sábado, 31 de janeiro de 2009

Diário de Wesley, fevereiro de 1737

Segunda-feira, 31. Chegamos em Savannah. Terça-feira, 1º de fevereiro, sendo a festa de aniversário do desembarque do primeiro comboio na Geórgia, tivemos um sermão e a Santa Comunhão. Na quinta-feira, 24, foi concordado que o Sr. Ingham deveria ir para a Inglaterra, e se empenhasse em trazer, se assim for da vontade de Deus, alguns de nossos amigos para nos ajudar em Sua obra. Sábado, dia 26, deixei Savannah.

 Pelo Sr. Ingham, escrevi uma carta aos associados do Dr. Bray [os fundadores das Bibliotecas Paroquiais, cuja Sociedade tinha o título oficial de Os Associados do recém-falecido Dr. Bray para instruir os Negros das Colonizações Britânicas], que tinham enviado uma coleção de livros para Savannah [bem no final do ano passado]. É esperado dos ministros que recebam estes enviar um relato a seus doadores do método que usam na catequização das crianças e instrução dos jovens de suas respectivas paróquias. Essa parte da carta foi como segue:

 "Nosso método geral é este: Um jovem [Delamotte] que veio comigo ensina entre trinta e quarenta crianças a ler, escrever e contar. Antes da escola pela manhã, e depois da escola à tarde, ele catequisa a classe das menores, e tenta fixar, em seus entendimentos e memórias, algo do que foi dito. À noite, ele instrui as crianças maiores. Aos sábados à tarde, eu as catequizo todas. Faço o mesmo aos domingos, antes do culto da noite. E na igreja, logo após a Segunda Lição, tendo um grupo seleto delas repetido o catecismo e sido examinado em alguma parte dele, tento explicar detalhadamente, e reforçar essa parte, tanto a elas quando à congregação.

Algum tempo após o culto da noite, tantos quantos de meus paroquianos desejarem, nos reunimos em minha casa (como eles fazem também na noite de quarta-feira), e passamos por volta de uma hora em orações, cânticos e exortações mútuas. Um número menor (a maioria dos quais tem a intenção de comungar no dia seguinte) se reúne aqui nas noites de sábado, e alguns desses vêm até mim nas noites restantes, e passam meia hora na mesma ocupação."
 

Tradução: Paulo Cesar Antunes

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Carta aberta aos evangélicos - principalmente aos líderes

Marcos David Muhlpointner

Foi com muito pesar e tristeza que vi as imagens desoladoras da queda do teto da sede da Renascer. Como cristão, devo seguir os ensinamentos de Jesus e chorar com os que choram. Como cristão, que teve o coração cheio do amor de Deus, a tristeza de um membro do corpo, é a tristeza de todo o corpo.

Obviamente que não posso concordar com quem gostou do ocorrido, com quem achou que foi "bemfeito", que eles estão colhendo o que plantaram e pensamentos parecidos com esses. É bem verdade que não ouvi ninguém se alegrando com esses fatos, mas escutei alguns programas de rádio que disseram que isso ocorreu.

No sábado, dia 24 de janeiro, tive oportunidade de ouvir um programa de rádio (Rádio Musical – FM 105,7 – São Paulo) que discutiu se o que aconteceu na Renascer era obra de Deus, ou do diabo ou uma fatalidade. Os debatedores e os ouvintes que participaram, concordaram que o ocorrido foi uma fatalidade e nem Deus, nem o diabo foram responsáveis. Contudo, creio que algumas questões deveriam ser discutidas nesse momento, mas os líderes não o estão fazendo.

Há uma perseguição ocorrendo contra a Igreja Cristã no Brasil? Na minha opinião, não está havendo perseguição. E o ponto aqui é que a falsa idéia de perseguição atual está sendo associada à perseguição a que enfrentou a igreja em Atos. No início da Igreja Cristã, ela foi perseguida porque pregava a Verdade. Os primeiros cristãos foram perseguidos por seguirem a Jesus Cristo. Inclusive. Ele advertiu que isso iria acontecer.

Mas é ridículo associar uma coisa à outra. Quando da prisão dos líderes da Renascer, fui abordado por uma jovem a assinar um abaixo-assinado contra a prisão deles. Não assinei e jamais assinaria. Eles não foram presos por pregarem o evangelho. Estevam e Sonia Hernandes foram presos porque mentiram quanto a quantia de dinheiro que portavam na bagagem. Em nenhum momento fui impedido de pregar o evangelho em qualquer lugar.

Os apóstolos foram perseguidos, espancados e presos porque anunciavam a Jesus Cristo. Os "apóstolos" modernos tem que responder sobre supostas sonegações, enriquecimentos ilícitos, criação de esquemas fraudulentos e tudo o mais que a justiça está apurando. É mentira, e agem de muita má fé, os que querem passar a idéia que a Igreja Cristã no Brasil está sofrendo perseguição. Pelo menos, os fatos ocorridos com a Renascer não servem de exemplo.

Se a prefeitura de São Paulo apurar que há irregularidades nos prédios das igrejas locais que as multem, que as cobrem pela regularização ou que as fechem, se for preciso. Caso isso ocorra, que as igrejas locais se levantem sem mácula nenhuma, como deve ser a noiva de Cristo. E daí que 90% (segundo o moderador do debate na rádio) das igrejas serão fechadas! Que falha em ponto da lei, falha em todos. Sinto-me envergonhado em fazer parte de uma geração que jogou a ética no lixo, que não tem mais vergonha na cara e que relativiza tudo, ainda que esteja com a Bíblia aberta. Contra a verdadeira igreja, nenhuma porta infernal vai prevalecer.

Os líderes modernos querem ganhar a situação no grito. Os participantes do referido programa de rádio comparavam os templos irregulares com shoppings, com bares, restaurantes e até motéis foram citados. Ora, se não há condição de se abrir um templo dentro das normas técnicas, NÃO ABRA!!! Ou as leis vão ser respeitadas ou não. Líderes evangélicos não podem se posicionar à margem da lei. A Igreja de Cristo deve ser a primeira instituição a preservar as leis e cumpri-las. As irregularidades deves ser todas corrigidas: nos shoppings, nos restaurantes, nas lojas, nos motéis e, principalmente, nas nossas vidas.

Um apelo final aos líderes da igreja evangélica brasileira: ensinem seus liderados a amarem a Deus com todo entendimento e força; ensinem as pessoas a desejarem a Jesus Cristo como Salvador; ensinem as pessoas a dependeram do Espírito Santo; ensinem as pessoas a amarem a Palavra de Deus e a estudá-la; ensinem as pessoas a odiarem o pecado e a se afastarem dele. Ensinem as pessoas a darem a César o que devido a ele e darem a Deus o que Lhe é devido.

publicado em http://marcosdavidm.blogspot.com/2009/01/sao-paulo-27-de-janeiro-de-2009.html

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Amor ou farisaísmo

 
Data da impressão: 23 de janeiro de 2009

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Bráulia Ribeiro

Tenho fé, aquela firmeza interior de reconhecimento da limitação de minha humanidade, e da grandeza de Deus. Sei que, apesar da sublimidade de Deus, posso me relacionar com ele de uma maneira pessoal. A fé bíblica não é apenas um consentimento intelectual com as verdades do evangelho; o relacionamento com o alvo de minha fé é essencial. A fé verdadeira também demanda um compromisso da vontade com as conclusões a que chega minha mente. Torno-me uma realização viva das verdades em que creio.

No mundo de hoje, no entanto, os pressupostos da crença em Deus valem menos do que as emoções que a crença me traz. E estas emoções, contraditoriamente, são geradas por coisas que não têm nada a ver com ele. A rigidez cultural da religião me traz muito mais conforto emocional do que seguir o Espírito. Torna-se complicado exercer uma fé simples porque as emoções humanas são sempre complexas. Jesus me faz tão bem... Como chocolate, pimenta ou sexo, Jesus se tornou um estimulador da produção de endorfinas. Com esta lógica, deixo de ter parâmetros para julgar minha fé. Tudo o que me faz bem deve ser produto de fé.

O Espírito Santo, paciente no seu papel de me alertar, me diz que não é assim e que não preciso me sentir bem com qualquer coisa o tempo todo. Questiono-me ao julgar decisões ou adotar posturas, se o faço por dogmatismo cômodo, por mero conforto emocional, por medo ou por convicção real. Não é fácil separar farisaísmo de amor verdadeiro, mera religião de fé, medo de coragem profética.

Uma maneira de se descobrir a qualidade da fé que se tem é no ambiente de ausência dela. Se circulamos apenas entre cristãos que rezam pela mesma cartilha doutrinária, dificilmente teremos nossa fé/emoção religiosa colocada à prova. É num ambiente de questionamentos, deboches, críticas, que podemos testar a força de nossas convicções.

Este ano a questão do infanticídio atraiu a máfia ideológica pró-índio, que odeia as missões cristãs. Fui submetida a diversas sabatinas. Algumas feitas por entrevistadores apenas curiosos; outras, por repórteres especialistas em enganar o entrevistado. Em muitos momentos tivemos de nos questionar para saber o que realmente cremos e como apresentar o que cremos ao público.

Por mais confortável que me faça sentir o atribuir ao diabo as perseguições, o pensar que estamos sofrendo por amor a Cristo, um subproduto da fé, o Espírito Santo novamente me leva por um caminho diferente e me diz que estou sofrendo devido à minha própria burrice.

