Eduardo Ribeiro Mundim
O
primeiro “ataque” que o meu então conceito sobre o “ser
pastor” sofreu foi da boca do meu “guru” da juventude, à época
assessor da Aliança Bíblica Universitária: ser pastor é uma
profissão como qualquer outra! Fim do meu romantismo.
O segundo
“ataque” veio da boca de um querido pastor, a quem muito devo na
minha caminhada de fé, e por isso celebrou meu casamento. Quando fui
visitá-lo após uma cirurgia, disse-me: “a gente não tem muitos
amigos entre os pastores”! Fim da minha ilusão.
Pastor
está em baixa, no meio secular. Graças a diversos escândalos, são
tidos pelos não cristãos, por manipuladores da crendice alheia,
aproveitadores dos incautos, vendedores de ilusões.
No Corpo
de Cristo não parece existir hierarquia (exceto na clara definição
de Quem é O cabeça), mas membros que, em conjunto, operam para que
o corpo cumpra sua função. Assim, são chamados mestres, apóstolos,
evangelistas, diáconos, presbíteros, … (não parece ter sido
intenção do apóstolo que a lista fique fechada). Portanto, o
pastor bíblico é aquele chamado pelo Senhor da Igreja para ser,
irmão entre irmãos, aquele que cuida de cada um na sua caminhada
espiritual.
E neste
mister é imperativo bíblico que ele seja sustentado pela comunidade
que pastoreia.
Mas o
sustento será somente financeiro? Uma leitura das cartas que Paulo
escreveu sugere que não. Nelas transpira o cuidado de vários irmãos
para com o apóstolo, cuidado nos detalhes da vida cotidiana e com as
suas necessidades pessoais. Novamente, não me parece que as
Escrituras queiram nos fornecer uma lista fechada de “itens
obrigatórios para a igreja fornecer ao seu pastor”.
Dentro da
metáfora do corpo, aquele que é chamado a exercer a função/ofício
de pastor é um igual entre iguais com uma função específica. E
este igual frequentemente nós transformamos em um “super”. Sua
família é sempre perfeita, ele é sempre um bom e exemplar esposo e
pai, não tem angústias existenciais (afinal, é pastor), muito
menos dúvidas espirituais (afinal, é pastor); sua palavra é certa
e infalível (afinal, é pastor), seu comportamento, imperativo
bíblico, irretocável (afinal, é pastor).
Mas a
realidade não é esta. Irmãos como nós, com as mesmas dificuldades
e angústias, acrescidas de uma barreira que nós não temos: a
máscara da perfeição que lhes impomos. Máscara que existe somente
na nossa fantasia, e que deve ser trocada pelo rosto humano, real,
carente de amizades verdadeiras e interesse desinteressado.
Que o
Senhor da Igreja abençoe o Seu corpo.
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