Eduardo Ribeiro Mundim
Nestes últimos dias um mesmo fato ocorreu em dois lugares diferentes: adultos inseriram em crianças de 2 anos diversas agulhas. Uma delas está internada em uma unidade de tratamento intensivo em Salvador, onde já foram retiradas agulhas do tórax (incluindo uma que transfixava (?) o coração); a outra, fato cronologicamente mais antigo, no Maranhão, ainda em observação. A primeira, talvez vítima de um psicopata (ou mais de um) ou de um ritual mágico com intenções amorosas e a segunda ainda por esclarecer.
Apenas com o objetivo de trazer o assunto para discussão, vamos assumir que a motivação seja religiosa / mágica. Os adultos, neste caso, têm o direito de fazer o que fizeram para atingir seus objetivos mágico / religiosos?
O sentimento provavelmente predominante causado por estas duas tragédias é de repugnância. Pela crueldade impetrada a crianças indefesas; pela ineficácia, aos olhos da grande maioria da população, do ato frente ao objetivo desejado (garantir a fidelidade da amante no primeiro caso); pela pobreza de visão e escolaridade dos adultos.
Talvez os únicos que não se revoltaram foram os psicopatas (segundo recente entrevista de uma especialista em um jornal de Belo Horizonte eles seriam 4% da população). Portanto, a condenação seria quase unânime.
Mas e se o evento fosse uma criança que morresse devido a não transfusão de sangue, rejeitada pelos pais? e se fosse um adulto que se recusasse a submeter-se ao tratamento de um câncer plenamente curável?
Tais questões trazem à tona um dos maiores conflitos bioéticos e religiosos a serem resolvidos: até onde é possível se permitir o livre exercício de uma crença, seja ela científica ou religiosa? até onde é possível o Estado intervir? até onde é aceitável a regulação de uma minoria por uma maioria? O que é abuso?
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