Durante muitos anos, como missão só nos comunicamos com a audiência evangélica. Não havia nem ao menos interesse de nossa parte de falar com o mundo de fora. Vivíamos como a maioria dos crentes, no mundo hermeticamente fechado da religião, e nossa única obrigação com o "mundo" era o "kerigma", a proclamação da fé. Hoje, graças ao desconforto do Espírito, considero esse isolamento indesculpável e vejo que sofremos perseguição não por causa do evangelho, mas por causa de nosso pecado de negligência com a missão mais ampla da igreja. Não amei a sociedade ao meu redor o suficiente para considerá-la digna de receber minha prestação de contas em sua própria linguagem. Aliás, tenho muita dificuldade em falar o "socialês"; já o "crentês" sai com facilidade. Não amei os movimentos indigenistas para ser transparente e compreensível, para educá-los numa abordagem mais humana. Tornamo-nos, por orgulho religioso, uma utilidade pública -- sem utilidade pública --, e isto é para nós hoje a desconfortável marca do pecado, que vamos carregar por algum tempo.

Ser sal da terra e luz do mundo, dois conhecidos elementos anti-putrefação, não é coisa simples. Ser fariseu é fácil, viver a fé é difícil.


Bráulia Ribeiro, missionária em Porto Velho, RO, é autora de Chamado Radical. braulia_ribeiro@yahoo.com
 
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Diário de Wesley, dezembro de 1735

Terça-feira, 2 de dezembro. Foi uma grande satisfação conversar com alguém [a Sra. Moore] que estava gravemente doente, mas que em poucos dias se recuperou de sua grave doença. 

Domingo, 7. Julgando que a natureza não exigia tão freqüentes refeições como as que estávamos acostumados, concordamos em nos abster de jantar, o que, fazendo, não sentimos, até então, nenhum desconforto. 

Quarta-feira, 10. Partimos de Cowes, e à tarde passamos as [Rochas] Needles. Aqui, as rochas irregulares, com as ondas se chocando e fazendo espuma em sua base, e a margem branca da ilha se elevando a uma altura perpendicular à praia, deu uma forte idéia daquele "que mediu na concha da sua mão as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos"! 

Hoje eu falei sobre o assunto da religião, a alguém [a Sra. Hawkins] com quem conversei uma ou duas vezes antes. Depois ela disse, com muitas lágrimas, "Minha mãe morreu quando eu tinha apenas dez anos de idade. Algumas de suas últimas palavras foram, 'Filha, tema a Deus; e ainda que você me perca, você nunca sentirá falta de um amigo.' Acabei de encontrar um amigo quando eu mais queria e menos esperava." 

Deste dia até o décimo quarto, estando na Baía de Biscay, o mar estava muito agitado. O Sr. Delamotte e muitos outros estavam mais doentes do que nunca; o Sr. Ingham, levemente; eu, nem um pouco. Mas sendo o décimo quarto um dia calmo, a maioria dos doentes se curou de uma só vez. 

Quinta-feira, 18. Uma mulher grávida [a Sra. Welch], com febre alta e quase consumida por uma tosse violenta, desejou receber a sagrada comunhão antes que morresse. No momento que recebeu, ela começou a se recuperar, e em poucos dias estava completamente fora de perigo. 

Domingo, 21. Tivemos quinze comungantes, que era um número usual aos domingos: no Natal tivemos dezenove, mas no Ano Novo apenas quinze.


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Tradução: Paulo Cesar Antunes

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domingo, 25 de janeiro de 2009

Relatos de um palestino - parte II

Amigos queridos,

 

Não imaginava que após escrever meu relato sobre o conflito entre o Hamas e israel, a repercussão fosse tão grande.

 

Todos os dias respondo com muito respeito todas as mensagens de carinho e apoio, bem como as mensagens grosseiras e de desconfiança.

 

Realmente as pessoas desconfiam muito de alguma coisa quando não esta nos "padrões" da sociedade e talvez somente por esse motivo, fico muito feliz de ter escrito meu depoimento.

 

Se eu tivesse escrito que odeio os israelenses, que desejo fazer uma Jihad e que todos os judeus são porcos demoníacos que somente destroem as vidas de meus irmãos palestinos, ai a carta teria uma certa "credibilidade" perante a opinião publica certo? Afinal, é mais um palestino que esta se manifestando contra os imperialistas e nazi facistas israelenses, pensarão muitos.

 

Mas a que ponto chegamos em nossa sociedade dita moderna nao é mesmo? Elegemos padrões de comportamento para este ou aquele grupo, desconfiamos de pessoas decentes e acreditamos em quem não tem um pingo de valor, somente pelo fato de terem e apresentarem atitudes e acoes pre determinadas pela sociedade e que sao chamadas de "aceitáveis".

 

A mesma coisa aconteceria se um israelense ou um judeu escrevesse uma carta apoiando a destruição do estado de israel, pois esse não é o comportamento aceito em nossa sociedade. Mas quer saber da verdade? Existem judeus e israelenses que pregam a destruição de Israel sim!!! Ah, mas ai tudo bem porque são eles e como eles são sempre errados até acredito, mas palestinos contra os terroristas do hamas? a favor de israel??? como???? Impossível dizem. Me acusaram de traidor, judeu, sionista, e outros que nem merecem ser citados.

 

É por isso que eu vivo no Brasil, porque aqui apesar da ignorancia de alguns eu ainda posso manifestar meu pensamento e no que eu acredito sem medo de que alguem de meu povo venha e fuzile minha familia e me pendure em praça publica, apesar de preferir me manter no anonimato sustentavel porque nunca se sabe o que são capazes esses debilóides terroristas não é mesmo?

 

Como ja tinha escrito em meu primeiro depoimento, eu não sou inteiramente a favor de israel mas sou inteiramente contra os terroristas do hamas e hizbullah que tanto causam sofrimento ao meu povo e somente pensam em seu proprio enriquecimento.

 

Se tiver que lutar ao lado de israel contra esses terroristas, eu vou lutar, porque nunca vou fugir da verdade e do compromisso com minha fé, que é mto diferente das que propagam de matar e morrer em nome do Grande misericordioso. Porem, se tiver que lutar contra israel tambem vou lutar pq acima de tudo esta o meu compromisso com meu povo e não com direitos individuais ou de certos lideres terroristas que se escondem atras de fortalezas enquanto seus seguidores doentes se matam em nome de uma paranóica e infeliz ideologia. E sinceramente, vou contra sim o que pensam os radicais, pois atualmente não vejo israel como um câncer, mas sim os sanguinários terroristas apoiados em causas ultrapassadas, mesquinhas e irresponsáveis do hamas.

 

Hoje recebi uma noticia de que o numero de mortos no conflito não passou de 600 e a maioria era de militantes do grupo terrorista e mesmo após o cessar fogo, o hamas continua atirando mísseis em Israel. Chato né?

 

Meu propósito em escrever meu relato foi de apontar os verdadeiros culpados que são os terroristas do hamas e hizbullah e não ficar fazendo média com esse ou aquele pais, ou outro povo ou governo. Meu compromisso é com o povo palestino e principalmente com o respeito ao proximo, o respeito a verdade e a paz entre os povos, independente de sua opção religiosa,ou politica. Somente pelo fato de eu ser palestino não posso discordar dos terroristas? Há muitos palestinos que pensam como eu também.

 

Acreditar que devemos ainda no seculo XXI seguir parametros pré determinados pela sociedade de forma a cultuar desrespeito, odio e intolerancia entre os povos e não podemos ter nossas proprias convicções mesmo sendo polemicas é de um atraso cultural e educacional tao grande que me remete aos fundamentalistas retrógrados de todas as religiões e regiões deste lindo planeta que insistimos em transformar em um lugar péssimo para nosso convivio em sociedade.

 

Mais uma vez insisto, deixem de lado padrões pré-determinados de comportamento. Aceitem o diferente com respeito. Acreditem que pessoas podem e devem pensar diferente dos demais e seguir o que acreditarem sem que com isso prejudiquem ao próximo. Vamos acima de tudo acreditar que podemos ainda fazer um mundo melhor, mas sempre começando com mudanças de pré-conceitos enraizados em nossas cabeças, passando por nossas familias, amigos e assim por diante.

 

Espero que desta vez, receba menos criticas e mais apoiadores do senso de solidariedade e respeito pelo convívio pacifico entre todos.

 

Não sou covarde como os principais terroristas que se escondem, por isso deixo sempre meu email disponível e respondo todas as mensagens que me chegam, mas também não quero mais correr riscos para mim nem para minha família, pois neste período recebi algumas ameaças muito fortes. Portanto, peço desculpas aqueles que desejam me conhecer pessoalmente e quem sabe num futuro próximo eu possa encontrar todos vocês que somente desejaram coisas boas e oraram por minha família e meu povo. Quando este dia chegar, certamente não haverá mais terroristas no mundo e o Oriente Médio será uma terra de paz, liberdade e prosperidade.

 

É o que eu acredito.

 

Agradeço por divulgar esta carta também. Está antecipadamente autorizado.

 

Salam

 

Achmed Assef

 achmedassef@gmail.com


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Que guerra é essa? Árabes contra judeus?

