terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Diário de Wesley, março de 1737

Sexta-feira, 4 de março. Escrevi aos Fiduciários da Geórgia para prestar contas de nossa despesa anual, de 1º de março de 1736 a 1º de março de 1737, o que, deduzindo as despesas extraordinárias, tais como o reparo na residência paroquial e viagens a Frederica, somou, para o Sr. Delamotte e eu, £44. 4s. 4d. [Wesley ainda recebia, sob protesto e contra sua vontade, £50 da Sociedade para a Propagação do Evangelho e £20 para gastar em trajes].

Das orientações que recebi de Deus neste dia no tocante a um assunto da maior importância, eu não pude senão observar, como eu tinha feito muitas vezes anteriormente, todo o erro daqueles que afirmam que ‘Deus não irá responder sua oração a menos que seu coração esteja completamente submisso à Sua vontade.’ Meu coração não estava completamente submisso a Sua vontade. Então, não ousando depender de meu próprio julgamento, implorei ardentemente para que Ele suprisse o que estava faltando em mim. E sei, e estou convicto, que Ele ouviu minha voz e lançou Sua luz e Sua verdade.

Quinta-feira, 24. [Por volta de nove da manhã] Um incêndio atingiu a casa de Robert Hows [Hows era quem cuidava do dízimo], e em uma hora a destruiu completamente [e tudo que havia dentro, exceto dois serrotes. O vento carregou as chamas para longe das casas vizinhas de forma que elas não se espalharam]. Fizemos uma coleta para ele no dia seguinte [na cidade], e a maioria das pessoas mostrou uma surpreendente disposição de dar um pouco do pouco que tinham a fim de aliviar uma necessidade maior que a sua [apenas um cavalheiro não se preocupou, achando que ajudar uns aos outros era dar um mau exemplo].

Perto dessa hora o Sr. Lacy, de Thunderbolt, me fez uma rápida visita, quando, observando-o profundamente triste, perguntei a razão daquela tristeza. De fato era uma razão terrível, a qual passo a relatar:

Em 1733, David Jones, um seleiro, homem de meia-idade, que tinha por algum tempo anteriormente vivido em Nottingham, estando em Bristol, encontrou uma pessoa lá que, após dá-lo um relato da Geórgia, perguntou se ele queria ir para lá, acrescentando que seu ofício (de seleiro) era um excelente ofício lá, da qual ele poderia viver decente e confortavelmente. Ele alegou que não tinha dinheiro para pagar a passagem e comprar algumas ferramentas que iria precisar. O cavalheiro (Cap. W.) disse a ele que iria suprir-lhe estas coisas e lhe arrendaria uma loja quando ele chegasse na Geórgia, onde ele poderia exercer sua profissão e, dessa forma, reembolsá-lo como melhor lhe conviesse. Ambos de acordo, eles foram para Geórgia, onde, logo após sua chegada, seu senhor (como ele agora chamava a si mesmo) o vendeu ao Sr. Lacy, que o colocou para limpar terreno junto com o restante de seus servos. Ele geralmente parecia mais pensativo que o restante, muitas vezes embrenhando-se na mata sozinho. Ele agora foi enviado para fazer algum trabalho em uma ilha, três ou quatro milhas da vasta plantação do Sr. Lacy. Dali ele quis que os outros servos retornassem sem ele, dizendo que ele ficaria para matar um veado. Isto aconteceu no sábado. Na segunda eles o encontraram na praia, com sua arma do lado e sua fronte em pedaços. Em seu bolso havia um caderno, tendo todas as folhas em branco, exceto uma, na qual dez ou doze versos estavam escritos, dois dos quais eram estes (que eu transcrevi a partir do que ele escreveu):

Não poderia a morte um mais triste cortejo encontrar,

A doença e a dor na frente, e a angústia atrás!

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Tradução: Paulo Cesar Antunes

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