quinta-feira, 10 de maio de 2012

O que a bíblia realmente diz sobre a homossexualidade

PARTE 3: O QUE FALTOU

Eduardo Ribeiro Mundim


O casamento enquanto metáfora

A relação entre o Deus do Velho Testamento e o povo de Israel é descrito em diversos momentos através da metáfora do casamento heterossexual, e da infidelidade de Israel, frequentemente chamado de "adúltera" e infiel. O profeta Oseias se casa com uma prostituta para demonstrar aos seus conterrâneos esta realidade. Mas não há a metáfora da "amizade traída", ou da lealdade entre amantes homoafetivos para representar a relação entre Deus e Seu povo - tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Por quê?

A homossexualidade como norma

À página 118 Daniel afirma que o relacionamento sexual entre dois homens era tido como tão comum que não despertava nenhuma atenção. Se assim for, não há uma igualdade entre as relações sexuais hetero e homossexuais. Para que fossem iguais, ambas teriam de ser normatizadas, no interesse da proteção da parte mais fraca. Seriam as relações entre o mesmo sexo tão naturais a ponto de não demandarem nenhuma regulação ética e cúltica?!

Se a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo fosse tão normal nos tempos dos Velho e Novo Testamentos, por que ela nunca é abordada de forma clara? Jesus quebrou vários esteriótipos (como a relação com os samaritanos e gentios) mas não quebrou este porque era um fato corriqueiro?! Sendo o seu número tão grande, como foi possível ter sido excluído, posto à margem, nas primeiras décadas da igreja? Se Paulo gasta muito latim na discussão contra os judaizantes e outras seitas de sua época, porque não instruiu uma só comunidade, ou um discípulo próximo a lutar contra esta descriminação?

Coerência na conclusão

Com uma facilidade incômoda,  Daniel usa meras conjecturas como fatos balizadores. No penúltimo capítulo elenca diversos possíveis relacionamentos homoafetivos entre personagens bíblicos: Jônatas e Davi, Rute e Noemi, Daniel e o eunuco chefe, o centurião e seu servo. Ainda que a hipótese de um relacionamento sexual entre eles seja atrativa, não é possível, nos textos bíblicos, levantar evidências que os tornem fatos, e não meras possibilidades. O esforço do  autor foi o de demonstrar, de forma lógica, como as Escrituras não condenam o ato homossexual, repelindo diversas construções teológicas com base na sua falta de sustentação. Mas ao final, cai no erro que condena.

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