domingo, 29 de maio de 2011

Ricardo Gondim e a Ultimato

Eduardo Ribeiro Mundim

As duas últimas postagens, O pastor herege e Minha carta aberta, falam do pastor Ricardo Gondim. A primeira, é sua entrevista à revista Carta Capital e a segunda sua manifestação a respeito das consequências da mesma, incluindo a saída como colunista da Revista Ultimato. A única manifestação de ambas as partes até o momento em que escrevo estas linhas, partiu dele em sua página pessoal, no artigo Despeço-me da revista Ultimato. Estes eventos parecem que deram o que falar, tanto no página da revista, na sessão Palavra do Leitor, quanto em outros sítios - pelo menos um com sabor de "eu bem que avisei que esta revista esquerdista ia acabar assim".

Como antigo assinante da revista, e colaborador ocasional daquela sessão, lamento a saída do Pastor Ricardo, não por identificar uma "caça às bruxas", ou "uma inquisição protestante", mas pela perda em si. Quando um vínculo se rompe, há um luto e luto é uma vivência dolorida.

Era necessário o rompimento? Não cabe a mim responder. Os responsáveis pela revista decidiram que sim, e apresentaram as razões ao Pastor Ricardo. E no seu texto não há uma sombra de rancor, ou equivalente, mas tristeza pelo ciclo que se fechou, após ter cumprido seu propósito. Portanto, se ele não viu perseguição ou inquisição, por que eu veria?

Ultimato tem seu ministério, Ricardo Gondim tem o seu. Durante vintes anos ambos foram de auxílio mútuo, até que o desenvolvimento de cada um transformou ambos em pedra tropeço recíproca - na verdade, talvez ele mais (ao menos neste momento). A percepção madura do fato não poderia gerar outro resultado, já que ambos estão convictos do caminho que têm a seguir.

Que nosso Deus abençoe a ambos no ministério que a eles entregou.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Minha carta aberta

Minhas coragens não tão corajosas.

Tornei-me alvo de todos os crivos. Depois de devidamente rotulado, sinto-me dissecado, espiritual, moral e psicanaliticamente. Pessoas que não me veem há décadas, se sentem com liberdade de diagnosticar o que “vem acontecendo com o Gondim”. Não há como negar que me sinto incômodo com achômetros.

Faltam-me argumentos. Como explicar que não perdi a fé, que não apostatei, que não estou na ladeira do inferno e que não sou um Belzebu? Diante de juízos subjetivos, melhor calar. Não vale sequer lembrar que a tarefa de separar trigo e joio, sempre delicada, Deus reservou aos anjos e, ainda assim, para o fim dos tempos. Como justificar-me diante da presunção de que não há outro caminho para a espiritualidade que não seja o pacotão doutrinário, que os evangélicos se consideram legítimos guardiões?

Um rapaz de apenas 24 anos mandou-me uma mensagem insolente, mal educada. Notei que ele era apenas dois anos mais velho que o Pedro, meu filho. A princípio, meu estômago embrulhou; depois, uma leve taquicardia fez meu coração perder o ritmo. Logo, porém, pensei no futuro do jovem. Onde ele estará com a minha idade? Acalmei. E supliquei a Deus por sua alma.
Os dias são bicudos. Mas não vou fragilizar-me diante de algozes, ainda noviços na arte de difamar e enxovalhar. Não darei o privilégio de verem as lágrimas que derramo por escolher um caminho acidentado. Meus soluços, conhecem Deus, meu travesseiro e minha mulher. Permanecerei altivo em minhas colocações. Não, não me considero uma encarnação de Quixote. Minha altivez esconde o homem claudicante, fraco mesmo. Mas, à minha fraqueza, fiquem certos senhores e senhoras da reta doutrina, vocês nunca terão o privilégio de acessar.

Estou consciente de que devo explicações. Entretanto, antes de explicar-me, acredito que eu tenho que dar satisfações. Mas, dar satisfações a quem? Primeiro, à minha própria consciência. Devo trancar a porta do banheiro e, sozinho, olhar o que me espreita de dentro do espelho, e perguntar: “Aonde você quer chegar, cara?”. Beirando os 60, eu deveria já preparar-me para uma aposentadoria tranquila (eu sei que alguns torcem por isso). "Por que o risco de posicionar-se no que só traz prejuízo pessoal? Por que deixar as costas à mercê de quem maneja bem os punhais?". Respondo ao velhote que mira os meus olhos de dentro do espelho: “Faço o que faço pelo simples fato de querer ser coerente e honesto comigo mesmo e com Deus, que ergueu um tabernáculo em meu coração”. 

Sei que é inútil o que vou dizer. Mesmo assim digo: Não desejo holofotes; eu já os tive. Não surfo no oportunismo midiático, em busca dos prosaicos quinze minutos de fama; eu sei azeitar um discurso pequeno-burguês e ganhar o favor de quem patrocina aventuras caríssimas na televisão. Conheço bem os truques do peleguismo religioso. Caminho nos corredores, sacristias e bastidores do meio desde a adolescência.  Só que não consigo mais respirar esse ar viciado.

Por que falar em direitos civis de homossexuais? Pelo simples fato lembrar-me de Niemöller, o pastor luterano que bem expressou a passividade de sua geração quando a justiça foi pisoteada pelos nazistas: "Quando vieram atrás dos judeus, calei-me, pois não era um deles; quando vieram prender os comunistas, silenciei, eis que não era comunista; quando vieram em busca dos sindicalistas, calei-me, pois eu não era sindicalista; depois, vieram me prender, não havia mais ninguém para protestar e ninguém disse nada".

Não levanto a bandeira homossexual. Ela não é minha, eu não sou homossexual. Levando o estandarte do direito. Ele diz respeito não só aos homossexuais, mas aos religiosos, aos ateus, aos ciganos, aos deficientes. Quando a lei protege um segmento da sociedade, acaba por alcançar os que não fazem parte daquele segmento. Por que insisto em fazê-lo? Porque acredito que Jesus, o meu senhor e salvador, o faria. 

