O ocidente tem imensa dificuldade em condenar Israel, mesmo quando merece. Só pode ser má consciência. Afinal, o Holocausto, um dos mais nefandos crimes que a história registra, não foi obra de árabes ou de fundamentalistas religiosos, mas de europeus arianos.
Mais difícil é entender o apoio cego de sucessivos governos norte-americanos a Israel, mesmo agora, quando o Estado judeu comete "crimes contra a humanidade", como disse Recep Tayyip Erdogan, primeiro-ministro da Turquia, um raro governante muçulmano que mantém (ou mantinha) boas relações com Israel.
A bem da verdade, Israel vem cometendo crimes contra os palestinos há muitíssimos anos, a começar do desrespeito à resolução da ONU que manda devolver os territórios palestinos ocupados em sucessivas guerras.
Mas é na Faixa de Gaza que a violência atinge o pico. Neste ano [o autor se refere ao de 3008], Israel bloqueou os acessos a Gaza e transformou-a num gueto de 362 km² em que se amontoam 1,5 milhão de pessoas, 35% dos quais no desemprego, 35% em situação de pobreza absoluta.
Não se trata de desprezar os riscos que Israel corre, seja pelo terrorismo praticado pelos fundamentalistas, seja pelos ataques com foguetes disparados desde Gaza. Mas adotar punição coletiva é intolerável, além de ineficaz. Acaba apenas jogando mais jovens no desespero que é, em parte, a estufa em que se incubam terroristas.
Não adianta também tentar asfixiar o Hamas, que governa Gaza e é uma das raríssimas administrações no mundo árabe nascida de eleições que a comunidade internacional aceitou como justa e livre. A menos que se acredite que o Hamas ganhou porque todos os palestinos de Gaza são terroristas. Quem acredita nessa hipótese vai acabar propondo a "solução final" para o gueto de Gaza.
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