terça-feira, 16 de julho de 2013

Evangélicos sob inquisiação - III

Eduardo Ribeiro Mundim

o bullying cristão

Na seção curtas e diretas da Revista Cristianismo Hoje, de julho-agosto 2013 (pg 7 da revista) há uma pequena nota: "adolescentes cristãos americanos estão se mobilizando contra o que chamam bullying cristão. Eles protestam por serem considerados "fanáticos" e de "mente fechada" pelos colegas e pedem mais abertura para expressões de fé nas escolas". (atalho)

Aprendi, no exercício de minha profissão de médico, a me colocar no lugar do meu cliente / paciente, a fim de ver o seu ponto de vista, ver sua queixa como se fosse minha. Adotando o mesmo procedimento, coloco-me no lugar de um ateu que escuta um crente dizer que ele não tem um comportamento aceito por Deus.
Bem, se meu comportamento é inaceitável, ele é imoral; e, por extensão, eu sou imoral. Mas eu não acredito nesta divindade, e não há lei que me obrigue a tal. Portanto, que direito esta pessoa tem de vir fazer um julgamento moral sobre mim baseada numa alucinação religiosa?

Ora, se nós queremos o direito de expor o que acreditamos ser o ensino de nosso Deus, Senhor e Pai, e falarmos claramente do pecado do outro, por que não dar o mesmo direito a este outro, que se recusa a reconhecê-Lo como Deus, ou Senhor, ou Pai, de expressar o que pensa a nosso respeito? Não usamos a expressão "terroristas islâmicos"? "fanáticos xiitas"? Mas eles não se consideram assim. Qual é, exatamente, o sentimento que temos ao ler o salmista que proclama "diz o tolo / insensato / néscio no seu coração: não há Deus"? Seria este sentimento o mesmo daqueles que nos chamam de "fanáticos" e de "mente fechada"?
Acreditamos em milagres. Maria era virgem e Jesus Filho do Deus Altíssimo. Morreu pelos nossos pecados.
Para o descrente, o que esta mensagem parece? ignorância? superstição?
Quando não se consegue sentar no lugar do outro, como mero exercício acadêmico, ou como recurso para um diálogo produtivo, não seria correto usar o adjetivo de "mente fechada"?
Posso dizer que o outro é imoral, mas ele não pode dizer o que pensa ao meu respeito?
Pelo que depreendi de alguns artigos do Luiz Felipe Pondé, na Folha de São Paulo, este tipo de comportamento, que se melindra com a opinião do outro, é infantilidade. Estou inclinado a concordar com ele quase que em 100%.

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