quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Autodeterminação indígena sobre infanticídio

GLÓRIA A DEUS!

 

Queridos amigos,

 

Queremos agradecer suas orações! A reunião no Xingu foi uma vitória, um evento que promete marcar a história das crianças xinguanas.

Imagine o famoso cacique Aritana, líder dos caciques da 14 etnias do Xingu, fazendo uma promessa emocionada. Imagine os agentes de saúde, os professores indígenas, e até um cacique Kamaiurá fazendo a mesma promessa. Imagine cada cacique indo a frente, se apresentando e dizendo, em sua língua - eu também prometo... Foi isso que aconteceu no posto Leonardo, no Parque Indígena do Xingu, entre os dias 10 e 13 de novembro. Após assistir o documentário Hakani, indígenas profundamente tocados fizeram o compromisso, diante de seus pares, de fazer o possível para evitar que crianças gêmeas e filhas de mãe solteira sejam enterradas dentro do parque. Eram mais de 250 indígenas, de 7 etnias diferentes, discutindo o assunto e buscando alternativas para que a rejeição de crianças dentro do parque seja superada. Veja algumas fotos no www.atini.org

Sabemos que isso é apenas o princípio - agora nossa responsabilidade é ainda maior. Os agentes de saúde e professores indígenas deixaram bem claro que a promessa não é suficiente. Para que as mulheres possam cumprir essa promessa elas vão precisar de acompanhamento, de ajuda, de orientação. O consenso entre os presentes foi a disposição de fazer o possível para que gêmeos e filhos de mãe solteira sejam preservados. A situação com crianças deficientes é mais difícil e nós vamos precisar continuar buscando alternativas e soluções para que essas crianças sejam poupadas e tenham direito à vida e a dignidade.

O mais importante é que essa reunião foi idealizada e organizada pelos próprios indígenas. Isso mostra que eles estão assumindo o protagonismo desta luta e isto nos enche de esperança. A reunião também vai contra os argumentos daqueles que acham que o documentário HAKANI deve ser proibido porque ofende os povos indígenas. Esse evento deixa claro que os indígenas não se sentem ofendidos, que entendem a mensagem melhor do que muito branco. Pelo contrário, eles se sentem profundamente sensibilizados, se identificam com o drama de Hakani. Depois de assistir o filme, conseguem abrir o coração e falar o que realmente sentem a respeito do infanticídio.

O resultado imediato desta reflexão nas aldeias do Xingu foi além do que nós esperávamos - a promessa pública que eles fizeram abre caminho para que ações concretas possam ser tomadas na defesa destas crianças. Agora é a nossa vez. Seremos capazes de fazer também a nossa promessa - a promessa de estender as mãos e ajudar essas mulheres a salvar a vida destas crianças? Seremos capazes de dizer a estas indígenas - "se você tiver coragem de não enterrar seu bebê, nós a Igreja de Cristo, vamos ajudar você a cuidar dele?" Seremos capazes de fazer a nossa parte por um Brasil sem sacrifício de crianças indígenas?

Agradecemos muito seu apoio, suas orações, seu envolvimento. Aos poucos, vamos avançando e vendo a mão o Senhor estendida a favor dos pequeninos.

 

Edson e Márcia Suzuki
ATINI - VOZ PELA VIDA
www.atini.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário