Rob Moll
30/03/09
Mark Galli comenta um estudo que confirma minhas evidências empíricas através de entrevistas com médicos cristãos - especialmente os envolvidos em asilos ou com o cuidado de idosos: cristãos são surpreendentemente agressivos nas tentativas de adiar sua própria morte através de intervenções médicas.
Isto é surpreendente pois a crença cristã básica é que Jesus Cristo morreu e se levantou do túmulo. E como Paulo diz aos Romanos, os cristãos têm a vida do Deus que levantou Jesus dentre dos mortos. Por causa desta vida que desafia a morte, os cristãos creem, como a Bíblia repete, "a morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, sua vitória? onde está, ó morte, o seu aguilhão?"
Esta ausência de medo da morte, especialmente como ensinada por Paulo em I Coríntios 15 e pelas evidências de sua própria vida, não é de todo clara nas decisões tomadas por muitos, incluindo cristãos (segundo o estudo citado por Mark), que usam a tecnologia médica para enfrentar a morte.
Durante a pesquisa para o meu livro a respeito do modo cristão de morrer bem (The art of dying) encontrei pelo menos duas razões pelas quais cristãos em particular buscam intervenções médicas agressivas ao final da vida.
A primeira é a transferência de valores pró-vida do início para o fim da vida. "Somos tão pró-vida", um médico me disse, "que somos antimorte". Repetidas vezes ele vê pacientes que defendem suas desesperadas decisões apelando para as crenças pró-vida.
A segunda relaciona-se com a ideia da saúde e da riqueza como uma promessa a ser cobrada de Deus. Outro médico, que trabalha em uma casa de idosos - e cristão - disse-me que regularmente escuta pacientes que foram admitidos em hospitais recusarem-se a aceitar que qualquer doença fosse uma ameaça a suas vidas. Recusando esta aceitação, eles negam a sua existência. Ou invocando um versículo ou uma passagem que promete a cura (mesmo "a morte foi tragada pela vitória", muitos cristãos creem que serão os primeiros desde Elias a serem levados diretamente para o céu - um dom que mesmo Jesus recusou).
Naturalmente, ambas explicações são um disfarce para um assunto mais profundo: o medo da morte. E enquanto cristãos tem esperança na derrota da morte por Jesus na cruz, o medo da morte não é único e é perfeitamente compreensível.
Mas os problemas com tais medos conduzindo a um tratamento médico agressivo ao fim da vida são duplos. Primeiro, a morte é sempre mais difícil quando se recusa a aceitar sua chegada. Tratamento agressivo não somente fornece uma (frequentemente falsa) esperança de cura, mas é tipicamente exaustiva e frequentemente não permite ao paciente tempo ou energia para fazer as pazes com o final da vida. Sem a aceitação da morte, o processo de morrer é frequentemente difícil do ponto de vista físico, doloroso e prolongado. E para os familiares, esta morte difícil faz o processo de luto e dor mais doloroso e espinhoso de ser trabalhado.
O próximo aspecto é relacionado. Através do século XIX, os cristãos praticaram várias formas de morrer bem. Enquanto certos detalhes se modificam, a crença básica é que a morte e ressurreição de Jesus é um modelo para a morte do cristão e esperança na ressurreição. Morrer bem pois requer 1) a disposição para morrer, 2) uma expressão da esperança cristã na ressurreição do corpo e na vida eterna com Deus, e 3) a despedida dos seus e da comunidade, frequentemente acompanhada pelas últimas palavras. Este padrão foi consistente através da história cristã até o século XX.
Devido a uma série de questões médicas e sociais, o século XXI é uma boa época para tentar recuperar a perdida arte cristã de morrer. Mas estes valores são melhor aprendidos antes que o paciente necessite decidir ser hospitalizado ou buscar tratamento curativo. E são melhor ensinados pela comunidade da igreja que oferece esperança na ressurreição após a morte - e não a promessa de saúde e prosperidade agora.
traduzido por eduardo ribeiro mundim de More on Faith and End-of-Life Care
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