 
Data da impressão: 22 de janeiro de 2009

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Robinson Cavalcanti

Quem contra quem?
Desde a década de 1940 o mundo tem acompanhado, periodicamente, a eclosão de conflitos no Oriente Médio tendo como epicentro Israel/Palestina. Quais as origens e a natureza dessa guerra?

Primeiramente, não se trata de um conflito entre o islamismo e o judaísmo. Ambas as religiões são divididas em correntes ("denominações"). O judaísmo entre ortodoxos, conservadores e reformistas; os islâmicos entre sunitas, xiitas, ismaelitas, wahabitas. Em ambos os lados suas correntes são subdivididas em subcorrentes. Há islâmicos que aceitam a existência do Estado de Israel e há judeus (grande parcela dos ortodoxos) que são contrários a existência desse Estado, que se pretende um "messias corporativo" e não um "messias pessoal" como acreditam. A grande maioria dos islâmicos e dos judeus vive em outros continentes e regiões, distantes do local do conflito, e a ele indiferentes ou contrários.

Em segundo lugar, não se trata de um conflito entre árabes e judeus. A ampla maioria dos islâmicos não é árabe: Indonésia, Bangladesh, Paquistão, Afeganistão, Irã, África Sub-Sahariana. Os árabes se constituem em uma minoria dos Islâmicos e nem todos os islâmicos árabes vivem no Oriente Médio (Marrocos, Líbia. Tunísia, Argélia). A maioria dos judeus também vive fora da região, sendo o maior núcleo nos Estados Unidos da América.

Se nem todo islâmico é árabe, nem todo árabe é islâmico. Há árabes cristãos, drusos, e judeus sefaradies que assimilaram essa cultura. Por sua vez, o termo israelita é aplicado aos seguidores do judaísmo, e israelense aos cidadãos do Estado de Israel. Entre os israelenses israelitas mais de 80% é formado por ateus ou agnósticos, ou seja, são apenas cidadãos de um Estado e seguidores de uma cultura, mas não praticantes de uma religião. Há israelenses islâmicos, cristãos e drusos.

O Estado de Israel
A sociedade do atual Estado de Israel é altamente estratificada: no topo estão os askhenazim, louros germânicos e eslavos, oriundos do centro e leste da Europa, onde falavam o iídiche (cujos parentes sofreram o genocídio nazista), modernos, secularizados, pouco, ou nada, praticantes da religião, e que idealizaram, fundaram e detém os cargos chaves do governo. Abaixo ficam os sepharadies, expulsos pela inquisição católica principalmente das penínsulas ibérica e itálica, onde falavam o ladino, e que viveram, por séculos em países do norte da África e do Oriente Médio, de hegemonia árabe-islâmica. São considerados "pré-modernos", menos afeitos à democracia ocidental, e possuem uma percentagem maior de praticantes da religião. Um grupo menor e mais recente são os falashas, judeus negros etíopes, descendentes do intercâmbio entre os dois países na época do rei Salomão e da rainha de Sabá.

Os askhenazim e os sepharadies têm grão-rabinos e sinagogas em separado. Há mais reformistas entre os askhenazim e mais ortodoxos entre os sepharadies, proporcionalmente, com presença de ambos entre os conservadores (conservadores culturais, não nos dogmas).

Embora registrados como cidadãos, e portadores do passaporte de Israel, vem, a seguir, em ordem descente na pirâmide social: os drusos, os árabes cristãos (grego-ortodoxos, sírio-ortodoxos, armênios, coptas, uniatas, latinos, protestantes, etc.) e os árabes islâmicos (com suas clássicas divisões). Mais recentemente, tem surgido mais um grupo, de reduzida expressão: os judeus messiânicos, ou judeus-cristãos.

A sociedade do Estado de Israel é, pois, complexa, e comporta no seu interior uma diversidade de interesses. Sua população atual é de cinco milhões e setecentos mil habitantes, dos quais um milhão e 400 mil (cerca de 20%) é de cidadãos árabes que, exercendo seus direitos limitados, conseguem alguns assentos no Knesset (Parlamento).

Antes da criação do Estado de Israel, em 1948, esses diversos grupos conviviam em paz no território, por muitos séculos.

História
Quando os romanos, sob o comando do general Tito, destruíram Jerusalém no ano 70, a maioria dos judeus partiram para o exterior (diáspora), onde já existiam muitas comunidades. Parte dos judeus permaneceu no seu lugar de origem, se convertendo ao cristianismo no primeiro e no segundo séculos e ao islamismo no sétimo século, com a ocupação árabe em 636 A.D. Assim, muitos dos árabes-cristãos e árabes-islâmicos de hoje, na verdade são descendentes de judeus convertidos. Por outro lado, ampla parcela dos judeus que retornaram da diáspora são descendentes de prosélitos ou de uniões mistas (germânica, eslava ou latina).

O Estado de Israel é resultado do Movimento Sionista (Sion = colina da antiga Jerusalém), idealizado por Thodor Herzl, que organizou o seu primeiro congresso em Basiléia, na Suíça, em 1897. Outro líder importante foi Chaim Waisseman. Diante do que aconteceu com a Inquisição e do persistente preconceito anti-semita, os sionistas defendiam a existência de um território judaico, que poderia ser na Argentina, na África ou na Palestina. Os idealizadores do Sionismo não eram judeus religiosos, e eram motivados por uma necessidade de sobrevivência, e não por argumentos religiosos, muito menos escatológicos. Em 1909, como bons socialistas, organizaram o primeiro kibutz (fazenda coletiva) em território palestino, com população então de ampla maioria árabe.

O território palestino esteve sob o domínio do Império Turco-Otomano de 1517 a 1917, quando foi ocupado pelos britânicos, cujo chanceler Arthur Balfour reconheceu a necessidade de estabelecimento de um "lar nacional" para os judeus na região, crescendo, lentamente, a imigração de judeus. O Sionismo ganha maior apoio -- a imigração aumenta -- com a repressão nazista, na segunda parte dos anos 1930 e primeira parte dos anos 1940. Na época cidades como Belém e Nazaré tinham cerca de 90% de suas populações formadas por cristãos nativos.

Durante a ocupação britânica (1920-1948) foi criada a organização para-militar judaica Haganá, cujo braço militar era o Irgun, que defendia a luta armada para expulsar os ingleses, realizando vários atos terroristas, sendo o mais conhecido a explosão do Hotel Rei Davi, em Jerusalém, matando 91 civis, a maioria cidadãos britânicos, mas também árabes e alguns judeus. O falecido ex-missionário batista (UESA/ABUB) no Brasil, Dionísio Pape, foi sargento-paraquedista durante seis meses na Palestina, escapou por pouco de uma bomba terrorista judaica, e presenciou um caminhão da sua unidade ir pelos ares cheio de soldados. Vários desses terroristas se tornaram importantes figuras do Estado de Israel, como o ex-primeiro ministro Menachen Begin.

O não cumprimento por parte dos britânicos de criar um grande Estado árabe nos territórios sob seu mandato, e o fluxo sionista gerou o início das tensões na região. Sem consulta aos árabes-palestinos, a ONU optou pela criação de dois Estados: Israel e Palestina. Os Estados árabes não concordaram, travaram uma guerra contra Israel e perderam (1948-1949). 700 mil palestinos fugiram para Gaza, para a Cisjordânia ou para outros países. Israel confiscou as propriedades dos que fugiram; muitas deles pertencentes às suas famílias por gerações, e as usou para promover o assentamento de novas levas de judeus que faziam a "aliá": retorno. Gaza ficou incorporada pelo Egito e a Cisjordânia e Jerusalém Oriental pela Jordânia.

Durante toda a sua existência o Estado de Israel recebeu generosas doações da afluente comunidade judaica norte-americana, e foi um aliado automático dos EUA durante o período da "Guerra Fria".

Com a "Guerra dos Seis Dias" (1967) Israel tomou o controle de Gaza e da Cisjordânia e incorporou Jerusalém Oriental. A população árabe, então, se tornou muito numerosa, somando-se os antigos cidadãos árabe-israelenses e as populações de Gaza e Cisjordânia, sem cidadania, movidas de ressentimento pelas propriedades perdidas, fortemente controladas por Israel, isoladas em uma série de enclaves, com um padrão de vida bem inferior. Daí em diante os surtos de violência são periódicos, com ações e reações, escalada mútua de radicalismo, e muitas mortes inocentes.

Atualidade
Em 1993 foi criada a Autoridade Nacional Palestina, com autonomia relativa sobre Gaza e a Cisjordânia (com capital provisória na cidade de Ramallah), mas não como um Estado independente, mantida sobre eles a soberania do Estado de Israel. Na verdade uma constelação de municípios descontínuos, com um Presidente, uma bandeira, um time de futebol, e um Parlamento com escassos poderes, sendo o partido secular Fatah (que antes cometera atos terroristas) a força política dominante. Em 2005, Israel se retirou de Gaza, fechando suas colônias. Colônias judaicas continuam a existir na zona rural da Cisjordânia, entre cidades palestinas muradas, cujas entradas e saídas são controladas pelo exército de Israel. Verdadeiros "condomínios fechados", de fora para dentro... e involuntariamente. Chocante ironia, para mim, no ano passado, foi estar em Jericó com nova muralha... construída pelo Estado de Israel.

Enquanto isso, as guerras, e a falta de oportunidades, têm levado ao êxodo dos cristãos da Palestina e do Oriente Médio para o Ocidente, reduzindo drasticamente a sua presença na região de onde são originários, e onde mantiveram a sua fé por dois mil anos.

