Passamos a quarta e a quinta-feira com um ou dois de nossos amigos, em parte a bordo e em parte em terra firme, exortando uns aos outros a "deixar todo o embaraço, e correr com paciência a carreira que nos está proposta."
Sexta-feira, 17. Comecei a aprender alemão, para poder conversar com os alemães, sendo que tivemos vinte e seis a bordo. No domingo, com o tempo bom e calmo, fizemos no convés um culto de oração pela manhã. Pela primeira vez preguei de improviso, e depois ministrei a Santa Ceia a seis ou sete comungantes. Um rebanho pequeno. Que Deus possa aumentá-lo!
Segunda-feira, 20. Acreditando que negar a nós mesmos, até nos casos mais sem importância, poderia, pela bênção de Deus, nos ser útil, abandonamos completamente o costume da carne e do vinho, e nos limitamos a alimentos vegetais, – principalmente o arroz e o biscoito. À tarde, David Nitschman, Bispo dos alemães, e dois outros, começaram a aprender inglês. Ó, que possamos ser, não apenas de uma só língua, mas de um só pensamento e de um só coração!
Terça-feira, 21. Partimos de navio de Gravesend. Quando passamos mais ou menos a metade de Goodwin Sands, o vento repentinamente enfraqueceu. Tivesse a calmaria continuado até a maré baixa, o navio provavelmente teria se perdido. Mas, uma hora depois, o vento ressurgiu e nos conduziu para Downs.
Começamos agora a ser um pouco metódicos. Nossos hábitos eram os seguintes: De quatro da manhã até as cinco, cada um de nós praticava a oração pessoal. De cinco às sete líamos a Bíblia juntos, cuidadosamente comparando-a (para que não pudéssemos inclinar às nossas próprias interpretações) com os escritos das épocas mais primitivas. Às sete tomávamos café da manhã. Às oito aconteciam as orações públicas. De nove às doze geralmente aprendíamos alemão, e o Sr. Delamotte, grego. Meu irmão escrevia sermões e o Sr. Ingham instruía as crianças. Às doze nos encontrávamos para fornecer uns aos outros um relato do que tínhamos feito desde a nossa última reunião, e do que propomos fazer antes da próxima. Por volta de uma hora fazíamos uma refeição. Do almoço até as quatro, passávamos lendo àqueles que cada um de nós tinha se responsabilizado, ou admoestando-os separadamente, conforme a necessidade exigia. Às quatro aconteciam as orações vespertinas, quando, ou a segunda lição era explicada, (como sempre acontecia pela manhã,) ou as crianças eram catequizadas, e instruídas diante da congregação. Das cinco às seis novamente praticávamos a oração pessoal. De seis às sete líamos em nosso camarote a dois ou três passageiros, (dos quais havia cerca de oitenta ingleses a bordo,) e cada um de meus irmãos a uns poucos mais em seus camarotes. Às sete nos juntávamos aos alemães em seu culto público, enquanto o Sr. Ingham ficava lendo entre os conveses, a tantos quantos desejavam ouvir. Às oito nos reuníamos novamente, para mutuamente nos exortarmos e nos instruirmos. Entre às nove e dez íamos para a cama, onde nem o bramir das ondas, nem o movimento do navio, podia roubar o agradável sono que Deus nos dava.
Sexta-feira, 24. Com o balanço do mar, a maioria dos passageiros percebeu os seus efeitos. O Sr. Delamotte ficou muito doente por vários dias; o Sr. Ingham, por aproximadamente meia hora. Meu irmão estava com uma forte dor de cabeça. Até aqui aprouve a Deus que o mar não afetasse minha saúde, nem fui impedido sequer quinze minutos de ler, escrever, compor ou fazer qualquer coisa que eu podia ter feito em terra firme.
Durante nossa parada em Downs, alguns de nós foram, sempre que tínhamos oportunidade, a bordo do navio que navegava junto conosco, onde também muitos ficavam felizes de se unir em oração e ouvir a palavra.
Sexta-feira, 31. Partimos de Downs. À meia-noite fui acordado por um estrondo. Logo vi que não havia perigo. Mas sua simples percepção me deu uma vigorosa certeza de como são aqueles que a cada instante estão à beira da eternidade.
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Tradução: Paulo Cesar Antunes
Obrigado por publicar as peripécias de Wesley, homem de Deus! Abraços.
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