Eduardo Ribeiro Mundim
o caso do pastor criminoso
não discordo que
escândalos envolvendo líderes religiosos garantem uma renda extra aos
jornais e semanários, das mais diversas ideologias. E se os evangélicos
despontaram como força política nos últimos anos (e têm feito questão de
mostrar seus "músculos") associam-se dois aspectos rendosos para a
mídia: o político e o religioso.
há um aspecto que temos que pensar. Quais candidatos
apresentam-se aos seus eleitores através de sua profissão? Já vi "dr
fulano" (no caso, médico); mas não vi "psicólogo siclano", "advogado
tal", "padeiro X". Mas já vi "bispo tal", "pastor qual", "padre fulano".
Dentre as profissões, ou mesmo vocações, a mais próxima do divino é a
sacerdotal. E do sacerdote se espera, injustamente, além do humano; se
esperam projeções de fantasias que não podem ser reais. E talvez as
pessoas nem se deem conta disto.
pois quando um pastor é flagrado cometendo crimes que, em
nenhuma hipótese poderiam ter sido cometidos, ele cai na rede duas
vezes: o político "corrupto" e o religioso "mentiroso" (que se fez
passar por algo que não é).
além da questão do evangélico hoje ser vidraça à
disposição de qualquer engraçadinho que queira quebrá-la, acredito
existir esta outra, objetiva: o comportamento denunciado não é
compatível com o título / rótulo que se apresenta publicamente. É possível que seja inocente. Mas foi então descuidado no seu ministério pastoral e flagrado em situação de dubiedade, que mina a confiança na sua vocação pastoral e desperta dúvidas honestas sobre sua retidão pessoal.
e a situação piora quando o pastor não é de uma
denominação histórica (posso estar enganado, mas raramente a imprensa se
refere ao protestantismo histórico como "seita"), pois graças a outros
escândalos (ou situações difíceis de explicar - a mansão do Mário de
Oliveira, por exemplo) ligados ao uso do dinheiro ou às exortações
pouco cuidadosas ao dízimo dentro da IURD já se parte do "pré-conceito"
de que aquela comunidade de fé não é séria; apenas um meio de uma pessoa
esperta enriquecer. E se esta comunidade tiver alguma peculiaridade
pouco usual, pior ainda.
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