Se durante a "Guerra Fria" contra a União Soviética, os EUA e aliados armaram Sadam Hussein contra os aiatollahs do Irã, e os mujahedim (como a Al-Qaeda) contra o regime comunista do Afeganistão, grupos religiosos como o Hamas foram estimulados por Israel, visando enfraquecer as forças seculares então majoritárias.

Somando-se os habitantes de Gaza e da Cisjordânia com os cidadãos não-judeus do Estado de Israel, se está diante de uma bomba-relógio biológica. A imigração e a taxa de natalidade dos judeus em Israel vêm perdendo percentagem para as famílias mais numerosas dos cidadãos não-judeus, que poderá ultrapassá-los em poucas décadas.

A paz mundial depende de uma maioria de países caracterizados como Estados Democráticos de Direito, laicos e plurais, com direitos e deveres iguais para todos os cidadãos. Se hoje dois Estados um Judeu e um Palestino -- ambos independentes e com um tratado de paz -- é a solução mais desejável e menos mal, o grande erro da ocupação britânica e da ONU foi a partição e não a construção de um Estado Laico unificado.

Se os mais religiosos dentre os judeus -- os ortodoxos -- se mantém contrários à existência do Estado de Israel, e esse nasceu de um ideal secular, humanista e socialista, outra ironia é que foi entre setores do protestantismo norte-americano: dispensacionalistas, pré-milenistas e pré-tribulacionistas, que se foi construir uma teoria de legitimação para aquele Estado. Seria uma "vitória" dos derrotados no Concílio de Jerusalém (Atos 15)? Um retorno dos judaizantes em uma igreja fragmentada e em crise de autocompreensão e identidade, rompida com sua própria história?

O que afirmamos nós, a maioria dos protestantes que não concorda com esse "cristianismo sionista", que vai se tornando cada vez mais judaizante, chegando alguns a advogar que há hoje dois caminhos para a salvação: a Graça mediante a fé em Cristo para todo o mundo, e a Lei para os judeus? Para nós, que não aceitamos nem o gueto de Varsóvia, nem o gueto de Gaza?

Novo Povo de Deus
Deus -- na economia da salvação -- chamou Abraão, deu a seus descendentes um espaço geográfico, onde deveriam ser o povo da aliança: monoteísta, portador da Lei e dos estatutos, modelo de ética individual e social, com um sacerdócio estabelecido ao redor de um Templo, com uma revelação que também se fazia pelos profetas, e cujo objetivo último seria a chegada do Messias na plenitude dos tempos.

O povo de Israel teve sua trajetória marcada pela instabilidade e pela desobediência do bezerro de ouro e das murmurações no deserto, ao culto idolátrico, politeísta e imoral a deuses estrangeiros, com uma sucessão de maus dirigentes. Os profetas procuraram exortar, corrigir e advertir. Deus, como corretivo, permitiu Israel ser invadido por outros povos e sofrer dois exílios. Por dois séculos antes do Messias, houve silêncio na revelação. O reino do norte (Israel) já havia desaparecido, e o que restara do reino do sul (Judá), era uma província periférica e enfraquecida do Império Romano, dirigida, política e religiosamente, por usurpadores.

A Primeira Aliança chega ao fim com o nascimento, a obra e a ressurreição do (rejeitado) Messias, e quando o véu do templo se rasga. Com a destruição do Templo, no ano 70 A.D, cessam os sacrifícios, porque o Cordeiro já fora imolado; cessam os profetas. Uma obra estava acabada, a descendência de Abraão e Davi seria uma bênção para as nações na pessoa de Cristo. A partir daí fica apenas o Judaísmo, como uma religião monoteísta presa à narrativa do passado. Só há um caminho de salvação: Cristo, e os judeus, para serem salvos, deverão se enxertados na árvore da Nova Aliança.

Com o Pentecostes se inicia a nova e eterna aliança, o último e definitivo pacto: a Igreja, o novo e atual Israel, povo de Deus de todos os povos e para todos os povos. A nova aliança herda e completa a antiga. Escreve o apóstolo Pedro: "Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz" (1 Pe 2:9). Essa tem sido -- por dois mil anos -- a visão dos pais apostólicos, dos pais da Igreja e dos reformadores.

Integramos o Antigo Testamento (mais o Novo Testamento) no Cânon das escrituras cristãs. A despeito de nos sentirmos afetivamente vinculados às terras dos episódios bíblicos e por onde o nosso Senhor andou, não podemos -- nem devemos -- identificar o atual Estado de Israel com o Israel antigo da Bíblia. O nosso compromisso no Oriente Médio -- e em todo o mundo -- é com nossos irmãos e irmãs da Igreja, e não com os judeus, os islâmicos, ou qualquer outro. Em respeito às Sagradas Escrituras e ao consenso dos fiéis de vinte séculos, não nos cabe elaborar teorias para apoiar agendas geopolíticas do presente.

A paz é fruto da justiça!

Pela paz em Jerusalém, e para todos os povos!


Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política -- teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo -- desafios a uma fé engajada. www.dar.org.br

 
 
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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Carta de SM, Rei Abdallah, novembro de 1947 ao povo estadunidense

S.M., Rei Abdállah I, 1947

É prazer especial dirigir-me ao público norte-americano, porque o trágico problema da Palestina não será jamais resolvido sem a simpatia dos norte-americanos, sem seu apoio, sem que compreendam.

Já se escreveram contudo tantas palavras sobre a Palestina - é talvez o assunto sobre o qual mais se escreveu em toda a história -, que hesito. Mas tenho de falar, porque acabei por concluir que o mundo em geral, e os EUA em especial, sabem praticamente nada sobre a causa pela qual os árabes realmente lutam.

Nós, árabes, acompanhamos a imprensa dos EUA, talvez muito mais do que os senhores pensem. E nos perturba muito constatar que, para cada palavra impressa a favor dos árabes, imprimem-se mil a favor dos sionistas. Há muitas razões para que isto aconteça.

Vivem nos EUA milhões de cidadãos judeus interessados nesta questão. Eles têm vozes fortes, falam muito e conhecem bem os recursos da divulgação de notícias. E há poucos cidadãos árabes nos EUA, e ainda não conhecemos bem as técnicas da propaganda moderna.

Os resultados disto têm sido alarmantes. Vemos na imprensa dos senhores uma horrível caricatura de nós mesmos e lemos que aquele seria nosso verdadeiro retrato. Para que haja justiça, não podemos deixar que esta caricatura seja tomada por nosso retrato verdadeiro.

Nosso argumento é bem simples: por quase 2.000 anos, a Palestina foi quase 100% árabe. Ainda é preponderantemente árabe, apesar do enorme número de judeus imigrantes. Mas se continuar a imigração em massa, em pouco tempo seremos minoria em nossa própria casa.

A Palestina é país pequeno e muito pobre, quase do tamanho do estado de Vermont. A população árabe é de apenas 1,2 milhão de pessoas. E fomos obrigados a receber, contra nossa vontade, cerca de 600 mil judeus sionistas. E nos ameaçam com muitos mais centenas de milhares.

Nossa posição é tão simples e natural, que surpreende que tenha sido questionada. É exatamente a mesma posição que os EUA adotaram em relação aos infelizes judeus europeus. Os senhores lamentam que eles sofram o que sofrem hoje, mas não os querem em seu país.

Tampouco nós os queremos em nosso país. Não porque sejam judeus, mas porque são estrangeiros. Não queremos centenas de milhares de estrangeiros em nosso país, sejam ingleses, noruegueses, brasileiros, o que sejam.

Pensem um pouco: nos últimos 25 anos, fomos obrigados a receber população equivalente a um terço do total de habitantes nativos. Nos EUA, seria o mesmo que o país ser obrigado a receber 45 milhões de estrangeiros, contra a vontade dos norte-americanos, desde 1921. Como os senhores reagiriam a isto?

Por nossa reação perfeitamente natural, contra sermos convertidos em minoria em nossa terra, somos chamados de nacionalistas cegos e anti-semitas impiedosos. A acusação seria cômica, se não fosse tão perigosa.

Nenhum povo da Terra jamais foi menos anti-semita que os árabes. Os judeus sempre foram perseguidos quase exclusivamente por nações ocidentais e cristãs. Os próprios judeus têm de admitir que nunca, desde a Grande Diáspora, os judeus desenvolveram-se com tanta liberdade e alcançaram tanta importância quanto na Espanha enquanto a Espanha foi possessão árabe. Com pequenas exceções, os judeus viveram durante séculos no Oriente Médio, em completa paz e amizade com seus vizinhos árabes.

Damasco, Bághdade, Beirute e outros centros árabes sempre incluíram grandes e prósperas comunidades de judeus. Até o início da invasão sionista na Palestina, estes judeus receberam tratamento mais generoso - muito, muito mais generoso - do que o que receberam na Europa cristã. Hoje, infelizmente, pela primeira vez na história, aqueles judeus começam a sentir os efeitos da resistência árabe ao assalto sionista. Muitos judeus estão tão ansiosos quanto os árabes e querem o fim do conflito. Muitos destes judeus que encontram lar acolhedor entre nós ressentem-se, como nós, com a chegada de tantos estrangeiros.

