segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Maior

Mc  9.33-41

 

Discípulos sedentos por poder? Não tinham eles expulsado demônios e curado enfermos? O que será que estava por detrás da discussão de quem seria o maior?

 

Na passagem paralela de Mateus, a questão era: "quem é o maior no Reino dos Céus?" Supondo que os três relatos são a mesma história, teremos doze discípulos arrazoando entre si sobre a posição de proeminência (e, portanto, de poder) que cada um tem (e não teria) no Reino. Neste momento, eles estavam certos de que detinham a posse, ou pelo menos, a entrada nele. Não havia jeito de perdê-lo (nem na cabeça de Simão Pedro nem na de Judas Iscariotes)!

 

Mas Jesus, na versão de Marcos, os embaraça questionando a razão da discussão. Conhecendo-O, eles preferem calar-se. O que será que o silêncio lhes falou?

 

Jesus lhes redireciona o olhar. Afirma que os lugares no Reino não são lugares de potência pela potência em si, mas de potência em serviço. Nas suas cabeças ocupadas demais com assuntos estranhos àquele Reino do qual se imaginavam pertencer ainda não havia sido apresentada a cena do lava-pés (que algumas denominações protestantes consideram como sacramento). Nela  Jesus lhes deixa claro, mediante o ato, de que assim como seus pés foram lavados por Aquele chamado por eles de Senhor e Mestre, eles deveriam fazer o mesmo.

 

Paulo retoma o assunto quando escreve à Igreja em Filipos

 "embora sendo Deus,

(Jesus) não considerou que o ser igual a Deus

era algo a que devia apegar-se,

mas esvaziou-se a si mesmo,

vindo a ser servo...

humilhou-se a si mesmo

e foi obediente até a morte".

 

Tornando a lição mais dura, para não ser esquecida, toma uma criança nos braços e a transforma, no melhor estilo profético do Velho Testamento, em uma revelação: Ele não é recebido no meio do poder, mas da dependência, da confiança, da simplicidade e da não ambição de uma criança.

 

Quem quiser ser o maior, que seja o servo de todos: que trabalhe para todos. E, lembrando do ensino de uma parábola, quando ao final o trabalhador é lembrado de que não tem do que autoelogiar, pois apenas fez aquilo para o qual fora chamado.

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