Sim, concordo, tenho que dar explicações. Mas a quem? Devo explicações aos que acompanham as mudanças milimétricas que venho fazendo ao longo dos anos; pessoas que entendem as articulações que brotam de meus neurônios racionais e de minhas entranhas espirituais. Tenho certeza que elas se surpreenderiam se eu respondesse qualquer coisa diferente do que veio na entrevista. Prego todos os domingos e disponibilizo as mensagens na www.tvbetesda.com.br . Escrevo em um site/blog www.ricardogondim.com.br . Publiquei diversos livros. Meus pensamentos estão espalhados por aí. Meus parceiros não se assustaram com nada do que eu disse à Carta Capital. Pelo contrário, celebraram a oportunidade que tivemos de comunicar os valores do reino para outros que não fazem parte do movimento evangélico.

Por último, um hábil escritor sugeriu que eu estou em crise de fé. Eu sei que ele confunde fé com a aceitação da doutrina calvinista. Devo responder-lhe que tomo sua insinuação como insulto, mero xingamento.  Reconheço, igualmente, que os rótulos de estar alinhando ao teísmo aberto, de ser liberal, humanista, ateu, para mim, não passam de simplificações de quem desejava calar-me. Alguns intuíram que seus discursos já não se sustentam diante da realidade concreta das pessoas, por isso, buscam desqualificar-me. Deixo claro: não retrocederei, mesmo xingado. Não há como voltar; puxei um novelo de significados e sentidos e estou fascinado com os fios. Cada nova descoberta me leva para mais perto de mim, do meu próximo e de Deus. 

Agora vou até o fim.

Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria

fonte: http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=92&sg=0&id=2409 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O pastor herege

Posted By Gerson Freitas Jr On 27 de abril de 2011 @ 8:48 In Sociedade | 236 Comments
"Deus nos livre de um Brasil evangélico", diz o religioso Ricardo Gondim, crítico dos movimentos neopentecostais. Por Gerson Freitas Jr. Foto: Olga Vlahou

“Deus nos livre de um Brasil evangélico.” Quem afirma é um pastor, o cearense Ricardo Gondim. Segundo ele, o movimento neopentecostal se expande com um projeto de poder e imposição de valores, mas em seu crescimento estão as raízes da própria decadência. Os evangélicos, diz Gondim, absorvem cada vez mais elementos do perfil religioso típico dos brasileiros, embora tendam a recrudescer em questões como o aborto e os direitos homossexuais. Aos 57 anos, pastor há 34, Gondim é líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista. E tornou-se um dos mais populares críticos do mainstream evangélico, o que o transformou em alvo. “Sou o herege da vez”,  diz na entrevista a seguir.

CartaCapital: Os evangélicos tiveram papel importante nas últimas eleições. O Brasil está se tornando um país mais influenciável pelo discurso desse movimento?
Ricardo Gondim: Sim, mesmo porque, é notório o crescimento do número de evangélicos. Mas é importante fazer uma ponderação qualitativa. Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico também se deixa influenciar. O rigor doutrinário e os valores típicos dos pequenos grupos se dispersam, e os evangélicos ficam mais próximos do perfil religioso típico do brasileiro.

CC: Como o senhor define esse perfil?
RG: Extremamente eclético e ecumênico. Pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um “evangelicalismo popular”, nos moldes do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás. O movimento cresce, mas perde força. E por isso tem de eleger alguns temas que lhe assegurem uma identidade. Nos Estados Unidos, a igreja se apega a três assuntos: aborto, homossexualidade e a influência islâmica no mundo. No Brasil, não é diferente. Existe um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras. Há aberrações éticas enormes.

CC: O senhor escreveu um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”. Por que um pastor evangélico afirma isso?
RG: Porque esse projeto impõe não só a espiritualidade, mas toda a cultura, estética e cosmovisão do mundo evangélico, o que não é de nenhum modo desejável. Seria a talebanização do Brasil. Precisamos da diversidade cultural e religiosa. O movimento evangélico se expande com a proposta de ser a maioria, para poder cada vez mais definir o rumo das eleições e, quem sabe, escolher o presidente da República. Isso fica muito claro no projeto da Igreja Universal. O objetivo de ter o pastor no Congresso, nas instâncias de poder, é o de facilitar a expansão da igreja. E, nesse sentido, o movimento é maquiavélico. Se é para salvar o Brasil da perdição, os fins justificam os meios.

CC: O movimento americano é a grande inspiração para os evangélicos no Brasil?
RG: O movimento brasileiro é filho direto do fundamentalismo norte-americano. Os Estados Unidos exportam seu american way oflife de várias maneiras, e a igreja evangélica é uma das principais. As lideranças daqui leem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental. A igreja americana é pragmática, gerencial, o que é muito próprio daquela cultura. Funciona como uma agência prestadora de serviços religiosos, de cura, libertação, prosperidade financeira. Em um país como o Brasil, onde quase todos nascem católicos, a igreja evangélica precisa ser extremamente ágil, pragmática e oferecer resultados para se impor. É uma lógica individualista e antiética. Um ensino muito comum nas igrejas é a de que Deus abre portas de emprego para os fiéis. Eu ensino minha comunidade a se desvincular dessa linguagem. Nós nos revoltamos quando ouvimos que algum político abriu uma porta para o apadrinhado. Por que seria diferente com Deus?

CC: O senhor afirma que a igreja evangélica brasileira está em decadência, mas o movimento continua a crescer.
RG: Uma igreja que, para se sustentar, precisa de campanhas cada vez mais mirabolantes, um discurso cada vez mais histriônico e promessas cada vez mais absurdas está em decadência. Se para ter a sua adesão eu preciso apelar a valores cada vez mais primitivos e sensoriais e produzir o medo do mundo mágico, transcendental, então a minha mensagem está fragilizada.

CC: Pode-se dizer o mesmo do movimento norte-americano?
RG: Muitos dizem que sim, apesar dos números. Há um entusiasmo crescente dos mesmos, mas uma rejeição cada vez maior dos que estão de fora. Hoje, nos Estados Unidos, uma pessoa que não tenha sido criada no meio e que tenha um mínimo de senso crítico nunca vai se aproximar dessa igreja, associada ao Bush, à intolerância em todos os sentidos, ao Tea Party, à guerra.

CC: O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?
RG: Sou a favor. O Brasil é um país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossensuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.

CC: O senhor enfrenta muita oposição de seus pares?
RG:  Muita! Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem, então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida.

CC: Mas os movimentos cristãos foram sempre na direção oposta.
RG: Não necessariamente. Para alguns autores, a decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente.