Por muito tempo intrigou-me muito a estranha crença, que aparentemente persiste nos EUA, segundo a qual a Palestina sempre teria sido, de algum modo, "terra dos judeus". Recentemente, conversando com um norte-americano, desfez-se o mistério. Disse-me ele que a maioria dos norte-americanos só sabem, sobre a Palestina, o que lêem na Bíblia. Dado que havia uma terra dos judeus no tempo de que a Bíblia fala, pensam eles, concluem que nada tenha mudado desde então.

Nada poderia ser mais distante da verdade. E, perdoem-me, é absurdo recorrer ao alvorecer da história, para concluir sobre quem 'mereceria' ser dono da Palestina de hoje. Contudo, os judeus fazem exatamente isto, e tenho de responder a este "clamor histórico". Pergunto-me se algum dia houve no mundo fenômeno mais estranho do que um grupo de pessoas pretenderem, seriamente, reclamar direitos sobre uma terra, sob a alegação de que seus ancestrais ali teriam vivido há 2.000 anos!

Se lhes parecer que argumento em causa própria, convido-os a ler a história documentada do período e verificar os fatos.

Registros fragmentados, que são os que há, indicam que os judeus viviam como nômades e chegaram do sul do Iraque ao sul da Palestina, onde permaneceram por pouco tempo; e então moveram-se para o Egito, onde permaneceram por cerca de 400 anos. À altura do ano 1300 a.C. (pelo calendário ocidental), deixaram o Egito e gradualmente dominaram alguns - mas não todos - os habitantes da Palestina.

É significativo que os Filistinos - não os judeus - tenham dado nome ao país. "Palestina" é, simplesmente, a forma grega equivalente a "Philistia".

Só uma vez, durante o império de David e Salomão, os judeus chegaram a controlar quase toda - mas não toda - a terra que hoje corresponde à Palestina. Este império durou apenas 70 anos e terminou em 926 a.C. Apenas 250 anos depois, o Reino de Judá já estava reduzido a uma pequena província em torno de Jerusalém, com território equivalente a 1/4 da Palestina de hoje.

Em 63 a.C., os judeus foram conquistados pelo romano Pompeu, e nunca mais voltaram a ter nem vestígio de independência. O imperador Adriano, romano, finalmente os subjugou em circa 135 d.C. Adriano destruiu Jerusalém, reconstruiu-a sob outro nome e, por centenas de anos, nenhum judeu foi autorizado a entrar na cidade. Poucos judeus permaneceram na Palestina; a enorme maioria deles foram assassinados ou fugiram para outros países, na Diáspora, ou Grande Dispersão. Desde então, a Palestina deixou de ser terra dos judeus, por qualquer critério racional admissível.

Isto aconteceu há 1.815 anos. E os judeus ainda aspiram solenemente à propriedade da Palestina! Se se admitir este tipo de fantasia, far-se-á dançar o mapa do mundo!

Os italianos reclamarão a propriedade da Inglaterra, que os romanos dominaram por tanto tempo. A Inglaterra poderá reclamar a propriedade da França, "pátria" dos normandos conquistadores. Os normandos franceses poderão reclamar a propriedade da Noruega, "pátria" de seus ancestrais. Os árabes, além disto, poderemos reclamar a propriedade da Espanha, que dominamos por 700 anos.

Muitos mexicanos reclamarão a propriedade da Espanha, "pátria" de seus pais ancestrais. Poderão exigir a propriedade também do Texas, que pertenceu aos mexicanos até há 100 anos. E imaginem se os índios norte-americanos reclamarem a propriedade da terra da qual foram os únicos, nativos, ancestrais donos, até há apenas 450 anos!

Nada há de caricato, aí. Todas estas aspirações e demandas são tão válidas e justas - ou tão fantasiosas - quanto a "ligação histórica" que os judeus alegam ter com a Palestina. Muitas outras ligações históricas são muito mais válidas do que esta.

De qualquer modo, a grande expansão muçulmana, dos anos 650 d.C., definiu tudo e dominou completamente a Palestina. Daquele tempo em diante, a Palestina tornou-se completamente árabe, em termos de população, de língua e de religião. Quando os exércitos britânicos chegaram à Palestina, durante a última guerra, encontraram 500 mil árabes e apenas 65 mil judeus.

Se uma sólida e ininterrupta ocupação árabe, por 1.300 anos, não torna árabe um país... o que mais seria preciso?

Os judeus dizem, com razão, que a Palestina é a terra de sua religião. Parece ser o berço da cristandade. Mas, que outra nação cristã faz semelhante reivindicação? Quanto a isto, permitam-me lembrar que os cristãos árabes - e há muitas centenas de milhares de cristãos árabes no mundo árabe - concordam absolutamente com todos os árabes, e opõem-se, também, à invasão sionista da Palestina.

Permitam-me acrescentar também que Jerusalém, depois de Meca e Medina, é a cidade mais sagrada no Islam. De fato, nos primórdios de nossa religião, os muçulmanos rezávamos voltados para Jerusalém, não para Meca.

As "exigências religiosas" que os judeus fazem, em relação à Palestina, são tão absurdas quanto as "exigências históricas". Os Lugares Santos, sagrados, para três grandes religiões, devem ser abertos a todos, não monopólio de qualquer delas. E não confundamos religião e política.

Tomam-nos por desumanos e sem coração, porque não aceitamos de braços abertos talvez 200 mil judeus europeus, que sofreram tão terrivelmente a crueldade nazista e que ainda hoje - quase três anos depois do fim da guerra - ainda definham em campos gelados, deprimentes. Permitam-me destacar alguns fatos.

A inimaginável perseguição aos judeus não foi obra dos árabes: foi obra de uma nação cristã e ocidental. A guerra que arruinou a Europa e tornou impossível que estes judeus se recuperassem foi guerreada exclusivamente entre nações cristãs e ocidentais. As mais ricas e mais vazias porções do planeta pertencem, não aos árabes, mas a nações cristãs e ocidentais.

Mesmo assim, para acalmar a consciência, estas nações cristãs e ocidentais pedem à Palestina - país muçulmano e oriental muito pequeno e muito pobre - que aceite toda a carga. "Ferimos terrivelmente esta gente", grita o Ocidente para o Oriente. "Será que vocês podem tomar conta deles, por nós?" Não vemos aí nem lógica nem justiça. Não somos, os árabes, "nacionalistas cruéis e sem coração"?

Os árabes somos povo generoso: nos orgulhamos de "a hospitalidade árabe" ser expressão conhecida em todo o mundo. Somos solidários: a ninguém chocou mais o terror hitlerista do que aos árabes. Ninguém lastima mais do que os árabes o suplício pelo qual passam hoje os judeus europeus.

Mas a Palestina já acolheu 600 mil refugiados. Entendemos que ninguém pode esperar mais de nós - nem poderia esperar tanto. Entendemos que é chegada a vez de o resto do mundo acolher refugiados, alguns deles, pelo menos.

Serei completamente franco. Há algo que o mundo árabe simplesmente não entende. Dentre todos os países, os EUA são os que mais pedem que se faça algo pelos judeus europeus sofredores. Este pedido honra a humanidade pela qual os EUA são famosos e honra a gloriosa inscrição que se lê na Estátua da Liberdade.

Contudo, os mesmos EUA - a nação mais rica, maior, mais poderosa que o mundo jamais conheceu - recusa-se a receber mais do que um pequeníssimo grupo daqueles mesmos judeus!

Espero que os senhores não vejam amargura no que digo. Tentei arduamente entender este misterioso paradoxo. Mas confesso que não entendo. Nem eu nem nenhum árabe.

Talvez tenham ouvido dizer que "os judeus europeus querem ir para a Palestina e nenhum outro lugar lhes interessa."

Este mito é um dos maiores triunfos de propaganda, da Agência Judaica para a Palestina, a organização que promove com zelo fanático a emigração para a Palestina. É sutil meia-verdade; portanto, é duplamente perigosa.

A estarrecedora verdade é que ninguém no mundo realmente sabe para onde estes infelizes judeus realmente querem ir!

Imaginar-se-ia que, tratando-se de questão tão grave, os americanos, ingleses e demais autoridades responsáveis pelos judeus europeus teriam pesquisado acurada e cuidadosamente - talvez por votos -, para saber para onde cada judeu realmente deseja ir. Surpreendentemente, jamais se fez qualquer levantamento ou pesquisa! A Agência Judaica para a Palestina impediu-o.

Há pouco tempo, numa conferência de imprensa, alguém perguntou ao Comandante Militar norte-americano na Alemanha o que lhe dava tanta certeza de que todos os judeus quisessem ir para a Palestina. Sua resposta foi simples: "Fui informado por meus assessores judeus." Admitiu que não houvera qualquer votação ou levantamento. Houve preparativos para uma pesquisa, mas a Agência Judaica para a Palestina fez parar tudo.

A verdade é que os judeus, nos campos de concentração alemães, estão hoje sob intensa pressão de uma campanha sionista, por métodos aprendidos do terror nazista. É perigoso, para qualquer judeu, declarar que prefere outro destino que não seja a Palestina. Estas vozes dissonantes têm sofrido espancamentos severos e castigos ainda piores.

Também há pouco tempo, na Palestina, cerca de 1.000 judeus austríacos informaram à organização internacional de refugiados que gostariam de voltar à Áustria e já se planejava o seu repatriamento. Mas a Agência Judaica para a Palestina soube destes planos e aplicou forte pressão política para que o repatriamento não acontecesse. Seria má propaganda, contrária aos interesses sionistas, que houvesse judeus interessados em deixar a Palestina. Os cerca de 1.000 austríacos ainda estão lá, contra a vontade deles.

