domingo, 15 de maio de 2011

Eu matei Barack Obama

Luiz Longuini Neto
Cursei teologia numa escola com forte influência norte americana. O pano de fundo histórico da igreja a que eu pertencia, lá no interior paulista, era formado pela ação de missionários norte americanos que aportaram em terras brasileiras pelos idos de 1860.
Fui formado teologicamente para entender que os Estados Unidos da América do Norte tinham uma missão importante no mundo. Salvar não só as almas dos pobres pecadores do terceiro mundo, como também levar os valores da democracia, liberdade, livre iniciativa a todos os povos atrasados.
O nome bonito que os professores davam a essa missão era “Destino Manifesto”. Essa missão havia sido pactuada entre os “pais peregrinos”, aquela mistura de gente anglo-saxã, que fugindo das guerras inglesas navegaram para a “nova Inglaterra” num barco chamado Mayflower. No meio de uma tempestade, com a bíblia no meio do barco e todos ajoelhados fizeram um pacto: se Deus os levassem com vida à terra firme eles constituíram uma nação cujos valores estariam assentados na Bíblia Sagrada. Esse pacto e a doutrina do “Destino Manifesto” forjaram as lutas daquele povo, em especial das 13 colônias, e desde 1776, quando foi promulgada a declaração de independência dos EUA, fazem parte do ideário ou da mentalidade de cada cidadão norte americano.
O mais interessante é que 235 anos depois essa mentalidade nada mudou. Foi esse ideário que levou os norte americanos à marcha para o oeste em busca de ouro e terras. Mataram índios, dizimaram famílias. O símbolo de resistência dessa colonização foi Gerônimo (1829-1909) um índio apache que primeiro lutou contra os mexicanos e depois contra as tropas do governo norte americano. Foi preso como “índio renegado” e após 22 anos na prisão foi morto.
Essa mesma mentalidade sedimentou a escravidão dos negros africanos, ancestrais do atual presidente Barack Obama, ancestrais apenas na cor da pele. Foi a mentalidade que forjou as teorias e as ações racistas da Ku Klux Klan. Perseguiu, torturou, matou, queimou igrejas, estuprou negras escravas.
Quando Barack Obama foi eleito presidente dos EUA fiquei feliz, fiz um sermão, escrevi artigos. Tentei não ser ingênuo e afirmei que apesar de tudo ele era norte americano, mas um negro como presidente. Puxa!!! Isso me remetia ao pastor Martin Luther King Jr., Malcon X, aos índios espoliados e mortos pelos brancos sanguinários, aos negros escravizados e que só haviam conseguido seus direitos civis após muitas lutas e muitas mortes.
A operação secreta que matou Osama Bin Laden recebeu o codinome de Gerônimo. Que desrespeito contra o líder de um povo bravio. As nações indígenas orgulham-se de seus líderes e elas tem muito a nos ensinar. A morte de Bin Laden, como foi noticiada, a covardia do ataque, o sequestro do corpo, o desrespeito às normas internacionais. Não quero afirmar ou defender nenhum ato terrorista, venha de onde vier. Tudo isso mostra que Barack Obama é o mesmo e reflete a mesma mentalidade de 235 anos atrás. A cor da sua pele não significa nada. Por baixo da pele negra existe um WASP (anglo saxão, branco e protestante), cuja meta exclusiva na vida é seguir o pacto do Mayflower e o Destino Manifesto, como a grande nação que é o xerife do mundo. O espetáculo produzido por esse “presidente” serviu para levar boa parte da nação que foi erigida sob os valores da Bíblia Sagrada a dançar, pular, gritar nas ruas e se alegrar com a morte de pessoas. Assim como fizeram no passado massacrando os índios e os negros.
Ontem eu fui dormir lendo “A Interpretação dos Sonhos” de Sigmund Freud, volume 1º. Estava impressionado com todas as informações dos jornais e com a leitura. Acordei um pouco assustado. Sonhei. É tive um sonho. E no sonho matei Barack Obama. 
 fonte: http://pastorlonguini.blogspot.com/2011/05/eu-matei-barack-obama.html

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