quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Diário de Wesley, Janeiro de 1737

Sábado, 1º de janeiro de 1737. Nossas provisões ficaram escassas, já que nossa viagem foi mais longa do que esperávamos, mas tendo um pouco de carne de urso assada (isto é, secada ao sol) [que tínhamos reservado para uma ocasião como esta], a cozinhamos e ela nos pareceu uma comida saudável [embora não muito agradável]. No dia seguinte chegamos no assentamento dos montanheses escoceses em Darien [cerca de 20 milhas de Frederica]. Um povo sensato, habilidoso, cordial e hospitaleiro, cujo ministro, o Sr. McLeod, é um homem sério, determinado e, espero, piedoso.


Na noite de segunda-feira deixamos Darien [numa canoa longa e estreita] e, na quarta, dia 5, chegamos em Frederica. A maior parte daqueles com quem nos encontramos estava, como já esperávamos, fria e insensível: não encontramos ninguém que tinha conservado seu primeiro amor. 'Ó, lança Tua luz e Tua verdade, para que elas possam guiá-los! Não deixes que outra vez eles sigam suas próprias imaginações!' 

Após ter me esforçado inutilmente neste local infeliz por vinte dias, no dia 26 de janeiro [ao meio-dia] dei meu último adeus a Frederica. Não foi por receio de que algum perigo pudesse me acontecer (embora minha vida tivesse sido ameaçada muitas vezes), mas uma total desesperança de melhorar a condição daquele lugar, o que me deixou satisfeito com o pensamento de não vê-lo mais.


A caminho de casa, tendo obtido um renomado livro (As Obras de Nicolau Maquiavel), pus-me a cuidadosamente lê-lo e considerá-lo. Comecei com uma predisposição favorável acerca dele, tendo sido informado de que ele tinha muitas vezes sido mal compreendido e apresentado de forma muito inadequada. Examinei cuidadosamente as opiniões que eram menos comuns, transcrevi as passagens nas quais elas estavam contidas, comparei uma passagem com outra, e tentei formar um julgamento moderado e imparcial. E meu julgamento moderado é, que se todas as outras doutrinas dos demônios que já se comprometeram em escrever desde que o alfabeto foi inventado fossem reunidas em um único volume, estaria ainda faltando este, e, que se um governante moldasse a si mesmo por este livro, que tão tranqüilamente recomenda a falsidade, a traição, a mentira, o roubo, a opressão, o adultério, a prostituição e o assassinato de todos os tipos, Domiciano ou Nero seriam um anjo de luz comparado a esse homem.


Tradução: Paulo Cesar Antunes

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Capturado em 17/12/08

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