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os direitos LGBTT e a fé cristã

Nota inicial:
A discussão atual em relação à homossexualidade e aos homossexuais, que engloba, entre outros temas, a união civil, a adoção de crianças e a lei da homofobia, esquenta cada vez mais, ampliando o debate, causando rupturas, expondo bons e maus testemunhos do agir cristão. Entendo que é uma briga também de feridos, de ambos os lados.

Por enquanto, apenas setores chamados "conservadores" tem aparecido, inclusive por serem eles os financiadores da assim chamada "bancada evangélica".

Amplio a discussão distribuindo outras reflexões cristãs, pois não creio que a fé cristã seja incompatível com o debate, e nem que a salvação eterna dependa de outra coisa que não da aceitação do senhorio de Jesus Cristo e de sua morte em meu lugar.
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Os direitos LGBTT e a fé cristã

Marcos Botelho

Vou tentar escrever algo sobre esse assunto pois tenho visto muitos exageros e erros da parte protestante e da parte dos homossexuais. Com este artigo, não quero fechar a questão, mas clarear um pouco o debate.

A fé cristã sempre foi uma fé voltada para a história, para a vida e qualquer um.

Vemos na História vários exemplos de homens e mulheres de Deus intervindo para um direito que priorize a vida e a todos. A lei sobre a jornada de 8 horas de trabalho, por exemplo, foi proposta por um pastor evangélico na Inglaterra, os movimentos sindicais vieram dos cristãos, a profissão de enfermeira e a cruz vermelha também. Entre muitos outros exemplos, eles queriam fazer a diferença para todos.

No Brasil, o protestantismo lutou por muito tempo por um estado laico, por leis para todos os brasileiros!
A primeira igreja evangélica de brasileiros no Brasil, “Igreja Evangélica Congregacional Fluminense” colocou em seu estatuto que qualquer proprietário de escravos teria que alforriar seus escravos antes de se tornar um membro da igreja.

Antes, se alguém não fosse católico, não tinha DIREITO a carteira de identidade ou a ser enterrado em um cemitério.

As escolas evangélicas vieram para o Brasil com bolsas para os mais pobres, e eram acusadas de promíscuas por deixarem homens e mulheres estudarem juntos.

Mesmo os evangélicos não querendo que, em suas igrejas, os cristãos se divorciassem, lutaram dos anos 1930 aos 1960 pelo direito ao divórcio, pois a indissolubilidade matrimonial é um dogma Católico Romano que não podia ser imposto aos protestantes, judeus e outras crenças. O projeto do direito ao divorcio entrou câmara dos deputados por um deputado presbiteriano.

Depois disso tivemos uma terrível ditadura onde perdemos muito de nossa identidade protestante e passamos a pensar que política e cristianismo não são compatíveis. E vendo alguns políticos “evangélicos”, caio na tentação de quase acreditar nessa mentira também.

Hoje, vendo a luta do movimento LGBTT, lendo a PL122 e pensando no nosso compromisso cristão por uma sociedade para todos com as leis laicas, penso que o direito ao casamento, a herança e outros direitos civis dos homossexuais deveriam ser garantidos por lei e defendidos por nós protestantes, pois se sofremos um preconceito no passado por leis baseadas na fé dos “outros” que iam contra os nossos direitos, por que agora que temos voz garantida não vamos lutar pelos outros?

O Estado deve continuar sendo laico e as leis devem garantir o direito a todos, sejam eles LGBTT ou héteros. Nós evangélicos deveríamos ser a voz em defesa (dos direitos legais) dos homossexuais que são agredidos nas esquinas todos os meses em nosso país.

Se fizéssemos isso, não teríamos que enfrentar o problema de um projeto de Lei absurdo (PL122) que trata a homossexualidade não com uma escolha, assim como eu escolhi ser evangélico, e sim como algo natural como cor de pele, idade, nacionalidade.

Ninguém escolhe ser negro ou branco, ser idoso ou criança, índio ou africano, mas temos o direito, pelo Estado, de escolher a nossa religião e a nossa opção sexual. E ambas devem ser tratadas como uma escolha, onde podemos contestar, criticar, discordar, mas SEMPRE respeitar.

Esta lei tenta corrigir um erro histórico contra a classe LGBTT, mas cai em outro erro por querer amordaçar o direito de simplesmente falar: Eu não acho que a opção homossexual seja uma opção correta para a vida, mas respeito qualquer um que optar por este caminho”.

No fim das contas, não sei se toda esta discussão é porque nós cristãos não estamos fazendo a nossa parte e lutando para o direito de todos: o de escolher livremente a sua opção sexual e o de falar que discorda!

fonte original: http://ultimato.com.br/sites/marcosbotelho/2011/05/24/os-direitos-lgbtt-e-a-fe-crista/#more-1173  - acompanhe as opiniões dos leitores pelo atalho

os destaques em vermelho são deste blog, e não do artigo original

Como é a "segurança" de Deus?

Susan Kim


Terça-feira, 24 de maio de 2011 (ALC) - Em 6 de agosto de 1945, às 8h15, Setsuko Thurlow, com 10 anos de idade na época, viu um flash azul brilhante do lado de fora da janela de sua sala de aula. "Eu me lembro da sensação de flutuar no ar. Quando recuperei a consciência, na total escuridão e silêncio, vi que estava no meio do entulho."Ela começou a ouvir as vozes de suas colegas desaparecendo aos poucos: "Mãe, me ajude. Papai, me ajude."

Thurlow é uma "hibakusha" - sobrevivente da bomba atômica de  Hiroshima, cidade alvo de uma das duas bombas nucleares lançada sobre o Japão pelos Estados Unidos ao final da Segunda Guerra Mundial. Ela também é, hoje, uma defensora do desarmamento.

Sua memória viva e dolorosa contagiou os participantes da Convocatória Ecumênica Internacional pela Paz (CEIP), na segunda-feira, 23, em Kingston, Jamaica. O tema do dia foi "Paz entre os Povos". No painel principal, os participantes ouviram uma análise das questões críticas acerca dos obstáculos para a paz em nível internacional.

Mesmo que o testemunho de Thurlow tenha sido feito por vídeo, por causa da impossibilidade de viajar até a Jamaica, suas palavras foram um forte lembrete de como o recente caso do uso da bomba atômica realmente foi.O lançamento da bomba atômica aconteceu há apenas uma geração e, desde então, as grandes potências mundiais ampliaram e proliferaram seus arsenais nucleares, que são, na melhor das hipóteses, mutuamente destrutivos.

