segunda-feira, 16 de março de 2009

Defensores da vida ou militantes antiaborto?


Eduardo Ribeiro Mundim

A notícia da morte da pequena Tititu já havia sido comentada neste espaço. Mas os detalhes trazidos pela Bráulia, na edição 317 da Revista Ultimato, reproduzida aqui ontem, encaminharam meus pensamentos em uma direção: como o chamado movimento pró-vida é, muitas vezes, apenas antiaborto. Na sua prestação de contas, reproduzida neste blog, a ATNI informa que dezenas de blogs e páginas se juntaram à luta contra o infanticídio indígena. Pessoalmente, dei falta de alguns "blogueiros" famosos no mundo evangélico, de alguns filósofos por eles citados, assim como algumas instituições radicalmente "pró-vida" (quando o tema é o aborto).

O silêncio sobre a morte da pequena Tititu pode ser entendido como o silêncio deste blog em certos temas: homossexualidade, terrorismo palestino (mas não o terrorismo de estado israelense), dentre outros. Não estão na minha agenda particular neste momento.

Mas como ser pró-vida quando alguém foi condenada à morte por descaso ou desconhecimento (esta última hipótese muito pouco provável), sendo-lhe impedido o acesso ao remédio que a mantia viva?

A santidade da vida é alardeada por muitos como a razão para se condenar o aborto em qualquer situação. Mas como defender esta santidade e permanecer calado quando a cultura é mais importante que uma vida? quando não se fala das mortes de trânsito? quando não se fala na desigualdade de acesso aos tratamentos de saúde?

Aqueles que acertadamente se posicionam ccontra o aborto em qualquer circunstância dão um tiro no argumento da santidade da vida ao ficarem calados à frente do túmulo da Tititu.

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