domingo, 6 de maio de 2012

Povos indígenas se articulam para impedir megaprojetos

Brasília, sexta-feira, 4 de maio de 2012 (ALC) - Pelo menos 13 megaprojetos, em dez países da América Latina, preocupam e mobilizam povos indígenas do continente, que recorrem à internet para alinhar posições e organizar a resistência. "Nossos problemas são praticamente idênticos aos dos indígenas de outros países", disse o líder da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Marcos Apurinã. 

Do Brasil, entram no rol de megaprojetos que atingem populações indígenas diretamente a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará, e a transposição do Rio São Francisco, na região Nordeste. Movimentos sociais alegam que indígenas de 28 etnias que vivem na bacia do Rio Xingu serão atingidos pela usina, que diminuirá o fluxo do rio, reduzindo a quantidade de peixes. Na transposição, 18 povos, alguns deles sem território demarcado ainda, também terão suas áreas afetadas.

"Hoje os povos indígenas não podem mais fugir do homem branco, da tecnologia. Temos que nos atualizar, preparar-nos para encarar esse novo mundo", declarou o líder da Associação Sociocultural Yawanawá, Taschka Yawanawá, do Acre, ao repórter João Fellet, da BBC Brasil. Tashka tem um blog (awavena.blog.uol.com.br) na rede mundial de computadores e recorre à internet para realizar videoconferências com representantes de povos indígenas de países vizinhos.

A exploração de cobre em terras da comunidade mapuche de Mellao Morales e Huenctru Trawel Leufú, em Neuquén, Argentina, a exploração de cobre na reserva de Jach´a Suyu Pakajaqui, em Pacajes, a exploração de ouro no Chile na fronteira com a Argentina, trazem prejuízos ambientais aos indígenas huascas, são todos projetos que merecem a contestação do movimento indígena continental.

Embora cancelada momentaneamente, preocupa indígenas bolivianos a construção de rodovia cujo trajeto corta o Parque Nacional Isiboro Secure (Tipnis), na Província de Beni e Cochabamba. O corredor de transporte intermodal que deve ligar Tucamo, na Colômbia banhada pelo Pacífico, à Belém, no Pará, também é contestado por indígenas, assim como o corredor de Manta, no Equador, ligando esse porto a Manaus.

A construção de rodovia em Bolaños a Jueuquilla, no Estado de Jalisco, México, da rodovia que liga a América Central à Colômbia, a rodovia interoceânica prevista para ligar o Peru e o Brasil, o plano Puebla-Panamá são projetos de grande envergadura que têm impacto em áreas indígenas, que não querem ver seus territórios prejudicados.

"Preocupa-nos a nova forma de desenvolvimento conhecida com economia verde. Entendemos isso como um esforço para a exploração dos recursos naturais nos territórios indígenas", declarou à BBC Brasil o técnico da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), Rodrigo de La Cruz. A Coica agrupa indígenas do Equador, Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.

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