domingo, 14 de julho de 2013

Evangélicos sob inquisição - II

Eduardo Ribeiro Mundim

o caso feliciano
Suzana Singer, "ombudsman" da Folha de São Paulo levanta questões de técnica / ética jornalística importantes em uma de suas considerações sobre a cobertura do episódio Marco Feliciano (atalho). Mas há um aspecto neste caso que temos que considerar. O Feliciano acaba sendo o ícone do "jeito evangélico de fazer política". Por que ele, do baixo clero da câmara (apesar dos seus votos), suplanta uma figura como o ex-deputado mineiro do PT, Gilmar Machado, batista e político experiente?
Enquanto ícone do "jeitinho evangélico de fazer política" o Feliciano destrói, do meu ponto de vista, o esforço que outros evangélicos (que vou chamar de "sérios", como o Gilmar - nota de rodapé: por discordar de alguns deslizes dele, ele não recebeu meu voto na última eleição para a câmara federal) têm feito para ajudar na construção do país. Para ser exato, vejo como erros básicos do Feliciano (e do grupo de políticos que representa), que são prejudiciais (aos evangélicos reais e, até certo ponto, a causa do Reino):
  • visão de que temos que transformar a sociedade brasileira em uma extensão do Velho Testamento - uma teocracia dirigida por pastores evangélicos
  • visão de que temos uma mensagem política de qualidade superior às dos demais e de que estes erram imperdoavelmente ao recusarem esta mensagem
  • visão de que todos têm a obrigação de entender automaticamente nosso ponto de vista a partir de nosso linguajar próprio, não sendo necessário traduzi-lo para o comumente usado
  • a este último está ligada intimamente a visão de que os não crentes têm que se dobrar à ética escriturística mesmo não acreditando nela, ou em Deus ou deuses
  • como consequência final, a visão de que, inclusive enquanto políticos, os evangélicos são pessoas melhores que as outras, sempre tendo razão, por serem predestinadas por Deus àquela função legislativa

Nunca ouvi um político evangélico defender os pontos acima. Mas não são estas as ideias passadas de modo subliminar pelo discurso, pela postura, pelos atos? Não cabe nesta descrição o Silas Malafaia?
Não terá sido um grande erro político, com sérios danos aos evangélicos sérios, o Feliciano e companheiros terem se apossado da comissão de direitos humanos e numa manobra de 180º mudar seu percurso histórico em pouquíssimo tempo? Não foi uma insensibilidade? Não parece se encaixar nas observações que fiz acima?

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