Trabalho de reconciliação cresce na faixa Gaza apesar do pior índice de violência desde 1967.
Pastor Hanna Massad (centro) com membros da Igreja Batista de Gaza.
Três semanas de confronto entre Hamas e Israel deixaram sitiadas as comunidades cristãs, que iniciaram o ano de 2009 em sua pior situação, desde o confronto Árabe-Israelense em 1967.
"Como cristãos palestinos, achamos muito triste ver pessoas dos dois lados serem bombardeadas. Contudo, penso que Israel tem exagerado em suas respostas", afirmou Hanna Massad, pastor da Igreja Batista de Gaza – única igreja evangélica em uma faixa de 25 quilômetros. "Temos chorado pelos israelenses que têm morrido, mas o sofrimento maior tem sido o dos habitantes de Gaza".
O cessar-fogo de 17 de janeiro encerrou um intenso ataque de Israel, que culminou com a morte 1300 palestinos, 13 israelenses e prejudicou milhares de pessoas, na tentativa de acabar com os ataques do Hamas na região sul de Israel.
O serviço cristão de auxílio humanitário entrou em Gaza de forma limitada, durante o cessar-fogo. Muitos habitantes em Gaza ficaram sem energia elétrica ou água. Nas padarias, centenas de pessoas esperavam nas filas por pães.
Os mísseis de Israel atingiram alvos do Hamas, mas também alvejaram construções civis em regiões densamente habitadas, inclusive uma clínica médica cristã em Shijayia que, desde 1968, prestava assistência gratuita aos pobres. Attallah Tarazi, um cirurgião cristão do hospital Shifa da cidade de Gaza, disse que duas ambulâncias foram alvejadas e seis paramédicos foram mortos. Além disso, ele lamentou o alto número de pessoas que chegam ao hospital, vítima dos ataques.
A comunidade cristã de Gaza, com aproximadamente 2500 pessoas, sofreu com pelo menos três mortes nesse confronto. Ademais, a Igreja Batista de Gaza e a Sociedade Bíblica da Palestina sofreram danos com os ataques aéreos de Israel.
Yohanna Katanacho, deão do Seminário Bíblico Bethlehem, expressou sua preocupação com a possível separação que a guerra pode causar, entre palestinos cristãos e judeus messiânicos.
"É difícil aceitar a posição de que podemos ser inimigos políticos e, ainda assim, irmãos e irmãs", disse Katanacho. "Parece-me que nossa relação com o Filho de Deus deve afetar nossa percepção política de forma a deixar-nos mais críticos quanto às políticas adotadas por nosso governo, mais dispostos a clamar pela misericórdia divina, seu amor e sua justiça... Se afirmamos sermos um, não deveríamos agir como se fôssemos dois".
Salim J. Munayer, diretor da Base Jerusalém Musalaha, conhecido por seu trabalho de reconciliação entre judeus e palestinos, disse que participantes foram expulsos durante a primeira semana do conflito, tornando-se "porta-vozes para seu próprio grupo", expressando mútua raiva e frustração. Depois da segunda semana de confronto, disse ele, "os participantes já estavam se reunindo para orar, permitindo que a fé que possuíam em comum falasse mais alto do que as diferenças étnicas".
"Nós temos pessoas orando pelos dois lados – esse é um importante compromisso", disse Munayer. Judeus messiânicos recolheram comida e outros itens para os cristãos de Gaza, ao passo que palestinos convertidos ao cristianismo convidaram os cristãos que lá estavam para permanecer com eles para descanso e segurança.
O número de mortes em Gaza poderia colocar a perder um trabalho de anos que o Musalaha vem desenvolvendo. Contudo, o ministério de 20 anos, que treinou 1000 judeus e palestinos em 2008 e ainda teve longa lista de espera, afirmou que os planos para uma conferência de mulheres em março e de jovens em abril estão caminhando muito bem.
"Nossos esforços de reconciliação não foram interrompidos", disse Munayer. "Ao menos, eles estão percebendo que de nada adianta alimentarmos esse ciclo de violência".
Copyright © 2009 por Christianity Today International
(Traduzido por Daniel Leite Guanaes)
fonte: http://www.cristianismohoje.com.br/retrancas/Deus%20em%20Gaza/37914
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