O fato é que a maioria dos judeus europeus são ocidentais, em termos de cultura e práticas de vida, com experiência e hábitos urbanos. Não são pessoas das quais se deva esperar que assumam o trabalho de pioneiros, na terra dura, seca, árida da Palestina.

Mas é verdade, sim, pelo menos um fato. Como estão postas hoje as opções, a maioria dos judeus europeus refugiados, sim, votarão por serem mandados para a Palestina, simplesmente porque sabem que nenhum outro país os acolherá.

Se os senhores ou eu tivermos de escolher o campo de prisioneiros mais próximo, para ali vivermos a vida que nos reste, ou a Palestina, sem dúvida também escolheríamos a Palestina.

Mas dêem alternativas aos judeus, qualquer outra possibilidade, e vejam o que acontece!

Contudo, nenhuma pesquisa ou escolha terá alguma utilidade, se as nações do mundo não se mostrarem dispostas a abrir suas portas - um pouco, que seja - aos judeus. Em outras palavras, se, consultado, algum judeu disser que deseja viver na Suécia, a Suécia deverá estar disposta a recebê-lo. Se escolher os EUA, os senhores terão de permitir que venha para cá.

Qualquer outro tipo de consulta ou pesquisa será farsa. Para os judeus desesperados, não se trata de pesquisa de opinião: para eles, é questão de vida ou morte. A menos que tenham certeza de que sua escolha significará alguma coisa, os judeus continuarão a escolher a Palestina, para não arriscarem o único pássaro que já têm em mãos, por tantos que voam tão longe.

Seja como for, a Palestina já não pode aceitar mais judeus. Os 65 mil que havia na Palestina em 1918, saltaram hoje para 600 mil. Nós árabes também crescemos, em número, e não por imigração. Os judeus eram apenas 11% da população, naquele território. Hoje, são um terço.

A taxa de crescimento tem sido assustadora. Em poucos anos - a menos que o crescimento seja detido agora - haverá mais judeus que árabes, e seremos significativa minoria em nossa própria terra.

Não há dúvida de que o planeta é rico e generoso o bastante para alocar 200 mil judeus - menos de um terço da população que a Palestina, minúscula e pobre - já abriga. Para o resto do mundo, serão mais alguns. Para nós, será suicídio nacional.

Dizem-nos, às vezes, que o padrão de vida árabe melhorou, depois de os judeus chegarem à Palestina. É questão complicada, dificílima de avaliar.

Mas, apenas para argumentar, assumamos que seja verdade. Neste caso, talvez fôssemos um pouco mais pobres, mas seríamos donos de nossa casa. Não é anormal preferirmos que assim seja.

A triste história da chamada Declaração de Balfour, que deu início à imigração dos sionistas para a Palestina, é complicada demais para repeti-la aqui, em detalhes. Baseia-se em promessas feitas aos árabes e não cumpridas - promessas feitas por escrito e que não se podem cancelar.

Declaramos que aquela declaração não é válida. Declaradamente negamos o direito que teria a Grã-Bretanha de ceder terra árabe para ser "lar nacional" de um povo que nos é completamente estranho.

Nem a sanção da Liga das Nações altera nossa posição. Àquela altura, nenhum país árabe era membro da Liga. Não pudemos dizer sequer uma palavra em nossa defesa.

Devo dizer - e, repito, em termos de franqueza fraterna -, que os EUA são quase tão responsáveis quanto a Grã-Bretanha, por esta Declaração de Balfour. O presidente Wilson aprovou o texto antes de ser dado a público, e o Congresso dos EUA aprovou-o, palavra por palavra, numa resolução conjunta de 30 de junho de 1922.

Nos anos 1920, os árabes foram perturbados e insultados pela imigração dos sionistas, mas ela não nos alarmou. Era constante, mas limitada, como até os sionistas pensavam que continuaria a ser. De fato, durante alguns anos, mais judeus deixaram a Palestina, do que chegaram - em 1927, os que partiram foram o dobro dos que chegaram.

Mas dois novos fatores, que nem os britânicos nem a Liga nem os EUA e nem o mais fervoroso sionista considerou, começaram a pesar neste movimento, no início dos anos 30, e fizeram a imigração subir a patamares jamais imaginados. Um, foi a Grande Depressão mundial; o outro, a ascensão de Hitler.

Em 1932, um ano antes de Hitler tomar o poder, só 9.500 judeus chegaram à Palestina. Não os consideramos bem-vindos, mas não tememos que, àquele ritmo, ameaçassem nossa sólida maioria árabe. Mas no ano seguinte - o ano de Hitler -, o número saltou para 30 mil. Em 1934, foram 42 mil! Em 1935, 61 mil!

Já não era a chegada ordeira de idealistas sionistas. Em vez disto, a Europa jorrava sobre nós levas de judeus assustados. Então, sim, afinal, nos preocupamos. Sabíamos que, a menos que se detivesse aquele fluxo gigantesco, seria a catástrofe para nós, os árabes, em nossa pátria palestina. Ainda pensamos assim.

Parece-me que muitos norte-americanos crêem que os problemas da Palestina são remotos, que estão muito distantes deles, que os EUA nada têm a ver com o que lá acontece, que o único interesse dos EUA é oferecer apoio humanitário.

Creio que os norte-americanos ainda não viram o quanto, como nação, são responsáveis em geral por todo o movimento sionista e, especificamente, pelo terrorismo de hoje. Chamo-lhes a atenção para isto, porque tenho certeza de que, se se aperceberem da responsabilidade que lhes cabe, agirão com justiça e saberão admiti-la e assumi-la.

Sem o apoio oficial dos EUA ao Lar Nacional preconizado por Lorde Balfour, as colônias sionistas seriam impossíveis na Palestina, como seria impossível qualquer empreitada deste tipo e nesta escala, sem o dinheiro norte-americano. Este dinheiro é resultado da contribuição dos judeus norte-americanos, num esforço pleno de ideais, para ajudar outros judeus.

O motivo foi digno: o resultado foi desastroso. As contribuições foram oferecidas por indivíduos, entidades privadas, mas foram praticamente, na totalidade, contribuições de norte-americanos, e, como nação, só os EUA podem responder por elas.

A catástrofe que estamos vivendo pode ser deposta inteira, ou quase inteira, à porta de suas casas. Só o governo norte-americano, voz quase única em todo o mundo, insiste que a Palestina admita mais 100 mil judeus - depois dos quais incontáveis outros virão. Isto terá as mais gravíssimas conseqüências e gerará caos e sangue como jamais houve na Palestina.

Quem clama por esta catástrofe - voz quase única no mundo - são a imprensa dos EUA e os líderes políticos dos EUA. É o dinheiro dos EUA, quase exclusivamente, que aluga ou compra os "navios de refugiados" que zarpam ilegalmente para a Palestina: as tripulações são pagas com dinheiro dos EUA. A imigração ilegal da Europa é montada pela Agência Judeus Americanos, que é mantida quase exclusivamente por fundos norte-americanos. São dólares norte-americanos que mantêm os terroristas, que compram as balas e as pistolas que matam soldados ingleses - aliados dos EUA - e cidadãos árabes - amigos dos EUA.

Surpreendeu-nos muito, no mundo árabe, saber que os norte-americanos admitem que se publiquem abertamente nos jornais anúncios à procura de dinheiro para financiar aqueles terroristas, para armá-los aberta e deliberadamente para assassinarem árabes. Não acreditamos que realmente estivesse acontecendo no mundo moderno. Agora, somos obrigados a acreditar: já vimos estes anúncios com nossos próprios olhos.

Falo sobre tudo isto, porque só a franqueza mais completa pode ser-nos útil. A crise é grave demais para que nos deixemos deter por alguma polidez vaga, que nada significa.

Tenho a mais completa confiança na integridade de consciência e na generosidade do povo norte-americano. Nós, árabes, não lhes pedimos qualquer favor. Pedimos apenas que ouçam, para conhecer a verdade inteira, não apenas metade dela. Pedimos apenas que, ao julgarem a questão palestina, ponham-se, todos, no lugar em que estamos, nós, os palestinos.

Que resposta dariam os norte-americanos, se alguma agência estrangeira lhes dissesse que teriam de aceitar nos EUA muitos milhões de estrangeiros - em número bastante para dominar seu país - meramente porque eles insistem em vir para os EUA e porque seus ancestrais viveram aqui há 2.000 anos?

Nossa resposta é a mesma.

E o que farão os norte-americanos se, apesar de terem-se recusado a receber esta invasão, uma agência estrangeira começar a empurrá-los para dentro dos EUA?

Nossa resposta será a mesma.

publicado originalmente em O Absurdo e a Graça

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Carta de um irmão palestino

Amigos,

Meu nome é Achmed Assef, sou palestino e vivo no Brasil atualmente.

Desde que iniciou novamente os conflitos no Oriente Médio, não se fala em outra coisa a não ser nesta guerra infeliz que tanto vem fazendo vitimas dos dois lados.

Nasci na Palestina, um pais que ainda não existe oficialmente e quando a situação ficou insustentável para minha família, tivemos o feliz e sagrado convite de um amigo de meus pais a virmos ao Brasil, e desde meus 5 anos de idade, moro neste lindo pais acolhedor.

