teologia pela PUC-RJ)
Há certa dificuldade entre falar de ética e de moral. Moral é um dado cultural, relativo, fruto da emoção. Baseia-se na tradição e é facilmente identificada na discussão quando se deixa o apelo à razão. Ética nasce de uma investigação racional, que [, no mundo ocidental,] se inicia com os gregos com a questão: o que é uma vida boa?
A ética pode ser pensada pela cultura, pela emoção e pelo racional. É norma para todos em todas as culturas e tempos.
Quando um cristão é chamado para o debate ético com a sociedade ele deve se despir de sua moral. Habitualmente o cristão entra com uma agenda moral, que emperra a discussão. Se assim não for, não é possível construir um acordo válido para todos que trabalham na saúde. O absoluto, no caso, são os valores certos, bons e justos, e não o caminho religioso.
O que significa humanização da saúde?
O ponto de partida de diálogo deve ser a busca de valores comuns, certos, bons e justos.
A ausência de discussão ética significa a primazia do instintivo, do animal. A questão ética não é um luxo, mas uma necessidade.
Jorginete Damião (nutricionista, mestre em saúde pública)
Modelo biomédico hegemônico: corpo separado da mente, como máquina [coisa], onde a doença é um desvio da norma, e o tratamento é a restauração à norma. Uma atitude normatizadora, intervencionista, curativista, verticalizada, onde o médico é o curador. Determina uma culpabilização do indivíduo, por infringir uma norma; ignora os fatores sócio-econômico-ambientais; apenas a informação importa e não há necessidade de diálogo.
Determinantes da saúde são vários, incluindo os sociais: o ambiente onde se vive, o que se come, quando se ganha, qual o lazer que desfruta.
Há a autonomia do profissional e a do usuário – a relação entre ambas se dá em um encontro. O outro tem de ser reconhecido como um igual, tem de ter seu sofrimento reconhecido.
Como se lidar com a impotência do profissional e o sentimento despertada por ela ao profissional e ao paciente?
Como lidar?
aborto lega
aconselhamento no uso de álcool e drogas
sexualidade e diversidade sexual
Vânia Dutra (assistente social, doutora em serviço social)
A cultura da paz e não violência
A saúde se converte: se moraliza, preceitua e diz o que é bom.
Cultura da paz constitui-se por valores, atitudes, comportamentos e modos de vida que rejeitam a violência e previnem conflitos, por meio do diálogo e da negociação entre os indivíduos, grupos e Estado.
6 atitudes:
respeito a vida
prática da não violência ativa
distribuição de riquezas
defesa da liberdade de expressão e da diversidade cultural, com centralidade no diálogo
promoção de um consumo responsável
contribuição para o desenvolvimento de cada comunidade
Segundo Jean Marie Muller, filósofo, nossa sociedade legitima o uso da violência para a solução de conflitos. Precisa-se de mais coragem para ser violento do que ser covarde, mas é preciso mais coragem para não-violência do que na violência.
Violências: contra si mesmo, interpessoal e coletiva.
Moderador:
Nas nossas igrejas buscamos impor modelos, o que é uma violência. Desta forma, o único valor que o outro tem é o de ser uma alma para Jesus; o outro não é gente. O não-cristão é melhor. Esquecemo-nos que as prostitutas entrarão primeiro no Reino de Deus.
O centro da bíblia é a parábola do pai amoroso, chamada de “do filho pródigo”.
O profissional tem de crer na dignidade do outro, no seu valor, para poder ver a imagem de Deus no outro, e não o contrário cético.
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