Domingo, 4 de abril. Quase quatro da tarde parti para Frederica, em uma piroga (uma espécie de barco com fundo chato). Na noite seguinte ancoramos perto da Ilha Skidoway, onde a água, na cheia, tinha doze ou quatorze pés de profundidade. Me agasalhei dos pés à cabeça com um grande manto, tanto para me manter afastado das moscas de areia como para deitar no convés. Entre uma e duas acordei submerso, estando tão profundamente adormecido que não notei onde estava até que minha boca estava toda cheia de água. Tendo deixado meu manto, eu não sei como, sobre o convés, nadei em volta até chegar do outro lado da piroga, onde um barco estava amarrado, e subi pela corda sem qualquer dano, mais do que molhar minhas roupas. Tu és o Deus de quem vem a salvação, Tu és o Senhor por quem escapamos da morte.
Os ventos estavam tão contrários, que no sábado, 10, pudemos apenas atravessar a Ilha Doboy, vinte milhas de Frederica, mas não pudemos de jeito nenhum percorrer a baía, tendo também uma forte onda contra nós. Aqui continuamos sendo forçados para trás durante mais de uma hora, quando o relâmpago e a chuva, que há muito tínhamos visto ao longe, moveram-se completamente sobre nós, até que, depois de quinze minutos, as nuvens se dividiram, algumas passando para a direita, e outras para a esquerda, nos deixando um céu claro, e um vento tão forte bem atrás de nós, que em duas horas nos levou a Frederica.
Pouco antes de desembarcarmos, abri meu Testamento nestas palavras: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Chegando em terra firme, encontrei meu irmão bem fraco, tendo estado por algum tempo doente de uma disenteria, mas, da hora que me viu, recuperou sua saúde. Isto também Deus operou!
Domingo, 11. Preguei no novo armazém sobre o primeiro versículo do Evangelho para o dia: “Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes?” Havia uma grande congregação, a qual me esforcei para convencer da incredulidade, propondo simplesmente as condições da salvação, como são declaradas nas Escrituras, e apelando aos seus próprios corações se eles criam que não poderiam ser salvos de nenhuma outra forma.
Em cada um dos seis dias seguintes, tive algumas novas provas da absoluta necessidade de seguir aquele sábio conselho do apóstolo: “Nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações.”
Sábado, 17. Partimos para Savannah, e lá chegamos na noite de terça-feira. Ó, que bendito lugar, onde, tendo apenas um fim em vista, não existe fingimento ou engano, mas cada um de nós podia desabafar sem medo no seio de seu irmão!
Não encontrando, até agora, nenhuma porta aberta para colocarmos em prática nosso plano principal [converter os índios], estudamos uma maneira de sermos mais úteis ao pequeno rebanho em Savannah. E concordamos em, 1. Recomendar aos mais compromissados entre eles para se organizarem numa espécie de pequena sociedade, e se reunirem uma ou duas vezes na semana, a fim de admoestar, instruir e exortar uns aos outros. E, 2. Dentre esses, eleger um grupo menor para uma união mais íntima, que poderia ser favorecido, em parte por uma conversa particular que teríamos com cada um, e em parte convidando-os todos juntos para nossa casa, e isto, conseqüentemente, decidimos fazer todo domingo à tarde.
Tradução: Paulo Cesar Antunes
http://www.metodistasonline.kit.net/diariodewesleyabrilde1736.htm
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