Quando digo que a situação na Palestina ficou insustentável, não estou me referindo aos inúmeros conflitos com o exercito de Israel ou os religiosos judeus que mantinham suas casas lindas em território palestino, e que hoje essas mesmas casas foram tomadas a força pelos terroristas, mas sim de uma insustentabilidade provocada pelos próprios "governantes" palestinos em todos esses anos.

Para quem está no Brasil ou qualquer outro lugar do mundo, na segurança de seu lar e de sua vizinhança não vai conseguir imaginar nunca o que é viver em Gaza. Somente de lembrar minha breve infância nas cidades em que vivi, me da aperto no coração e vontade de chorar, porem, ninguém que esta no conforto de seus lares também recebendo milhares de informações, fotos e noticias do atual conflito pode imaginar também o que é sentir-se traído por aqueles que se intitulam lideres palestinos.

Os lideres palestinos nunca quiseram um Estado. E eu posso falar isso em alto e bom tom, porque é uma verdade. Se quisesse teriam criado antes de 1948, quando ainda não existia o Estado de Israel, se quisessem o teriam feito em 48 também quando a ONU decidiu pela criação de dois Estados, mas nossos grandes Líderes preferiram incitar o povo a violência de lutar contra os judeus do local a fazer lobby por um Estado palestino viável.

Não quiseram também os lideres palestinos quando os territórios, chamados "ocupados por Israel" e que hoje estão em sua grande maioria em nosso domínio, criar um Estado palestino. O que dizer então da mais recente escalada de violência, quando ocorreu a segunda intifada causada pelo grande líder Arafat que em 2000 rejeitou o melhor acordo de paz de todos os tempos propostos pelo premie israelense Ehud Barak e mais uma vez incitou o povo palestino a violência e a brutalidade através de homens-bomba, enquanto a família do Sr. Arafat vivia com regalias, mordomias e riquezas em Paris, tudo fruto de doações dignas estrangeiras mas que nunca chegaram ao povo sofrido da Palestina.

Ao invés de comprar comida, água, remédios e oferecer uma vida digna e boa ao povo palestino, nossos lideres preferiram o caminho da violência, da brutalidade e da estupidez de promover o ódio e a discriminação contra o povo judeu, que se não são anjos, também não são demônios como pregam nossos lideres.

As mesmas crianças que hoje morrem inocentemente no colo de suas mães, são as mesmas que recebem a criação e educação militar desde cedo a odiar Israel e o povo judeu, sabendo atirar com armas pesadas com menos de 5 anos de idade e ainda recebem a lavagem cerebral de se tornarem mártires explodindo-se para causar ainda mais vitimas do outro lado.

Os lideres palestinos não possuem nenhum sentimento humanitário como se espera para uma população cansada e calejada de sofrimento. Pois se tivessem, não mandariam para o suicídio seus parentes e suas crianças, enquanto esses covardes assassinos escondem-se em outros paises ou ate mesmo utilizando escudos humanos dentro da população civil, como vemos hoje na faixa de Gaza.

O Hamas, que há muito tempo vem promovendo barbáries dentro e fora de Gaza, desde que em seu único ato inteligente na historia, transformou-se em partido político somente para dar legitimidade ao seu terrorismo praticado diariamente nas ruas de Gaza, matou, perseguiu, torturou e aniquilou todos os "inimigos" do Fatah, o partido moderado que hoje é representado pelo incapaz Mahmoud Abbas.

Senhores, como pode um grupo terrorista, dizendo-se líder do povo palestino matar nossos irmãos? Como entender que eles não estão defendendo nosso povo, mas sim seus próprios ideais que não refletem a opinião da maioria desse meu povo palestino? Matar palestinos somente porque não concordam com seus atos e idéias é arcaico e acima de tudo terrorista. Sobrou a Cisjordânia para o Fatah e que se não tomarem cuidado, servira de base para mais atos de violência dos terroristas do Hamas.

Vocês podem argumentar que os terroristas do Hamas praticam atos sociais e de solidariedade, mas não acreditem em tudo que vêem na mídia e muito menos em tudo que ouvem. Para que vocês consigam compreender, faço uma analogia com os traficantes no Rio de Janeiro, pois é legitimo o que eles fazem? Aliciar crianças inocentes para o trafico de drogas, colocando armas pesadas em suas mãos? Acredito que não, mesmo que os traficantes promovam atos sociais e atos solidários com os moradores dos morros onde estão alojados. Continuam desrespeitando o direito de crianças crescerem com educação saudável e não para a guerra, como os terroristas do Hamas fazem hoje.

Amigos brasileiros que tanto respeito e tanto quero bem, faço um apelo como palestino, como muçulmano, mas acima de tudo como um ser humano que não agüenta mais ver a ignorância e a falta de conhecimento por parte de muitas pessoas neste lindo Brasil:

Parem de atacar Israel, parem de atacar os judeus e também parem de achar que o povo palestino é somente de terroristas. Há muita gente boa, inocente e que não quer mais conflitos com os israelenses e não os odeiam, assim como não odeiam os americanos.

Muita gente la, incluindo minha família está cansada de tanta dor e sofrimento e sabemos que devemos ter uma convivência pacifica com Israel, afinal, é de Israel que vem nossa água, nossa comida, nosso trabalho e nosso dinheiro.

Israel inclusive nos oferece ajuda militar sabiam? Quando houve acordo com a Autoridade Palestina no governo de Arafat, a policia de Israel treinou muitos de nossos homens que não queriam envolvimento com o conflito para que pudessem trabalhar na ordem de nossas cidades. Israel ofereceu treinamento para seus supostos inimigos, inclusive com armamento para que tivéssemos nossa própria segurança.

Terroristas que tentaram e não conseguiram se explodir nas cidades de Israel, receberam atendimento medico nos hospitais israelenses!! E muitas das escolas em Israel promovem a educação igualitária com alunos palestinos e judeus, convivendo em perfeita harmonia e recebendo educação sadia e de respeito ao próximo. Diferentemente do que acontece em Gaza, por exemplo.

Se nossos lideres não fossem tão burros e estúpidos, nosso povo sofrido não teria mais o que reclamar, pois em Israel estão as maiores oportunidades para um palestino que vive em gaza ou Cisjordânia e quem tem um mínimo de inteligência la sabe que não vai conseguir nunca varrer Israel do mapa ou exterminar todos os judeus, como apregoam certos lideres maníacos do nosso lado.

Quanto ganharíamos se estivéssemos do lado de Israel e dos judeus? Por que aqui no Brasil a convivência entre os dois povos sempre foi motivo de orgulho e quando estamos em sociedade ganhamos em tudo?

Meu tio recebeu visto de trabalho em Israel. Todos os dias levantava cedo e ia trabalhar em Israel e voltava de noite para sua casa em Gaza. Quando o Hamas tomou o poder à força e iniciou seus diários ataques as cidades israelenses, meu tio perdeu o emprego e a fronteira foi fechada. A culpa é de Israel? Do meu tio que nunca odiou os judeus? Não, a culpa é dos terroristas do Hamas. Meu tio hoje continua não odiando os israelenses nem os judeus. Vive na Síria, onde a situação não é das melhores, mas la não ha. grupos terroristas como o Hamas ou o Hezballah que somente acabam com a vida dos cidadãos de bem.

O povo palestino foi expulso de diversos paises chamados "amigos dos palestinos", incluindo Jordânia, Líbano, Síria e Líbia. O Egito fecha sua fronteira com Gaza porque não nos querem por la, inclusive no tratado de paz com Israel, na devolução do Sinai ao Egito, foi oferecido por Israel devolver Gaza também e os egípcios não quiseram porque chamaram de terra sem lei e o pior lugar do mundo para se viver.

Por que paises fortes e com um território gigantesco como Arábia Saudita, Jordânia, Irã e outros não tão grandes, mas muito ricos, como Kweit, Emirados Árabes ou Catar não nos recebem de braços abertos? Preferem somente financiar atentados terroristas e mandar todo seu dinheiro para lideres palestinos terroristas e que não pensam no bem estar da população, mas somente em enriquecimento próprio e incentivo ao ódio e intolerância?

Por isso, meus amigos, escrevo esta mensagem. Sei que esta carta não vai fazer nenhum dos dois lados pararem com o atual conflito e muito menos mudar o pensamento dos lideres que hoje determinam o rumo do meu povo palestino, mas se servir para fazer o povo brasileiro pensar nisso e entender que não precisamos importar um conflito que não serve pra nada aqui e também para que todos vocês realmente entendam quem são os principais responsáveis pela matança generalizada que ocorre atualmente em Gaza, fico feliz.

Israel não é culpado, esta se defendendo dos irresponsáveis lideres terroristas palestinos que diariamente ataca nosso vizinho com seus nada caseiros foguetes para depois se esconderem atrás de mulheres e crianças, colocando toda a culpa nos israelenses, enquanto esses terroristas que infelizmente também são palestinos covardemente se escondem em áreas altamente populosas para causar ainda mais mortes e ganharem fotos sensacionalistas nos jornais do mundo todo.

O povo palestino também não é culpado, o povo palestino, tirando esses terroristas que são minoria quer a paz, quer o convívio pacifico com Israel e com os judeus. Quer uma vida digna e viver em seu território chamando-o de lar, sem precisar fugir para qualquer outro país maravilhoso como o Brasil como eu fiz, pois a Palestina é o melhor lugar para viver um palestino.

