quarta-feira, 15 de abril de 2009

Diário de Wesley, maio de 1736

Quarta-feira, 5 de maio. Solicitaram que eu batizasse um dos filhos do Sr. Parker, oficial adjunto de Savannah, mas a Sra. Parker me disse, "Nem o Sr. P. [Parker] nem eu damos permissão que ele seja imerso." Eu respondi, "Se você 'atestar que seu filho esteja fraco, será suficiente (como diz a regra) despejar água sobre ele.'" Ela respondeu, "Não, a criança não está fraca, mas estou decidida que ela não será imersa." Este argumento eu não podia contrariar, então fui para casa, e a criança foi batizada por outra pessoa. 

Domingo, 9. Comecei a dividir as orações públicas, conforme a ordenação original da Igreja (ainda observada em alguns locais da Inglaterra): o culto da manhã começava às cinco, o ofício da comunhão (com o sermão) às onze, o culto do final do dia por volta das três, e neste dia comecei a ler as orações na corte judicial – um lugar amplo e conveniente [Savannah, na época, não tinha nenhum lugar dedicado ao culto]. 

Segunda-feira, 10. Comecei a visitar meus paroquianos em ordem, de casa em casa. Para isso reservei o período em que eles não podiam trabalhar, por causa do calor, a saber, de meio-dia às três da tarde. 

Domingo, 16. À noite fomos surpreendidos pelo meu irmão, que acabou de chegar de Frederica. Depois de alguma conversa, deliberamos sobre como o pobre povo de lá poderia ser cuidado durante sua ausência: e foi finalmente combinado que o Sr. Ingham e eu nos revezaríamos em assisti-los, sendo eu o primeiro. Sendo assim, na terça-feira, 18, caminhei até Thunderbolt, de onde, na tarde seguinte, partimos em um pequeno barco. À noite, atracamos em Skidoway, e tivemos uma pequena mas atenciosa congregação que se uniu a nós na Oração da Noite. 

Sábado, 22. Quatro da tarde aproximadamente, atingimos Doboy Sound. O vento, que estava bem à frente, ficou tão violento quando entramos em seu meio, e o mar tão agitado, estando em redemoinho junto à baía, que o barco esteve a todo momento prestes a afundar. Mas foi a vontade de Deus nos conduzir ilesos até o outro lado em meia hora, e para Frederica na manhã seguinte. Tivemos orações públicas às nove, às quais estiveram presentes dezenoves pessoas, e (acho) nove comungantes. 

Sexta-feira, 28. Li a Oração Comendatória do Sr. Germain, que se encontrava às portas da morte [Inserida em 1662, no Livro da Oração Comum, a prática da oração comendatória deveria ser feita a alguém que estivesse próximo de partir deste mundo]. Ele tinha perdido a fala e os sentidos. Seus olhos estavam imóveis,  e também não se percebia nenhum movimento senão o arfar de seu peito. Enquanto estávamos de pé à sua volta, ele estendeu os braços, coçou a cabeça, recuperou a vista, fala e entendimento, e imediatamente, mandando chamar seus encarregados, pôs em ordem os negócios da família, e então deitou e morreu. 

Ao primeiro culto do domingo, 30 de maio, estiveram presentes somente cinco; no segundo, vinte e cinco. No dia seguinte fiz o testamento do Sr. Lassel, que, apesar de sua imensa fraqueza, foi totalmente restaurado quando se fez alguma menção da morte ou da eternidade.

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Tradução: Paulo Cesar Antunes

fonte: http://www.metodistasonline.kit.net/diariodewesleymaiode1736.htm

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