CIÊNCIA E FÉ - SUAS SEMELHANÇAS
Apesar dos percalços, ciência e fé compartilham características comuns. São atividades racionais, com campo de atuação bem definido - mas gostam de aventurar-se fora dele, nem sempre com propriedade. Mas, em seus fundamentos, buscam, a seu modo, a felicidade do ser humano. E, sempre presente, mesmo que desapercebido, o assombro perante os mundos exterior e interior.
Estruturas de poder existem em ambas. E como todo poder exercido por humanos, há falhas, muitas vezes clamorosas, e exemplos deploráveis de má conduta no seu exercício. No campo da ciência, o poder se dá principalmente pela academia, pelas associações científicas, pela capacidade de publicar artigos de impacto mundial e pela habilidade de articulação política. No campo da fé, o poder se manifesta principalmente pela ortodoxia - dizer o que está concorde com a sã doutrina e o que está em dissonância. Cada estrutura de fé tem características próprias, mas provavelmente a capacidade de ser visível, de aumentar o rebanho e, novamente, articulação política são os principais canais do exercício do poder.
Consequência comum do poder, ambas formam seu grupo de excluídos e párias. E ambas costumam ser pouco misericordiosos.
Sendo atividades humanas, ambas lidam com uma maioria de não compromissados, usuários apenas do senso comum religioso/científico, sem participação ativa na construção da fé ou da ciência. Habitualmente acrítica, esta parcela é facilmente vítima das "crendices" ou "superstições".
A praga existe em todo bom jardim, e charlatões e aproveitadores habitam ambos. Aqui os defino como aqueles que conscientemente usam um ou outro inescrupulosamente, pervertendo conscientemente o que é sabido, buscando unicamente obter vantagens pessoais em detrimento do próximo e/ou do bem comum.
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