Em 1945, disse Thurlow, a ajuda veio das mãos de um estranho. "De repente, algumas mãos começaram a tremer meu ombro esquerdo, e uma voz disse: 'Saia daí o mais rapidamente possível'."

Todos ao seu redor pareciam figuras fantasmagóricas, com queimaduras pretas, carne e pele dependuradas em seus ossos. Houve um silêncio sepulcral, quebrado apenas pelos gemidos dos feridos e os seus pedidos por água, relembrou.

Quando sobreviventes, como Thurlow, contam suas histórias, eles lembram a forma injusta como as 260 mil pessoas inocentes morreram depois de 1945 devido aos efeitos do calor e da radiação.

Os governos tentam justificar a ação militar em grande escala, cuja pior expressão é a guerra nuclear, em nome da "segurança", destacou Lisa Schirch, professora de processos de construção da paz na Eastern Mennonite University, em Harrisonburg, Estados Unidos. Ela desafiou os participantes do evento a refletirem o que segurança significa para os cristãos.

"Jesus não usa a palavra 'segurança'.  A linguagem da Igreja é muito mais sobre a justiça e paz do que sobre segurança ", disse ela.

Ao visitar o Iraque, em 2005, Schirch trabalhou com iraquianos que estão empenhados na construção da paz em nível comunitário. "Eles me disseram o seguinte: a segurança vem aqui de helicóptero, ela cresce de baixo para cima".
O Iraque foi apenas um dos países lembrados pelos participantes da CEIP enquanto analisavam o tema da "Paz entre os Povos" em discussões acerca do desarmamento nuclear e o fim de todas as guerras.

O moderador do debate, reverendo Kjell Magne Bondevik, que é presidente do Centro para a Paz e Direitos Humanos de Oslo e, por duas vezes, foi primeiro-ministro da Noruega, disse que se lembra do dia, em 2003, em que o presidente dos EUA, George W. Bush, pediu seu apoio à invasão do Iraque.

"Eu disse não", lembrou Bondevik aos cerca de 1 mil participantes da CEIP, que irromperam em aplausos. "Eu não posso. Primeiro, não há um mandato da ONU e, na minha perspectiva ética cristã, o uso de meios militares deve ser a última alternativa, depois que todos os outros meios pacíficos forem esgotados", alegou.

As igrejas tinham uma voz decisiva diferente neste ponto, disse ele. "Na época, a Igreja da Noruega fez uma campanha contra uma possível guerra no Iraque".

Como o arcebispo Dr Avak Asadourian, ortodoxo armênio de Bagdá, estava ouvindo-o, Bondevik disse que gostaria que a paz cristã fosse transmitida através do mundo. "Lamento que outros líderes não estejam escutando", disse ele. "Durante os últimos 32 anos, o Iraque passou por três guerras e um embargo. Um embargo, por definição, é também um ato de guerra. Os iraquianos estão numa situação muito ruim. " Asadourian expressou preocupação diante do fato de que cristãos são agora referidos como um grupo minoritário no Iraque. "Os cristãos no Iraque não são minorias, são parte importante da sociedade iraquiana. Estamos fazendo tudo o que podemos para a paz. Paz, nesse sentido, não é apenas a ausência de guerra. Paz é também igualdade."

A vice-diretora e cientista do Instituto de Monterey, Patrícia Lewis, dos EUA, destacou que as mulheres têm um papel especial a desempenhar. "Se você não perguntar às mulheres, você não saberá o que está realmente acontecendo", frisou.

Lewis acredita que a mudança virá. "Militares e autoridades vão entender que as armas nucleares não têm quase nenhuma utilidade militar. Eles também irão perceber que não se pode cometer erros pequenos com armas nucleares", afirmou.

Se as igrejas esperam causar impacto na busca de estancar a a guerra e a proliferação de armas nucleares, elas devem ir além de documentos declarativos e partir para a ação, enfatizou a vice-diretora do Instituto das Nações Unidas para Investigação sobre Desarmamento, Dra. Christiane Agboton-Johnson. "Muitas vezes, as mulheres são as que mais sofrem num conflito, apesar de seu compromisso de acabar com o conflito. Podemos considerar que um documento ou uma lei é suficiente para lidar com esse tipo de problema? Eu não estou convencida disso. A ONU está preparada para passar das palavras às ações? Temos de implementar o que já está escrito", cobrou.

A sobrevivente da bomba de Hiroshima desejou que nenhum ser humano tenha que repetir a experiência de desumanidade, ilegalidade, imoralidade e crueldade da guerra atômica.
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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)
Edição em português: Rua Ernesto Silva, 83/301, 93042-740 - São Leopoldo - RS - Brasil
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terça-feira, 24 de maio de 2011

Dr Collins ou Charlie Sheen?


Esse simpático senhor da foto se chama Steve Collins. Ele nasceu no interior de Angola, filho de missionários que trabalhavam na área rural, na primeira metade do século XX. Ele viveu em Angola a maior parte de sua vida, apesar de ter saído para estudar no Canadá, terra de seus pais, onde se formou em medicina. Voltou para exercer a medicina em Angola, e, nos anos da guerra ainda, sentiu a necessidade de se especializar em cirurgia para cataratas. De volta a Angola, ele viaja por todo o país dando literalmente "vista aos cegos". É uma alegria ver pessoas idosas, que às vezes estão há anos sem enxergar nada, de um dia para o outro terem sua visão restaurada. É comum ver essas pessoas cantando e dançando de alegria depois de poderem ver novamente.

Aí você pode estar se perguntando o que o Charlie Sheen tem a ver com isso. Bem, na verdade nada. Me chamou a atenção há alguns dias as notícias de que o Charlie Sheen, figura frequente na mídia, ultimamente com notícias focalizando sua vida de vícios e promiscuidade, após ser desligado da série "One and a Half Man", teve os ingressos para sua recém-lançada turnê rapidamente esgotados, e teve o recorde de seguidores do Twitter ao abrir sua conta, atingindo um milhão de seguidores em 24 horas.

