No dia 06 de dezembro de 2008, a Folha de S Paulo publicou, na página A3, seção "Tendências / Debates", duas posições distintas sobre o ensino do criacionismo nas escolas em aulas de ciências. A primeira, da autoria de Charbel Niño El-Hani, biólogo, mestre e doutor em educação, professor da Universidade Federal da Bahia e Estadual de Feira de Santana".," o segundo, de Christiano P. da Silva Neto, mestre em ciências, professor universitário, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa da Criação (www.impacto.org.br).
O professor Charbel intitulou sua opinião "educação e discurso científico" e a iniciou com as seguintes palavras: "em minha visão, a resposta à questão aqui proposta deve ser 'não' - mas com importantes qualificações."
Declara ser importante a tomada clara de posição e evidenciar o que está em jogo, no lugar de usar argumentos com intenção proselitista. Para ele, o professor não deve ignorar a diversidade de visões de mundo representadas em sua sala de aula, sejam cristãs ou não. As diferentes perspectivas sobre fenômenos que a ciência explica devem ser discutidas. Por outro lado, não deve ser perdida o objetivo do ensino de ciências, que é ensinar o conhecimento científico tal como atualmente é aceito, O respeito às diferentes tradições não pode eclipsar o contrato estabelecido entre escola / professores / alunos.
O professor deve explorar as ideias discordantes, explorar os diversos discursos humanos, distinguindo entre pressupostos ontológicos (o que constitui o mundo) e epistemológicos (o conhecimento válido). O discurso científico tem caráter empírico - ou seja, suas afirmações tem de passar pelo crivo da experimentação. Por isso, seu discurso é do naturalismo metodológico. O naturalismo metafísico fala do que não pode ser testado: deuses, espíritos, etc.
A diversidade não pode anular a legitimidade do discurso científico. E o criacionismo não tem propostas passíveis de serem testadas empiricamente. Seria desrespeitoso não levar em conta também estes aspectos.
"A teoria da evolução e os contos de fadas" foi a escolha que o professor Christiano fez para seu texto, que se inicia com "a visão das origens que emana da religião é, obviamente, criacionista. Opositores do criacionismo tem, então, feito uso deste fato para descaracterizá-lo como científico e, assim, não permitir sua entrada nas aulas de ciência". Chama a atenção que o conceito adotado por um dos articulistas da Folha, Marcelo Leite, sobre o que é criacionismo é equivocado. Criacionismo não é "a doutrina segundo a qual Deus criou o mundo", mas o resultado de perguntas como "o que nos dizem os fatos da natureza e os resultados das pesquisas realizadas pelos cientistas (não importando suas ideologias) acerca das origens do universo e da vida? Falam eles de uma origem naturalista ou sobrenaturalista?"
A academia é dominada pelo pensamento evolucionista, que além de impedirem o acesso do criacionismo às salas de aula, obstaculizam a publicação de trabalhos científicos. Aponta que mesmo evolucionistas não estão atribuem o status de prova científica a diversas evidências, se dispõe no endereço abpc.impacto.org/folha.htm a sustentação desta afirmativa.
Dois fatores impulsionaram a teoria da evolução, dentre outros. A questão ideológica é uma delas, pois ateísmo e evolucionismo são simpatizantes. Vários autores evolucionistas demonstram aversão à religião. O desconhecimento da teoria das probabilidades é o outro fator. "Tivessem algum conhecimento dessa parte da matemática, saberiam que não basta imaginar acontecimentos para que eles se tornem reais". Cita como exemplo deste último os cucos, que colocam seu ovos no ninho da chiadeira, substituindo o dela. Crer que este tipo de comportamento, que se repete ao longo das décadas, é fruto do acaso, corresponde a crer nos contos de fada.
São duas posturas diferentes. A primeira, procura demonstrar o que é o discurso científico, e neste ponto aponta uma falha no criacionismo: até agora não criou respostas que não sejam "assim Deus determinou", em um modelo análogo ao evolucionismo. O segundo, repete a tática antiga de mostrar as falhas, frequentemente ocultas, da teoria da evolução, onde, apesar de toda a racionalidade dos argumentos, é necessária fé para crer nela.
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