Nota inicial:
A discussão atual em relação à homossexualidade e aos homossexuais, que engloba, entre outros temas, a união civil, a adoção de crianças e a lei da homofobia, esquenta cada vez mais, ampliando o debate, causando rupturas, expondo bons e maus testemunhos do agir cristão. Entendo que é uma briga também de feridos, de ambos os lados.
Por enquanto, apenas setores chamados "conservadores" tem aparecido, inclusive por serem eles os financiadores da assim chamada "bancada evangélica".
Amplio a discussão distribuindo outras reflexões cristãs, pois não creio que a fé cristã seja incompatível com o debate, e nem que a salvação eterna dependa de outra coisa que não da aceitação do senhorio de Jesus Cristo e de sua morte em meu lugar.
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Os direitos LGBTT e a fé cristã
Marcos Botelho
Vou tentar escrever algo sobre esse assunto pois tenho visto muitos  exageros e erros da parte protestante e da parte dos homossexuais. Com  este artigo, não quero fechar a questão, mas clarear um pouco o debate.
A fé cristã sempre foi uma fé voltada para a história, para a vida e qualquer um.
Vemos na História vários exemplos de homens e mulheres de Deus  intervindo para um direito que priorize a vida e a todos. A lei sobre a  jornada de 8 horas de trabalho, por exemplo,  foi proposta por um pastor  evangélico na Inglaterra, os movimentos sindicais vieram dos cristãos, a  profissão de enfermeira e a cruz vermelha também. Entre muitos outros  exemplos, eles queriam fazer a diferença para todos.
No Brasil, o protestantismo lutou por muito tempo por um estado laico, por leis para todos os brasileiros!
A primeira igreja evangélica de brasileiros no Brasil, “Igreja  Evangélica Congregacional Fluminense” colocou em seu estatuto que  qualquer proprietário de escravos teria que alforriar seus escravos  antes de se tornar um membro da igreja.
Antes, se alguém não fosse católico, não tinha DIREITO a carteira de identidade ou a ser enterrado em um cemitério.
As escolas evangélicas vieram para o Brasil com bolsas para os mais  pobres, e eram acusadas de promíscuas por deixarem homens e mulheres  estudarem juntos.
Mesmo os evangélicos não querendo que, em suas igrejas, os cristãos  se divorciassem, lutaram dos anos 1930 aos 1960 pelo direito ao  divórcio, pois a indissolubilidade matrimonial é um dogma Católico  Romano que não podia ser imposto aos protestantes, judeus e outras  crenças. O projeto do direito ao divorcio entrou  câmara dos deputados  por um deputado presbiteriano.
Depois disso tivemos uma terrível ditadura onde perdemos muito de  nossa identidade protestante e passamos a pensar que política e  cristianismo não são compatíveis. E vendo alguns políticos  “evangélicos”, caio na tentação de quase acreditar nessa mentira também.
Hoje, vendo a luta do movimento LGBTT, lendo a PL122 e pensando no  nosso compromisso cristão por uma sociedade para todos com as leis  laicas, penso que o direito ao casamento, a herança e outros direitos  civis dos homossexuais deveriam ser garantidos por lei e defendidos por  nós protestantes, pois se sofremos um preconceito no passado por leis  baseadas na fé dos “outros” que iam contra os nossos direitos, por que  agora que temos voz garantida não vamos lutar pelos outros?
O Estado deve continuar sendo laico e as leis devem garantir o  direito a todos, sejam eles LGBTT ou héteros. Nós evangélicos deveríamos  ser a voz em defesa (dos direitos legais) dos homossexuais que são  agredidos nas esquinas todos os meses em nosso país.
Se fizéssemos isso, não teríamos que enfrentar o problema de um  projeto de Lei absurdo (PL122) que trata a homossexualidade não com uma  escolha, assim como eu escolhi ser evangélico, e sim como algo natural  como cor de pele, idade, nacionalidade.
Ninguém escolhe ser negro ou branco, ser idoso ou criança, índio ou  africano, mas temos o direito, pelo Estado, de escolher a nossa religião  e a nossa opção sexual. E ambas devem ser tratadas como uma escolha,  onde podemos contestar, criticar, discordar, mas SEMPRE respeitar.
Esta lei tenta corrigir um erro histórico contra a classe LGBTT, mas  cai em outro erro por querer amordaçar o direito de simplesmente falar:  Eu não acho que a opção homossexual seja uma opção correta para a vida,  mas respeito qualquer um que optar por este caminho”.
No fim das contas, não sei se toda esta discussão é porque nós  cristãos não estamos fazendo a nossa parte e lutando para o direito de  todos: o de escolher livremente a sua opção sexual e o de falar que  discorda!
os destaques em vermelho são deste blog, e não do artigo original
 
 
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