A pergunta que eu faço é por que o mundo provavelmente nunca vai ouvir falar do Dr Collins, com todo o bem que faz aqui, e a notoriedade que pessoas como Charlie Sheen, Britney Spears, Lindsay Lohan, Paris Hilton, só para citar alguns, atingem. O mundo coloca nos holofotes essas pessoas que têm muito pouco a oferecer (na verdade são dignos da nossa compaixão e não da nossa admiração ou inveja), ignorando pessoas com uma grandeza de caráter enorme, que passam suas vidas no anonimato em certo sentido.

Isso talvez nos mostre quais são realmente os valores de nossa sociedade, por mais que tentemos nos convencer que a bondade, a caridade, o amor, o auto-sacrifício, etc, são valorizados por nós como sociedade. Que mais pessoas possam começar a "seguir" os Dr Collins da vida e menos os "Charlie Sheens". 
 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Porque acho a Igreja Gay uma vergonha para os evangélicos

Por Hermes C. Fernandes
Definitivamente, a igreja evangélica brasileira não está preparada para discutir um assunto tão polêmico como a homossexualidade. Falta maturidade, finesse, e sobretudo, amor.
Por que acho que é uma vergonha para os evangélicos que haja uma igreja gay? Simples. Esta igreja só surgiu para preencher uma lacuna deixada pela igreja evangélica. Se os gays fossem acolhidos em nossas comunidades, a fim de que fossem expostos à Palavra de Deus, eles não teriam qualquer razão para buscar uma igreja dedicada exclusivamente a eles.
Não estou dizendo que as igrejas deveriam legitimar sua conduta. Não! Apenas afirmo que devemos ser mais misericordiosos, compassivos, agindo mais ou menos como nosso Mestre agiria.
Me recuso a acreditar que Jesus os rechaçaria. Também não acredito que Ele estimularia que Seus seguidores se entrincheirassem contra os homossexuais, como tem sido feito.
Tornamo-nos seus inimigos número 1. Como poderemos evangelizá-los? Como poderemos conduzi-los aos pés do Salvador?
Será que somos melhores do que eles? Será que nossa avareza, idolatria, inveja, carnalidade, ocupam um lugar de menor importância dentro da lista de pecados condenados pela Palavra?
Sinceramente, creio que a Igreja deveria se manifestar solidária a todo grupo humano minoritário que buscasse ser respeitado. Sem endossar qualquer que fosse a conduta pecaminosa, deveríamos comprar uma briga pelas prostitutas, homossexuais, seguidores das religiões afro-brasileiras, ciganos, etc.
Te escandalizei?
Pois o Cristo a quem sirvo também escandalizou os religiosos pudicos de Sua época ao colocar-se em defesa da mulher adúltera, desmascarando a pseudosantidade dos religiosos que queriam apedrejá-la.
Tornamo-nos tão diferentes de Jesus. Estamos sempre do lado errado. Do lado dos poderosos, dos mantenedores do Status Quo, dos corruptos, dos salafrários.
Repito: não acho que devemos baratear a mensagem do Evangelho, endossando qualquer conduta que não se coadune com seus valores e princípios.
Porém, acredito que devemos usar de misericórdia, tanto quanto dela necessitamos. Afinal, são os misericordiosos que alcançarão misericórdia.
Nunca vi ninguém se converter no calor de uma discussão.
Se queremos ser respeitados, devemos, antes de tudo, respeitar, mesmo o mais vil pecador. Não somos melhores do que eles.
Que tal se olharmos para nós mesmos como fez Paulo, que considerou-se o principal dos pecadores?
Que tal se deixarmos de olhar para o outro de cima pra baixo, e considerar-nos igualmente carentes da graça de Deus?
Que o Projeto de Lei 122 precisa de ajustes, não resta dúvida. Mas não será com xingamentos e ataques que vamos reverter isso.
O que não se pode negar é que o debate serve mesmo é a interesses políticos daqueles que se fiam na ingenuidade do povo evangélico para se elegerem.
Igreja nenhuma deveria sentir-se ameaçada por qualquer que seja a PL. Faz-se um escarcel danado para que os crentes pensem que a tal "ditadura gay" vai obrigar às igrejas a aceitarem e celebrarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E assim, os propineiros vão se elegendo e agradecendo ao deus Mamom pelas "graças" recebidas.
Bem... Esta é minha humilde opinião. Você tem todo o direito de discordar.
 

domingo, 15 de maio de 2011

Eu matei Barack Obama

Luiz Longuini Neto
Cursei teologia numa escola com forte influência norte americana. O pano de fundo histórico da igreja a que eu pertencia, lá no interior paulista, era formado pela ação de missionários norte americanos que aportaram em terras brasileiras pelos idos de 1860.
Fui formado teologicamente para entender que os Estados Unidos da América do Norte tinham uma missão importante no mundo. Salvar não só as almas dos pobres pecadores do terceiro mundo, como também levar os valores da democracia, liberdade, livre iniciativa a todos os povos atrasados.
O nome bonito que os professores davam a essa missão era “Destino Manifesto”. Essa missão havia sido pactuada entre os “pais peregrinos”, aquela mistura de gente anglo-saxã, que fugindo das guerras inglesas navegaram para a “nova Inglaterra” num barco chamado Mayflower. No meio de uma tempestade, com a bíblia no meio do barco e todos ajoelhados fizeram um pacto: se Deus os levassem com vida à terra firme eles constituíram uma nação cujos valores estariam assentados na Bíblia Sagrada. Esse pacto e a doutrina do “Destino Manifesto” forjaram as lutas daquele povo, em especial das 13 colônias, e desde 1776, quando foi promulgada a declaração de independência dos EUA, fazem parte do ideário ou da mentalidade de cada cidadão norte americano.
O mais interessante é que 235 anos depois essa mentalidade nada mudou. Foi esse ideário que levou os norte americanos à marcha para o oeste em busca de ouro e terras. Mataram índios, dizimaram famílias. O símbolo de resistência dessa colonização foi Gerônimo (1829-1909) um índio apache que primeiro lutou contra os mexicanos e depois contra as tropas do governo norte americano. Foi preso como “índio renegado” e após 22 anos na prisão foi morto.
Essa mesma mentalidade sedimentou a escravidão dos negros africanos, ancestrais do atual presidente Barack Obama, ancestrais apenas na cor da pele. Foi a mentalidade que forjou as teorias e as ações racistas da Ku Klux Klan. Perseguiu, torturou, matou, queimou igrejas, estuprou negras escravas.
Quando Barack Obama foi eleito presidente dos EUA fiquei feliz, fiz um sermão, escrevi artigos. Tentei não ser ingênuo e afirmei que apesar de tudo ele era norte americano, mas um negro como presidente. Puxa!!! Isso me remetia ao pastor Martin Luther King Jr., Malcon X, aos índios espoliados e mortos pelos brancos sanguinários, aos negros escravizados e que só haviam conseguido seus direitos civis após muitas lutas e muitas mortes.
A operação secreta que matou Osama Bin Laden recebeu o codinome de Gerônimo. Que desrespeito contra o líder de um povo bravio. As nações indígenas orgulham-se de seus líderes e elas tem muito a nos ensinar. A morte de Bin Laden, como foi noticiada, a covardia do ataque, o sequestro do corpo, o desrespeito às normas internacionais. Não quero afirmar ou defender nenhum ato terrorista, venha de onde vier. Tudo isso mostra que Barack Obama é o mesmo e reflete a mesma mentalidade de 235 anos atrás. A cor da sua pele não significa nada. Por baixo da pele negra existe um WASP (anglo saxão, branco e protestante), cuja meta exclusiva na vida é seguir o pacto do Mayflower e o Destino Manifesto, como a grande nação que é o xerife do mundo. O espetáculo produzido por esse “presidente” serviu para levar boa parte da nação que foi erigida sob os valores da Bíblia Sagrada a dançar, pular, gritar nas ruas e se alegrar com a morte de pessoas. Assim como fizeram no passado massacrando os índios e os negros.
Ontem eu fui dormir lendo “A Interpretação dos Sonhos” de Sigmund Freud, volume 1º. Estava impressionado com todas as informações dos jornais e com a leitura. Acordei um pouco assustado. Sonhei. É tive um sonho. E no sonho matei Barack Obama. 
 fonte: http://pastorlonguini.blogspot.com/2011/05/eu-matei-barack-obama.html