Pensem nisso antes de escolher algum lado no conflito, mas acima de tudo, escolham o lado da paz, da tolerância e do respeito com quem quer que seja.

Grato,

Achmed Assef
achmedassef@gmail.com

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Tragédia no templo da Renascer - domingo 18 de janeiro, 18h52

Ageu Heringer Lisboa

Vinte minutos após o término de um culto acontece um estrondo e o teto do grande templo da Rua Lins de Vasconcelos 1108, no Cambuci, São Paulo, sede internacional da Igreja Apostólica Renascer em Cristo desaba inteiramente. Neste momento encontravam-se entre 200 a 300 pessoas segundo estimativas de testemunhas. Praticamente vazio se compararmos com sua lotação costumeira nos momentos de cultos, de 1500 a 2.200 pessoas. Daí a poucos minutos estaria novamente cheio para outro culto. Ao meio dia da segunda-feira contabiliza-se nove mortos e uma centena de feridos. Antes disto, de dentro do templo, olhando para o teto se via uma grandiosa pintura dos céus; agora não mais uma representação e sim uma visão direta dos céus, dia e noite. O teto-céu veio abaixo. Misturou-se ao piso, cadeiras, bíblias e gente, trazendo ferros, madeira, concreto, um amálgama caótico. Teto-piso onde passam a movimentar bombeiros, policiais, socorristas e jornalistas, à procura de vítimas.

Cheguei ao local do sinistro às 21h00 movido por curiosidade, compaixão e solidariedade,  um senso de responsabilidade, com predisposição de ser útil no que fosse possível.Assim ocorreu com muitas outras pessoas. Lembre-me imediatamente do que ocorrera semanas antes em Santa Catarina, com as inundações e desabamento com tantas mortes e destruição e a boa resposta da população à emergência.

Em torno da igreja, num círculo de três a cinco quadras, ruas foram interditadas a veículos, num trabalho rápido da autoridade de segurança. Dezenas e carros ambulâncias do SAMU, helicópteros ambulâncias da PM e viaturas das policias e bombeiros atestam a grandiosidade da tragédia e a presteza e organização das operações de socorro em andamento. Helicópteros de redes de tv e carros reportagem estacionados nas imediações. Grupos de membros da igreja nas esquinas, atentos, em orações. Ouvem-se aplausos quando alguém é colocado numa ambulância. Um homem é visto ajoelhado ao lado de uma ambulância, orando. Alguns feridos já atendidos iam embora; outros se mantinham nos arredores aguardando algum amigo ou simplesmente esperando para se inteirar melhor dos fatos. Uma necessidade de estar presente como testemunha dos fatos e não ser indiferente. A multidão não chega a atrapalhar os serviços, por bem comportada.  O que contrasto com o que acontece em volta de estádios de futebol quando algum incidente ou acidente acontece, com gritarias, xingamentos, chutes, depredação.

Bem próximo ao cordão de isolamento do quarteirão da igreja encontrei-me com o pastor Micmás, que dirige um trabalho de capelania. Juntos nos aproximamos do bispo Tenuta, dirigente da igreja, e manifestamos nossa solidariedade e de nossas comunidades. Um homem com cabeça enfaixada nos detalhou o que observou de reação dos que se encontravam no interior do templo: gritos, espanto, exclamações, orações e atitudes reflexas de autoproteção e de ajuda a gente próxima. Vizinhos da igreja foram os primeiros a prestar socorro, a organizar a saída e controlar o trânsito até que chegaram os policiais. Felizmente o socorro especializado não demorou, substituindo aos poucos os próprios membros da igreja e vizinhos que se auto-organizavam e atendiam a quem podiam. Horas depois muita gente já tinha comparecido a hospitais da região para doação de sangue.

Enquanto se finaliza a busca por vítimas começa o trabalho de rescaldo e perícia técnica, laudos de engenharia e documentação junto à prefeitura e bombeiros. Tudo será visto e analisado. A ciência, a técnica e as leis estarão a serviço do aprimoramento das noções de segurança, dos procedimentos de prevenção de acidentes, das normas de construção e manutenção das edificações e do manejo de emergências.

Certamente muita oração aconteceu e continuará a ser feita em várias cidades. A necessidade da consolação a quem perdeu um parente ou amigo continuará. Um lugar que para muitos é garantia da presença de Deus e guardado por anjos é destruído de forma repentina. Como entender? Como os dirigentes da igreja compreenderão esta tragédia? O imaginário de crentes acostumados a tragédias bíblicas fervilhará. Perguntas do tipo sem-resposta são disparadas em muitas mentes: e Deus? Ou alguém sabe a resposta? Mais uma vez fomos sacudidos pelo imprevisto. Somos convidados a sermos prudentes, não-julgadores e a exercer misericórdia.

 


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O sucesso aqui não garante o sucesso lá

 
Data da impressão: 19 de janeiro de 2009

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Capa — Missões brasileiras em resposta ao clamor do mundo

   Nesta matéria:
Missões brasileiras em resposta ao clamor do mundo
Presente e futuro da igreja evangélica no Brasil (parte 2)
O que fazer entre a ascensão e a parúsia de nosso Senhor Jesus Cristo
De devedor a inocente
Os católicos também fazem missões
O sucesso aqui não garante o sucesso lá
Centelhas do que foi dito no 5º Congresso Brasileiro de Missões
A contribuição de Orlando Costas para a compreensão da missão integral
O amor prova a espiritualidade e conduz à missão
A mais contundente palestra do 5º CBM foi feita por Paul Freston, sociólogo especializado no estudo da sociologia das igrejas evangélicas brasileiras, professor da Universidade Federal de São Carlos e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião na Universidade Baylor (Estados Unidos). Foi uma palestra pensada e pesada, um discurso duro de se ouvir, mas construtivo e necessário. O tom exortativo, porém não arrogante, facilitou a assimilação da mensagem. Além de conhecer a mentalidade evangélica brasileira dentro do país, Freston visitou e estudou comunidades evangélicas brasileiras nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, e entrevistou muitos missionários brasileiros e líderes evangélicos de países que recebem nossos missionários. Os organizadores do CBM mostraram sabedoria e coragem ao convidar o professor Freston para falar sobre os desafios atuais das missões brasileiras. Entre o que foi dito, vale destacar:

Globalização
A globalização cria a ilusão de um mundo muito mais uniforme do que realmente é. Ela incentiva a superficialidade no contato transcultural e atrapalha o engajamento de longo prazo, sem o qual não se faz uma evangelização mais profunda. Facilidades de viagem, internet etc., desencorajam a permanência mais longa e o mergulho profundo em outra cultura.

Proselitismo
Não somos fundamentalistas violentos, e a diferença é clara não só no fato de não jogarmos bombas, mas também na linguagem que usamos. O aumento da interação entre as religiões mundiais exigirá normas consensuais de respeito e civilidade. No mundo plural, é necessário respeitar outras religiões e não ridicularizá-las. Precisamos tomar cuidado com conceitos territoriais nas novas versões de batalha espiritual ("demônios territoriais"), para não voltarmos à territorialidade da cristandade medieval.

Inexperiência
Os missionários brasileiros geralmente são inexperientes (como indivíduos e agências). Estão entrando num mundo pós-colonial (Ásia e África) ou pós-cristão (Europa), muitas vezes ingenuamente. Precisam perder logo o costume de atacar as outras religiões do país no púlpito ou na mídia, de demonizar a outra cultura, de julgar apressadamente as características culturais de um povo que não conhecem direito e cuja língua mal conseguem falar. Os missionários têm de superar o etnocentrismo e a falta de empatia com a população nativa. Precisamos saber que missões não justificam a intolerância, antes, baseiam-se na tolerância. Ninguém tem monopólio no etnocentrismo. A má prática missionária é sempre má, não importa de que país você venha nem o quanto você diga que está cheio do Espírito Santo.

Novo nascimento
O "andar em bando" dificulta ver o país com olhos nativos. O missionário deve separar-se de outros brasileiros (e estrangeiros em geral) por alguns meses, para começar a ver o país -- e até o Brasil e o mundo -- do ponto de vista dos nativos. O espírito missionário é a capacidade de "tornar-se criança" para nascer de novo na nova cultura.

Humildade
O missionário precisa desaprender o que dá certo no Brasil, pois o sucesso aqui não garante o sucesso lá! Ele não pode deixar de aprender com a história e com outros povos, só porque conta com o auxílio do Espírito. Também deve desistir da explicação: "Não deu certo lá porque os nativos são duros e teimosos".

Geopolítica
O missionário deve evitar o antiislamismo que jorra do mundo evangélico norte-americano, baseado na necessidade de uma visão de mundo maniqueísta. No campo missionário, é muito importante não ver o mundo a partir da visão geopolítica da direita cristã americana. Também é importante evitar o sionismo cristão. Deve-se repensar o apoio incondicional a Israel, que caracteriza muitos evangélicos. Isso afeta profundamente a obra missionária. Se as pessoas ao redor do mundo vissem claramente que o cristianismo transformou as atitudes geopolíticas e econômicas dos cristãos dos países ricos e poderosos... essa seria a maneira mais rápida de ganhar corações e mentes. Seria a apologética mais eficaz; seria muito mais prático do que todas as "estratégias de evangelização mundial" produzidas por agências missionárias do norte.
 
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