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cristãos em defesa dos homossexuais


 Hermes Fernandes

Ficou escandalizado com o título do artigo?

Pois muito mais escandalizados ficaram os detratores daquela mulher pega em flagrante adultério, quando desarmados pela pergunta de Jesus. 

Que Deus é contrário ao adultério, não pode haver qualquer dúvida. Ele corrompe relações, destrói lares, e de quebra, destroça a alma. Jamais encontraremos Jesus dizendo uma só palavra em apoio a este tão danoso pecado. Entretanto, lá estava Ele, se entrometendo em questão alheia, em defesa de uma adúltera. 

Seu argumento foi imbatível: Quem não tivesse pecado, que se atrevesse a atirar a primeira pedra. Não duvido que alguns dos que se dispunham a executá-la sumariamente, haviam tido caso com ela. Talvez, o  que os motivasse fosse uma espécie de “queima de arquivo”. Outros sequer a conheciam, mas em nome da moral e dos bons costumes, carregaram-se de pedras. Todos, porém, tinham algo em comum: o pecado. Nem todos eram adúlteros, mas alguns eram corruptos, outros difamadores, alguns mentirosos, outros dissimuladores, e por aí vai… Jesus os desmonta! 

Mas será que valia a pena expor-se daquela maneira por uma despudorada? 

A bem da verdade, Jesus nunca se preocupou com a opinião pública. Se fosse hoje, alguém o classificaria de liberal, ou qualquer outra categoria humana. Do ponto de vista do marketing, defender aquela mulher era cometer suicídio. Sua popularidade cairia. Sua moral seria questionada. Sua imagem maculada. 

Às favas com a imagem! Muito maior valor tinha aquela vida! 

E se fosse hoje? Se Jesus flagrasse um homossexual prestes a ser linchado, Ele igualmente o defenderia?
Os ‘puritanos’ dirão que não! 

Bicha tem mesmo é que morrer!” Dá pra acreditar que já ouvi isso da boca de gente que diz servir a Deus?
Defendemos o direito dos fetos à vida, mas somos insensíveis ao ponto de não defendermos o mesmo direito para os homossexuais. Em vez disso, preferimos nos entrincheirar contra a comunidade gay, apontando o seu pecado, e nos fazendo o seu inimigo número 1. Há, inclusive, razões políticas para isso. Boa parte dos deputados que formam a bancada evangélica foi eleita em cima da “ameaça” do que eles chama de ditadura homossexual. 

Enquanto isso, o número de homossexuais assassinados em nossas cidades cresce drasticamente.
Será que um ativista gay pararia pra ouvir nossa mensagem, enquanto nos posicionamos contra suas reivindicações? 

Não estou aqui afirmando que tais reivindicações sejam justas ou não. Caberá à sociedade com um todo julgá-las. 

Mas talvez, se fizéssemos manifestações que denunciassem a violência sofrida por eles, ganharíamos seu coração, e assim, eles se disporiam a nos ouvir. 

Semelhante àquela mulher adúltera, os homossexuais já têm muitos acusadores. Que nos posicionemos ao lado de Jesus para defendê-los, em vez de ao lado de seus detratores para persegui-los! 

Não estou, com isso, endossando seu estilo de vida. Assim como Jesus não endossou o adultério. Pecado é pecado, e ponto. Não há o que negociar. Porém, quem estabeleceu uma hierarquia para os pecados foi a religião, não Jesus. A prática homossexual é tão pecaminosa quanto mentir ao declarar seu imposto de renda. Antes de apedrejá-los, pense nisso. 

O que os gays precisam é de alguém que os ame, os acolha, em vez de acusá-los e rechaçá-los. 

Creiam-me. Não estou aqui buscando ser politicamente correto, nem tentando fazer proselitismo. 

Possivelmente este artigo desagradará tanto a gregos, quanto a troianos. Porém, minha consciência se tranquiliza por saber que estou saindo em defesa da vida, e não de uma prática ou de uma agenda política. 

Não posso me calar enquanto a cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil por conta de sua opção sexual. Ora, se a prática homossexual é pecado, a homofobia também o é. 


fonte: http://www.genizahvirtual.com/2011/03/cristaos-em-defesa-dos-homossexuais.html

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O coelho já não pula mais

Aleluia Heringer Lisboa Teixeira

Lá estão eles novamente invadindo meus pensamentos. Por detrás das grades de uma das centenas de celas de um galpão industrial lançam um olhar cinza e sem alegria. Apesar de se apresentarem nessas condições, eles são, paradoxalmente, o foco das atenções e ocupam todo o caderno Agropecuário do jornal Estado de Minas, do dia 18 de abril deste ano. Com o título "Coelhos vedetes da Páscoa", é anunciado que "o preço do coelho vivo chega a triplicar nesta semana".
No Mercado Central, em Belo Horizonte, um animal custa, normalmente, cerca de R$10. De hoje até domingo, esse valor pode saltar para até R$30. Festa para os pequenos produtores, responsáveis por grande parte das vendas dos coelhinhos de companhia nas lojas de animais.
Apossaram-se do coelho e o transformaram em mercadoria. Dentre as vantagens de se investir nesse "negócio", está a possibilidade do "confinamento", ou seja, acomodar muitos animais no mínimo de espaço. "Uma população grande pode ser criada em espaço pequeno e com necessidade de poucos funcionários".
Coelhos apertados em pequenas gaiolas, sem a mínima condição de correr ou pular. Essa é uma imagem bem diferente daquela que cantava quando criança: "o coelhinho pula, sim pula, sim pula". Quem pula agora é o lucro financeiro daqueles que investem nesse "negócio".
O produto ou a mercadoria "coelho" vem dividido em subprodutos. Vivo ou morto, aproveita-se tudo.
O mercado de coelhos vai bem além do nicho voltado para a negociação dos animais vivos (de companhia). A produção e a venda da carne e pele voltam a despontar como alternativa de negócio rentável e com forte potencial.
Como "animal de companhia", o coelhinho é o "fofinho", inspiração para inúmeros bichinhos de pelúcia. Este é um dos motivos apontados na reportagem para a pouca tradição do brasileiro em comer a carne de coelho: "a maioria das pessoas tem dó de consumi-la". Nesse ponto fica em evidência outra forma de classificar os animais, agora como "animal de carne". Segundo o criador de coelhos, Maurício Alves Moreira, os animais são criados em galpões, confinados em gaiolas suspensas. Com 80 dias de vida vão para o abate, com peso médio de 2,3 quilos. Chamo a atenção aqui para o fato de que um coelho saudável pode viver entre 5 e 10 anos. Comercializamos só a cabeça, coração, fígado e rim'', afirma Moreira, proprietário do Sítio Fonte Galega, que conta com um abatedouro e toda a produção é vendida para frigoríficos do Mercado Central, em Belo Horizonte.
"Até o fim do ano quero abater 1 mil animais por mês e entrar também nas vendas dos supermercados'', diz Moreira. O quilo do coelho é vendido pelo valor médio de R$14 aos frigoríficos. A pele do animal é congelada e comercializada para uma produtora de casacos. Cada unidade é vendida por R$2".
Na sequência do ciclo que aproveita tudo do coelho, entra em cena Aloíse Lima, comerciante de peles de coelho há 25 anos e que, mensalmente, compra cerca de 2.000 unidades de fornecedores de Minas e São Paulo. Seus produtos incluem casacos, bolsas e cachecóis, e são vendidos em lojas de bairros sofisticados da capital e em shoppings, como o Diamond Mall. Entre os seus clientes, grifes de peso, como Alphorria e Basic Blue. A comerciante fala da dificuldade em conseguir mão de obra qualificada para trabalhar a "mercadoria": "a pele precisa ser cortada com estilete, no ar; não podemos apoiar na mesa. Se isso acontece, cortamos o pelo".
A reportagem não trata de outra grande "utilidade" dos coelhos para os "humanos", que consiste em usá-los em testes que medem a ação nociva dos ingredientes químicos, encontrados em produtos de limpeza e cosméticos. Tais ingredientes são aplicados diretamente nos olhos dos animais conscientes. Por ironia, seus olhos grandes facilitam a observação dos resultados. Para evitar que arranquem seus próprios olhos (automutilação), os coelhos são imobilizados em suportes, de onde somente as suas cabeças se projetam. É comum seus olhos serem mantidos abertos permanentemente através de clipes de metal que seguram suas pálpebras. Durante o período do teste, os animais sofrem dor extrema uma vez que não estão anestesiados. A sessão de tortura não para por aí. Embora 72 horas geralmente sejam suficientes para a obtenção de resultados, a prova pode durar até 18 dias. Muitas vezes, usam-se os dois olhos de um mesmo coelho para diminuir custos. As reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris, úlceras, hemorragias ou mesmo cegueira. No final do teste os animais são mortos para que sejam averiguados, internamente, demais efeitos das substâncias experimentadas.
É o fim! Termino aqui estarrecida com tantos "exemplos" de humanidade e entendendo porque "a criação geme com dores de parto".

Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da Criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante"
Albert Schweitzer (Prêmio Nobel da Paz - 1958)

fonte: http://www.plataformaterraqueos.org.br/visualizacao_de_fique_por_dentro/pt-br/ver_noticia/72

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Petição reivindica retorno de metodistas ao movimento ecumênico

Quarta-feira, 4 de maio de 2011 (ALC) - Metodistas confessantes estão recolhendo assinaturas para encaminhar petição ao 19o Concílio Geral da Igreja, que terá lugar em Brasília, dias 9 a 17 de julho, reintegrando o metodismo brasileiro em organismos ecumênicos que tenham a participação da Igreja Católica Romana. A retirada da Igreja Metodista de tais organizações foi tomada no 18o Concílio, em 2006. 

A decisão de 2006, alegam metodistas confessantes, "fere princípios fundamentais do Evangelho e da tradição metodista", e afronta o testemunho histórico do metodismo. "Entendemos que as Santas Escrituras expõem ser parte do projeto salvífico de Deus, revelado em Jesus Cristo, que persigamos a unidade da Igreja e que a divisão desta é um escândalo à fé cristã", reza o texto da petição.

Esse segmento do metodismo brasileiro confessa sua incapacidade de obediência à decisão do 18o Concílio, não por indisciplina ou insubmissão, mas porque ela constrange à obediência do mandamento de Cristo para que todos sejam um.

"A busca e vivência da unidade da Igreja, como parte da missão, não é optativa, mas uma das expressões históricas do Reino de Deus. Ela procede do senhor Jesus Cristo e é realizada por meio do Espírito Santo, pela rica diversidade de dons, ministérios, serviços e estruturas que possibilitam aos cristãos trabalhar em amor na construção do Reino de Deus até a sua concretização plena", argumentam os metodistas confessantes.

Eles esclarecem que a "unidade visível" não significa a reunião de todas as igrejas numa única estrutura eclesiástica e nem a adoção de posturas hegemônicas em questões de ritos ou dogmas, mas uma capacidade dialogal típica da que foi defendida por João Wesley, fundador do metodismo.

Os confessantes lembram que nem todos pastores e pastoras que defendem a postura ecumênica assinarão a petição, pois temem "represálias que têm ocorrido em alguns de nossas regiões eclesiásticas."

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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC)
Edição em português: Rua Ernesto Silva, 83/301, 93042-740 - São Leopoldo - RS - Brasil
Tel. (+55) 51 3592 0416

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Hitler, Roberto Jefferson e eu

Manu Magalhães

Um estudo feito na universidade há alguns anos, substituiu o texto bíblico de João 8 por uma paráfrase, em que Jesus andava pelas calçadas de Brasília quando a Polícia Federal lhe apresenta Roberto Jefferson. Ao ser questionado sobre a atitude a ser tomada, Jesus rabisca seu bloquinho e responde: "Aquele que nunca cometeu um erro, aperte a primeira algema".

Esse texto, assim interpretado, me causou muito desconforto. Fiquei imaginando se a paráfrase se desse na Alemanha e Jesus dissesse ao exército que deteve Hitler: "Aquele que nunca cometeu um erro, que aperte o primeiro gatilho".

Toda paráfrase é obviamente deficiente, e reconheço a gritante desproporção das consequências sociais do pecado da mulher adúltera, de Jefferson e de Hitler. Entretanto, o ponto não é analisar a crueldade do pecado, mas evidenciar a grandeza e o escândalo do perdão divino.

Houve um Deus que, por causa dos erros dos homens, deixou de lado sua glória e majestade supremas para sentir a fundo a dor e a alegria de ser um humano. Só isso já seria suficiente para nos levar a mão à boca, mas ainda há mais. Esse Deus, em nossa pele, teve desejos tão intensos e tão "incontroláveis" como nós, sede de poder, de aceitação, tentações das mais abomináveis às mais sutis. Entretanto, resistiu. Esse Deus encarnado poderia usar tal prerrogativa para ser implacável com nossas falhas. Porém, para nosso espanto, cedeu misericórdia à justiça e usou sua experiência humana para criar uma ponte. Ele se fez um de nós para fazer de nós um com ele.

É com essa perspectiva que releio o pequeno estudo, confrontando o sentimento do Deus encarnado, o Cristo, com os meus. Por que me causa incômodo pensar que ele perdoaria (ou melhor, perdoa) pessoas tão abomináveis? Por que meu primeiro impulso é encontrar erros nessa paráfrase, fazer ressalvas ou questionar a validade do exercício criativo em vez de me sentir profundamente agradecida por ele haver se importado com pessoas tão desprezíveis como Jefferson, Hitler e "eu"?

O perdão ensinado por Cristo não visava esmigalhar a estima de quem errou, tampouco engrandecer sua própria retidão e justiça. Sua meta era reconciliar. É por isso que o perdão genuíno é tão importante nos relacionamentos. Ainda que alguém tenha cometido alguma injustiça contra mim, não há motivos para que eu a humilhe por seus erros ou louve a correção de minha conduta. O exemplo de Cristo não ignora pecados e virtudes, mas não é a eles que enfatiza. Perdão que não reconcilia não passa de mera desculpa.

O perdão que Cristo propõe é custoso. Engolir o próprio ego e, tendo o poder de castigar, preferir não acusar quem nos prejudicou, não é tarefa indolor. Nossa tendência é pensar que estamos sendo condescendentes com o erro quando, na verdade, estamos apenas promovendo a libertação. Ao perdoar, libertamos o outro da culpa e a nós mesmos do ressentimento e do orgulho. O perdão não faz o outro ascender ao nosso nível, mas eleva ambos ao nível de Cristo. Este, sim, é o verdadeiro escândalo do perdão.

Manu Magalhães tem 24 anos, é jornalista e gosta de trabalhar com música e discipulado.

fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/329/hitler-roberto-jefferson-e-eu

domingo, 1 de maio de 2011

A teologia arminiana

1. A respeito de Deus
Deus é soberano, sem ninguém para impor-Lhe limites, exceto Ele mesmo. Ele cria o homem e a mulher à sua Imagem e Semelhança, e Se revela a eles das mais variadas formas, sendo a última, definitiva, em Jesus Cristo. A revelação é prova do interesse divino na capacidade receptiva do homem.

2. A predestinação
A predestinação ocorre em função da presciência divina. À medida que Ele sabe quem responderá favoravelmente ao Evangelho, os predestina. Ou seja, a predestinação é uma consequência de uma decisão humana.

3. O homem
Um ser racional, capaz de tomar decisões autônomas e ser responsável por elas.

4. O pecado
Endossando o dito de Agostinho, " pecado é de tal modo um mal voluntário, que não pode ser de modo algum pecado até que seja voluntário", o homem cedeu ao pecado porque assim o escolheu, de modo livre e soberano, sem ser a isso impelido por força nenhuma que não o seu desejo. Ele é, portanto, completamente responsável pelo ato.

5. Decreto eterno de Deus
Deus estabeleceu um "decreto gracioso": desde a eternidade Ele estabelecera que enviaria seu Filho ao mundo, de tal modo que todos os que nEle crescem seriam justificados e salvos. Pela aceitação do sacrifício de Cristo é que o pecador seria eleito, e não eleito para aceitar o sacrifício. A salvação ocorre em duplo movimento: Deus fornece o meio, o homem voluntariamente o aceita.

6. A obra de Cristo
A obra de Cristo tem alcance universal - seu sangue é suficiente para justificar toda a humanidade. Basta o arrependimento individual.

7. A graça de Deus
A graça de Deus é a ação operante do Espírito Santo junto ao homem que, apesar do pecado, ainda retém a capacidade de dizer sim ou não ao chamado divino. Esta graça é dada gratuitamente, sem mérito algum por parte do homem, sendo a todos distribuída.

8. A perseverança
Deus nunca deixa de assistir seus filhos, mas estes podem desviar-se da fé.

fonte: Arminianismo e metodismo, de José Gonçalves Salvador, publicado pela Junta Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista do Brasil, disponível em http://perspectivasarminianas.blogspot.com/2011/03/arminianismo-e-metodismo-jose-goncalves.html